08.05.2016
Ao receberem a ordem para fazer discípulos, os apóstolos não devem ter tido dificuldades para entendê-la, mas com certeza enxergaram obstáculos para obedecê-la. Todos sabiam que para fazer discípulos seria necessário que tivessem uma vida tão impactante e atraente – como a que Jesus teve – que passariam a ser seguidos também. Para os Doze, estava certo que fazer discípulos, nos moldes do Mestre que tiveram, exigia que os que ouvissem o evangelho e cressem tivessem mestres, discipuladores e tais seriam eles mesmos. Mas, como se eles não passavam de homens comuns, de pessoas limitadas? Foi por isso que o Senhor lhes assegurou que contariam com a sua presença (Mt 28.20), com o poder do Espírito Santo (At 1.8). É como se o Mestre lhes estivesse dizendo algo mais ou menos assim: “Façam como eu fiz. Se parece impossível, não se preocupem. Eu vou capacitar vocês. Eu estarei com vocês, encorajando e supervisionando para que sejam bem-sucedidos na missão”.
Não podemos cumprir a ordem de Jesus ignorando o jeito dele de fazer. Porém, o que se observa é que conceituamos e praticamos o discipulado de inúmeras formas, deixando de lado justamente o relacionamento intencional exemplificado por Jesus. Queremos discipular a multidão, mas Jesus discipulava um pequeno grupo. Queremos discipular para o batismo, mas Jesus discipulava para a vida e para a multiplicação de discípulos. Queremos discipular, mas apenas se o discipulado for feito por pastores ou missionários. Jesus deu a Grande Comissão para todos os discípulos, mas nós a reduzimos aos “vocacionados”, a um programa evangelístico e de preparação para o batismo. Não é de admirar que não estejamos tão bem em matéria de maturidade e de crescimento.
É difícil precisar por que e quando nós deixamos de lado a estratégia do Mestre e inventamos nosso próprio jeito de fazer discípulos. Contudo, devido ao modelo predominante em nossos dias, de igrejas voltadas unicamente para estruturas e programas que têm lugar no templo e no domingo, somado à cultura de consumo e ativismo religioso, a realidade é que nós temos estado ocupados demais para voltar atrás e imitar o ministério discipular de Jesus.
Queremos alcançar muitos de uma vez só. O clamor da multidão que sofre à nossa volta é muito grande. Jesus se compadeceu dela! Nós também devemos nos compadecer! Mas, quando o Senhor quis garantir que seu evangelho chegasse às próximas gerações e até aos confins da terra, seu alvo não foi a multidão nem seu método a pregação de massa. A sua meta foi um grupo pequeno de pessoas e a sua estratégia foi o relacionamento discipulador. Por isso, ele fez menção intencional a essa mesma estratégia: “façam discípulos”.
Jesus não apenas nos deu a ordem. Ele nos exemplificou como fazer.
Com carinho, Leandro B. Peixoto – seu pastor.
Extraído e adaptado do cap. 3 (pg. 19-29) de
Relacionamento Discipulador: uma teologia da vida discipular
Autor: Diogo Carvalho. Editora: Missões Nacionais.
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