15.03.2020
João 12.12-19
12No dia seguinte, correu pela cidade a notícia de que Jesus estava a caminho de Jerusalém. Uma grande multidão de visitantes que tinham vindo para a Páscoa 13tomou ramos de palmeiras e saiu ao seu encontro, gritando: “Hosana! Bendito é o que vem em nome do Senhor!Bendito é o Rei de Israel!”. 14Jesus conseguiu um jumentinho e montou nele, cumprindo a profecia que dizia: 15“Não tenha medo, povo de Sião. Vejam, seu Rei se aproxima, montado num jumentinho”. 16Seus discípulos não entenderam, naquele momento, que se tratava do cumprimento de uma profecia. Depois que Jesus foi glorificado, porém, eles se lembraram do que havia acontecido e perceberam que era a respeito dele que essas coisas tinham sido escritas. 17Muitos tinham visto quando Jesus mandou Lázaro sair do túmulo e o ressuscitou dos mortos, e contavam esse fato a outros. 18Destes, muitos saíram ao encontro de Jesus, porque tinham ouvido falar desse sinal. 19Então os fariseus disseram uns aos outros: “Não podemos fazer nada. Vejam, todo mundo o segue!”.
A ENTRADA TRIUNFAL
As páginas da história registram uma infinidade de entradas triunfais inesquecíveis: conquistadores voltando para casa depois da vitória na guerra, reis e rainhas desfilando para a coroação, chefes de estado em parada de posse, campeões do esporte ostentando medalhas e troféus diante da multidão de torcedores… Os exemplos são abundantes até nos cinemas. Diz-se, por exemplo, que um super-herói é tão bom quanto sua entrada triunfal. Aliás, tanto nas histórias em quadrinhos (HQs) quanto nos filmes, os super poderosos são conhecidos (e ovacionados) por suas entradas épicas.
Batman, Super-Homem, Mulher Maravilha, Thor, Hulk, Homem-Aranha, Homem de Ferro, os Vingadores e até Gandalf, todos têm uma coisa em comum: entradas triunfais que os apresentam em ação, em sua melhor forma. Seja pela música eletrizante, pela sequência de ação envolvente, pela atuação estonteante do ator, da atriz ou tudo isso junto, algumas dessas “entradas triunfais” se destacam de tal modo que os aficionados do cinema ou das HQs jamais as esquecem.
De todas elas — seja na vida real, nas páginas das HQs ou nas telas dos cinemas — , nada é tão memorável quanto a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Por pelo menos um fator: “uma grande multidão de visitantes que tinham vindo para a Páscoa” (Jo 12.12). O historiador judeu Flávio Josefo (37-100 d.C.) documentou que, naquela época do ano, Jerusalém e as aldeias ao redor explodiam em lotação.
Para se ter uma ideia: em certa ocasião, realizada a contagem do número de cordeiros mortos na festa da Páscoa, pouco antes da guerra judaica (66-70 d.C.), a soma foi de 256.000 animais sacrificados. Era necessário pelo menos 10 pessoas por cordeiro sacrificado. Logo, se a estimativa estiver correta, os números apontam que naquele ano pode ter havido pelo menos 2.560.000 pessoas na festa da Páscoa em Jerusalém. Mas mesmo que o número de Josefo esteja superestimado, continua sendo verdade que a quantidade de pessoas visitando Jerusalém na festa em que Jesus foi morto deve ter facilmente se aproximado da casa do milhão (se não, ultrapassado!). Esses números são impressionantes inclusive para os parâmetros de hoje.
A título de comparação, estima-se que a posse de Barak Obama, em 2009, reuniu cerca de 1.800.000 pessoas em Washington, DC (capital norte-americana) — número nunca antes atingido em posse presidencial. Já a posse de Donald Trump teria reunido entre 700 e 800 mil pessoas, em janeiro de 2017. Lula reuniu 150 mil (2003), enquanto Bolsonaro reuniu 115 mil brasileiros na posse em Brasília (2019). Já a multidão reunida em Jerusalém para a festa da Páscoa e que ovacionou Jesus em sua entrada na cidade era tão grande, que deixou as autoridades judaicas em pânico (Jo 12.19):
Então os fariseus disseram uns aos outros: “Não podemos fazer nada. Vejam, todo mundo o segue!”.
