13.09.2020
[Salmo 78] Salmo de Asafe. 1Ó meu povo, ouça minhas instruções! Abra os ouvidos para o que direi, 2pois lhe falarei por meio de parábola. Ensinarei enigmas de nosso passado, 3histórias que ouvimos e conhecemos, que nossos antepassados nos transmitiram. 4Não esconderemos essas verdades de nossos filhos; contaremos à geração seguinte os feitos gloriosos do SENHOR, seu poder e suas maravilhas. 5Pois ele estabeleceu seus preceitos a Jacó, deu sua lei a Israel. Ordenou a nossos antepassados que a ensinassem a seus filhos, 6 para que a geração seguinte, os filhos ainda por nascer, a conhecesse, e eles, por sua vez, a ensinarão a seus filhos. 7Portanto, cada geração deve pôr sua esperança em Deus, não esquecer seus poderosos feitos e obedecer a seus mandamentos. 8Assim, não serão como seus antepassados, teimosos, rebeldes e infiéis, que se recusaram a confiar em Deus de todo o coração…
O salmo se divide em três:
Baseando-nos nas três divisões principais do Salmo 78, buscaremos enxergar o cuidado de Deus estampado nesse salmo a partir de três perspectivas: [1] o cuidado de Deus na forma de nos fazer conhecê-lo – pela Palavra (vs. 1-8); [2] o cuidado de Deus na maneira de nos conduzir – pela fé (vs. 9-64); e [3] o cuidado de Deus na iniciativa de nos congregar como povo – pela graça (vs. 65-72).
Você acha mesmo que Deus cuida de você? Como você afere o cuidado de Deus na sua vida? Qual é a melhor forma de alguém verdadeiramente cuidar de você?
Quando olhamos para esse salmo, descobrimos que a maior demonstração do cuidado de Deus pelo seu povo é a revelação que ele faz de si mesmo, e os meios que ele emprega para esse fim: instruções, palavras, gêneros literários, pessoas, feitos gloriosos, verdades absolutas, mandamentos, ordenanças e tanto, tanto mais… e tudo com um único fim: fazer-nos pôr nossa esperança em Deus, de todo o nosso coração, de forma a não pecarmos contra ele com teimosia, rebelião e incredulidade, mas obedecê-lo.
O cuidado de Deus na forma de nos fazer conhecê-lo tem como objetivo encantar e cativar o nosso coração com fé e esperança. Leia comigo, mais uma vez, versículos 1-8:
1Ó meu povo, ouça minhas instruções! Abra os ouvidos para o que direi, 2pois lhe falarei por meio de parábola. Ensinarei enigmas de nosso passado [parábolas e enigmas são as ferramentas dos mestres da sabedoria antiga, e requeriam imaginação para destrancar seu significado], 3histórias que ouvimos e conhecemos, que nossos antepassados nos transmitiram. 4Não esconderemos essas verdades de nossos filhos; contaremos à geração seguinte os feitos gloriosos do SENHOR, seu poder e suas maravilhas. 5Pois ele estabeleceu seus preceitos a Jacó, deu sua lei a Israel. Ordenou a nossos antepassados que a ensinassem a seus filhos, 6 para que a geração seguinte, os filhos ainda por nascer, a conhecesse, e eles, por sua vez, a ensinarão a seus filhos. 7Portanto, cada geração deve pôr sua esperança em Deus, não esquecer seus poderosos feitos e obedecer a seus mandamentos. 8Assim, não serão como seus antepassados, teimosos, rebeldes e infiéis, que se recusaram a confiar em Deus de todo o coração.
Usos:
Uso 1: tanto mais nos beneficiaremos do cuidado de Desu quanto mais nos dedicarmos plenamente, integralmente ao conhecimento de Deus pelos meios que ele mesmo emprega para esse fim (o de revelar-se a nós),
Uso 2: tanto mais espalharemos o conhecimento de Deus quanto mais nos esforçarmos para sermos homens e mulheres da Palavra, de boas palavras.
