05.03.2017
CAPTURADO NO CAMINHO
At 9.1-6 | 1 Enquanto isso, Saulo, motivado pela ânsia de matar os discípulos do Senhor, procurou o sumo sacerdote. 2 Pediu cartas para as sinagogas em Damasco, solicitando que cooperassem com a prisão de todos os seguidores do Caminho, homens e mulheres, que ali encontrasse, para levá-los como prisioneiros a Jerusalém. 3 Quando se aproximava de Damasco, de repente uma luz do céu brilhou ao seu redor. 4 Ele caiu no chão e ouviu uma voz lhe dizer: “Saulo, Saulo, por que você me persegue?”. 5 “Quem és tu, Senhor?”, perguntou Saulo. E a voz respondeu: “Sou Jesus, a quem você persegue! 6 Agora levante-se e entre na cidade, onde lhe dirão o que fazer”.
Galeria da história da igreja
A galeria da história da igreja é repleta de histórias de homens e de mulheres que foram profundamente transformados por Deus. Cada uma delas destaca o poder maravilhoso do Senhor na transformação de pecadores. Há casos em que as obras que essas pessoas transformadas produzem ficam reconhecidas mundialmente, enquanto os seus autores caem no esquecimento. Por exemplo: o hino Amazing Grace (pt. Preciosa a graça de Jesus, HCC no 314). É provável que todos nós conheçamos. Quem aqui não o conhece?
O que poucos devem saber é o nome de quem compôs o hino e a belíssima história de conversão do compositor a Cristo. Quer ver? Quanto de vocês já ouviram falar de John Newton? Quantos sabiam que ele é o autor de Amazing Grace ou Preciosa a graça de Jesus? Quantos conhecem a sua belíssima e impressionante história de conversão?
Ainda bem jovem, John Newton foi para os mares. Como a maioria dos marinheiros de seu tempo, ele viveu uma vida de rebeldia e libertinagem. Durante vários anos, Newton trabalhou nos navios negreiros, capturando escravos para vender aos donos das plantações do Novo Mundo (as Américas). John Newton foi tão fundo no buraco do pecado e da miséria pessoal que, a certa altura de sua vida, ele mesmo se tornou um escravo de outro senhor de escravos. Até que um dia, pela Preciosa Graça de Jesus, tudo mudou.
A combinação de uma tempestade assustadora em alto mar, juntamente com a leitura que ele fazia do clássico de Thomas à Kempis “A Imitação de Cristo”, plantaram as sementes que resultaram em sua conversão.
Ele se tornou um grande líder no movimento cristão evangélico na Inglaterra do século XVIII, ao lado de homens como John e Charles Wesley, George Whitefield e William Wilberforce. Em seu túmulo está inscrito o seguinte epitáfio, composto pelo próprio Newton:
John Newton, ordenado ao ministério da Palavra, uma vez infiel e libertino, servo de senhor de escravos na África, foi pela rica misericórdia de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, preservado, restaurado, perdoado e nomeado para pregar a Fé que ele tinha se esforçado por muito tempo destruir.
Portanto, quando escreveu o hino tão amado pela igreja – Amazing Grace ou Preciosa a Graça de Jesus, John Newton definitivamente sabia, de primeira mão, as verdades que ele, após ser capturado pela graça divina, passou a proclamar. Se você quiser ler a biografia desse homem de Deus, recomendamos: De Traficante de Escravos A Pregador: A História de John Newton (Ed. FIEL). Escrito por: Brian Edwards.
A galeria da história da igreja está repleta de registros como este, destacando o poder maravilhoso do evangelho de Jesus para a salvação do pecador, comprovando que um encontro pessoal com Jesus pode transformar vidas e gerações para sempre.
Saulo de Tarso
De todas as transformações citadas na galeria da história da igreja nenhuma é tão notável ou teve implicações tão profundas para a história do mundo como a conversão de Saulo de Tarso. Ela foi um evento tão significativo que Atos dos Apóstolos registra nada menos do que três vezes este maravilhoso acontecimento (9.1-31; 22.1-16; 26.4-18).
É justo que um indivíduo tão singular recebesse um destaque tão especial, afinal, há quem diga com razão que na história da igreja a conversão de Saulo de Tarso (Atos 9) seja o maior de todos os eventos, atrás apenas do derramamento do Espírito Santo no Dia de Pentecostes (Atos 2).
Saulo de Tarso antes da conversão
Saulo é mais conhecido como Paulo, o grande apóstolo aos gentios. Mas ele foi primeiro Saulo de Tarso, inimigo de Cristo e perseguidor do cristianismo. A seguir, breve histórico de sua vida pregressa:
Local de nascimento. Saulo nasceu em Tarso (At 21.39), cidade de importância na província romana da Cilícia, próximo de onde a Ásia Menor e a Síria se encontravam, não muito longe de Antioquia. Por que esta localização é tão importante? Revela-nos que Saulo cresceu ao lado de duas das maiores universidades do mundo romano: a de Atenas e a de Alexandria. Educado, pois, no melhor ensino grego de seus dias.
