21.03.2021
[João 14.1-11] 1“Não deixem que seu coração fique aflito. Creiam em Deus; creiam também em mim. 2Na casa de meu Pai há muitas moradas.. Se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar lugar para vocês 3e, quando tudo estiver pronto, virei buscá-los, para que estejam sempre comigo, onde eu estiver. 4Vocês conhecem o caminho para onde vou.” 5“Não sabemos para onde o Senhor vai”, disse Tomé. “Como podemos conhecer o caminho?” 6Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém pode vir ao Pai senão por mim. 7Se vocês realmente me conhecessem, saberiam quem é meu Pai. Mas, de agora em diante, vão conhecer e ver o Pai”. 8Filipe disse: “Senhor, mostre-nos o Pai, e ficaremos satisfeitos”. 9Jesus respondeu: “Filipe, estive com vocês todo esse tempo e você ainda não sabe quem eu sou? Quem me vê, vê o Pai! Então por que me pede para mostrar o Pai? 10Você não crê que eu estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que eu digo não são minhas, mas de meu Pai, que permanece em mim e realiza suas obras por meu intermédio. 11Apenas creiam que eu estou no Pai e que o Pai está em mim. Ou creiam pelo menos por causa das obras que vocês me viram realizar.
Nestes dias de tantas perdas e angústias, época carregada de medos e recheada de solidão – causados pela pandemia –, quem ainda não sonhou em fugir de tudo isso e embarcar numa jornada em outro mundo, livre de tudo o que estamos vivendo? Pois a menina Dorothy e seu cachorrinho Totó conseguiram deixar o mundo deles para trás; o problema é que eles pegaram carona sem querer em um furacão e acabaram aterrissando em um mundo malucão, com espantalhos, homens de lata, leões falantes e bruxas más e boazinhas… Assim começa a história de O mágico de Oz, que desde o lançamento do livro, em 1900, é sucesso entre o público infantil. De fato, o autor da obra, Lyman Frank Baum (1856–1919), é considerado o maior autor americano de fantasia para crianças.
O mágico de Oz conta a história da garotinha Dorothy, que mora em uma fazenda no Estado do Kansas (EUA) com os tios e o cachorrinho Totó. A vida era meio sem graça até que, um dia, um megafuracão passa pela fazenda e leva Dorothy e Totó com casa e tudo embora para a Terra de Oz. Ocorre que, ao aterrissar, a casa onde estão os dois acaba matando a Bruxa Malvada do Leste; e sua irmã, a Bruxa Malvada do Oeste, fica irada, é claro. Dorothy quer muito voltar para casa e fica sabendo que só mesmo o Mágico de Oz, que mora lá na Cidade das Esmeraldas, pode dar-lhe uma mãozinha. No caminho para lá, a menina conhece o Espantalho (que sonha em ter um cérebro), o Homem de Lata (que queria muito um coração de verdade) e o Leão Covarde (que precisava mesmo era de um pouco de coragem). Assim, os novos amigos partem juntos para ver o Mágico de Oz pela Estrada de Tijolos Amarelos.
O caminho era o mais fácil – bastava seguir a longa estrada de tijolos amarelos, que cortava o país. A extensa jornada com todas as suas surpresas através da terra de Oz é que seria o problema. Usando um par de sapatinhos de prata que fora da Bruxa morta, Dorothy, com o fiel cãozinho Totó, segue a jornada através do mundo da fantasia de Oz.
No filme (o clássico de 1939) que contou a história do livro, Dorothy acorda das alucinações e angústias da aventura no mundo da fantasia de Oz, repetindo de novo e de novo: “Não há lugar como o nosso lar! Não há lugar como o nosso lar! Não há lugar como o nosso lar!” E perturbada pelo seu sonho, a garota acha conforto em estar em casa – segura em sua própria cama, aninhada em seu próprio cobertor, cercada de sua família e de seus amigos. O Kansas e a tia Em nunca pareceram tão bons!
Para o cristão, nossa peregrinação aqui na vida real é parecida como a jornada de Dorothy pela Estrada de Tijolos Amarelos. É cheia de sonhos ilusórios, experiências assustadoras, separações angustiantes, nervos e medos descontrolados, fatos decepcionantes, e realidades desanimadoras – sobretudo nestes dias sombrios de COVID-19. E quanto mais longe se chega nesta estrada da vida (correndo e sem poder parar, tampouco retornar), mais os cristãos de verdade concluem que aqui não é o seu país, o céu é o seu lar. Aí sim, não há lugar como o nosso lar, não há lugar como o céu.
