09.02.2020
1Pedro 1.21
Por meio de Cristo, vocês vieram a crer em Deus. Depositam sua fé e esperança em Deus porque ele ressuscitou Cristo dos mortos e lhe deu grande glória.
A RESSURREIÇÃO É FUNDAMENTAL
O que é mais importante para a vida cristã: a morte ou a ressurreição de Cristo? A bem da verdade é que, como sabiamente argumentou James M. Boice, não se pode atribuir algum grau de valor superior a qualquer uma dessas realizações. Explica-se.
Embora a missão de Jesus tenha sido buscar e salvar o perdido, pagando pelos pecados na morte substitutiva na cruz, não se pode desconsiderar a importância histórica da ressurreição como evidência para afirmações que o próprio Cristo fez a respeito de sua identidade como Messias e Filho de Deus. Foi apenas por causa da ressurreição que o evangelho da cruz pôde ser percebido e, então, preservado e proclamado ao longo dos séculos até chegar a nós. 1Pedro 1.21, novamente:
Por meio de Cristo, vocês vieram a crer em Deus. Depositam sua fé e esperança em Deus porque ele ressuscitou Cristo dos mortos e lhe deu grande glória.
A importância da ressurreição é percebida desde os primeiros momentos da era cristã. Por exemplo: De certa forma, os discípulos sempre creram em Jesus como o Cristo. Um exemplo dessa fé verdadeira, mas ainda bem verde, imatura, foi o testemunho de Pedro (Mt 16.16b): “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Mas a fé dos seguidores de Jesus foi profundamente abalada pela crucificação, ao ponto de fazer com que eles, imediatamente depois da morte de Cristo, abandonassem tudo e retornassem para o lugar de onde tinham saído para segui-lo.
O mesmo Pedro que, no Evangelho de Mateus, havia afirmado com total segurança que Jesus era o Cristo acabou negando-o três vezes na noite em que o Senhor foi preso, ainda antes da crucificação. Embora tivessem crido na pregação de Jesus, deixado tudo e o seguido, os discípulos não foram fortes o suficiente para — mediante prisão, crucificação, morte e sepultamento — continuarem crendo na identidade de Cristo como Messias.
Todavia, três dias depois da ressurreição, aqueles mesmos homens tiveram a fé fortalecida, e saíram para anunciar o evangelho do Salvador que havia vencido a morte.
A morte e a ressurreição de Jesus formaram o cerne da mensagem de seus discípulos. Lucas 24.45-48:
45Então ele lhes abriu a mente para que entendessem as Escrituras, 46e disse: “Sim, está escrito que o Cristo haveria de sofrer, morrer e ressuscitar no terceiro dia, 47e que a mensagem de arrependimento para o perdão dos pecados seria proclamada com a autoridade de seu nome a todas as nações, começando por Jerusalém. 48Vocês são testemunhas dessas coisas.
Paulo descreveu a natureza simples da pregação apostólica, dizendo que havia transmitido aos coríntios apenas o que ele próprio havia recebido. 1Coríntios 15.3-8:
3Eu lhes transmiti o que era mais importante e o que também me foi transmitido: Cristo morreu por nossos pecados, como dizem as Escrituras. 4Ele foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, como dizem as Escrituras. 5Apareceu a Pedro e, mais tarde, aos Doze. 6Depois disso, apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda está viva, embora alguns já tenham adormecido. 6Mais tarde, apareceu a Tiago e, posteriormente, a todos os apóstolos. 8Por último, apareceu também a mim, como se eu tivesse nascido fora de tempo.
Em Atos 2.27, Pedro afirmou que Davi tinha feito, no versículo 10 do Salmo 16, menção à ressurreição de Cristo: “Pois tu não deixarás minha alma entre os mortos, nem permitirás que o teu Santo apodreça no túmulo.”
Outros pregadores do Novo Testamento fizeram a mesma coisa. De acordo com muitos estudiosos das primeiras pregações na igreja primitiva, a morte e a ressurreição de Cristo sempre estiveram no centro da mensagem anunciada pelos apóstolos (ver: C. H. Dodd em The Apostolic Preaching and its Developments).
