13.06.2021
[João 15.12-17] 12Este é meu mandamento: Amem uns aos outros como eu amo vocês. 13Não existe amor maior do que dar a vida por seus amigos. 14Vocês serão meus amigos se fizerem o que eu ordeno. 15Já não os chamo de escravos, pois o senhor não faz confidências a seus escravos. Agora vocês são meus amigos, pois eu lhes disse tudo que o Pai me disse. 16Vocês não me escolheram; eu os escolhi. Eu os chamei para irem e produzirem frutos duradouros, para que o Pai lhes dê tudo que pedirem em meu nome. 17Este é meu mandamento: Amem uns aos outros.”
Talvez você seja do tipo que pensa assim: “Ah, não! Eu não preciso de amigos. Eu tenho o Senhor. Meu amigo é Jesus.” Então me permita fazer uma pergunta: Quem você chama em caso de urgência?
Se você já teve que preencher algum desses formulários diversos, sobretudo em caso de internação hospitalar ou de viagem de avião, já se deparou com essa pergunta, para muita gente, desconfortante (para se dizer o mínimo!): “Em caso de urgência, favor ligar para _________________ ”. De quem é o contato que você escreve lá?
Goste você ou não, a palavra “urgência” nos remete à nossa fragilidade, dependência, necessidade de ajuda e do outro para nos acudir. Seja sincero. Você já deve ter precisado de alguém para te acudir em alguma situação. Ou não? E se precisar (mais cedo ou mais tarde você irá precisar!), a quem você recorrerá? Quem você chamará quando carecer de socorro? Com quem você contará quando o caldo já tiver entornado?
É natural, quando sentimos que chegamos a um limite (em qualquer área da vida), pensamos em pessoas que possam nos ajudar a lidar com a consequência do que já nos afetou. A vida nos apresenta uma dança veloz entre momentos de autonomia e de dependência. E quando nos sentirmos dependentes, sentiremos a necessidade de amigos.
Homem, você tem amigos?
Mulher, você tem amigas?
Quem é o seu amigo?
Quem é a sua amiga?
Eugene H. Peterson, escrevendo sobre a amizade de Davi e Jônatas em 1Samuel 18.1-4, registrou algo que todo cristão deveria considerar com o maior cuidado. Prestem atenção, moços e moças, homens e mulheres, adolescente, jovens e adultos, o novo e o velho… ouçam com boa vontade:
A amizade é um dos aspectos mais subestimados da espiritualidade. E, no entanto, é tão importante quanto orar e jejuar. Assim como o uso [simbólico] da água (no Batismo) e do pão e do vinho (na Ceia), a amizade transforma as coisas comuns em experiência humana e torna a experiência humana em algo santo.
A amizade espiritual delimita e refreia o mal, faz-nos enxergar a vida pelos olhos de Cristo, ela é producente. Sem a amizade de Jônatas, por exemplo, Davi teria tido grande dificuldade de levar adiante o propósito de Deus para sua vida – e talvez nem tivesse conseguido. Eugene H. Peterson, mais uma vez, foi esclarecedor ao dizer:
É maravilhoso ser um Jônatas. Sem Jônatas, Davi estaria correndo o risco de abandonar sua vocação e retornar à sua simples vida de cuidar de ovelhas, ou desenvolver um espírito mórbido de retaliação, que o levaria a querer acertar contas com o homem [Saul] que desprezou o que de melhor nele havia. Ele não fez nada disso. Aceitou a amizade de Jônatas e, ao fazê-lo, reafirmou a unção nele derramada por meio de Samuel, para realizar sua obra de rei e para uma imaginação sob o domínio de Deus. Foi essa amizade que o possibilitou viver, em salmos e histórias, no Espírito de Deus.
Em caso de urgência, Davi teve Jônatas para chamar. O apóstolo Paulo tevê Lucas, Timóteo, João Marcos e tantos outros. Até Jesus teve os apóstolos para chamar, sobretudo, Pedro, Tiago e João. E você, quem você chama em caso de urgência? Chame um amigo – um amigo que te aponte para o Grande Amigo.