Uso 3: tanto mais cresceremos nessa graça quanto mais de Cristo nós contemplamos e recebemos pelo cuidado de Deus a nós através da vida o do ministério de outros cristãos
Deus cuida sim de seu povo, meus irmãos. Ele nos deixou sua Palavra, enviou-nos a Palavra eterna (Jesus Cristo) e nos deixou como dádiva a igreja que é pastoreada por homens que ensinam e edificam o rebanho com o fim de que as ovelhas tenham sua esperança edificada e suas habilidades aperfeiçoadas para o exercício do ministério cristão. Ouça, nas palavras de Paulo, o cuidado de Deus, em Cristo, na forma de se fazer conhecido a nós pela Palavra e o ministério cristãos. Efésios 4.7-13:
7A cada um de nós, porém, ele concedeu uma dádiva [dom], por meio da generosidade de Cristo. 8Por isso as Escrituras dizem: “Quando ele subiu às alturas, levou muitos prisioneiros e concedeu dádivas [presentes] ao povo”. 9Notem que diz que “ele subiu”. Por certo, isso significa que Cristo também desceu ao mundo inferior. 10E aquele que desceu é o mesmo que subiu acima de todos os céus, a fim de encher consigo mesmo todas as coisas. 11Ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, outros para pastores e mestres. 12Eles são responsáveis por preparar o povo santo para realizar sua obra e edificar o corpo de Cristo, 13até que todos alcancemos a unidade que a fé e o conhecimento do Filho de Deus produzem e amadureçamos, chegando à completa medida da estatura de Cristo.
Experimente o cuidado de Deus na forma de nos fazer conhecê-lo pela Palavra. Prove do cuidado de Deus em enchê-lo de esperança em Cristo – vá à Palavra, prove da Palavra, queira perto de você ou sobre você pessoas da Palavra. Reparta o cuidado de Deus enchendo outros da esperança de Cristo – espalhe a Palavra, ensine a Palavra.
Vimos na primeira parte do salmo que Deus cuida de nós mantendo, alimentando nossa esperança nele pela forma como ele se revela a nós (vs. 1-8). Agora, na segunda parte (vs. 9-64), Asafe demonstrará o cuidado de Deus na maneira de conduzir seu povo – com fé em suas promessas graciosas.
Os versículos 9-16 contam um pouco da história da libertação de Israel do Egito e parte do cuidado de Deus no deserto, e como o esquecimento desses fatos geraram incredulidade e, consequentemente, rebelião entre os da tribo de Efraim (aqui neste texto, representantes do espírito de Israel como um todo):
9Os guerreiros de Efraim, embora armados de arcos, deram meia-volta e fugiram no dia da batalha [parece ser o que está em Juízes 8.1-3 e 12.1-8 ou o período em que a arca foi tomada de Israel em Siló em 1Sm 4.1-11]. 10Não cumpriram a aliança de Deus, não quiseram viver de acordo com sua lei. 11Esqueceram o que ele havia feito, as maravilhas que lhes tinha mostrado, 12os milagres que realizara para seus antepassados na planície de Zoã, na terra do Egito. 13Pois ele dividiu o mar e os conduziu na travessia; fez as águas se erguerem como muralhas. 14Durante o dia, os guiava com uma nuvem, durante a noite, com a luz do fogo. 15No deserto, partiu as rochas para lhes dar água, como a que jorra de um manancial. 16Da pedra, fez brotar riachos e correr água como um rio.
