07.04.2020
Jesus Ensinou aos Seus Seguidores a Lição Sobre a Figueira sem Fruto
Mateus 21.20-22; Marcos 11.20-26
Marcos nos conta que já na terça-feira, ao passar pela figueira, aquela que Jesus havia amaldiçoado no dia anterior, na segunda-feira, Pedro comentou com surpresa o fato de ela ter murchado e secado tão rapidamente. Jesus aproveitou a oportunidade para encorajar seus discípulos a terem fé em Deus. Se não duvidarmos, mas crermos, seremos capazes de mover montanhas espirituais por meio da fé e da oração. Enquanto oramos, se tivermos alguma coisa contra alguém, deveremos perdoar aqueles que pecaram contra nós, atestando desse modo que de fato nós fomos perdoados por Deus. Quem não perdoa dá provas de que pode não ter provado o perdão de Deus.
Jesus Ensinou e Teve Sua Autoridade Questionada no Templo
Mateus 21.23-23.39; Marcos 11.27-12.44; Lucas 20.1-21.4
Na terça-feira de manhã, a multidão chegou cedo ao templo para ouvir Jesus falar (Lucas 21.38). Deveriam estar especulando entre si: Será que ele agirá da forma tão passional como agiu no domingo e na segunda-feira?
Os principais sacerdotes, escribas e fariseus imediatamente abordaram o Senhor quando o viram entrar no templo, confrontando-o a respeito de suas ações dno dia anterior: “Com que autoridade você faz essas coisas? Quem lhe deu esse direito?” (Marcos 11.28). Na cabeça deles, eram eles que tinham autoridade sobre o templo e sobre todas as atividades daquele local; e Jesus não tinha o direito de fazer o que tinha feito na segunda-feira. Dependendo da resposta do Senhor – e não pense que havia resposta que pudesse satisfazê-los – Jesus poderia ser preso por causa de suas ações.
Em resposta, o Senhor devolveu-lhes uma pergunta, dizendo que os responderia se eles o respondessem primeiro: “A autoridade de João para batizar vinha do céu ou era apenas humana? Respondam-me!” (Marcos 11.30). Tacada de mestre! Os líderes religiosos foram pegos pelo anzol da sabedoria divina e se recusaram a responder à pergunta simples de Jesus. Se dissessem: “A autoridade de João vinha do céu!”, a conclusão óbvia seria: “Então por que vocês não creem no que João testemunhou a meu respeito?” E se dissessem: “A autoridade de João vinha do homem!”, eles provocariam a ira das pessoas comuns que amavam João Batista, estimando-o como a um profeta enviado por Deus.
Depois de humilhar publicamente os líderes judeus, Jesus prosseguiu contando uma série de parábolas – e o significado para cada uma delas era óbvio para a multidão. Quer ver?
A parábola dos dois filhos (Mateus 21.28-32) condenava explicitamente as autoridades religiosas por não crerem na mensagem de João, enquanto os cobradores de impostos e as prostitutas, tidos como os tipos mais perversos da sociedade, criam e estavam entrando no reino de Deus à frente dos supostos líderes espirituais de Israel. Essa parábola deve ter enfurecido as autoridades judaicas, mas Jesus colocou mais lenha na fogueira, contando duas parábolas endereçadas aos mestres do templo.
A parábola dos lavradores maus (Mateus 21.33-44; Marcos 12.1-11; Lucas 20.9-18), pintava os escribas, sacerdotes e fariseus como desobedientes, ladrões e assassinos. Não havia nada de sutil nas palavras de Jesus; e os líderes religiosos reconheceram prontamente a história como tendo sido contada contra eles (Mateus 21.45; Marcos 12.12; Lucas 20.19). De fato, essa parábola é uma alegoria com as seguintes correspondências: Deus é o dono da vinha; Israel é a vinha; os profetas de Deus são os servos enviados à vinha; Jesus é o filho do dono da vinha; o julgamento de Deus sobre os líderes injustos de Israel é descrita na morte dos lavradores maus; e a entrega do reino de Deus aos gentios é demonstrada na entrega da vinha a um povo que produzirá os devidos frutos.