Deus não nos fez apenas para sabermos que ele existe ou sabermos sobre ele; ele quer que o conheçamos – e que experimentemos sua amizade. Fomos criados para sermos amigos de Deus. Jonathan Edwards nos exorta a “Que seja [nosso] primeiro amor entrar em uma amizade eterna com Cristo que nunca será quebrada.” (WJE Online, Vol. 44). Com efeito, o evangelho nos chama a confiar em Jesus como nosso Salvador gracioso, submeter-nos a ele como nosso Rei exaltado e Senhor soberano, e a valorizá-lo como nosso Tesouro. Também nos convida a desfrutá-lo como nosso Amigo verdadeiro. Veja:
Jesus estava reunido com seus discípulos uma última vez, na noite anterior à sua crucificação. O objetivo era prepará-los para o dia seguinte e a vida que seguiria avante. Suas palavras e oração nessa noite memorável nós temos registradas em João 13—17. À medida que a morte se aproximava, observamos o Senhor buscando abrigo na comunhão de seus discípulos, os quais ele mesmo chama de amigos:
João 15.13-15 13Não existe amor maior do que dar a vida por seus amigos. 14Vocês serão meus amigos se fizerem o que eu ordeno. 15Já não os chamo de escravos, pois o senhor não faz confidências a seus escravos. Agora vocês são meus amigos, pois eu lhes disse tudo que o Pai me disse.
Nem mesmo o Filho de Deus quis a solidão quando o sol da vida se punha e a sombra da cruz escurecia seus últimos dias e suas últimas horas nesta terra. Naquela hora tenebrosa, a noite mais escura de todas, ele quis ficar cercado de seus amigos mais íntimos – ele até chamou Pedro, Tiago e João para orarem a sós com ele (Mt 26.36-46). E a esses mais chegados seus, Jesus compartilhou seus sentimentos, impressões e ensinamentos mais profundos no que ficou conhecido como seu “Discurso (ou Sermão) de Despedida” (Jo 13—17).
Jesus chama seus discípulos de amigos (Jo 15.13-15). Há no texto duas evidências que comprovam a sinceridade. PRIMEIRO, Cristo abriu seu coração com transparência. Embora um senhor não faça confidências a seus escravos, Jesus revelou aos discípulos (e a nós) a vontade do Pai para toda a gente (Jo 15.15). E enviaria o Espírito para garantir que todos os futuros discípulos ouviriam essas palavras (Jo 14.26; 16.12-15).
Em SEGUNDO lugar, a cruz prova sua amizade. Jesus disse: “Não existe amor maior do que dar a vida por seus amigos” (Jo15.13). Ele queria que seus discípulos vissem a cruz e pensassem: “Eu entendo agora. Ele me substituiu sob a ira de Deus lá no Calvário, e ele fez isso porque ele me vê como seu amigo querido. Ele quer que vejamos a cruz como um sacrifício cheio de afeição pelos amigos que o Pai lhe deu.” Portanto, a amizade gloriosa está no mais profundo do coração de Cristo e é o centro do evangelho (Jo 17.5, 22). Por isso é que nós cantamos – Hino 155, O Grande Amigo:
Em Jesus amigo temos, mais chegado que um irmão,
E nos manda que levemos, tudo a Deus em oração.
Oh que paz perdemos sempre, ó que dor no coração,
Só porque nós não levamos tudo a Deus em oração!
Temos lidas e pesares, e na vida tentação,
Não ficamos sem conforto, indo a Cristo em oração.
Haverá um outro amigo de tão grande compaixão,
Os contritos Jesus Cristo, sempre atende em oração!
E se nós desfalecemos, Cristo estende nos a mão,
Pois é sempre a nossa força e refúgio em oração.
Se este mundo nos despreza, Cristo é nosso em oração,
Em Seus braços nos acolhe, e nos dá consolação!
Jesus é o nosso Grande Amigo.
No entanto, para alguns, a amizade com Jesus parece diminuir sua glória. Talvez você possa pensar ou mesmo expressar o sentimento: “Jesus não é meu amigo; ele é meu Salvador, Senhor e Rei.” Mas você não tem que escolher entre um e outros, porque todos são verdadeiros: Jesus é nosso Salvador gracioso, Senhor soberano, Rei exaltado e ele também é o nosso Amigo mais verdadeiro. Tê-lo como Amigo não minimiza sua glória; de fato, a qualidade de Amigo a magnifica – porque demonstra “a riqueza de sua gloriosa graça” (Ef 1.6-7). Somente a graça explica a conciliação entre o Rei soberano, o Senhor poderoso e o Salvador misericordioso; somente a graça do Rei Soberano e do Senhor poderoso possibilitam boas-vindas aos pecadores como seus amigos; somente a graça faz de um Rei e Senhor um Amigo de verdade, mais chegado que um irmão.