Não preciso dizer para você que a alma da gente está profundamente angustiada (a minha, a sua, a de todo mundo), tampouco é necessário descrever o porquê (pandemia, politicagem, polarizações, perdas). Viver nestes dias em que estamos vivendo não é para amadores, sobretudo no Brasil. Não preciso te dizer isto, não é verdade?
Mas eu devo te dizer que o Evangelho de João e esta passagem (João 14.1-11) em particular são muito práticos. Com efeito, o nosso texto é muito relevante para uma das lutas mais comuns que todos nós travamos (sobretudo nestes dias), ou seja, a tendência de termos uma alma pecaminosamente angustiada, perturbada.
Lembre-se de que, há duas semanas, vimos em João 13.21 que Jesus estava profundamente angustiado. E argumentamos que há, portanto, um tipo de angústia ou perturbação na alma que é santificada – uma inquietação justa – causada pelo amor, não pela incredulidade. Mas aqui em João 14.1 achamos uma alma pecaminosamente angustiada, perturbada. É tanto que o Senhor Jesus exorta: “Não deixem que seu coração fique aflito.” Estavam pecaminosamente angustiados ou aflitos porque eles não estavam sabendo confiar em Cristo em meio a tudo que estavam passando.
Quer ver?
Observe que o versículo 1 e o versículo 11 – o primeiro e o último versículos, a moldura do texto em tela – compõem o ponto principal da passagem. Versículo 1: “Não deixem que seu coração fique aflito. Creiam em Deus; creiam também em mim.” Versículo 11: “Apenas creiam que eu estou no Pai e que o Pai está em mim. Ou creiam pelo menos por causa das obras que vocês me viram realizar.” Logo, pode-se identificar o que Jesus está buscando em seus apóstolos: crença, fé – creiam, creiam, creiam, creiam (4 vezes em dois versículos apenas, a mesma coisa: creiam).
Crer ou ter fé é o oposto de uma alma profundamente angustiada, pecaminosamente aflita ou perturbada. Versículo 1: Não se angustiem: creiam em mim. Creiam em Deus. E duas vezes no versículo 11: “Creiam em mim”. “Creiam! Tenham fé!” Crer em Jesus por quem ele realmente é e crer em Deus são a mesma coisa. João 12.44: “Se vocês creem em mim, não creem apenas em mim, mas também naquele que me enviou.” A questão, portanto, é: não se preocupem, não se angustiem, não se perturbem, não se abatam. Creiam em mim e, ao crerem em mim, creiam em Deus. Creiam! De fato, o verbo em sua forma grega, está na forma ativa, no imperativo-presente do indicativo – ou seja: a ideia é de ação contínua por parte do crente. Portanto, mantenham-se crendo, mantenham a fé; acalmem seu coração com fé (e não se angustiem ou se perturbem)!
Pergunta: havia motivos concretos para eles, os apóstolos, estarem agitados, pecaminosamente angustiados? Bem, recorde comigo algumas das questões que foram levantadas por Jesus naquela última ceia com os seus discípulos:
João 13.21 Então Jesus sentiu profunda angústia e exclamou: “Eu lhes digo a verdade: um de vocês vai me trair!”
João 13.33 Meus filhos, estarei com vocês apenas mais um pouco. E, como eu disse aos líderes judeus, vocês me procurarão, mas não poderão ir para onde eu vou.
João 13.36-38 36Simão Pedro perguntou: “Para onde o Senhor vai?”. Jesus respondeu: “Para onde vou vocês não podem ir agora, mas me seguirão mais tarde”. 37“Senhor, por que não posso ir agora?”, perguntou ele. “Estou disposto a morrer pelo senhor.” 38“Morrer por mim?”, disse Jesus. “Eu lhe digo a verdade, Pedro: antes que o galo cante, você me negará três vezes.”
Em outras palavras: não faltavam motivos para todos eles à mesa estarem preocupados, aflitos, profundamente angustiados: ficariam órfaos! qual deles seria o traidor? e mesmo que tentassem, a força de vontade deles não os sustentaria sequer por algumas horas! Por isso, o Senhor diz no próximo versículo (ignore a quebra de capítulo e de versículos), João 14.1: “Não deixem que seu coração fique aflito.” Em vez disso: “Creiam em Deus; creiam também em mim [Inclusive você, Pedro!].” — E a nós também, ainda hoje, ele diz: “Não deixem que seu coração fique aflito.” Em vez disso: “Creiam em Deus; creiam também em mim.” — Isso é maravilhoso!