A parábola do banquete de casamento (Mateus 22.1-14) repete as observações feitas na parábola dos lavradores maus. A liderança religiosa corrente rejeitava o convite de Deus para o banquete messiânico e seria julgada, mas o convite para o casamento permaneceria em pé e seria estendido a todos que desejassem participar.
Jesus estava claramente ganhando o apoio e a aprovação do povo, ao mesmo tempo que expunha o fracasso e a hipocrisia da liderança judaica dominante. As autoridades, por sua vez, não aceitavam o que estavam ouvindo e continuavam tentando descobrir uma maneira de prendê-lo. O problema é que eles não achavam a oportunidade por causa da grande popularidade de Jesus entre as multidões (Mateus 21.46; 22.15; Marcos 12.12-13; Lucas 20.19-20). Se o prendessem, a prisão causaria um tumulto. Foi então que os líderes recorreram a uma tática mais sutil e tentaram induzir Jesus a incriminar-se, produzindo provas contra si mesmo. O que fizeram? Enviaram fariseus (uma seita judaica conhecida pelo zelo em cumprir a lei) e herodianos (aqueles que eram leais à dinastia de Herodes) para fazer uma pergunta ao Senhor, cuja resposta, qualquer que ela fosse, forneceria motivos para acusá-lo: “É lícito pagar impostos a César, ou não?” (Mateus 22.15-22; Marcos 12.13-17; Lucas 20.20-26). Veja você: Se Jesus respondesse que sim, ele abalaria as expectativas das pessoas sobre ele ser um Messias que combateria o domínio romano; se dissesse não, ele poderia ser preso por fomentar a revolta popular contra a taxação de impostos romana.
A aliança temporária entre herodianos e fariseus (adversários políticos e religiosos de Jesus) demonstra-nos claramente que Jesus era visto como uma ameaça a todas as estruturas de poder existentes. Entretanto, a resposta inteligente que ele deu o permitiu escapar da armadilha, fugindo do dilema postulado por seus inimigos – ou seja, a moeda usada para pagar o imposto continha a imagem de César; portanto, enquanto César estivesse no poder, seria sim apropriado pagar impostos a ele (mas é claro que, no reino messiânico, a imagem de César não estaria nas moedas, então a obrigação não se aplicaria mais!). Ao mesmo tempo, Jesus instou seus ouvintes a dar a Deus as coisas que são de Deus – posto que fomos todos criados à imagem de Deus, devemos tudo a Deus. Além do que, a imagem de César e de deuses romanos em moedas ofendiam profundamente os judeus no primeiro século. Sabedor disto, Jesus se desviou com grande astúcia da armadilha deles, e os fariseus e herodianos, maravilhados com sua resposta, ficaram sem saber o que responder.
Depois que Jesus silenciou os fariseus e os herodianos, os saduceus (uma seita judaica que negava a ressurreição dos mortos) avançaram para testá-lo com uma questão teológica bastante complicada para eles (Mateus 22.23-33; Marcos 12.18-27; Lucas 20.27-40). A pergunta foi colocada para fazer com que a crença de Jesus na ressurreição parecesse ridícula. Porém, ao citar a autoafirmação de Deus em Êxodo 3.6,15-16, destacando que Deus é um Deus de vivos, não de mortos, Jesus mais uma vez virava a mesa contra seus oponentes. É provável que Jesus tenha citado em sua resposta uma passagem do Pentateuco porque os saduceus extraíam suas doutrinas apenas dos cinco livros de Moisés (Gênesis, Êxodo, Levíticos, Números e Deuteronômio). Não foi sem motivo, portanto, que eles se maravilharam com a resposta e, assim como os demais que tentaram pegá-lo na arapuca, ficaram todos em silêncio.
Depois, outro questionador, por instigação dos fariseus, deu um passo à frente para testar Jesus (Mateus 22.34-35). Um especialista na lei perguntou ao Senhor qual dos mandamentos de Deus é o maior (Mateus 22.34-40; Marcos 12.28-34). Jesus respondeu citando Deuteronômio 6.4-5 e Levítico 19.18, destacando o amor a Deus e ao próximo como o principal e, na sequência da conversa, elogiou o homem (e o alertou em amor, implicitamente): “Você não está longe do reino de Deus” (Marcos 12.34).