Além dos milhares de milhares, outro fato que chama a atenção na entrada triunfal em Jerusalém é a atitude de Jesus. Você percebeu? O versículo 14 diz que “Jesus conseguiu um jumentinho e montou nele,” e passou (numa boa, sem o menor constrangimento!) pelo meio da multidão que o saudava com ramos de palmeiras jogados ao chão (servindo de tapete) e o ovacionava, gritando: “Hosana! Bendito é o que vem em nome do Senhor! Bendito é o Rei de Israel!” (v. 13).
J. C. Ryle observa que a conduta de Jesus, neste momento de seu ministério terreno, foi bastante peculiar. Até aqui, não há nada semelhante relatado no Novo Testamento. Até essa altura, o que vimos foi o Senhor evitando, enquanto podia, aparecer em público, chamar para si a atenção das pessoas, retirando-se sempre para locais desertos e afastado dos olhares de todos. Aliás, até houve momento em que desejaram torná-lo rei, mas ele fugiu sozinho para o deserto (Jo 6.35).
Em geral, Jesus não cortejava a atenção do povo. Ele cumpriu a risca a profecia (Mt 12.19): “Não lutará nem gritará, nem levantará a voz em público.” Mas nesta ocasião, ao contrário de tudo, nós o encontramos em uma aparição pública, em Jerusalém, na época mais cheia do ano, cercado por multidão incontável de pessoas, fazendo os fariseus admitirem com pavor que não podiam fazer nada e que todo mundo o seguia (Jo 12.19).
Não é curiosa essa atitude de Jesus? Mas não é difícil encontrar a explicação para essa aparente incoerência. É que, finalmente, havia chegado a hora em que Cristo morreria pelos pecados do mundo, o tempo em que o verdadeiro Cordeiro pascal seria imolado, o sangue da expiação pelo pecado seria derramado e o Messias seria sacrificado, de acordo com a profecia (Dn 9.26). Tinha chegado o momento em que o caminho para o Santo dos Santos seria aberto pelo verdadeiro sumo sacerdote de toda a humanidade.
Sabendo tudo isso, nosso Salvador e Senhor Jesus Cristo colocou-se publicamente diante de toda a nação de Israel (e do mundo!). Era correto e adequado, portanto, que nada daquilo se passasse “em algum canto escondido” (At 26.26). Com efeito, se houve algo que se realizou publicamente no ministério terreno de nosso Senhor, isto foi o sacrifício que ele ofereceu sobre a cruz do Calvário. Ele morreu em uma época do ano na qual todas as tribos de Israel estavam reunidas para a festa da Páscoa. E isto não foi tudo. Ele morreu em uma semana na qual, por causa de sua entrada pública e triunfal em Jerusalém, levou os olhos de todo o Israel — e do mundo — a fixarem-se nele.
Os fariseus estavam corretos ao admitirem que não podiam fazer nada. Realmente, todo mundo seguia Jesus. Inclusive gente de fora de Israel. Ouça, perceba o fluxo da narrativa de João, pois, mais uma vez, sem que o soubessem, os inimigos de Jesus estavam profetizando, João 12.19-21:
19Então os fariseus disseram uns aos outros: “Não podemos fazer nada. Vejam, todo mundo o segue!”. [OUÇA:] 20Alguns gregos que tinham vindo a Jerusalém para adorar durante a festa da Páscoa 21procuraram Filipe, que era de Betsaida, da Galileia, e lhe disseram: “Por favor, gostaríamos de ver Jesus”.
Caifás já havia profetizado, sem querer e sem saber, que Jesus morreria por Israel e pelos eleitos de Cristo espalhados pelo mundo (Jo 11.49-52). E agora os fariseus, também sem querer e sem saber, estavam profetizando, dizendo que povos do mundo (gregos, por exemplo) seguiam Jesus Cristo (Jo 12.19-21).
Pois bem, esta é a história da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. É a história da “coroação” do Rei, do Rei Jesus. O que se pode ver, aprender e aplicar em nossa vida à partir desta narrativa? Que espécie de Rei é Jesus? Para o que veio o Rei Jesus? Qual foi a reação das pessoas ao contemplarem o Rei Jesus? Então, veremos: o Rei Jesus; a missão do Rei Jesus; e a recepção ao Rei Jesus.
