18.08.2020
[Filemom 8-22] 8Por isso, ainda que pudesse exigir em Cristo que você faça o que é certo, 9prefiro pedir com base no amor — eu, Paulo, já velho e agora prisioneiro de Cristo Jesus.
10Suplico que demonstre bondade a meu filho Onésimo. Tornei-me pai dele na fé quando estava aqui na prisão. 11Onésimo não lhe foi de muita utilidade no passado, mas agora é muito útil para nós dois. 12Eu o envio de volta a você, e com ele vai meu próprio coração.
13Gostaria de mantê-lo aqui comigo enquanto estou preso por anunciar as boas-novas; assim ele me ajudaria em seu lugar. 14Mas eu nada quis fazer sem seu consentimento. Meu desejo era que você ajudasse de boa vontade, e não por obrigação. 15Ao que parece, você perdeu Onésimo por algum tempo para ganhá-lo de volta para sempre. 16Ele já não é um escravo para você. É mais que um escravo: é um irmão amado, especialmente para mim. Agora ele será muito mais importante para você, como pessoa e como irmão no Senhor. 17Portanto, se me considera seu companheiro na fé, receba-o como receberia a mim. 18Se ele o prejudicou de alguma forma ou se lhe deve algo, cobre de mim. 19Eu, Paulo, escrevo de próprio punho: Eu pagarei. E não mencionarei que você me deve sua própria vida. 20Sim, meu irmão, faça-me essa gentileza no Senhor. Reanime meu coração em Cristo! 21Escrevo esta carta certo de que você fará o que lhe peço, e até mais. 22Por favor, prepare um quarto para mim, pois espero que minhas orações sejam respondidas e eu possa voltar a visitá-lo em breve.
Continuação da parte 1…
Onde estão os pacificadores? Nós precisamos deles. Os pacificadores atuam para a construção de seres humanos fortes e corajosos. Eles são cheios de fé, esperança e amor.
Você se habilita a ser um pacificador? Os cristãos são chamados a ser pacificadores. A disposição de ser e de atuar como pacificadores neste mundo em guerra comprova se de fato somos filhos de Deus.
A carta a Filemom foi escrita por um pacificador. Ela serviu para reconciliar Filemom e Onésimo, e contribuiu para que houvesse perdão, comunhão e libertação. Mas tem mais uma coisa: Paulo escreveu este documento de tal modo a nos ensinar a ser o tipo de pacificador que todo cristão precisa ser.
Há pelo menos cinco estratégias que podemos observar – estratégias imprescindíveis para se intervir com amor pela causa do amor, para se intervir como pacificador:
[1] apele com base no amor, não na força da autoridade (vs. 8-9);
[2] apele com base na empatia, não na frieza da distância (v. 10);
[3] apele com base no sacrifício, não na imposição da servidão (vs. 11-14);
[4] apele com base na transformação do coração, não na mudança do comportamento (vs. 11, 15-16);
[5] apele com base na lógica do evangelho, não na ideia do aqui se faz, aqui se paga (vs. 17-22).
A primeira estratégia nós estudamos hoje pela manhã. Prossigamos com duas mais…
10Suplico que demonstre bondade a meu filho Onésimo. Tornei-me pai dele na fé quando estava aqui na prisão.
Note como Paulo se identificou com Onésimo: ele o fez de forma tão próxima quanto um pai a um filho – “suplico… tornei-me pai dele…” Escrevendo aos tessalonicenses, o apóstolo explicou o significado desse relacionamento pai e filho espirituais (1Ts 2.11-12):
11E sabem que tratamos a cada um como um pai trata seus filhos. 12[Como?] Aconselhamos [do grego parakaleo: chamar para o (meu) lado], incentivamos [do grego paramutheomai: falar com incentivo; acalmar; encorajar; consolar] e insistimos [do grego martureo: dar testemunho; afirmar o que viu e ouviu, o que testemunhou] para que vivam de modo que Deus considere digno, pois ele os chamou para terem parte em seu reino e em sua glória.