Cidadania romana. Seu pai deve ter tido cidadania romana, já que Paulo era um cidadão romano desde o nascimento (At 22.28).
Currículo escolar. Suas credenciais judaicas eram impecáveis. Como o pai antes dele, Saulo era fariseu, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreu (At 23.6; Fl 3.4-9), que tinha estudado em Jerusalém aos pés do rabi mais respeitado de seus dias: Gamaliel (At 22.3).
Surgimento público. A sua primeira aparição (implícita) na Bíblia faz conexão com Estevão: “Um dia, porém, alguns homens da chamada Sinagoga dos Escravos Libertos começaram a discutir com Estevão. Eram judeus de Cirene, de Alexandria, da Cilícia [local do nascimento de Paulo] e da província da Ásia.” (At 6.9)
Perseguidor da igreja. Não há qualquer dúvida do papel de Saulo na perseguição que se espalhou após a morte de Estevão, conforme já lemos e estudamos em Atos 8.1-3. Tanto que, mais tarde, dando o seu testemunho a Agripa, Paulo reforçou o seu papel maligno:
At 26.9-11 | 9 Eu costumava pensar que era minha obrigação empenhar-me em me opor ao nome de Jesus, o nazareno. 10 Foi exatamente o que fiz em Jerusalém. Com autorização dos principais sacerdotes, fui responsável pela prisão de muitos dentre o povo santo. E eu votava contra eles quando eram condenados à morte. 11 Muitas vezes providenciei que fossem castigados nas sinagogas, a fim de obrigá-los a blasfemar. Eu me opunha a eles com tanta violência que os perseguia até em cidades estrangeiras.
Apesar de – e até mesmo por causa de – seus esforços malignos, o cristianismo se espalhou, na medida em que os apóstolos proclamavam o evangelho em Samaria e Judeia. Mas, nos bastidores desses avanços, Saulo continuava sua caçada feroz:
At 9.1-2 | 1 Enquanto isso, Saulo, motivado pela ânsia de matar os discípulos do Senhor, procurou o sumo sacerdote. 2 Pediu cartas para as sinagogas em Damasco, solicitando que cooperassem com a prisão de todos os seguidores do Caminho, homens e mulheres, que ali encontrasse, para levá-los como prisioneiros a Jerusalém.
Damasco, a antiga capital da Síria, tinha uma enorme população judaica. Sabemos pela história do massacre de dez a vinte mil judeus em 66 d.C. Na época da perseguição, deveria haver ali bem mais de uma dezena de sinagogas. Saulo não queria que os cristãos tomasse conta daquele lugar. Como vimos, ele odiava a Cristo e os seus seguidores.
A captura de Saulo de Tarso
Saulo, então, a caminho de Damasco, buscava capturar os do Caminho de Cristo. Só que ele é quem foi capturado por Cristo no caminho. Aliás, ele realmente via a sua conversão como uma captura da graça divina. Observe:
Fl 3.12 | Não estou dizendo que já obtive tudo isso, que já alcancei a perfeição. Mas prossigo a fim de conquistar essa perfeição para a qual Cristo Jesus me conquistou [capturou].
No caminho para Damasco, em busca de capturar “os seguidores do Caminho” (At 9.2), Deus, em graça soberana, capturou Saulo de Tarso (Fl 3.12). A partir daquele momento transformador com Jesus, Saulo e o mundo não seriam mais os mesmos.
Há sete estágios, nesta captura da graça divina, para os quais eu chamo a sua atenção. Para tanto, olharemos para as três narrativas que contam a história da conversão de Saulo (Atos 9.1-31; 22.1-16; 26.4-18). Como veremos, cada uma delas traz detalhes diferentes e enriquecedores para a transformação ocorrida na vida de Paulo.
O paradigma da graça
Olhar para o modo como a graça soberana de Deus atuou na vida de Paulo, salvando-o e transformando-o, é fundamental por uma razão: o próprio Paulo diz que a sua conversão serve de paradigma para mostrar como a graça de Deus age salvando o pecador. Observe o que ele disse, escrevendo a Timóteo:
1Tm 1.12-17 | 12 Agradeço àquele que me deu forças, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou digno de confiança e me designou para servi-lo, 13 embora eu fosse blasfemo, perseguidor e violento. Contudo, recebi misericórdia, porque agia por ignorância e incredulidade. 14 O Senhor fez sua graça transbordar e me encheu da fé e do amor que vêm de Cristo Jesus. 15 Esta é uma afirmação digna de confiança, e todos devem aceitá-la: “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores”, e eu sou o pior de todos. 16 Mas foi por isso que eu, o pior dos pecadores, recebi misericórdia, para que assim Cristo Jesus mostrasse quanto é paciente. Desse modo, sirvo de exemplo a todos que vierem a crer nele para a vida eterna. 17 Honra e glória a Deus para todo o sempre! Ele é o Rei eterno, invisível e imortal; ele é o único Deus. Amém.
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