Os versículos 17-31 seguem contrastando os maravilhosos atos salvadores de Deus com os atos rebeldes do povo de Deus. Note como Israel não estava preocupado com Deus ou com as maravilhas de Deus, mas agia de forma carnal em sua orientação básica para a vida. O povo “ansiava” (vs. 29-30) por comida e morria em sua luxúria (vs. 30-31; cf. Nm 11.33-34; 1Co 10.3-5). A verdadeira fé olha para muito além dos dons e das doações, ela se fixa no próprio Doador, o Senhor da glória. De outra forma, a pessoa de fé até poderá conquistar os anseios meramente carnais do coração, mas morrerá com a boca cheia de prazeres. Leia (vs. 17-31):
17Ainda assim, continuaram a pecar contra ele e se rebelaram contra o Altíssimo no deserto. 18Puseram Deus à prova em seu coração e exigiram a comida que tanto queriam. 19Chegaram a falar contra o próprio Deus, dizendo: “Deus não é capaz de nos dar comida no deserto. 20Sim, ele pode bater numa rocha e dela fazer brotar água, mas não é capaz de dar pão e carne a seu povo”. 21Quando o SENHOR os ouviu, se enfureceu; o fogo de sua ira ardeu contra Jacó. Sim, sua ira se levantou contra Israel, 22pois não creram em Deus nem confiaram em seu cuidado. 23Apesar disso, ele deu ordem às nuvens; abriu as portas dos céus. 24Fez chover maná para alimentá-los; deu-lhes pão dos céus. 25Eles comeram o pão dos anjos; receberam comida à vontade. 26Ele enviou dos céus o vento do leste e, por seu poder, guiou o vento do sul. 27Fez chover carne como se fosse pó, muitas e muitas aves, como a areia da praia. 28Fez as aves caírem dentro do acampamento, ao redor de suas tendas. 29O povo comeu à vontade; ele atendeu ao desejo deles. 30Mas, antes que estivessem satisfeitos, enquanto ainda tinham comida na boca, 31a ira de Deus se levantou contra eles. Ele matou seus homens mais fortes; feriu mortalmente os jovens de Israel.
Os versículos 32-39 revelam como a misericórdia de Deus triunfa sobre o juízo (cf. Tg 2.13). Entremeio aos julgamentos ou castigos pontuais de Deus, não deixe de notar o papel didático do sofrimento e mesmo da depressão, por exemplo:
32Ainda assim, continuaram a pecar; não confiaram em Deus, apesar de suas maravilhas. 33Por isso, reduziu a vida deles a um sopro e fez seus dias terminarem em terror. 34Quando Deus começou a matá-los, finalmente o buscaram; arrependeram-se e levaram Deus a sério. 35Então lembraram que Deus era sua rocha, que o Deus Altíssimo era seu redentor. 36Contudo, foi só da boca para fora; mentiram para ele com os lábios. 37Pois o coração não era leal a Deus; não foram fiéis à sua aliança. 38E, no entanto, ele foi misericordioso; perdoou seus pecados e não os destruiu. Muitas vezes conteve sua ira e não se enfureceu contra eles. 39Pois se lembrou de que eram simples mortais; passam como o vento, que não volta mais.
Os versículos 40-55 atestam, reforçam que o problema básico deles era que eles falharam em alimentar a fé com a lembrança do que Deus fez por eles ao tirá-los do Egito e conduzi-los como rebanho até assentá-los na terra de Canaã.
O ponto de tudo isso é demonstrar:
Se Deus fizera tudo isso, por que eles não puderam confiar nele quando problemas menores surgiram, quando nações que não eram nada comparadas aos egípcios vieram contra eles?
Quando as colheitas fracassaram e a terra ficou estéril, por que não se lembraram do tempo no deserto ao qual sobreviveram?
Por que eles se sentiram compelidos a se comprometerem com inimigos e fazerem alianças com povos pagãos, ou mesmo invocarem os deuses pagãos de fertilidade para obterem provisão?