A ressurreição provou que Jesus Cristo é quem ele alegou ser e que cumpriu o que ele afirmou ter vindo a terra para realizar. Ela é a base histórica sobre a qual todas as demais doutrinas cristãs estão edificadas e sobre a qual todas as dúvidas devem cair.
Se for possível demonstrar que Jesus de Nazaré ressuscitou dentre os mortos, como alegam as Escrituras, então a fé cristã está alicerçada sobre um fundamento sólido. Se essa doutrina se sustentar, as outras também se sustentarão. Por outro lado, se não estiver bem fundamentada a doutrina da ressurreição, as outras acabarão perdendo credibilidade. Dessa forma, o apóstolo Paulo escreveu em 1Coríntios 15.13-20:
13Pois, se não existe ressurreição dos mortos, Cristo não ressuscitou. 14E, se Cristo não ressuscitou, nossa pregação é inútil, e a fé que vocês têm também é inútil. 15Então estamos todos mentindo a respeito de Deus, pois afirmamos que ele ressuscitou a Cristo. Mas, se não existe ressurreição dos mortos, isso não pode ser verdade. 16E, se não existe ressurreição dos mortos, então Cristo também não ressuscitou. 17E, se Cristo não ressuscitou, a fé que vocês têm é inútil, e vocês ainda estão em seus pecados. 18Nesse caso, todos que adormeceram crendo em Cristo estão perdidos! 19Se nossa esperança em Cristo vale apenas para esta vida, somos os mais dignos de pena em todo o mundo. 20Mas Cristo de fato ressuscitou dos mortos. […]
A doutrina da ressurreição, portanto, é fundamental para a fé cristã.
Mas, quais doutrinas são sustentadas pela doutrina da ressurreição? Algumas…
1 A doutrina da ressurreição comprova a existência de Deus
Primeiramente, a doutrina da ressurreição comprova que existe um Deus Criador e que somente o Deus da Bíblia é o verdadeiro Deus.
Mas será que existe mesmo um Criador único e pessoal? Se existe, que tipo de Deus ele é? Essas são as primeiras e mais importantes perguntas que qualquer pessoa deve responder. Entretanto, a diversidade de opiniões entre pensadores, filósofos e religiosos é muito grande, tão grande quanto o número de cabeças pensantes que há. Então, como podemos ter certeza de quais teorias estão corretas, se é que alguma está? Somente a ressurreição de Jesus Cristo, por si só, proporciona-nos essa segurança.
R. A. Torrey, em The Uplifted Christ (1965), argumentou:
Todo efeito deve ter uma causa adequada. No caso da ressurreição de Cristo, essa única causa é o Deus da Bíblia. Como qualquer pessoa conhecedora da história da vida de Jesus sabe, nosso Senhor andou por toda a terra proclamando o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, como gostava de declarar, o Deus tanto do Antigo como do Novo Testamento. Ele disse que os homens o levariam à morte por meio da crucificação, e deu muitos detalhes sobre a forma como tudo aconteceria. Além disso, Jesus disse que, depois que Seu corpo ficasse sepultado durante três dias e três noites, Seu Pai, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, o Senhor da Bíblia, o Deus tanto do Antigo como do Novo Testamento, levantaria Ele dentre os mortos.
Essa foi uma declaração e tanto. Jesus, aparentemente, referia-se a algo impossível. Durante séculos, homens chegaram e partiram, nasceram e morreram e, no que diz respeito ao conhecimento humano, que é alicerçado sobre observações e experiências claras, aquele foi o fim de todos eles. Mas esse homem, Jesus, não hesita em declarar que Sua experiência irá de encontro às uniformes experiências de longos e longos séculos.