Aprendemos aqui, de imediato, que pensamentos são o que angustiam o nosso coração de modo a nos fazer pecar. Uma coisa é nos angustiarmos de amor por alguém que amamos, e que está virando as costas para a graça de Jesus ou mesmo para a gente que tanto luta pela alma dele ou dela – essa angústia santificada (desde que não seja paralisante) é permissiva (13.21). Outra coisa totalmente diferente são os pensamentos que nutrimos, fruto da falta de fé em Cristo e em Deus, e que nos causam angústias pecaminosas, agitações pecaminosas, perturbações pecaminosas, medos pecaminosos, atitudes pecaminosas. Era este o estado dos onze apóstolos naquela noite. E Jesus desejava acalmá-los (e a você também!).
O nosso texto nos faz encantar com Jesus. Olhando para esta passagem, o modo como Cristo age, o jeito como ele fala, à luz do fato de que ele realmente estava angustiado (muito mais angustiado que os discípulos, infinitamente mais angustiados que eles) – João 12.27: “Agora minha alma está angustiada.”; João 13.21: “Então Jesus sentiu profunda angústia.” –, nós nos encantamos com o nosso Salvador. Por quê?
Na noite mais escura de sua vida terrena, em meio a tantas angústias sentidas (pelo pecado que não era dele, a traição de alguém que ele tanto amava e a lentidão dos apóstolos em amadurecer), nada teria sido mais apropriado do que os discípulos o consolarem, mas é ele quem dá conforto, consolo e procura levar calma ao coração daqueles homens. De fato, temos em Jesus um Salvador Maravilhoso, que não apenas tomou o nosso lugar na cruz, mas que também transmite palavras de fé e de esperança para corações perturbados pelos acontecimentos e pensamentos que nos atormentam.
João 14.1-3 1“Não deixem que seu coração fique aflito. Creiam em Deus; creiam também em mim. 2Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar lugar para vocês 3e, quando tudo estiver pronto, virei buscá-los, para que estejam sempre comigo, onde eu estiver.
Por mais apropriado que seja citar essas palavras nos funerais cristãos, lembrem-se de que elas foram dirigidas, primeiramente, a discípulos que, sob pressão emocional substancial, estavam à beira de um colapso espiritual catastrófico por causa da angústia que estavam sentido. Resultado: Pedro o negaria antes de o dia raiar e, após a captura de Jesus lá no Getsêmani, todos os demais se dispersariam, abandonando-o exatamente como ele havia predito. Ainda assim, Jesus os consola, procura acalmar-lhes o coração.
O restante deste texto (versículos 2-10) é o suporte para a exortação que o Senhor faz no versículo 1 e no versículo 11: creiam, creiam, creiam, creiam. Então, por que eles – não deveriam se preocupar? Por que devemos confiar em Jesus e em Deus em uma situação como esta que nosso país está atravessando, por exemplo? Por que confiar no Senhor em nossa hora de angústia singular, particular (seja ela qual for)? Jesus nos dará cinco razões, cinco promessas que acalmam o coração pecaminosamente perturbado.
[1] Meu Pai tem muitas moradas em sua casa
e cada um de vocês terá a sua própria
João 14.1-2 1“Não deixem que seu coração fique aflito. Creiam em Deus; creiam também em mim. 2Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar lugar para vocês.
Faça uma pausa e deixe a primeira razão para se crer em Jesus e se acalmar penetrar o seu coração atribulado. A casa de Deus é grande! Tem muitas moradas! Ela não ficará sem espaço! Terá lugar para todo mundo que crer! E (veja o final do versículo 2) há um lugar para você: “Vou preparar lugar para vocês”! Perceba que o argumento para se confiar está baseado em três fatos:
[1] esta é a casa de Deus, não é o seu hotel. Os filhos moram com ele na casa;
[2] a casa é muito espaçosa para que ela nunca fique sem espaço;
[3] há uma morada projetada para cada um dos onze, até para Pedro – e isto inclui também você e eu, se crermos e permanecermos confiando nele.
Dito de outro modo por Jesus:
“Digo a todos os santos que me seguem pela fé, mesmo que tão imperfeitamente: não deixem uma angústia pecaminosa crescer em seu coração. Confiem em mim. Confiem em Deus. Você terá um lugar na casa de meu Pai – na verdade, um lugar nessa casa como filho legítimo: ‘a todos que creram nele e o aceitaram, ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus’ (Jo 1.12).”