O REI JESUS
Ao deixar claro que Jesus é Rei — Rei tanto dos judeus (vs. 12-13) quanto do mundo todo (vs. 17-21), João nos revela que tipo de Rei é Jesus.
PRIMEIRO, podemos enxergar a soberania do Rei Jesus. A narrativa começa assim (v. 12): “No dia seguinte, […]”. Dia seguinte ao jantar na casa de Simão, o leproso; jantar no qual Marta serviu, Lázaro curtiu ao lado de Jesus e Maria ungiu os pés do Senhor com perfume caro, exalando devoção (vs. 1-11). Judas não gostou nada da extravagância de Maria (vs. 4-5), menos ainda da resposta que Jesus deu a ele (vs. 7-8). E naquela mesma noite, após o jantar, Mateus nos informa que Judas correu e cuidou de costurar com os fariseus a morte de Jesus. Mateus 26.14-16:
14Então [após o jantar, Mt 26.6-13] Judas Iscariotes, um dos Doze, foi aos principais sacerdotes 15e perguntou: “Quanto vocês me pagarão se eu lhes entregar Jesus?”. E eles lhe deram trinta moedas de prata. 16Daquele momento em diante, Judas começou a procurar uma oportunidade para trair Jesus.
Mas Jesus não estava entregue à mercê da trama conspiratória maligna de seus inimigos — ele se manteve em absoluto controle das circunstâncias, e João deixou isso tudo muito evidente ao mostrar que “no dia seguinte” (v. 12) ao jantar na casa de Simão (vs. 1-11) a vida seguiu o curso determinado pela mão da soberana Providência.
A sequência do texto esclarece: Quando Filipe e André foram falar com Jesus sobre os gregos que desejavam vê-lo (vs. 20-22), o Senhor lhes anunciou (v. 23): “Chegou a hora de o Filho do Homem ser glorificado.” Adiante, João dirá uma vez mais que “Jesus sabia que havia chegado sua hora de deixar este mundo e voltar para o Pai”(13.1).
Ô, meu povo! Jesus não é Rei decorativo! Ele tem o controle dos tempos e dos acontecimentos no mundo; do coração e da ação das pessoas nesta terra; ele, de fato, tem o controle de tudo em suas mãos. Absolutamente tudo! Até este ponto, por exemplo, o Senhor não permitiu que seus inimigos tirassem sua vida, tanto que ele evitou ao máximo e até fugiu de controvérsias públicas desnecessárias (Jo 4.1-3; 7.1; 11.53-54). Jesus não era covarde ou omisso. Com efeito, o Senhor tinha o controle do tempo em suas mãos. A hora dele ainda não havia chegado. Mas agora chegou. O dia e a hora exatos que Jesus escolheu para entrar em Jerusalém cumpria, com precisão, uma das profecias mais extraordinárias do Antigo Testamento sobre a morte do “Ungido” de Deus (Dn 9.24-26).
Jesus tinha controle até sobre a sua hora de morrer! Isso mesmo! Ouça, João 19.30:
Depois de prová-la [água com vinagre], Jesus disse: “Está consumado”. Então, inclinou a cabeça e entregou [rendeu] o espírito.
Nosso Rei, o Rei Jesus é soberano. Ele tem o controle da vida e da morte nas suas mãos; ele tem o controle do coração das pessoas e de cada circunstância. Nada foge da guia (da coleira e da guia) de sua sábia, soberana, bondosa e perfeita providência. Descanse, crente! Descanse nos braços de Jesus Cristo.
SEGUNDO, podemos enxergar no nosso texto a submissão do Rei Jesus às palavras da Escritura Sagrada. Sim, nosso Rei, conquanto seja soberano, é submisso à vontade do Pai expressamente revelada na Bíblia Sagrada. Essa conjunção de excelências aparentemente contraditórias, nas palavras de Jonathan Edwards, é o que torna glorioso aos nossos olhos o Rei Jesus. Soberano, sim! Ele é Deus soberano. Mas ele é também submisso, humilde e manso de coração. Nunca houve nem haverá rei igual ao Rei Jesus!