Isso foi, sem dúvida, uma prova da existência do Deus que Ele pregava, pois este havia passado no teste, fazendo exatamente o que havia dito que faria, mesmo parecendo, a princípio, que aquilo era irrealizável. Deste modo, o fato de Jesus ter sido milagrosamente trazido de volta da morte torna evidente que o Deus que fez isto existe de fato, sendo, assim, o verdadeiro Deus. (TORREY, 1965, p. 70-71)
Ademais, alguns textos bíblicos afirmam especificamente que Deus Pai ressuscitou Cristo, Deus Filho, dentre os mortos (At 2.24; Rm 6.4; 1Co 6.14; Gl 1.1; Ef 1.20). Com efeito, o Deus que ressuscitou Cristo dentre os mortos sempre existiu, existe e para sempre existirá como o único, pessoal e verdadeiro Deus.
2 A doutrina da ressurreição comprova a divindade de Cristo
A ressurreição de Cristo estabelece também a doutrina da divindade de Cristo. Quando viveu sobre a terra, Jesus declarou não apenas que Deus o traria de volta da morte, três dias depois da crucificação, mas também que ele era igual a Deus, ao ponto de ele mesmo participar da própria ressurreição. João 10.17-18:
17“O Pai me ama, pois sacrifico minha vida para tomá-la de volta. 18Ninguém a tira de mim, mas eu mesmo a dou. Tenho autoridade para entregá-la e também para tomá-la de volta, pois foi isso que meu Pai ordenou”.
Se estivesse errado quanto a isso, a alegação de Cristo não passaria de um delírio de um homem perturbado ou blasfêmia mesmo. Por outro lado, se Jesus estivesse certo, a ressurreição seria a maneira de Deus confirmar aquela declaração. E Deus a confirmou, posto que Cristo ressuscitou dentre os mortos. A ressurreição, portanto, é o selo de Deus na declaração de Cristo a sua própria divindade. Paulo, que sabia que Jesus tinha ressuscitado, afirmou em Romanos 1.2-4:
2Deus prometeu as boas-novas muito tempo atrás nas Escrituras Sagradas, por meio de seus profetas. 3Elas se referem a seu Filho, que, como homem, nasceu da linhagem do rei Davi, 4e, quando o poder do Espírito Santo o ressuscitou dos mortos, foi demonstrado que ele era o Filho de Deus. Ele é Jesus Cristo, nosso Senhor.
Para Paulo, portanto, a ressurreição é suficiente para provar a divindade de Cristo. Contudo, se o apóstolo tivesse que explicar sua “lógica” em detalhes, ele diria algo assim:
Tal análise não é feita apenas com base no texto de Romanos 1.2-4, visto que essa evidência aparece em outras partes da Bíblia. Paulo apenas reproduziria esse ensinamento.
O próprio Jesus usou esse argumento quando, para justificar seu caráter divino, apelou para o sinal do profeta Jonas. Ocorre que o Senhor demonstrou autoridade única em seus ensinamentos e através de seus milagres, mas muitos dos que o ouviram não creram. Então, quando os governantes pediram provas que corroborassem suas afirmações, Jesus respondeu que o único sinal dado seria aquele do profeta Jonas. Mateus 12.40:
Pois, assim como Jonas passou três dias e três noites no ventre do grande peixe, o Filho do Homem ficará três dias e três noites no coração da terra.
Depois que isso acontecesse, Cristo ressuscitaria, e sua autoridade única seria justificada. Da mesma forma, no dia de Pentecostes e em outros sermões registrados em Atos dos Apóstolos, os primeiros discípulos sempre usavam a ressurreição para provar a divindade de Cristo. Confira por você mesmo. Mas tem mais…
3 A doutrina da ressurreição assegura a nossa justificação
A ressurreição de Jesus estabeleceu a doutrina de que todos que se arrependem e creem em Cristo são justificados do pecado para a salvação. Romanos 4.23b-25:
23[…] As Escrituras dizem 24que foi também para nosso benefício [não apenas de Abraão], pois elas [as Escrituras] garantem que também seremos considerados justos por crermos naquele que ressuscitou dos mortos a Jesus, nosso Senhor. 25Ele foi entregue à morte por causa de nossos pecados e foi ressuscitado para que fôssemos declarados justos diante de Deus.
Em outras palavras: Jesus morreu por causa de nossas transgressões e ressuscitou para que fôssemos justificados. A ressurreição é a declaração de Deus de que ele aceitou o sacrifício de Jesus Cristo pelo pecado humano.