PERGUNTA: relacionar-se com Jesus como Amigo diminui sua autoridade em nossa vida? De forma alguma, porque quando ele nos chama de amigos, ele ainda continua sendo nosso Rei exaltado e Senhor soberano. Ele disse aos discípulos: “Vocês serão meus amigos se fizerem o que eu ordeno.” (Jo 15.14). É Jesus quem demanda nossa obediência; nós nunca demandamos a obediência dele – e a nossa obediência não faz por merecer; antes, nossa obediência comprova nossa amizade com ele.
A amizade de Jônatas com Davi em 1Samuel oferece um paralelo perfeito. A história de amizade dos dois retrata como nós podemos ser amigos de Cristo, o Rei messiânico. Jônatas era amigo de Davi, mas Davi era o rei ungido de Israel (e de Jônatas). Desse modo, quando Davi chamou Jônatas para demonstrar fidelidade e expressar sua amizade, aquele atestou ao amigo-rei: “O que tu desejares eu te farei” (1Sm 20.4, ARA). NOTE: Enquanto Davi aponta para Jesus Cristo como Rei, Jônatas aponta para todos os que seguem a Cristo como amigos.
Face ao exposto, precisamos evitar dois erros extremados:
UM DESSES EXTREMOS é chamar levianamente o Amigo Jesus Cristo de “camarada”, “companheiro”, “chapa”, “mano”, “rapá”, “moço”, “cara”, “colega” ou “mermão” – como se essa amizade fosse de igual para igual, trivial, coisa comum, rasa e leviana.
O OUTRO EXTREMO a ser evitado é enfatizar a realeza do Senhor Jesus Cristo a tal ponto que negligenciamos sua companhia e intimidade. Poderíamos enfatizar sua autoridade e soberania de tal modo que não desfrutaríamos de seu afeto. Mas Jesus se oferece a nós tanto como nosso Senhor e Rei do universo como nosso Salvador e Amigo mais próximo.
Se Jesus é o Grande Amigo, como devemos cultivar essa amizade?
1. Reconcilie-se com Jesus
João 15.12-13 12Este é meu mandamento: Amem uns aos outros como eu amo vocês. 13Não existe amor maior do que dar a vida por seus amigos.
A amizade de Jesus não é natural ou incondicional. Ela não é automática ou sai de graça. Essa amizade teve um preço, e o próprio Cristo o pagou com sangue.
C. K. Barrett, eminente expositor bíblico, escreveu sobre João 15.13 – “Não existe amor maior do que dar a vida por seus amigos” – que “o amor divino eterno alcançou sua expressão completa e insuperável na morte de Cristo, que foi ao mesmo tempo a morte de um homem por seus amigos”. Isto porque todos nós éramos inimigos de Deus – nenhum de nós [sem a cruz de Cristo] era moralmente correto ou praticante do bem, portanto, inimigos de Cristo e de Deus:
Romanos 5.6-11 6Quando estávamos completamente desamparados, Cristo veio na hora certa e morreu por nós, pecadores. 7É pouco provável que alguém morresse por um justo [alguém moralmente correto], embora talvez alguém se dispusesse a morrer por uma pessoa boa [alguém que praticou o bem].8Mas Deus nos prova seu grande amor ao enviar Cristo para morrer por nós quando ainda éramos pecadores [nem moralmente corretos nem praticantes do bem]. 9E, uma vez que fomos declarados justos por seu sangue, certamente seremos salvos da ira de Deus por meio dele. 10Pois, se quando ainda éramos inimigos de Deus nosso relacionamento com ele foi restaurado pela morte de seu Filho, agora que já estamos reconciliados [tornamo-nos amigos] certamente seremos salvos por sua vida. 11Agora, portanto, podemos nos alegrar em Deus, com quem fomos reconciliados [fomos tornados amigos] por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.