Observe: Para nós, o que vem a seguir nas palavras de João pode parecer uma maneira invertida de se fazer as coisas. Pensamos que Jesus, sendo Deus, não deveria estar vinculado ou submetido a qualquer coisa, especialmente palavras, mesmo que palavras de Deus. Aliás, há até aqueles que dizem que Deus e Jesus não se curvam à Palavra escrita nas Escrituras Sagradas. Um pastor batista chegou a escrever em artigo que (ouçam e percebam a que ponto nós chegamos; pasmem!): “a Bíblia não é normativa para Deus e nem o pode ser, visto ser ele O Senhor absoluto”.
A conclusão do tal autor é que não há qualquer norma absoluta pela qual nos pautarmos, posto que Deus pode dizer e desdizer o que disse na hora que ele desejar fazer diferente (como se Deus fosse assim volúvel, volátil, inconstante, mudável)! Ouçam as palavras desse homem:
Repito, ainda que houvesse na Bíblia um único texto bíblico explícito dizendo algo mais ou menos assim: “não consagrarás mulheres ao ministério pastoral nem as filiarás às tuas associações de classe”, esse texto não impediria Deus de chamar mulheres para o ministério pastoral, pois que chamada é prerrogativa divina e a Bíblia é norma para nós, é Palavra de Deus a nós, e não palavras humanas sobre e para Deus.
Pois bem, se é assim, se “a Bíblia” não passa de “palavras humanas”, mesmo que tomadas como “Palavra de Deus a nós” — mas mesmo assim “palavras humanas” que não servem para Deus (mesmo tendo sido Deus que as revelou!) — , não há mais “Palavra de Deus a nós”, e ponto final. Por que eu digo isto? Porque se o padrão de verdade passa a ser aquilo que eu julgo ser vontade de Deus para mim, revelada em meu coração, nada mais do que está escrito na Bíblia terá valor final absoluto. Afinal, Deus tem “prerrogativa divina” e poderá a qualquer momento desdizer algo já dito por ele mesmo na Bíblia. E nós não teremos com o que aferir. Ficaremos apenas com a palavra de quem disse ter recebido dom, chamada, palavra ou direção de Deus. É, de fato, uma loucura.
Mas João nos escreve que Jesus se considerava vinculado sim às Escrituras como uma expressão infalível, norma absoluta da vontade do Pai para ele e para o mundo. Há também muitas outras ações pautadas pelas Escrituras ao longo de todo o ministério terreno de Cristo. Assim, tanto Mateus como João se referem à profecia de Zacarias, sendo cumprida pelo Senhor Jesus Cristo. Ouçam, João 12.14-15:
14Jesus conseguiu um jumentinho e montou nele, cumprindo a profecia que dizia: 15“Não tenha medo, povo de Sião. Vejam, seu Rei se aproxima, montado num jumentinho”.
Meu Deus! Se Jesus não veio para abolir a lei, mas para cumpri-la (Mt 5.17), se Jesus se preocupou inclusive em conseguir um “jumentinho” para, montado nele, entrar em Jerusalém, cumprindo ipsis litteris (literalmente), ipsis verbis (textualmente) a profecia de Zacarias (9.9), como alguém ousará dizer que “a Bíblia não é normativa para Deus”? Mateus, por exemplo, conta-nos os detalhes da intenção de Jesus (Mt 21.2-3):
1Quando já se aproximavam de Jerusalém, Jesus e seus discípulos chegaram a Betfagé, no monte das Oliveiras. Jesus enviou na frente dois discípulos. 2“Vão àquele povoado adiante”, disse ele. “Assim que entrarem, verão uma jumenta amarrada, com seu jumentinho ao lado. Desamarrem os animais e tragam-nos para mim. 3Se alguém lhes perguntar o que estão fazendo, digam apenas: ‘O Senhor precisa deles’, e de imediato a pessoa deixará que vocês os levem.”
João nos informa que (Jo 12.16):
Seus discípulos não entenderam, naquele momento, que se tratava do cumprimento de uma profecia. Depois que Jesus foi glorificado, porém, eles se lembraram do que havia acontecido e perceberam que era a respeito dele que essas coisas tinham sido escritas.
Jesus é Rei soberano, mas ele é também submisso à vontade do Pai, textualmente expressa nas Escrituras. Se a Bíblia foi normativa para Cristo, deve ser para nós também.