Quando estava na terra, Jesus declarou que expiaria os nossos pecados (Mt 20.28): “Pois nem mesmo o Filho do Homem veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos”. No tempo apropriado, a hora de sua crucificação chegou, e Jesus morreu. O sacrifício foi oferecido, a expiação foi feita. Mas como os seres humanos saberiam se Deus realmente havia aceitado a oferta de Cristo?
Suponhamos que o próprio Jesus tivesse pecado, mesmo enquanto estivesse pendurado na cruz. Nesse caso, o Cordeiro não seria sem mancha ou mácula, e a expiação não teria sido perfeita. Deus aceitaria o sacrifício?
Durante três dias a pergunta permaneceu sem resposta. Então, o momento da ressurreição chegou. A mão de Deus alcançou a fria tumba da Judeia, e o corpo de Cristo foi vivificado no poder do Espírito Santo. Ele ressuscitou. A pedra foi retirada. Jesus foi — e está — exaltado à direita do Pai. Por meio desse ato, sabemos que Deus aceitou o sacrifício pelo pecado oferecido pelo seu Filho perfeito. R. A Torrey:
Quando Jesus morreu, ele o fez como meu representante, e eu morri com ele; quando ressuscitou, foi como meu representante, e eu ressuscitei com ele; quando ascendeu ao céu e tomou seu lugar à direita do Pai na glória, também o fez como meu representante, e eu ascendi com ele, estando, portanto, em Cristo, sentado com Deus nos céus. Eu olho para a cruz de Cristo e sei que a expiação pelos meus pecados foi feita; vejo o sepulcro aberto e o Senhor ressuscitado, e sei que o sacrifício dele foi aceito. Já não existe mais nenhum pecado imputado a mim, não importa quantos ou quão grandes sejam as minhas transgressões.
4 A doutrina da ressurreição assegura nossa regeneração e santificação
Pedro diz que Deus “nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pe 1.3). Ele está explicitamente associando a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos com a nossa própria regeneração ou novo nascimento.
Quando Jesus ressurgiu dos mortos tinha uma nova qualidade de vida, uma “vida ressurreta”, em um corpo e espírito humanos perfeitamente adequados à comunhão e à obediência eterna a Deus. Tem mais: Em sua ressurreição, Jesus obteve para nós uma nova vida, semelhante à sua. Não recebemos toda aquela “vida ressurreta” quando nos tornamos cristãos, pois nosso corpo continua como era, ainda sujeito a fraqueza, doença e morte. Mas em nosso espírito somos vivificados com o novo poder da ressurreição.
É por meio de sua ressurreição que Cristo conquistou-nos o novo tipo de vida que recebemos quando “nascemos de novo”. Por isso que Paulo pôde dizer, em Efésios 2.5-6:
5que, embora estivéssemos mortos por causa de nossos pecados, ele nos deu vida juntamente com Cristo. É pela graça que vocês são salvos! 6Pois ele nos ressuscitou com Cristo e nos fez sentar com ele nos domínios celestiais, porque agora estamos em Cristo Jesus.
Quando Deus ressuscitou Cristo dentre os mortos ele pensou em nós como ressuscitados juntamente com Cristo e, portanto, dignos dos méritos da ressurreição de Cristo. Paulo afirma que seu alvo na vida é “o [Cristo] conhecer, e o poder da sua ressurreição [experimentar]” (Fp 3.10). Ou seja: Paulo sabia que até mesmo nesta vida a ressurreição de Cristo concede novo poder para o ministério cristão e para a obediência a Deus — a nossa santificação.
Paulo associa a ressurreição de Cristo com o poder espiritual que opera dentro de nós, quando disse aos efésios que orava para que eles viessem a conhecer (Ef 1.19-20):
19[…] a grandeza insuperável do poder de Deus para conosco, os que cremos. É o mesmo poder grandioso 20que ressuscitou Cristo dos mortos e o fez sentar-se no lugar de honra, à direita de Deus, nos domínios celestiais.
