08.09.2019
O DEUS DOS REDIMIDOS
Salmo 46.11
(Nova Almeida Atualizada) O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio.
O CONHECIMENTO DE DEUS É IMPRESCINDÍVEL
“O que vem à nossa mente quando pensamos em Deus é a coisa mais importante sobre nós.” Vou repetir: “O que vem à nossa mente quando pensamos em Deus é a coisa mais importante sobre nós.” A frase, em perfeita harmonia com a tradição de fé Reformada (aqui eu tenho em mente João Calvino, Institutas, Livro 1, Capítulo 1), é de A. W. Tozer (em O Conhecimento do Santo, no Brasil, publicado pela editora Impacto): “O que vem à nossa mente quando pensamos em Deus é a coisa mais importante sobre nós.” Mas, por quê? Por que “O que vem à nossa mente quando pensamos em Deus é a coisa mais importante sobre nós.”?
A imagem que fazemos de Deus determinará não só os rumos que tomamos enquanto sociedade ou a forma como organizamos a nossa expressão de fé ou religiosidade, mas também a maneira como nós concebemos a nós mesmos; ou seja: a imagem que fazemos de Deus determinará como nós nos enxergamos ou nos definimos e nos relacionamos (com Deus e com o próximo); definirá o que de fato nós mais precisamos na vida; demonstrará o que está errado conosco e como curar; e muito mais. Deus é e sempre será o ponto de partida. Por isso que “O que vem à nossa mente quando pensamos em Deus é a coisa mais importante sobre nós.”
Quem é Deus? Que imagem você faz de Deus?
Uma maneira de você responder à pergunta “Quem é Deus?”, talvez a mais consistente de todas as maneiras, é observar a forma como você vive e luta para viver; a forma como você se relaciona; como você adora. Afinal, a imagem que nós fazemos de Deus determinará a maneira como nós nos relacionamos com ele e com o próximo; como nós construímos e nutrimos família, amizades e sociedade; como nos reunimos enquanto igreja para cultuar e adorar e muito mais. O conhecimento de Deus é, portanto, imprescindível. [Louvo a Deus por nossos adolescentes estarem estudando os atributos de Deus, utilizando o livro de Mark Jones: Deus é, editora Monergismo!]
O REFRÃO DOS FILHOS DE CORÁ
De volta ao nosso texto: esta é a terceira mensagem no Salmo 46.11.
Já dissemos que os filhos de Corá escreveram o Salmo 46 e resumiram a mensagem do salmo em seu refrão (vs. 7 e 11):
O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio.
Por que ele escreve assim? Os filhos de Corá estão nos apresentando Deus à partir da experiência deles, da forma com Deus se revelou a ele durante o cerco de Senaqueribe e suas tropas assírias em torno de Jerusalém!
O salmista deseja que nós memorizemos a verdade do salmo de uma forma que (1.) encante a imaginação dos redimidos com o poder de Deus, (2.) encoraje o coração dos redimidos com a presença de Deus e (3.) expresse compaixão aos redimidos através da providência de Deus.
Pois bem, tendo visto que:
(1.) O refrão dos redimidos encanta a imaginação com o poder de Deus ao declarar: “O Senhor dos Exércitos está conosco”;
(2.) O refrão dos redimidos encoraja o coração ao destacar a certeza da presença de Deus com seu povo em toda e qualquer circunstância (observe os pronomes pessoal e possessivo desse refrão: “conosco” e “nosso”, respectivamente) — “O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio.” [Veja as mensagens anteriores. Estão todas no nosso site na internet e no nosso canal no YouTube.]
Resta-nos, hoje (e no próximo domingo, Deus permitindo), demonstrar que
(3.) O refrão dos redimidos expressa a compaixão de Deus pelo seu povo através da soberana providência. Vemos isto na frase: “O Deus de Jacó”.
O DEUS DE JACÓ
Por que “o Deus de Jacó”?
Por que não o Deus de Abraão (ele é o primeiro dos patriarcas, o pai dos hebreus!) ou o Deus de Isaque (ele é pai de Jacó) ou o Deus de José (ele é a grande imagem de Cristo no Gênesis) ou o Deus de Moisés (ele é o grande amigo de Deus e libertador dos hebreus) ou o Deus de Davi (ele é o homem segundo o coração de Deus)… Por que o Deus de Jacó?
Poderia ser qualquer um dos santos do Antigo Testamento, mas os filhos de Corá escolheram cunhar no refrão do Salmo 46: “o Deus de Jacó”! Por quê?
A resposta, sabiamente sugerida por A. W. Pink, só poderá ser encontrada no estudo das relações do Senhor com esse homem em particular. Ou seja: Quem foi Jacó e quem foi Deus na vida de Jacó? De que maneira Deus se revelou a Jacó? Como transcorreu a vida de Jacó à luz da soberana providência do Senhor Deus?
Portanto, conhecer o Deus de Jacó é conhecer um pouquinho do nosso Deus, o Deus dos redimidos. Quem é o Deus de Jacó? Quem é o Deus dos redimidos?