A profecia de Zacarias dizia o seguinte (Zc 9.9-11):
9Alegre-se, ó povo de Sião! Exulte, ó preciosa Jerusalém! Vejam, seu rei está chegando; ele é justo e vitorioso, mas também é humilde e vem montado num jumento, num jumentinho, cria de jumenta. 10Removerei de Israel os carros de guerra e, de Jerusalém, os cavalos. Destruirei as armas usadas na batalha, e seu rei trará paz às nações. Seu reino se estenderá de um mar a outro e do rio Eufrates até os confins da terra. 11Por causa da aliança que fiz com vocês, aliança selada com sangue, livrarei seus prisioneiros da morte em um poço sem água.
D. A. Carson faz três destaques no que diz respeito ao Rei Jesus: ele coloca fim à guerra, proclama paz à nações e sela nossa aliança com Deus, derramando seu próprio sangue para nos libertar de nós mesmos, do pecado e do diabo. E João quer que assim vejamos o nosso Rei Jesus.
Note a forma de João apresentar Jesus. João 12.15: “Vejam [gr., idoú — imperativo, voz média de eido — vejam! olhem!; reparem!), seu Rei se aproxima, montado num jumentinho”. Agora, João 1.29: “Vejam! [gr. ide — imperativo, voz ativa de eido — veja! eis ai!] É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!”.
O Rei Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ele veio cumprir a lei, para que nós, agora pela graça e por meio da fé, pudéssemos viver em paz com Deus, em paz com os irmãos e desfrutando da paz de Deus. O soberano se submeteu à vontade do Pai, expressa na Bíblia, vindo trazer-nos a paz pelo seu sangue na cruz (Cl 1.20) — tanto a judeus como a gentios; de fato, veio trazer a paz para os eleitos de Deus no mundo todo e em todos os tempos. Paulo, aos romanos, escreveu (3.29-31):
29Afinal, Deus é Deus apenas dos judeus? Não é também Deus dos gentios? Claro que sim! 30Existe um só Deus, e ele declara justos tanto judeus como gentios somente pela fé. 31Então, se enfatizamos a fé, quer dizer que podemos abolir a lei? Claro que não! Na realidade, é só quando temos fé que cumprimos verdadeiramente a lei.
João enxergou tudo isso e nos apresentou o Rei Jesus: Rei dos judeus (Jo 12.13) e Rei dos gentios (Jo 12.20), soberano Deus, mas submisso à vontade do Pai, humilde e promotor da paz. Tão humilde e pacificador que se apresentou, triunfante, montado em jumentinho. Faço minhas as palavras de João, João 12.15:
“Não tenha medo, povo de Sião. Vejam, seu Rei se aproxima, montado num jumentinho”.
Agora, não se iluda, esse Rei, que se aproximou humilde e pacífico, virá julgar com justiça, e não estará mais montado num jumentinho. João, lá no Apocalipse, registou. Apocalipse 19.11,21:
11Vi o céu aberto, e surgiu um cavalo branco [símbolo de vitória]. Seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro, pois julga e guerreia com justiça. […] 21Todo o seu exército [besta, reis e falso profeta] foi morto com a espada afiada que saía da boca daquele que montava no cavalo branco. E todas as aves se fartaram com a carne dos cadáveres.
O Rei Jesus.
A MISSÃO DO REI JESUS
Vimos o Rei Jesus. Também já pincelamos algo da missão do Rei e, Deus permitindo, na próxima mensagem (Jo 12.20-26), falaremos mais dessa missão como modelo para nós, nossa vida e ministério. Aqui, agora, pretendo mostrar, em resumo, a missão de Jesus, revelada em tamanha glória pelas palavras do Evangelho. João 12.17-19:
17Muitos tinham visto quando Jesus mandou Lázaro sair do túmulo e o ressuscitou dos mortos, e contavam esse fato a outros. 18Destes, muitos saíram ao encontro de Jesus, porque tinham ouvido falar desse sinal. 19Então os fariseus disseram uns aos outros: “Não podemos fazer nada. Vejam, todo mundo o segue!”.
A missão de Jesus era cumprir a lei, morrer no lugar do pecador e ressuscitar vitorioso sobre a morte e o pecado. E a ressurreição de Lázaro serviu ao propósito de revelar que Jesus Cristo é a ressurreição e a vida. Ouça, João 11.25-26:
25Então Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim viverá, mesmo depois de morrer. 26Quem vive e crê em mim jamais morrerá. Você crê nisso, Marta?”.