E mais:
“Sim. Estou indo embora. Não. Vocês não podem vir comigo agora. Sim, vocês serão dispersos esta noite quando atacarem o Bom Pastor, e eu farei este trabalho sozinho. Mas não deixe sua tristeza… Não deixe seus medos… Não deixe sua vergonha… Não deixe sua culpa… Não deixe sua preocupação… produzir agitação ou angústia pecaminoso na sua alma. Não deixe seu coração ficar perturbado. Confie em mim. Confie em Deus. Por quê? Haverá um lugar para vocês na casa de meu Pai, como filhos de meu Pai, PARA SEMPRE.”
A promessa é clara: vocês têm um lugar garantido na casa do Pai; vocês sofrerão, mas com fé, vencerão (16.33); crendo em Cristo, crendo em Deus, vocês terão seu lugar na casa do Pai. Percebeu? A promessa não é a melhora, mas a morada na casa do Pai. A promessa não é a cura, mas a casa do Pai. A promessa não é de dias melhores, mas a morada na casa do Pai. Essa é a promessa, crente (14.2): “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar lugar para vocês.”
Mas tem mais…
[2] Vou preparar o lugar da morada com Deus
João 14.1-3 1“Não deixem que seu coração fique aflito. Creiam em Deus; creiam também em mim. 2Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar lugar para vocês 3e, quando tudo estiver pronto, […]
O que isto significa? Significa que as coisas no céu estão inacabadas ou carecendo de reforma? Significa que a doçura da comunhão com Deus é algo que ainda não está pronta ou que precisa ser consertada, arrumada de algum modo? Ora, se for assim, o que dizer de Mateus 25.34, que diz: “Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, vocês que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o reino que ele lhes preparou desde a criação do mundo.’”? Percebeu?
A casa de Deus não está em mau estado. A doçura da comunhão com Deus não precisa ser melhorada. Essa morada perto do coração de Deus foi, em certo sentido, projetada e adequada para pecadores redimidos muito antes da criação do mundo (Mt 25.34). Então, o que Jesus quer dizer com “Vou preparar lugar para vocês e, quando tudo estiver pronto…” (Jo 14.2-3)? É o seguinte:
O que ainda não estava pronto – ainda não estava preparado – é a maneira de se entrar na sua morada na presença de Deus. O quarto estava pronto, mas a porta estava trancada. O pecado não havia sido expiado, e Jesus é o Cordeiro de Deus que estava prestes a ser morto pelo pecado do mundo (Jo 1.29, 36). A ira de Deus, a condenação, a maldição de Deus, ainda estavam por serem satisfeitas, e Jesus estava prestes a se tornar maldição em nosso lugar (Gl 3.13), receber sobre si mesmo a nossa condenação (Rm 8.3) e suportar no seu corpo o castigo do Pai (Is 53.10). A morte ainda estava para ser derrotada e Jesus estava prestes a dar sua vida e tomá-la de volta das garras da morte (Jo 10.18). Ou seja, cada obstáculo entre nós e nossa morada na casa do Pai estava prestes a ser removido nos próximos três dias. Faltava-nos a chave que destranca a morada da presença de Deus, o Pai.
Essa é a primeira coisa que Jesus estava dizendo quando afirmou: “Vou preparar lugar para vocês e, quando tudo estiver pronto… Eu vou preparar não no sentido de que esteja inacabado ou com defeito ou más condições, mas que o caminho até lá, o acesso, ainda não está preparado.” Jesus confirma tudo isso nos versículos seguintes:
João 14.4-6 4Vocês conhecem o caminho para onde vou.” 5“Não sabemos para onde o Senhor vai”, disse Tomé. “Como podemos conhecer o caminho?” 6Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém pode vir ao Pai senão por mim.
Ou seja:
“Vou preparar lugar para vocês. E à medida que vou, torno-me a maneira como vocês chegam lá. Eu sou a verdade à qual vocês se apegam para chegar lá. E eu sou a vida – a vida eterna que vocês desfrutam no caminho e desfrutarão quando chegarem lá. Quando digo: ‘Vou preparar lugar para vocês’, quero dizer: abro o caminho, e eu sou o caminho. Eu confirmo a verdade, e eu sou a verdade. Eu compro a vida, e eu sou a vida.”