Os leitores primitivos do Salmo 46, os hebreus do Antigo Testamento sabiam bem quem é o Deus de Jacó. E os filhos de Corá, ao fazerem essa menção: “O Deus de Jacó”, evocavam todo esse conhecimento que, infelizmente, nos falta. Falta-nos, por quê?
Dentre outras coisas, (1.) falta-nos o conhecimento a respeito do Deus de Jacó por sermos tão analfabetos bíblicos, por nos contentarmos com doses tão pequeninas de Deus, tweets de Deus apenas, poucas palavras, poucos caracteres, somente imagens e vídeos pequeninos, meros recortes desconexos; (2.) falta-nos porque quando nos voltamos para Deus, buscamos nele imagens de nós mesmos, atribuímos a ele nossas impressões, gostos e desejos; (3.) falta-nos porque não desejamos de fato nem buscamos como nos convém o conhecimento de Deus!
Então, que conhecimento é esse a respeito do Deus de Jacó que nos falta? Quem é o Deus de Jacó? Quem é o Deus dos redimidos? O Deus dos redimidos é soberano, gracioso, paciente e poderoso. Deus, conforme nos revela a lida dele com Jacó, é soberano, gracioso, paciente e poderoso. Vejamos um desses atributos ou qualidades de cada vez. [Estou me valendo aqui de uma mensagem de A. W. Pink baseada no Salmo 46.7: The God of Jacob].
Quem é o Deus dos redimidos?
O DEUS DOS REDIMIDOS É SOBERANO
“A soberania de Deus é o exercício do governo (como “soberano” ou “governante”) sobre a sua criação”, definiu muito bem Wayne Grudem (Teologia Sistemática, pág. 160). Um dos aspectos da soberania de Deus se expressa na salvação das pessoas, no fato de que Deus, soberanamente, escolheu salvar pecadores, ele escolheu governar o mundo salvando. Em outras palavras: o Soberano, o Governante do universo escolheu mostrar misericórdia aos que ele mesmo escolheu. Isso é glorioso!
Êx 33.18-19 | 18Moisés disse: “Então peço que me mostres tua presença gloriosa”. 19O SENHOR respondeu: “Farei passar diante de você toda a minha bondade e anunciarei diante de você o meu nome, Javé [SENHOR]. Pois terei misericórdia de quem eu quiser, e mostrarei compaixão a quem eu quiser.
Veja que a eleição para a salvação (doutrina bíblica!) é, antes de tudo, um ato de bondade, misericórdia e compaixão. Primeiro, porque ninguém, absolutamente ninguém mereceu, merece ou merecerá a bondosa salvação do SENHOR; já pesa sobre a humanidade a justa condenação de Deus, a raça humana está morta em seus pecados (não quer Deus) e vive seguindo o curso deste mundo (i.e., ama seus caminhos), a inclinação pecaminosa do coração e o espírito diabólico da desobediência — ama seus caminhos (Jo 3.18 e 36; 5.24; Ef 2.1-6).
Segundo, a eleição para a salvação é um ato de misericórdia porque a presciência de Deus só revela uma coisa: ninguém busca efetivamente a Deus! Nas palavras do salmista:
Sl 14.2-3 | 2O SENHOR olha dos céus para toda a humanidade, para ver se alguém é sábio, se alguém busca a Deus. 3Todos, porém, se desviaram; todos se corromperam. Ninguém faz o bem, nem um sequer!
Paulo, argumentando a respeito da depravação do ser humano, tendo acabado de citar o Salmo 14.2-3 que nós acabamos de ler, complementou (atestando rejeição Deus):
Rm 3.13-18 | 13“Sua conversa é repulsiva, como o odor de um túmulo aberto; sua língua é cheia de mentiras.” “Veneno de serpentes goteja de seus lábios.” 14“Sua boca é cheia de maldição e amargura.” 15“Apressam-se em cometer homicídio; 16por onde passam, deixam destruição e sofrimento. 17Não sabem onde encontrar paz.” 18“Não têm o menor temor de Deus.”
Terceiro, nem mesmo o povo de Deus como um todo está disposto a ir buscar as ovelhas do SENHOR nos cantos mais longínquos deste mundo. Veja o caso de Jonas: ele se recusou a ir pregar aos de Nínive, não achava que eles eram dignos de serem salvos (Jn 1.1-3). Foi preciso que Deus mesmo fizesse o profeta se lembrar de que “Ao SENHOR pertence a salvação!” (Jn 2.9, NAA). Deus salva quem ele quer e quando ele desejar. Deus agindo para salvar, ninguém impedira, nem mesmo um profeta emburrado!
Graças a Deus, portanto, que ele mesmo escolheu salvar os seus, as suas ovelhas que antes da fundação do mundo ele amou (Ef 1.4), do contrário, permaneceríamos mortos em nossos pecados; não buscaríamos a Deus, e quando o buscássemos, assim o faríamos para os nossos próprios prazeres sem Deus (Tg 4.2-4)! Graças a Deus que as suas ovelhas ouvem a sua voz e o seguem para a salvação eterna e ninguém as arranca de suas mãos (Jo 10.26-31)!