Pois foi assim que Paulo se aproximou e conviveu com Onésimo. E agora ele apela com base na empatia para que Filemom fizesse de igual forma (Fm 10): “Suplico [do grego parakaleo: chamar para o (meu) lado] que demonstre bondade a meu filho Onésimo. Tornei-me pai dele na fé quando estava aqui na prisão.” Trocando em miúdos: Paulo se colocou como pai de dois irmãos que estavam separados pela discórdia; ele chamou cada um para o seu lado, em momentos diferentes – ele os aconselhou, incentivou e insistiu cada um deles “com base no amor” – e depois os colocou cara a cara.
A mesma afeição, carinho e amor que Paulo e Filemom passaram a nutrir um pelo outro – à partir do momento em que Paulo havia se tornado pai de Filemom na fé (v. 19) –, o apóstolo agora revela nutrir de igual modo por Onésimo (e Onésimo por ele, seu pai na fé). Mais uma vez o versículo 10: “Suplico que demonstre bondade a meu filho Onésimo. Tornei-me pai dele na fé quando estava aqui na prisão. “Filemom, lembre-se: eu estou te enviando o MEU FILHO, o meu filho Onésimo!”
Meu povo, vocês conseguem ouvir a empatia por traz dessas palavras do apóstolo Paulo?
Paulo sabia o tamanho do amor e do carinho que Filemom nutria por ele (o apóstolo), ao mesmo tempo que imaginava o tamanho da mágoa que o mesmo (Filemom) carregava no coração contra Onésimo. Então ele pensou em uma estratégia: “A única maneira de colocar esses dois de alguma forma juntos de novo, para eles resolverem as diferenças, será trazer cada um deles para perto do meu coração. O meu coração, o meu amor por cada um deles (e o deles por mim) será o ponto de contato dos dois!” Daí: “Filemom, você sabe que eu te amo e eu sei que você me ama. E eu sei que será muito difícil para você amar Onésimo, sobretudo depois de tudo o que ele fez contra você. Mas eu sei também que será mais fácil para você começar a amar Onésimo se souber o quanto eu o amo no Senhor Cristo.” Paulo estava apelando com base na empatia, não na frieza da distância.
A frieza da distância diria algo do tipo: “Filemom, você tem que perdoar e pronto. Você é crente e os crentes perdoam. Portanto, perdoe Onésimo e ponto final”. A empatia, por sua vez, afirma (vs. 9-10):
9prefiro pedir com base no amor – eu, Paulo, já velho e agora prisioneiro de Cristo Jesus. 10Suplico que demonstre bondade a meu filho Onésimo. Tornei-me pai dele na fé quando estava aqui na prisão.
Esse é o tipo de empatia que será capaz de construir pontes entre abismos que separam pessoas que se feriram e depois cada uma seguiu o seu caminho para bem longe uma da outra; ou pessoas que um dia se amaram, mas agora se odeiam por algum motivo; ou pessoas que simplesmente não vão uma com a cara da outra; ou ainda pessoas que simplesmente preferem manter distância uma da outra.
Algumas pessoas costumam dizer que familiaridade ou intimidade estraga os relacionamentos. Você é do tipo que pensa assim? “Familiaridade ou intimidade estraga os relacionamentos!” Em alguns casos isso é verdade. As pessoas começam a viver tão juntas, sem qualquer limite e, principalmente, sem a liga do amor bíblico, que quando elas começam a enxergar os defeitos umas das outras elas se decepcionam e se separam. Mas na família cristã, entre o povo de Deus isso não pode e não deve ser verdade. Familiaridade ou intimidade com fé, esperança e amor é o desejável para que haja amizades perfeitas, casamentos perfeitos, famílias perfeitas e um mundo perfeito. De fato, é a frieza da distância que estraga os relacionamentos. Afinal, a ausência de amor e de gentileza que a proximidade promovida pelo evangelho é capaz de produzir entre as pessoas que vivem em comunhão é o único solvente capaz de dissolver qualquer rusga, má impressão, ideia equivocada ou preconcepção negativa que geralmente nós nutrimos por aquelas pessoas mais distantes da gente e que vemos falar ou agir de alguma forma que não gostamos.