Em outras palavras, Pedro e os demais apóstolos, você e eu também, não precisamos ter uma perturbação ou angústia pecaminosa na alma por sermos discípulos imperfeitos, merecedores da ira e indignos de Jesus. Nosso pecado não significa que nosso lugar na casa de Deus ficará indisponível ou inadequado. Porque Jesus, naquela noite, sairia para comprar nosso perdão e se tornar o caminho para o Pai. Ele tornaria nossa morada não apenas disponível, mas acessível e segura para suas ovelhas redimidas. Portanto, não deixe seu coração ficar perturbado. Confie em Cristo. Confie em Deus.
Mas não é só isso que ele quer dizer quando diz “Vou preparar lugar para vocês”. Há um segundo sentido em que as coisas ainda não estavam prontas enquanto Jesus falava. Isto nos leva ao terceiro argumento sobre o porquê de se confiar em Jesus.
[3] Eu serei sua morada e virei buscá-los para desfrutá-la
João 14.3 (NVT) e, quando tudo estiver pronto, virei buscá-los, para que estejam sempre comigo, onde eu estiver.
João 14.3 (NAA) E, quando eu for e preparar um lugar, voltarei e os receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, vocês estejam também.
Esta é uma das frases mais importantes nesta passagem: “virei buscá-los, para que estejam sempre comigo” (NVT); “voltarei e os receberei para mim mesmo” (NAA). Essa afirmação muda o foco de um lugar para uma pessoa. Onde Jesus está, aí está o céu. Qual é a essência do céu? A presença imediata de Jesus. Então, quando ele diz: “Vou preparar lugar para vocês”, de fato, ele está dizendo: “Esta noite, inicio o meu caminho até o Gólgota. Na sexta-feira da Paixão, eu atravessarei a morte por vocês. Na sequência, no Domingo de Páscoa, eu ressuscitarei da morte por vocês. Desse modo, eu mesmo serei a sua morada.” Dito de outro modo:
“Eu sou sua morada na casa de meu Pai. Mas ainda não estou preparado para recebê-los. Devo morrer. Devo ressuscitar. Devo ser glorificado. Devo interceder por vocês. E quando eu tiver feito tudo isso, então estarei pronto. Eu virei buscá-los e os tomarei para mim mesmo, para que estejam sempre comigo, onde eu estiver.”
John Piper disse o seguinte sobre este texto:
Não use esta passagem das Escrituras para mostrar que quando Jesus voltar, na segunda vinda, ele o levará para o céu. Ela não diz isto. Diz: “Voltarei e os receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, vocês estejam também”. E onde ele estará quando vier? Nós o encontraremos nos ares e ele estabelecerá seu reinado na terra. E assim estaremos para sempre com o Senhor (1Tessalonicenses 4.16-17).
De fato, o que este texto enfoca na segunda vinda não é um retorno ao céu, mas uma reunião com Cristo. “Voltarei e os receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, vocês estejam também” — “Portanto, meus amados discípulos, não se turbe o vosso coração. Creiam. Confiem em mim. Tenham fé. Eu voltarei para vocês. Eu voltarei e os receberei para mim mesmo. Onde eu estiver, vocês estarão também. Confiem em mim, porque a morada que preparei para vocês é o meu eu crucificado, ressurreto e glorificado. Não se perturbem, eu virei e os tomarei para mim mesmo.”
Neste momento, você poderá dizer: “Esses confortos são maravilhosos, mas eles estão tão distantes – lá na morte ou na segunda vinda. O que está causando a perturbação pecaminosa na minha alma agora é que eu estou com medo desta pandemia, não sei o que é melhor para meus filhos, meu casamento está por um fio, minha saúde está piorando, eu não suporto meu trabalho (ou perdi meu trabalho), sinto-me tão só… Se Jesus não quer meu coração perturbado agora, há algum incentivo para a fé de um modo mais imediato do que para a hora da minha morte ou na segunda vinda de Cristo?”
É neste ponto que Jesus dá uma guinada surpreendente na passagem.
Preste atenção no que Filipe diz no versículo 8: “Senhor, mostre-nos o Pai, e ficaremos satisfeitos”. Ele não diz: “Mostre-nos o Pai algum dia”, mas AGORA. Queremos ver o Pai AGORA. E se o virmos, “ficaremos satisfeitos”. Será suficiente. É a mesma palavra que Paulo usou em 2Coríntios 12.9: “Minha graça te basta.” Mostre-nos o Pai agora, e isso irá satisfazer nosso coração atribulado, nos bastará!
De fato, quem vê o Pai, o Filho, vê glória e se satisfaz! Mas…
Deus está perto agora? Mostre-nos!