A ressurreição e a vida de Jesus tem como propósito reunir suas ovelhas, ajuntar seus eleitos, fazer discípulos que o seguem para a vida eterna. Isso ficará claro no texto seguinte, mas aqui os fariseus, mesmo sem querer, sem saber já deram a pista (v. 19):
“Não podemos fazer nada. Vejam, todo mundo o segue!”.
A missão de Jesus foi buscar e salvar os perdidos (Lc 19.10).
Disse o Rei Jesus (Jo 12.32-33):
32E, quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim”. 33Ele disse isso para indicar como morreria.
E esses, atraídos pela graça, por meio da fé, seguirão Jesus até o final. Pode ser que você seja um deles. A oferta, afinal, é para todos, João 3.16:
Porque Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.
E todos os seus virão a ele (Jo 12.33). A missão de Jesus foi, está sendo e será cumprida. Ouça, João 6.37-40 (como eu amo esse texto!):
37Contudo, aqueles que o Pai me dá virão a mim, e eu jamais os rejeitarei. 38Pois desci do céu para fazer a vontade daquele que me enviou, e não minha própria vontade. 39E esta é a vontade de Deus: que eu não perca um sequer de todos que ele me deu, mas que ressuscite todos no último dia. 40Pois é a vontade de meu Pai que todo aquele que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna. E eu os ressuscitarei no último dia”.
Vimos o Rei Jesus. Falamos da missão do Rei Jesus. Agora… a recepção ao Rei…
A RECEPÇÃO AO REI JESUS
O nosso texto (Jo 12.12-19) nos aponta três tipos de recepção ao Rei Jesus. São três multidões distintas. Cada qual tratando-o de forma diferente, e servem de advertência.
A PRIMEIRA MULTIDÃO é a daqueles que desejavam fazer de Jesus um rei nacionalista, um libertador político, um messias com supremacia político-militar sobre os romanos e o mundo. Jesus já tinha percebido algo assim lá atrás, João 6.14-15:
14Quando o povo viu Jesus fazer esse sinal, exclamou: “Sem dúvida ele é o profeta que haveria de vir ao mundo!”. 15Jesus sabia que pretendiam obrigá-lo a ser rei deles, de modo que se retirou, sozinho, para o monte.
Agora, com proporções milhares de vezes maiores, a cena se repete, mas como era chegada a hora, Jesus permite ser aclamado Rei. João 12.12-15:
12[…] Uma grande multidão de visitantes que tinham vindo para a Páscoa 13tomou ramos de palmeiras e saiu ao seu encontro, gritando: “Hosana! Bendito é o que vem em nome do Senhor!Bendito é o Rei de Israel!”. 14Jesus conseguiu um jumentinho e montou nele, cumprindo a profecia que dizia: 15“Não tenha medo, povo de Sião. Vejam, seu Rei se aproxima, montado num jumentinho”.
Sabemos que as intenções daquela multidão eram meramente políticas, mundanas e terrenas, não espirituais, pela utilização dos “ramos de palmeiras”. Carson nos informa que nada há no Antigo Testamento que prescreva ramos de palmeiras na Páscoa, ao passo que ao povo era ordenado pegar “galhos das mais belas árvores, folhagens de palmeiras, ramos de árvores verdejantes e de salgueiros que crescem junto dos riachos. Celebrem com alegria diante do SENHOR, seu Deus, por sete dias” (Lv 23.40), isto na Festa das Cabanas, quando se celebrava a libertação do Egito (Lv 23.43).
Ocorre que, cerca de dois séculos antes da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, ramos de palmeiras já haviam se tornado um símbolo nacionalista. Quando Simão Macabeu expulsou as tropas militares da Síria da cidade de Jerusalém, ele foi festejado com músicas e acenos de ramos de palmeiras (1Macabeus 13.51, em 141 a.C.), que também foram proeminentes na nova dedicação do templo de Jerusalém (2Macabeus 10.7, em 164 d.C.). Logo, a identificação messiânica de Jesus estava correta, mas a esperança de messias que aquela multidão nutria — libertação política — era bem diferente da missão de Jesus.
A Pilatos, o Senhor respondeu o que segue (Jo 18.36-37):
36[…] “Meu reino não é deste mundo. Se fosse, meus seguidores lutariam para impedir que eu fosse entregue aos líderes judeus. Mas meu reino não procede deste mundo”. 37Pilatos disse: “Então você é rei?”. “Você diz que sou rei”, respondeu Jesus. “De fato, nasci e vim ao mundo para testemunhar a verdade. Todos que amam a verdade ouvem minha voz.”
