10.09.2017
Não se trata de uma nova revelação, mas infelizmente a maioria de nós não é boa na oração. O perigo é o de lentamente desenvolvermos paralelos com a igreja de Corinto. Lá os líderes da igreja se auto elogiavam, apresentavam a palavra de Deus de forma insincera, agiam carnalmente e não espiritualmente, eram orgulhosos, hipócritas e competitivos. Os membros? Ah! Eles se devoravam! A vida de oração de todos era vergonhosa, pois claramente o amor a Cristo e a dependência dele foram eclipsados pelo amor e pela dependência de si mesmos.
A vida sem oração sempre anda de mãos dadas com a falta de integridade cristã. Isso é ainda mais verdadeiro em relação aos que servem – sinceramente, se eles não desfrutam da comunhão com Deus, então “vendem um produto” no qual não creem. Tudo é agravado pelo fato de a importância e a urgência do que fazem poder, de forma irônica, degenerar em murmuração arrogante, tornando-os um bando de Martas (cf. Lc 10.38-42). Assim, embora lutem para serem bem-sucedidos na vida e no cumprimento da missão cristã, há um vácuo no tocante à sua comunhão verdadeira com Deus.
O que, exatamente, é a oração? Isso pode parecer bobagem, mas a confusão sobre a definição é a causa real de grande parte da nossa dificuldade. Na verdade, é muito fácil pensar e falar sobre oração como se ela fosse apenas algum exercício abstrato – uma daquelas “coisas que os cristãos fazem”. E, dessa forma, podemos pensar: como posso melhorar nessa coisa chamada oração?
Ora, se você pensa na oração dessa maneira, como uma coisa em si mesma, a solução para a vida melhor de oração sempre consistirá em dicas e técnicas práticas. Contudo, esse não é o cerne da oração. Além do mais, se técnicas o mantêm orando, então isso se tornará um dever pesado – ou talvez algo parecido com mágica, em que você pensa obter o que deseja se pronunciar o “feitiço” da forma correta; e se não conseguir a resposta desejada, começará então a questionar se essa “fórmula” mágica realmente funciona.
O Senhor diz a Israel (Is 29.13): “Este povo fala que me pertence; honra-me com os lábios, mas o coração está longe de mim. A adoração que me prestam não passa de regras ensinadas por homens.” Percebeu? A oração não é algo abstrato, pois sem dúvida você pode “fazer” uma oração e sair tudo errado. Há algo vital por trás de tudo isso. Assim, o que é oração?
Ninguém fez uma afirmação melhor a respeito disso que João Calvino, quando denominou a oração “o principal exercício da fé”. Ou seja: a oração é a forma primária pela qual a fé verdadeira se expressa. Significa também que a vida sem oração é ateísmo prático, demonstrado na falta da crença em Deus.
Com carinho, Leandro B. Peixoto
Extraído e adaptado de “Deleitando-se na oração”,
Michael Reeves, editora Monergismo, caps. 1 e 2
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