O salmo estava mais uma vez colocando todos os feitos antigos de Deus diante deles, para que alimentassem a fé e a esperança em Deus para o presente e o futuro:
40Quantas vezes se rebelaram contra ele no deserto e o entristeceram naquela terra desolada! 41Repetidamente, puseram Deus à prova e provocaram o Santo de Israel. 42Não se recordaram do seu poder, nem do dia em que ele os resgatou de seus inimigos. 43Não se lembraram dos sinais que ele fizera no Egito, das maravilhas realizadas na planície de Zoã. 44Ele transformou os rios em sangue, para que ninguém bebesse de suas águas. 45Enviou enxames de moscas para devorá-los e rãs para destruí-los. 46Entregou suas plantações às lagartas e suas colheitas, aos gafanhotos. 47Destruiu as videiras com granizo e as figueiras, com geadas. 48Entregou seu gado à chuva de pedras e seus rebanhos, aos raios. 49Lançou sobre eles sua ira ardente, sua fúria, indignação e hostilidade. Enviou contra eles muitos anjos destruidores. 50Voltou sua ira contra eles; não lhes poupou a vida, mas os devastou com a peste. 51Matou todos os filhos mais velhos do Egito, a flor da juventude na terra de Cam. 52Mas conduziu seu povo como um rebanho de ovelhas e os guiou em segurança pelo deserto. 53Manteve-os a salvo, e não tiveram medo; o mar cobriu seus inimigos. 54Levou o povo até a fronteira de sua terra santa, à região montanhosa que para eles conquistou. 55Diante deles expulsou as nações e repartiu entre eles sua herança; estabeleceu as tribos de Israel em seus lugares.
Os versículos 56-67 nos colocam nos dias em que o salmo foi escrito: o período do reinado de Davi e a transferência da arca para Jerusalém. As tribos do norte (dentre as quais estavam os descendentes de Efraim e de José), mostraram-se inadequadas para governar a nação e indignas de abrigar a arca. Portanto, Deus abandonou o tabernáculo de Siló e enviou a arca para o cativeiro filisteus (vs. 60-61), os quais haviam desencadeado uma guerra feroz contra Israel (vs. 62-64). Os efraimitas, mostraram-se desesperançados e sem fé em Deus, indignos da posição e das bênçãos que lhes foi concedida por Moisés (cf. Dt 33.13-17), então o SENHOR rejeitou as tendas de José (v. 67). Os desastres que sofreram sob Saul, registrados por Samuel, estão em mente aqui nos versos seguintes (vs. 56-64):
56Ainda assim, continuaram a pôr à prova o Deus Altíssimo e a se rebelar contra ele; não obedeceram a seus preceitos. 57Voltaram atrás e foram infiéis, como seus antepassados; mostraram-se indignos de confiança, como um arco defeituoso. 58Provocaram a ira de Deus ao construir altares para outros deuses; com seus ídolos, despertaram nele ciúmes. 59Quando Deus os ouviu, se enfureceu e rejeitou por completo Israel. 60Abandonou sua habitação em Siló, o tabernáculo onde vivia no meio do povo. 61Deixou que a arca de seu poder fosse capturada, entregou sua glória nas mãos de inimigos. 62Permitiu que seu povo fosse morto à espada, pois se enfureceu com eles, sua propriedade. 63Os jovens foram consumidos pelo fogo, e as moças não puderam entoar canções de núpcias. 64Os sacerdotes foram mortos à espada, e as viúvas não puderam lamentar as mortes. 65Então o Senhor se levantou, como de um sono, como o guerreiro que desperta da embriaguez. 66Fez os inimigos recuarem e os entregou à vergonha para sempre. 67Rejeitou, porém, os descendentes de José; não escolheu a tribo de Efraim.
Apesar de longa e cheia de fatos ou momentos históricos, alguns até repetitivos, o resumo desta segunda parte do Salmo 78 (vs. 9-67) é o seguinte:
a forma de Deus conduzir o seu povo é pela fé em sua graça para o futuro, fundamentada em fatos históricos do passado, que são os atos salvíficos de Deus narrados desde muitos, muitos anos atrás e que estão na Bíblia.
Quando se esquece ou se ignora a palavra de Deus que da à luz e alimenta a fé, cai-se na desesperança ou na incredulidade e se é destruído pelo pecado em seus multiformes tons de preto e de cinza. Portanto, lembre-se: o cuidado de Deus se manifesta a nós na maneira de nos conduzir – pela fé na sua Palavra cujo foco é Cristo.
Deus manifesta o seu cuidado [1] pela forma como se faz conhecido a nós na Palavra e nos multiformes ministérios da Palavra, e [2] pela maneira como nos conduz em fé nas promessas da Palavra. Mas tem uma lição final sobre o cuidado de Deus neste salmo: [3] o cuidado de Deus na iniciativa graciosa de nos congregar como povo sob o seu pastoreio.