O DEUS DE JACÓ É SOBERANO
Jacó nos fornece a ilustração mais clara e inconfundível da eleição soberana de Deus a ser encontrada em toda a Bíblia. Tanto é assim que Paulo a utiliza. Ouça:
Rm 9.10-13 | 10Esse fato não é único [sobre quem é o verdadeiro Israel de Deus]. Também Rebeca ficou grávida de nosso antepassado Isaque e deu à luz gêmeos. 11Antes de eles nascerem, porém, antes mesmo de terem feito qualquer coisa boa ou má, ela recebeu uma mensagem de Deus. (Essa mensagem mostra que Deus escolhe as pessoas conforme os propósitos dele 12e as chama sem levar em conta as obras que praticam.) Foi dito a Rebeca: “Seu filho mais velho servirá a seu filho mais novo”. 13Nas palavras das Escrituras [Ml 1.2-3]: “Amei Jacó, mas rejeitei Esaú”.
Percebeu? Não há como contornar a eleição de Jacó por Deus. O caso desse patriarca dá a refutação mais enfática à teoria de que a escolha de Deus depende de algo da criatura — algo real, nela mesma, inata ou previsto nela de antemão — e mostra que a eleição eterna de Deus para a salvação resulta unicamente da graça soberana de Deus. O caso de Jacó prova conclusivamente que a escolha de Deus é inteiramente soberana, totalmente gratuita e baseada em nada além de Seu próprio desejo.
O Deus dos redimidos é soberano. Ele usa essa soberania ou governo para escolher, predestinar, chamar, justificar e glorificar as suas ovelhas, tornando-as à imagem do Filho Jesus Cristo (leia: Romanos 8.29-30). Isto é bênção, meu povo! É bênção pura!
Sei, no entanto, que para muita gente a doutrina da eleição parece dura e injusta. Não é, povo de Deus! Não é! Se Deus não tivesse escolhido alguns (as suas ovelhas, nas quais ele quis demonstrar sua graça) para a salvação desde o princípio, todos nós permaneceríamos perdidos! Pereceríamos você e eu, inclusive! Se Deus, antes da fundação do mundo, não tivesse escolhido suas ovelhas para serem conformes à imagem de Seu Filho — a morte de Cristo teria sido em vão no que diz respeito à raça humana, posto que ninguém buscaria o Filho com arrependimento e fé.
No sermão sobre o Deus de Jacó, A. W. Pink sabiamente pontuou:
Reduzida a seus termos mais simples, eleição significa que Deus me escolheu antes que eu o escolhesse. Disse nosso Senhor: “Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, eu os escolhi” (João 15.16) Nós o amamos — porque ele nos amou primeiro. Eleição significa que antes de eu nascer, sim, antes da fundação do mundo, fui escolhido em Cristo e predestinado a um lugar na família de Deus. Eleição significa que cremos — porque ele nos fez dispostos no dia de seu poder. A eleição, então, tira a criatura de todo mérito, remove todo o campo da vanglória, nos atinge desamparados no pó e atribui toda a glória a Deus!
Deus é soberano! Graças a Deus que soberanamente ele escolheu nos salvar. Sim é desejo dele “que todos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm 2.4), por isso ele escolheu alguns. De outra forma, ninguém o escolheria para a salvação. A soberania de Deus na salvação é, acima de todas as coisas, um ato maravilhoso de bondade, misericórdia e compaixão de Deus. Deleite-se nisto, crente! Deleite-se! Não debata! Deleite-se!
Minha oração é que você compreenda isso de coração e veja que a graça de Deus, demonstrada na soberania de Deus ao escolher salvar você, vai muito além de ter enviado Jesus Cristo como substituto pelo seu pecado (e isto em si já “É bom de mais da conta!”, como diz o goiano); a graça de Deus consiste em escolher você, chamar você de uma forma eficaz e irresistível (regenerando você), colocar em você arrependimento e fé para a salvação, justificar você e, finalmente, glorificar você no céu.
Louvado seja Deus pela soberana salvação do Senhor! É por causa da soberana salvação do SENHOR
que (1.) você pode ser salvo (as ovelhas dele ouvem a voz dele e o seguem); é por causa da soberana salvação do SENHOR
que (2.) o seu empenho evangelístico terá garantia — Jesus disse assim (Jo 10.16): “Tenho outras ovelhas, que não estão neste curral. Devo trazê-las também. Elas ouvirão minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor.”; é por causa da soberana salvação do SENHOR
que (3.) você pode orar confiante, pois Deus ouvirá e abrirá o coração (como abriu o de Lídia, At 16.14) de todos quantos estiverem destinados para a salvação através de sua pregação (At 13.48).
S.D.G. L.B.Peixoto
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