Aqui Paulo diz que o poder pelo qual Deus levantou Cristo dentre os mortos é o mesmo poder que opera dentro de nós. Paulo nos vê, além disso, como ressuscitados em Cristo quando diz (Rm 6.4,11):
4Pois, pelo batismo, morremos e fomos sepultados com Cristo. E, assim como ele foi ressuscitado dos mortos pelo poder glorioso do Pai, agora nós também podemos viver uma nova vida. […] 11Da mesma forma, considerem-se mortos para o poder do pecado e vivos para Deus em Cristo Jesus.
Esse novo poder da ressurreição em nós inclui o poder para obter uma vitória cada vez maior sobre o pecado que permanece em nossa vida até a morte — “O pecado não é mais seu senhor [não terá domínio sobre vós], pois vocês já não vivem sob a lei, mas sob a graça de Deus” (Rm 6.14) — apesar de que nunca seremos perfeitos nesta vida.
Esse poder da ressurreição também inclui poder para servir no Reino.
Foi após a ressurreição de Jesus que ele prometeu aos seus discípulos: “[…] recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda aJudéia e Samaria e até os confins da terra” (At 1.8). Esse poder novo e intensificado para proclamar o evangelho, operar milagres e triunfar sobre a oposição do inimigo foi dado aos discípulos após a ressurreição de Cristo dentre os mortos e era parte do novo poder da ressurreição que lhes caracterizava a vida cristã.
5 A doutrina da ressurreição assegura nossa ressurreição e vida eterna
Além de tudo o que já foi dito, a ressurreição de Jesus prova também que a morte não é o fim, visto que esta foi, de fato, derrotada por todos aqueles que, pela fé, estão unidos ao Senhor. Veja você: Quando estava aqui na terra, Cristo disse aos seus (Jo 14):
1“Não deixem que seu coração fique aflito. Creiam em Deus; creiam também em mim. 2Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar lugar para vocês 3e, quando tudo estiver pronto, virei buscá-los, para que estejam sempre comigo, onde eu estiver.
Isso pressupõe a ressurreição dos próprios discípulos.
Da mesma forma, o apóstolo Paulo escreveu em 1Tessalonicenses 4.14:
Porque cremos que Jesus morreu e foi ressuscitado, também cremos que Deus trará de volta à vida, com Jesus, todos os que morreram.
Os que creem em Cristo estão unidos a ele pela fé de tal maneira que, se Jesus ressuscitou dos mortos, seus discípulos também deverão ressuscitar para uma nova e viva esperança. Nós, que nos unimos ao Cordeiro na morte, estaremos unidos a ele também na ressurreição. Como é importante esta certeza, especialmente na hora da morte! Veja.
No ano de 1899, dois homens famosos morreram nos Estados Unidos. Um foi um descrente que tinha feito carreira menosprezando a Bíblia e argumentando contra as doutrinas cristãs. O outro era um cristão.
Robert Green Ingersoll, agnóstico e crítico declarado da Bíblia e da fé cristã. Em seu nome foram realizadas, na Universidade de Harvard, algumas famosas séries de palestras sobre imortalidade. Totalmente descrente, ele se foi de repente, sendo sua morte um choque absoluto para a família.
O corpo de Ingersoll foi mantido dentro de casa durante vários dias porque a esposa dele não podia suportar a ideia de separar-se do marido. O cadáver só foi removido quando começou a deteriorar-se, prejudicando, assim, a saúde da família. Em seguida, os restos mortais foram cremados, e a exibição do crematório foi tão triste que algumas cenas foram captadas pelos jornais e apresentadas à nação.
Ingersoll tinha usado seu notável intelecto para negar a ressurreição (dizendo ser insano crer em tal possibilidade), mas, quando a morte chegou, não havia nenhuma esperança para o veterano da Guerra Civil Americana. Sua partida foi recebida pelos parentes e amigos como uma tragédia sem compensação.
No mesmo ano, o famoso evangelista Dwight L. Moody se despediu da vida, mas sua morte foi triunfante tanto para ele como para sua família. Moody estava definhando havia algum tempo, e a família permanecia com ele, em turnos. Na manhã em que morreu, seu filho, que estava de pé ao lado do leito, ouviu-o exclamar: “A terra está se afastando, o céu está se abrindo; Deus está chamando”.