O reino de Jesus é o reino da verdade. Ele é a verdade. A verdade que liberta: liberta do mundo, do pecado e do diabo. Mas aquela multidão queria um rei político.
A SEGUNDA MULTIDÃO a recepcionar Jesus era a população local que testemunhou a ressurreição de Lázaro. João 12.17-18:
17Muitos tinham visto quando Jesus mandou Lázaro sair do túmulo e o ressuscitou dos mortos, e contavam esse fato a outros. 18Destes, muitos saíram ao encontro de Jesus, porque tinham ouvido falar desse sinal.
Essa multidão reconhecia e testemunhava Jesus, mas como grande operador de milagres extraordinários e incontestáveis. Essa massa louvava “a Deus por todos os milagres maravilhosos que tinham visto” (Lc 19.37). Essa multidão queria cura, espetáculo, mas não queria salvação. Tanto que na sequência trocaram Jesus por Barrabás, João 18.39-40:
39Mas vocês têm o costume de pedir que eu solte um prisioneiro cada ano, na Páscoa. Vocês querem que eu solte o ‘rei dos judeus’?”. 40Eles, porém, gritaram: “Não! Esse homem, não! Queremos Barrabás!”. Esse Barrabás era um criminoso.
A TERCEIRA MULTIDÃO a recepcionar Jesus era composta pelos líderes religiosos desesperados, sem saber mais o que fazer. João 12.19:
Então os fariseus disseram uns aos outros: “Não podemos fazer nada. Vejam, todo mundo o segue!”.
Essa gente representa aqueles que, para aplacar a consciência e seguir pela vida tirando vantagens, vivem para calar Jesus, desmentir Jesus, combater Jesus.
Em resumo, podemos dizer que as pessoas seguem Jesus Cristo pelos mais diversos motivos: uns querem supremacia (o melhor desta terra), outros querem sorrir (milagres e espetáculos religiosos) e outros querem sossego (calar Jesus Cristo). Espero que nenhum de vocês se identifique como qualquer uma dessas três multidões.
Agora, pode haver aqueles que, como os discípulos, em um primeiro momento não entendem, ficam na dúvida, acham estranho, mas que depois de perseverar conseguem discernir por iluminação espiritual que Jesus é o Rei, o “Bendito que vem em nome do Senhor para buscar e salvar o perdido”. Ouça, João 12.16:
Seus discípulos não entenderam, naquele momento, que se tratava do cumprimento de uma profecia. Depois que Jesus foi glorificado, porém, eles se lembraram do que havia acontecido e perceberam que era a respeito dele que essas coisas tinham sido escritas.
Se você não entende ainda, peça a Deus iluminação e fé.
O REI JESUS
Há um Rei sobre o mundo, um Rei sobre tudo e sobre todos: o Rei Jesus. E essa entrada épica, triunfal de Jesus em Jerusalém está aqui nas Escrituras para nos revelar que Jesus é o Rei. Os olhos naturais não conseguirão enxergar. Verão, lerão, mas não enxergarão, não entenderão tamanha glória revelada:
O Soberano Deus, Criador do universo, fez-se carne, humilhou-se e se submeteu à vontade eterna do Pai, expressa na Bíblia. Viveu sem pecado. Cumpriu a lei. E a caminho da cruz, onde morreria como substituto pelo nosso pecado, apresentou-se montado em um jumentinho, um animal pacífico (não de guerra, como o cavalo, Sl 33.17), um instrumento de trabalhos domésticos (puxador de carroça), um meio de transporte para os mais pobres. O Rei Jesus se apresenta montado em um jumentinho. Ele é humilde.
Ele é também pacificador. Morreu a morte de cruz para pacificar a ira de Deus. Foi sepultado, mas ressuscitou vitorioso sobre o pecado e sobre a morte.
À princípio, ele se revela humilde, pacificador, brando, montado em um jumentinho. Mas não se iluda: ele virá montado em cavalo branco para julgar e estabelecer definitivamente seu reino eterno e glorioso.
Arrependa-se. Creia. Submeta-se ao Rei Jesus.
S.D.G. L.B.Peixoto
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