Neste ponto dos Evangelhos, Jesus saiu da defensiva e entrou no ataque contra aqueles que tentavam prendê-lo, e fez uma pergunta sobre a maneira com qual o Salmo 110.1 descreve o Messias como sendo o Senhor de Davi: “Se Davi chamou o Cristo [Messias] de ‘meu Senhor’, como ele pode ser filho de Davi?” (Mateus 22.41-46; Marcos 12.35-37; Lucas 20.41-44). Ser da linhagem de Davi não diminuía o senhorio ou a divindade do Messias, mas se aquela ancestralidade fosse interpretada como tendo-o tornado meramente humano, seria um problema. Mais uma vez, a oposição ficou totalmente confusa: “Ninguém conseguiu responder e, depois disso, não se atreveram a lhe fazer mais perguntas” (Mateus 22.46).
Tendo demonstrado a incapacidade da liderança religiosa judaica de responder às suas perguntas, Jesus lançou uma crítica tão extensa quanto contundente aos escribas e fariseus (Mateus 23.1-39; Marcos 12.38-40; Lucas 20.4547). Ele advertiu a multidão contra aqueles “hipócritas” e “guias cegos” e pronunciou contra eles sete julgamentos na forma de “Ai de vós” (ARA) ou “Que aflição vos espera” (NVT). Aquele ataque verbal maciço contra as autoridades religiosas do momento removia todas as dúvidas sobre as intenções, a agenda e os objetivos de Jesus. Ele não desejava aliar-se à liderança judaica; Cristo veio para destituir a autoridade deles e substituí-la pela dele própria. Não havia como os dois lados sobreviverem ao crescente conflito. Parecia que Jesus assumiria o poder ou seria morto.
Jesus Pregou o Sermão Profético
Mateus 24-25; Marcos 13.1-37; Lucas 21.5-36
Quando Jesus estava se retirando do templo, ao anoitecer da terça-feira, seus discípulos se aproximaram dele e começaram a enaltecer para ele o tamanho e a grandeza dos edifícios no complexo do templo de Jerusalém. Em resposta, Jesus profetizou que o dia estava se aproximando rapidamente, quando nenhuma pedra seria deixada sobre a outra. Tudo seria jogado ao chão.
Quando Jesus e seus discípulos pararam para descansar no Monte das Oliveiras, seus seguidores foram a ele e perguntaram em particular sobre o tempo daquela profecia: “Diga-nos, quando isso tudo vai acontecer? Que sinais indicarão que essas coisas estão prestes a se cumprir?” (Marcos 13.4; Lucas 21.7; Mateus 24.3). A pergunta dos discípulos em Marcos e Lucas refere-se ao momento da destruição do templo, enquanto a forma da pergunta registrada por Mateus alude ao fim dos tempos; ou seja: os discípulos não pensavam que o templo seria destruído antes do fim dos tempos.
A longa resposta de Jesus em Mateus, Marcos e Lucas diferenciou sutilmente os dois eventos. Nem sempre é claro se Jesus estava dando instruções a seus discípulos a respeito da destruição de Jerusalém (que aconteceria em 70 d.C.) ou a respeito de sua segunda vinda e o fim dos tempos (que seria em um futuro mais distante do ponto de vista dos discípulos de Jesus e ainda é futuro do nosso ponto de vista hoje). De fato, na profecia de Jesus, o evento próximo a eles – a destruição do templo – serviria como um arquétipo (tipo, figura ou prenúncio) do julgamento divino em todo o mundo que virá sobre a terra no retorno de Cristo. Os principais temas do discurso de Jesus, reforçados pelas parábolas das dez virgens e dos talentos, são claros: Os discípulos de Jesus experimentarão crescente perseguição e tribulação que desembocarão no dia final do julgamento, mas devem permanecer vigilantes e perseverar na fé.