O filho rebateu: “Você está sonhando, pai!”
Moody respondeu: “Não, Will, não é um sonho. Estou dentro dos portões. Vejo as faces das crianças”.
Por um instante pareceu que Moody estivesse se restabelecendo, mas ele começou a falar novamente. Ele disse: “Isso é a morte? Não é ruim! Não existe vale! É uma felicidade! É glorioso!”.
Àquela altura, a filha estava presente e começou a orar pela recuperação do pai. Ao perceber, Moody se expressou, dizendo: “Não, não Emma, não ore por isso. Deus está chamando. Esse é o dia da minha coroação, e tenho esperado ansiosamente por ele”.
Logo depois, Moody foi recebido no céu.
No funeral, a família e os amigos se reuniram para um culto jubiloso. Eles conversaram, cantaram hinos e ouviram a Palavra de Deus proclamando (1Co 15.55-57):
55Ó morte, onde está sua vitória? Ó morte, onde está seu aguilhão?”. 56O pecado é o aguilhão da morte que nos fere, e a lei é o que torna o pecado mais forte. 57Mas graças a Deus, que nos dá vitória sobre o pecado e sobre a morte por meio de nosso Senhor Jesus Cristo!
A morte de Moody fez parte daquela vitória.
Não quero sugerir que a morte de cada cristão seja igualmente gloriosa. Nem todos sentem a força dessas doutrinas no momento de voltarem para casa. Mas muitos sentem. A morte pode ser vitoriosa para o cristão. Lembre-se: Não há esperança para a vida após a morte à parte da ressurreição de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
6 A doutrina da ressurreição assegura o julgamento final
Por fim, a ressurreição de Jesus Cristo também é a garantia de um julgamento final sobre aqueles que rejeitam o evangelho. No areópago, Paulo proclamou (At 17.31):
Pois ele estabeleceu um dia para julgar o mundo com justiça, por meio do homem que ele designou, e mostrou a todos quem é esse homem ao ressuscitá-lo dos mortos.
Cristo, quando estava na terra, falou sobre um julgamento final, alegando que ele mesmo seria o Juiz. O fato de Deus tê-lo ressuscitado dentre os mortos é prova da veracidade de sua alegação. É uma garantia de que o dia do julgamento está chegando.
Os seres humanos costumam pensar que a morte é o fim de todas as coisas, principalmente quando ela atinge seus inimigos. Por exemplo: Um mosquito nos pica e ficamos irritados; nós o golpeamos e parabenizamo-nos porque vimos o fim daquele inseto. Uma raposa invade o galinheiro e o proprietário atira nela. Morto, o animal já não o ameaça. Quando nosso inimigo morre, nós o descartamos de nossa mente.
Assim foi com Jesus Cristo. Ele Veio ao mundo fazendo o bem, mas as pessoas se ofenderam tanto com a santidade dele que tentaram encontrar alguma coisa pela qual pu- dessem acusá-lo. Ele alegava ser o Filho de Deus; então, acusaram-no de blasfêmia. Jesus falou dos pecados do povo e afirmou que haveria um dia em que ele julgaria toda a humanidade; eles o odiaram por causa disso.
Finalmente, seus acusadores conseguiram matá-lo.
Podemos imaginar o júbilo em Jerusalém no dia da grande festa depois da crucificação, morte e sepultamento de Cristo. Aqueles que tinham desprezado Jesus se parabenizaram por ter acabado com ele. Estavam seguros, pois nunca mais precisariam suportar a “arrogância” dele novamente. Então, veio a ressurreição e, por meio daquele ato, Deus declarou que a morte nunca seria o fim de Cristo, porque ele é a própria vida.