Você já teve a experiência de julgar alguém apenas pela primeira ou pelas primeiras impressões? Pois bem, depois de relutar por um tempo, você resolveu se aproximar. Aos poucos passou a gostar da pessoa. E quando se deu conta, aqueles “defeitos” já não te perturbavam ou te escandalizavam mais. Por quê? Porque agora você colocou amor naquele relacionamento. E mesmo se os defeitos da pessoa ainda te incomodam, eles agora não te afastam dela. Pelo contrário, você se motiva a, em amor, tentar ajuda-la a mudar. Não é assim? Deve ser assim, principalmente na igreja de Cristo, na Segunda Igreja Batista em Goiânia. Apelamos com base na empatia, não na frieza da distância.
A empatia que une as pessoas em amor é a única forma de se dissipar a aversão, o ressentimento, a raiva ou mesmo o ódio que tantas vezes nós, carnalmente, sentimos pelas pessoas. Portanto, tente se aproximar. Se você não conseguir, aproxime-se de alguém que você ama e que ao mesmo tempo ame a pessoa que você não consegue amar. A empatia do amigo por aquele outro ajudará você a ter simpatia e, eventualmente, amar. Experimente.
Algum tempo atrás, um instituto de pesquisa publicou os resultados de um estudo nos Estados Unidos sobre amizade e o número de amigos que um americano comum costuma ter. Os números são preocupantes: para cada 100 amigos, um afrodescendente americano só possui 8 amigos brancos (e nenhum amigo asiático) e para cada 100 amigos, um americano branco só possui um amigo afrodescendente! [cf: collabra.org/articles/10.1525/collabra.195]. Essa enorme distância racial em uma mesma nação é desastrosa, como nós temos testemunhado ao longo dos anos, especialmente em meses recentes nos Estados Unidos. Mas essas coisas acontecem também aqui no Brasil, entre nós mesmos e até na igreja. E não pensem que eu estou falando apenas de raça ou de cor da pele. Tantas vezes alguém não se aproxima do outro simplesmente porque não foi com a cara dele ou dela.
Há certos tipos de pessoas que geralmente nós simplesmente optamos por não nos aproximarmos. Mantemos distância. E falamos em amor! Ô, meu povo! Nós precisamos nos aproximar, sobretudo na igreja. O amor de Cristo nos uniu e com ele nós mantemos comunhão uns com os outros no seu corpo que é a igreja. Com efeito, como Paulo escreveu aos efésios, Cristo nos “reconciliou com Deus em um só corpo por meio de sua morte na cruz, eliminando a inimizade que havia entre” nós (Ef 2.16). Nossa salvação, portanto, requer de nós empatia uns pelos outros, não a frieza da distância.
Você poderá perguntar: Como assim, empatia? Deixe-me tentar te ajudar: empatia é a capacidade de compreender emocionalmente alguém; capacidade de projetar a pessoa de Cristo no outro; capacidade de se identificar com outra pessoa em Cristo. Ah, minha gente, e se temos apenas Cristo em comum com o outro, temos tudo o que de fato precisamos para manter comunhão. Mas se Cristo não é o que temos em comum, não interessa o quanto tenhamos de outras coisas mais em comum. Cristo é tudo. Cristo é o que importa.
Aprendemos com Paulo que justiça é o amor restaurando o amor ao seu devido equilíbrio; e que justiça requer empatia, não distância (i.e., não se pode julgar alguém à distância, sem alguma empatia). Justiça, com efeito, não é uma mulher com olhos vendados (representando a imparcialidade da justiça), tendo em uma das mãos uma espada (representando força, poder e coragem para impor o direito) e na outra mão a balança com os pratos nivelados (representando o nivelar do tratamento jurídico de todos por igual).
Uma curiosidade: a Justiça do Brasil, escultura localizada em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal em Brasília, não traz a balança. A escultura brasiliense tem os olhos vendados, mas diferentemente das representações usuais da Justiça em pé, a nossa está sentada num banco com a espada no colo, em vez de ter o conjunto espada e balança ou somente balança. Essa representação foi interpretada como símbolo de uma justiça morosa, lenta, posto que está sentada com a espada no colo. Outra interpretação é a de uma justiça que acabou de cumprir seu papel e se assentou. Mas cadê a balança representando o nivelamento do tratamento jurídico de todos por igual? É algo para se pensar. Mas este não é o nosso tópico.