Conclusão da terça-feira de Jesus
Com essa visão geral dos primeiros eventos da Semana da Paixão, temos uma boa base para uma análise mais detalhada dos dias finais de Jesus. O palco estava preparado para o ato final. Os personagens estavam todos no lugar. Seus objetivos, motivos e intenções eram claros. O rei tinha vindo para inaugurar o seu reino e lançado um desafio claro e direto às estruturas reinantes do poder político, econômico e religioso. O drama chegaria ao final apenas de uma maneira, entre duas: ou Jesus derrubaria os poderes reinantes e estabeleceria seu reino messiânico; ou ele seria morto. Ninguém naquela época poderia imaginar que, no plano eterno (e então) misterioso de Deus, havia uma terceira opção: Jesus morreria, mas ressuscitaria vitorioso sobre a morte e o pecado, estabelecendo para sempre seu reino celestial e eterno.
Como Você Reage Às Palavras De Jesus?
O que podemos aprender? Qual aplicação nós podemos extrair destes incidentes da terça-feira da última semana de Jesus?
UMA SUGESTÃO: Este dia na vida de Jesus, a sua última terça-feira antes de passar pela morte, foi um dia exaustivo com pegadinhas, armadilhas de palavras e tentativas de todos os tamanhos e formas para pegar Jesus nalguma falha que o incriminasse publicamente aos olhos da multidão. O Senhor, no entanto, de forma sábia e corajosa, deu respostas contundentes e convincentes a cada uma das indagações de seus opositores. Quanta glória! Quanta sabedoria no uso das palavras! Quanta perspicácia para discernir o coração humano! Quanta verdade penetrante e ao mesmo tempo dolorosa, mas que, como um bisturi, precisava primeiro cortar e expor o tumor para que só então se possa extrair e curar o câncer do coração orgulhoso! Os líderes religiosos não suportaram o procedimento cirúrgico: como ratos e baratas que, ao acender da luz, correm e se escondem nos buracos, aqueles homens se calaram, recolheram-se e prosseguiram nutrindo o orgulho do coração com ódio e planos de morte. – E você? Como você reage às palavras de Jesus? Como você reage quando alguma verdade, com intenção de curar, lhe é dita? Você contra-ataca? Conta-argumenta? Defende-se? Acusa? Ou você corre e se esconde nos cantos feito ratos e baratas? – Deixe a luz da verdade de Jesus expor seu coração orgulhoso e pecaminoso, venha de quem vier. Aceite o corte da graça de Deus. Deixe sangrar. Deixe escorrer o pus da infecção do pecado. Receba o corte. Deixe a verdade de Cristo curar você do pecado do orgulho, da idolatria, da egolatria.
OUTRA SUGESTÃO: Os falsos profetas (ou falsos amigos) nos dizem o que queremos ouvir. Os verdadeiros profetas nos dizem (em amor) o que precisamos ouvir. Ah! Como muitos gostariam que Jesus fosse um grande mestre da autoajuda ou pregador de pensamentos positivos! No entanto, ele veio não apenas para trazer paz aos perturbados, mas problemas aos que estão sossegados em uma falsa paz. Seja como Jesus. Use suas palavras para curar – perturbar e sarar. Quando errar no uso das palavras (e nós erraremos!), arrependa-se, peça perdão, aja para a reparação. Tempere suas palavras com o sal das Escrituras. Espalhe verdade e salvação. Mas lembre-se: diga a verdade em amor. Em amor. Seja um profeta, uma profetiza de Cristo Jesus neste mundo de falsas notícias.
ÚLTIMA SUGESTÃO: Grande parte da narrativa da terça-feira de Jesus foi dedicada a documentar o grande Sermão Profético (Mateus 24-25). A intenção é nos alertar para o grande e terrível dia do julgamento do SENHOR. O que se ouve do Senhor? Não siga pela vida dormindo no pecado. Não enterre seus talentos. Seja vigilante. Seja operante. Diga a Jesus que você confia nele para salvá-lo do julgamento dos dias do fim. Se sua fé é grande ou pequena, não importa. Uma pequena quantidade de fé o fará percorrer um longo caminho no reino de Deus, levando-o, levando-a à vida eterna.
Deus abençoe você na sua peregrinação. Paz.
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