O mal está no mundo, mas nada que se oponha a Deus triunfará no final. O pecado foi punido na cruz, mas Jesus triunfou sobre a morte na ressurreição. Foi necessário que Cristo padecesse, mas ele (Hb 9.26-27):
26[…] apareceu uma vez por todas para remover o pecado mediante sua própria morte em sacrifício. 27E, assim como cada pessoa está destinada a morrer uma só vez, e depois disso vem o julgamento, 28também Cristo foi oferecido como sacrifício uma só vez para tirar os pecados de muitos. Ele voltará, não para tratar de nossos pecados [dos que creem], mas para trazer salvação a todos que o aguardam com grande expectativa.
GLORIOSAS EVIDÊNCIAS PARA A RESSURREIÇÃO DE CRISTO
A doutrina da ressurreição de Cristo representa muita coisa para os cristãos: comprova a existência de Deus e a divindade de Cristo; assegura a nossa justificação, regeneração e santificação; também assegura a nossa ressurreição, vida eterna e o julgamento final sobre os ímpios. É muita coisa! Mas é possível acreditar na ressurreição?
Em vez de trilhamos o minucioso caminho dos argumentos que comprovam a ressurreição de Cristo, permitam-me apresentar a síntese maravilhosa de John Piper, concluindo o capítulo “Vida Invencível — A Ressurreição de Jesus Cristo” do livro Um Homem Chamado Jesus Cristo (ed. Vida):
Conforme ocorre com todos os fatos históricos, a ressurreição de Jesus pode suscitar dúvidas. Mas quando Deus tem a seu dispor os relatos confiáveis de testemunhas, a coragem de suas pregações, a futilidade dos argumentos dos opositores, os efeitos do evangelho, a coerência da mensagem, a plena suficiência do conceito mundial cristão e a glória espiritual de Jesus Cristo — quando Deus tem a seu dispor tudo isso e muito mais, ele é capaz de abrir o entendimento do cético mais obstinado. Quando Deus nos desperta da letargia da incredulidade e faz brilhar em nossa mente “a luz do evangelho da glória de Cristo” (2Co 4.4,6), o que vemos, paralelamente ao terrível esplendor de seu sofrimento, é a grandiosidade de sua ressurreição.
Dai que Pedro escreveu (1Pe 1.21):
Por meio de Cristo, vocês vieram a crer em Deus. Depositam sua fé e esperança em Deus porque ele ressuscitou Cristo dos mortos e lhe deu grande glória.
A gloriosa ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos tem poder para produzir fé e esperança em Deus no coração do pecador arrependido. Mas será um milagre da graça, da gloriosa graça de Cristo. Por isso eu oro com John Piper por você:
Pai de glória, nós te louvamos porque, com teu poder, ressuscitaste teu Filho, Jesus, dentre os mortos. Louvamos-te porque a pedra que os construtores rejeitaram veio a ser a pedra angular. Nós nos maravilhamos diante dessa tua obra majestosa. A morte não foi capaz de aprisionar teu Filho! Nosso último inimigo caiu diante de teu poder no momento em que Jesus triunfou sobre a morte e nos livrou do medo desse antigo inimigo. E agora, ó Deus, concede-nos a graça de aproveitarmos as riqueza de tudo o que a ressurreição de Jesus significa. Toda autoridade pertence a ele no céu e na terra. Nenhum poder e nenhum inimigo podem prevalecer contra ele. Quando confiamos nele, só recebemos coisas boas. E o melhor está sempre por vir. Portanto, Pai, afasta de nossa vida o medo, as preocupações, o desânimo e a tristeza. Concentra nossa atenção na suprema realidade do triunfo final de Cristo sobre a morte. Não permitas que esqueçamos ou deixemos de sentir a glória universal que concedeste a Jesus: um nome que está acima de todos os nomes. Que essa verdade seja posta em prática em nossa vida diária para que possamos ver todas as pessoas, sejam elas importantes ou não, perante o Juiz ressurreto e triunfante de todas as nações. Que possamos aceitar a misericórdia e o poder de Jesus, com coragem e arrependimento no coração. Pai, queremos que nossa vida demonstre a grandeza de teu Filho. Com teu poder, ajuda-nos a alcançar essa graça. Oramos em nome de Jesus. Amém.
S.D.G. L.B.Peixoto
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