Nós já lemos os versículos 64-67 e vimos como Deus rejeitou os descendentes de José e não escolheu a tribo de Efraim (v. 67). Mas Deus não estava desistindo por completo de seu povo. Ele estava, com efeito, removendo o cetro de José e passando-o a Judá, conforme originalmente fora predito por Jacó (cf. Gn 49.8-12).
À época, essas promessas pareciam inconsistentes com o que Deus disse sobre José (cf. Gn 49.22-26), mas agora tudo estava claro:
José seria predominante por séculos – na verdade ele teria duas grandes porções, Efraim e Manassés, com vastos territórios sob o seu controle –, mas, no final, o SENHOR rejeitaria as tendas de José (v. 67).
O cetro do patriarca foi passado para Judá na pessoa de Davi, permanecendo com ele e sua família para se cumprir a profecia: “até que venha aquele a quem pertence, aquele que todas as nações honrarão” (Gn 49.10) – e nós sabemos quem ele era: Davi, e mais precisamente Cristo, o descendente de Davi! A prova final da mudança foi Davi trazer a arca ao Monte Sião, que Deus tanto amava (v. 68).
Asafe, que compôs o salmo, foi contemporâneo de Davi, e ele terminou seu registro com o bom reinado do homem segundo o coração de Deus. Leia, a partir de onde paramos no ponto anterios, versículos 67-72:
67Rejeitou, porém, os descendentes de José; não escolheu a tribo de Efraim. 68Antes, escolheu a tribo de Judá, o monte Sião, que ele amou. 69Ali construiu seu santuário, alto como os céus, firme e duradouro como a terra. 70Escolheu Davi, seu servo, e dos currais o chamou. 71Tirou-o do pastoreio de ovelhas e cordeiros e tornou-o pastor dos descendentes de Jacó, o povo que a Deus pertence, Israel. 72Com coração sincero, Davi cuidou deles e os conduziu com sensatez.
Deus em sua misericórdia colocou seu favor sobre Judá e estabeleceu Judá e o Monte Sião, que ele amava. Não havia razão para fazer isso, uma vez que Judá não era de algum modo melhor do que Efraim. Não era que Judá não falharia com Deus como Efraim falhou. Lembre-se, seria em Jerusalém que os gritos ferveriam nos ouvidos do Messias de Israel: “Crucifica-o! Crucifica-o!” O Leão da tribo de Judá seria rejeitado pela tribo de Judá naquela mesma cidade, tão amada e estabelecida pelo próprio Deus.
Então por que Deus escolheu Judá e rejeitou Efraim?
O texto informa que o SENHOR escolheu amar Judá, ao passo que rejeitou Efraim. Foi a graça soberana de Deus. Graça! Pura graça! Sem a qual, nem mesmo Judá e seus descendente (e nós cristãos também) desfrutariam do amor e do cuidado de Deus. Pois como Efraim, bem como Judá e seus descendentes, facilmente cairíamos em descrença e desesperança e morreríamos no pecado. Graças a Deus pela graça de Deus que nos ama, escolhe, dá-nos vida e nos mantém vivos, apesar de nós mesmos.
Há outro fato que chama a atenção neste trecho final do salmo. Veja: não é sem significado que a metáfora usada para se descrever Deus liderando o povo para fora do Egito e pelo deserto (vs. 52-53) seja a mesma usada para Davi como o governante do povo escolhido – i.e., o pastor e seu rebanho (vs. 70-72)? Pois é! Davi passou sua juventude inteira aprendendo a ser pastor e aprendendo o que significava dizer que Deus era seu pastor (cf. Sl 23). Deus o escolheu, ensinou-o e o fez sub-pastor de seu povo, para ocupar esse cargo até que chegasse “o Bom Pastor” Jesus Cristo (cf. Jo 10).