Então, o quarto argumento que Jesus nos dá para confiarmos nele é:
[4] O Pai está com vocês agora
A ênfase dos versículos 7-11 é clara como a luz do dia. Repetidamente (seis ou sete vezes) Jesus diz praticamente a mesma coisa – que ele e o Pai são tão profundamente um, que sua presença é a própria presença de Deus, o Pai.
Mas você (meu ouvinte) poderá replicar: “Mas o Senhor foi embora. O Senhor estava lá, com os apóstolos. E quando ele estava lá, Deus estava lá. O Pai estava lá nele, no Senhor Jesus. Mas agora o Senhor se foi!” É verdade, mas NÃO É VERDADE!
O que nos leva a um último argumento sobre por que nosso coração deve se acalmar com fé ao contemplar Jesus Cristo. Só que desta vez o Senhor terá você em mente muito especificamente, não apenas os apóstolos. Veja:
[3] Estarei sempre com vocês, não apenas na minha segunda vinda
Como pode ser? Jesus se foi. Fisicamente, ele não está entre nós, está no céu com o Pai, intercedendo por nós à direita de Deus. Então, para ver este argumento em favor de nossa fé, o tipo de fé que, por ver Deus e Jesus, acalma o coração, precisamos incluir três versículos que estão quatro versículos após o nosso texto de hoje.
João 14.16-18 16E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Encorajador, que nunca os deixará. 17 o Espírito da verdade. O mundo não o pode receber, pois não o vê e não o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele habita com vocês agora e depois estará em vocês. 18Não os deixarei órfãos; voltarei para vocês.
Quando o Encorajador, o Espírito Santo, veio, Jesus também veio. Quando diz no final do versículo 17: “Mas vocês o conhecem, pois ele [Cristo = Espírito] habita com vocês agora e depois estará [Espírito = Cristo] em vocês.”, ele quer dizer, eu estou com vocês agora, fisicamente. E estarei em vocês, espiritualmente – quando o Espírito Santo vier. É por isso que Paulo fala da maneira como fala sobre o Espírito, o Espírito de Deus, o Espírito de Cristo e o próprio Cristo. Ouça estas palavras incríveis:
Romanos 8.9-10 9Vocês, porém, não são controlados pela natureza humana, mas pelo Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita em vocês. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, a ele não pertence. 10Uma vez que Cristo habita em vocês, embora o corpo morra por causa do pecado, o Espírito lhes dá vida porque vocês foram declarados justos diante de Deus.
O Espírito de Deus habita em você. Ou seja, o Espírito de Cristo. Isto é, Cristo! Esta não é uma experiência para a segunda vinda de Cristo – por mais gloriosa que ela será. Esta é uma experiência para aqui e agora. Cristo se foi fisicamente, precisamente para estar perto de todos os seus filhos, não apenas dos onze. Ele não nos deixou órfãos. Ele veio até nós pelo Espírito Santo. Cristo e o Pai, pelo Espírito Santo.
Portanto, neste momento, o Senhor está mais interessado e mais preocupado com seus filhos, seus pais, seu casamento, sua solidão, sua saúde, seu emprego (ou desemprego), suas liberdades, sua política esta pandemias ou qualquer que seja o seu estado… ele está mais interessado em tudo do que você jamais poderá imaginar. Ele não veio até nós apenas para olhar, espiar ou vigiar, mas como Ajudador, Encorajador, Consolador, Advogado, Intercessor.
O que está te perturbando neste momento? Qual é a causa de suas noites sem dormir? Qual é o seu maior medo? Por que seu coração está atribulado? O que tem te deixado profundamente angustiado? Pare. Pense. O que é que há? Mais do que isto: como você está reagindo a tudo o que está se passando com seu coração?
Muitos negam os problemas. Outros fazem de conta de que nada está acontecendo. Alguns vão levando com a barriga. Há outros que fogem e enfiam a cara em mundos paralelos: bebidas, drogas, aventuras sexuais, pornografia, comida, remédios, comprar etc. E há pessoas que apenas se entregam à depressão ou à paralisia do medo.
No texto de hoje, entretanto, vimos Jesus nos chamando à fé (Jo 14.1): “Não deixem que seu coração fique aflito. Creiam em Deus; creiam também em mim.”
Com base em quê Jesus disse isto, pastor?
Portanto, acalme seu coração. Creia em Deus. Creia em Jesus Cristo.
De modo prático, o que fazer?
S.D.G. L.B.Peixoto
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