Nosso assunto é que a justiça não é uma mulher em pé, com olhos vendados, portando um conjunto de espada e balança ou somente balança. Justiça é a imagem de um cristão com olhos bem abertos, coração cheio de amor e de empatia pelo seu próximo, Bíblia em uma das mãos, enquanto a outra mão está estendida para ajudar, socorrer ou acolher os que sofrem injustiça. Por isso, o cristão apela com base na empatia, não na frieza da distância. Aproxime-se e ame primeiro, depois aja para ajudar.
11Onésimo não lhe foi de muita utilidade no passado, mas agora é muito útil para nós dois. 12Eu o envio de volta a você, e com ele vai meu próprio coração. 13Gostaria de mantê-lo aqui comigo enquanto estou preso por anunciar as boas-novas; assim ele me ajudaria em seu lugar. 14Mas eu nada quis fazer sem seu consentimento. Meu desejo era que você ajudasse de boa vontade, e não por obrigação.
É possível que se leia essa carta e não se leve em consideração o sacrifício envolvido para cada uma das três partes envolvidas no conflito – i.e., Paulo, Filemom e Onésimo.
Paulo sacrificaria o convívio com alguém que ele tinha aprendido a amar e lhe estava sendo muito útil (vs. 11-12); e mais, enviaria Onésimo a uma situação muito perigosa, como nós já destacamos em mensagem anterior. O apóstolo deveria sacrificar seu convívio com alguém que ele amava para ensinar que só o amor cristão estabelecesse a justiça.
Filemom, por sua vez, sacrificaria sua reputação e posição social (não punindo Onésimo como era estabelecido pela lei romana), sacrificaria um bem material (escravos eram propriedades valiosas), sacrificaria o valor que ele poderia receber como restituição da parte de Onésimo (algum pagamento pelo que Onésimo roubou e pelos dias não trabalhados), sacrificaria sua subsistência (pois, como ele conseguiria manter escravos depois dessa experiência de perdão e libertação de Onésimo?) e sacrificaria seus privilégios (posto que não mais trataria Onésimo como escravo que o servia, mas como irmão que deveria ser servido por ele, Filemom). Filemom deveria se sacrificar para que o amor fizesse justiça.
Da perspectiva dos oprimidos, alguns poderão dizer de forma fria, sem empatia: “Ora, essas coisas Filemom deveria realmente perder ou sacrificar! Aquelas não eram perdas coisas nenhuma! Era dever. Não passava de obrigação.” Mas, para sermos justos, devemos olhar sim para o caso de Filemom com base no amor, não na força da autoridade; com base na empatia, não na frieza da distância; e com base no sacrifício, não na imposição da servidão. Filemom, a bem da verdade, tendo sido criado e ensinado em um contexto de injustiça, não havia ainda aprendido o que de fato é justiça. Foi apenas com sua nova vida em Cristo que ele aprendeu que “justiça é o amor corrigindo aquilo que se revolta contra o amor”, para usarmos as palavras de Martin Luther King Jr. Foi em Cristo, pelo ensino de Paulo, que Filemom aprendeu que a justiça é o amor restaurando o amor ao seu devido equilíbrio, e isso requeria sacrifício de sua parte. O amor colocaria Onésimo em liberdade. Esse era o sacrifício de Filemom: perdoar e abrir mão de Onésimo.
Onésimo, o personagem mais silencioso desse drama pintado pelo apóstolo Paulo, sacrificaria talvez mais do que todo mundo, submeter-se-ia a um grande risco de perder a liberdade definitivamente ou mesmo a própria vida. Mas era o preço que ele deveria pagar, era o sacrifício que ele deveria fazer para ver o amor (pregado por Paulo e praticado por Filemom) produzir justiça. Vamos tentar entender isso com uma ilustração.
Coloque-se no lugar de Onésimo. Você roubou e fugiu das cadeias de seu senhor. Teve sorte o bastante de não ter sido achado e devolvido ao seu dono. Encontra-se com ninguém menos do que Paulo. Ouve-o pregar. Crê no evangelho dele e experimenta uma nova vida, um novo sentimento de paz e de liberdade no coração. Você começa a servir Paulo. Auxilia-o na prisão. O vê escrevendo cartas às igrejas e aprende uma nova forma de enxergar a vida. Um dia, Paulo vira para você e diz que precisa do seu favor.
— “Claro, Paulo, qualquer coisa!”, você responde a ele. Paulo te diz que acabara de escrever uma carta que precisa ser entregue com urgência a alguém.