Portanto, não apenas as gerações de Israel poderiam olhar para trás para ver como a misericórdia de Deus triunfou sobre o pecado de seu povo, mas também nós, agora, podemos ver o quadro geral com um todo. Esse é o cuidado de Deus por nós! Como podemos esquecer e cair na descrença em face de todas essas histórias do poder e da misericórdia de Deus contadas a nós, culminando na vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo? Mas, infelizmente, muitos se esquecem, perdem a fé e a esperança e morrem no pecado.
A lição deste último ponto do nosso salmo é linda: Deus cuida de nós tomando a graciosa iniciativa de nos trazer para si mesmo e nos fazer congregar como povo sob seus cuidados pastorais em Cristo Jesus, o descendente de Davi. Efésios 2.12-14:
12Naquele tempo, vocês viviam afastados de Cristo. Não tinham os privilégios do povo de Israel e não conheciam as promessas da aliança. Viviam no mundo sem Deus e sem esperança. 13Agora, porém, estão em Cristo Jesus. Antigamente, estavam distantes de Deus, mas agora foram trazidos para perto dele por meio do sangue de Cristo. 14Porque Cristo é nossa paz. Ele uniu judeus e gentios em um só povo ao derrubar o muro de inimizade que nos separava.
Deus cuida de nós como povo, seu povo amado desde antes da fundação do mundo, escolhido pela graça, agraciados com fé para crer e prosseguir crendo, presenteados com a palavra de Deus que nos é ensinada através de pastores e mestres, conselheiros, discipuladores, amigos de alma, pais, mães, avós… tudo isso no contexto da família da fé.
Se isso tudo não é cuidado, o que seria o cuidado de Deus?
Regozije-se, crente, no cuidado de Deus!
Pois bem, Setembro Amarelo… depressão… suicídio… pandemia… COVID-19… Enfermidade… luto… dificuldades financeiras… frustração amorosa… é tanta coisa e tantas vezes tudo ao mesmo tempo para abater nossa alma, cegar nossos olhos para a graça e o cuidado de Deus, fazer-nos perder a esperança em Deus, ao passo que a depositamos em tantas outras coisas: ideologia política, filosofias humanas, saúde, independência financeira, reconhecimento, sucesso, dinheiro, sexo, poder, família e filhos…
Onde, em quê, em quem você deposita a sua esperança? Olhe para Cristo, ele é a síntese do grande cuidado de Deus por nós pecadores:
Ah, o maravilhoso cuidado de Deus!
Setembro Amarelo começou com a história de um jovem americano de 17 anos, que em 1994 se matou. Mike Emme era conhecido por sua personalidade caridosa e por sua habilidade mecânica. Restaurou sozinho um Mustang 68 e o pintou de amarelo. Ele amava aquele carro e por causa dele começou a ser conhecido como “Mike Mustang”.
Mike também amava uma garota, de quem, por algum motivo, ele estava separado. Frustração amorosa. Entretanto, infelizmente, aqueles mais próximos de Mike não viram os sinais e o fim da vida do garoto chegar.
Desanimado com a vida, aparentemente por causa do romance interrompido, Mike se sentou ao volante de seu amado Mustang, apontou uma arma para si mesmo e atirou. Sete minutos depois, seus pais chegaram em casa e encontraram suas vidas devastadoramente alteradas, pois ali mesmo, na garagem do lar, o filho tinha colocado um fim na sua vida.
No dia do funeral de Mike, uma cesta de cartões com fitas amarelas presas a eles estava disponível para quem quisesse pegá-los. Os 500 cartões e fitas foram feitos pelos amigos de Mike e possuíam uma mensagem: Se você precisar, peça ajuda.
Eu estou aqui para dizer: você precisa. Eu preciso. Nós precisamos de ajuda, de cuidado, do cuidado de Deus que temos em Cristo. Peça ajuda, olhe para Cristo. Recorra a alguém que possa lhe mostrar o cuidado de Deus em Cristo, alguém que possa lhe ajudar a ganhar ou recobrar a esperança em Deus.
S.D.G. L.B.Peixoto
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