01.10.2017
Na oração que nos deixou, Jesus ensinou que os seus discípulos, para orarem bem, devem chamar Deus de “Pai…” (Lc 11.1-2). Essa é a primeira lição sobre a oração, e a mais básica. A relação que sempre manteve com o Pai, o Filho agora partilha conosco – e isso transforma a oração. Nosso instinto é pensar no Deus Todo-poderoso em santa transcendência – Deus sem Cristo, elevado acima de tudo e de todos. Jesus Cristo, no entanto, nos levou ao santo Deus (1Pe 3.18), tornando-o o nosso Pai de braços abertos. Dessa forma, somos convidados – de fato, ordenados! – a orar “Pai nosso”; ou seja: devemos sempre nos lembrar de quem Deus é – nosso Pai. Além do mais, ao nosso Pai, a oração é como incenso; é um odor agradável a ele. Em outras palavras, ele se deleita em nos ouvir e nos socorrer.
Prosseguindo com a leitura de Lucas, percebemos que logo após ensinar sua oração aos discípulos, Jesus lhes disse: “Se alguém tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: Amigo…” (Lc 11.5). Percebe-se, pois, que orar é desfrutar da amizade e da assistência amigável de Deus – e pleiteá-la. Agora, não se vê no relato de Lucas que o amigo responde de imediato e lhe dá o pão, pois é preciso entender que nosso Pai e Amigo celestial deseja que perseveremos em nossas orações. Sem dúvida, Deus poderia nos dar e nos abençoar sem o nosso pedido – e com que regularidade ele o faz em sua graça! Mas o Deus da comunhão quer comunhão conosco. Ele quer que argumentemos suas promessas e seu caráter com ele, pois sua identidade se torna para nós uma realidade ainda mais consciente.
Crescemos à medida que persistimos – desenvolvendo nossa apreciação de que ele é o nosso Amigo, a fonte de toda bênção, e de que nós e o mundo precisamos dele para nos endireitar. Portanto, vemos repetidas vezes no Antigo Testamento que ele não socorria Israel – quando o povo não clamava mais a Deus. Por quê? Ele deseja que saibamos que a bênção procede só dele; a bênção não é algo natural, e em última instância não pode ser encontrada em nenhum lugar senão em Deus.
Apenas veja como Jesus continua a destacar a paternidade bondosa de Deus: “E qual pai dentre vós, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma cobra em lugar do peixe?” (Lc 11.11). Mesmo nós, pais pecadores, não damos veneno aos filhos quando eles se aproximam de nós; mesmo nós podemos ser bons, quanto mais podemos esperar do Pai das luzes, em quem não habita treva alguma! Há algo similar escrito em Isaías. O Senhor diz: “Pode a mãe se esquecer do filho que ainda mama? Pode deixar de sentir amor pelo filho que ela deu à luz? Mesmo que isso fosse possível, eu não me esqueceria de vocês! Vejam, escrevi seu nome na palma de minhas mãos” (Is 49.15-16). Devemos, pois, orar a Deus como nosso Pai.
Com carinho, Leandro B. Peixoto – seu pastor.
Extraído e adaptado de “Deleitando-se na oração”,
Michael Reeves, editora Monergismo, cap. 7.
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