— “Claro, eu entrego! Aonde? A quem?”, você responde.
— “Eu quero que você a entregue a Filemom.”, diz o apóstolo.
Você acha que não ouviu bem ou não entendeu o que Paulo acabou de dizer e lhe pergunta: — “Qual Filemom?”
O apóstolo explica: — “O Filemom que nós dois temos em comum, nosso irmão em Cristo! Aquele que é o seu senhor aqui na terra. Eu estou escrevendo a ele para pedir que te perdoe e te dê sua liberdade; que te receba não mais como um escravo, mas como irmão. E que lhe permita labutar pela causa do evangelho de Cristo. Pegue esta carta e entregue-a a Filemom, por favor.”
Imagine!
É aqui que nós descobrimos que Onésimo, de fato, era um crente. Sabe por quê? Se Paulo escrevesse uma carta como essa e a entregasse ao Leandro, por exemplo: “Leandro, leve, por favor, esta carta a Filemom.” O Leandro certamente teria grande dificuldade de atender ao pedido do apóstolo! E você? Seja honesto! Muito difícil, não é verdade?
Mas a justiça que nasce do amor não requer sacrifício apenas da pessoa que está no poder e o esteja exercendo de forma opressora e injusta. A justiça que nasce do amor de Cristo também requer sacrifício e ação amorosa por parte do oprimido ou injustiçado. Não existe a menor possibilidade de se estabelecer ou de se ver a aplicação da justiça sem que todos, absolutamente todos paguem algum preço ou se sacrifiquem de alguma maneira – do grande ao pequeno, do justo ao injusto, do opressor ao oprimido, do pacificador aos que estão sendo pacificados.
Assim foi que Onésimo pegou a carta da mão de Paulo e a levou ao seu ex senhor, Filemom, ao mesmo tempo que se apresentou a ele de volta. Mas note: essa atitude de Onésimo não foi de servidão, tampouco resultado de um ato de coerção da parte de Paulo, mas um ato de amor sacrificial, livremente praticado como a devida reação de todos aqueles que se convertem a Cristo. Sabemos que Paulo jamais teria obrigado ou coagido Onésimo. Por quê? Por causa das palavras que ele mesmo usou em relação a Filemom. Versículo 14:
Mas eu nada quis fazer sem seu consentimento [Filemom]. Meu desejo era que você ajudasse de boa vontade, e não por obrigação.
Ora, se era consentimento de coração e boa vontade em forma de atitudes amorosas que Paulo esperava de Filemom para perdoar e libertar Onésimo, certamente essas mesmas virtudes ele esperava de Onésimo para levar a carta e se apresentar a Filemom. Não é mesmo? Certamente, posto que toda e qualquer atitude cristã sempre terá base no sacrifício de amor, não na imposição da servidão. Assim, as mesmas palavras escritas a Filemom serviam, de igual forma, para Onésimo (v. 14):
Mas eu nada quis fazer sem seu consentimento. Meu desejo era que você ajudasse de boa vontade, e não por obrigação.
A justiça que nasce da força ou da espada da lei, a justiça que nasce da coerção ou como servidão tem vida curta. A experiência comprova que se de alguma forma não houver alguma mudança no coração, a mera justiça imposta a alguém não prevenirá que o sujeito logo volte a praticar a injustiça. Por outro lado, atos de sacrifício em amor produzirão transformações duradouras, se não permanentes.
A lei não transforma ninguém, apenas o evangelho de Cristo é capaz de transformar para melhor o ser humano. Cadeia em si não reabilita ninguém, apenas garante por um tempo (enquanto durar a prisão) a injustiça. Agora, aqueles que saem da cadeia e não voltam a praticar atos de injustiça, assim procedem não por causa da cadeia ou do cumprimento da pena em si, mas antes por causa de algo que mudou lá no seu coração (seja a conversão a Cristo ou alguma mudança de pensamento ou da forma de enxergar a vida na prisão).
Não é a servidão imposta de alguma forma, mas atos de sacrifício em amor que transformará o mundo verdadeiramente. Foi por isso que Paulo apelou a Filemom com base no amor, na empatia e no sacrifício. Mas tem mais…
Continua na parte 3…
S.D.G. L.B.Peixoto
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