Nossa amizade com Jesus (e com Deus Pai, 1Pe 3.18) se dá ou é estabelecida pela morte de Jesus no lugar de seus amigos ou ovelhas:
João 15.12-13 12Este é meu mandamento: Amem uns aos outros como eu amo vocês. 13Não existe amor maior do que dar a vida por seus amigos.
João 10.14-16 14“Eu sou o bom pastor. Conheço minhas ovelhas, e elas me conhecem, 15assim como meu Pai me conhece e eu o conheço; e eu sacrifico minha vida pelas ovelhas. 16Tenho outras ovelhas, que não estão neste curral. Devo trazê-las também. Elas ouvirão minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor.
João 10.25-30 25Jesus respondeu: “Eu já lhes disse, e vocês não creram em mim. A prova são as obras que realizo em nome de meu Pai. 26Mas vocês não creem em mim porque não são minhas ovelhas. 27Minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. 28Eu lhes dou a vida eterna, e elas nunca morrerão. Ninguém pode arrancá-las de minha mão, 29pois meu Pai as deu a mim, e ele é mais poderoso que todos. Ninguém pode arrancá-las da mão de meu Pai. 30O Pai e eu somos um”.
Jesus deu a vida pelas suas ovelhas/amigos. Ele morreu para que, pela fé, nós desfrutássemos dessa amizade. Portanto, para cultivar amizade com Jesus, você precisa, primeiro, reconciliar-se com ele pela obra da cruz – recebê-lo como seu substituto lá na cruz, o Cordeiro de Deus que morreu no seu lugar para tirar o seu pecado e reconciliá-lo com Deus Pai e, assim, ter Jesus como seu Amigo. — Reconcilie-se com Jesus.
2. Ame e obedeça Jesus
João 15.14 Vocês serão meus amigos se fizerem o que eu ordeno.
Quem se torna amigo de Jesus faz o que ele ordena (Jo 15.14) – e o que ele ordena não é penoso (1Jo 5.3). Ora, essa obediência, como já dissemos, não é para merecer a amizade de Jesus. A amizade de Jesus foi estabelecida pelos méritos da vida perfeita e da obra completa dele mesmo durante seu ministério entre nós e sua morte na cruz. Nossa obediência é fruto do amor derramado pelo próprio Deus em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado na regeneração (Rm 5.5). Esse amor nos faz obedecer:
João 14.23-24 23Quem me ama [o resultado será:] faz o que eu ordeno. 24Quem não me ama [não tem fruto] não me obedece [não tem raiz no amor].”
E o que nos é ordenado por Jesus?
Você lerá o Evangelho de João de ponta a ponta e não lerá algo dito por Jesus do tipo: “Se vocês me amam, obedeçam meus mandamentos morais de comportamento”. Jamais! Jesus disse simplesmente o seguinte: “Se vocês me amam, obedeçam meus mandamentos” (Jo 14.15) ou “Vocês serão meus amigos se fizerem o que eu ordeno” (Jo 15.14). Mas o que Jesus nos ordena no Evangelho? Quais são seus mandamentos?
Se você ler o Evangelho de João, o que achará são muitos mandamentos ou ordens tais quais: “Receba-me” (1.12). “Siga-me” (1.43). “Levante-se, homem paralítico, e ande” (5.8). “Ressuscite dos mortos, Lázaro” (11.43). “Creia na luz” (12.36). “Creia em Deus” (14.1). “Creia em mim” (14.11). “Permaneça em mim” (15.4). “Peça o que quiser” (15.7). “Permaneça no meu amor” (15.9). “Amem uns aos outros” (17.17). “Receba o Espírito Santo” (Jo 20.22). São esses os mandamentos que estão no Evangelho de João.
Dito de outro modo: os mandamentos no Evangelho de João são esmagadoramente receber [Cristo], crer [em Cristo], pedir [a Cristo], permanecer [em Cristo], então faz todo o sentido que Jesus diga: “Se vocês me amam – se vocês me desejam e se deleitam-se em mim e me estimam – então vocês irão receber-me, seguir-me, crer em mim, pedir a mim, permanecer em mim e amar como eu amo vocês”.
É DESTE MODO, PORTANTO, QUE CULTIVAMOS AMIZADE COM JESUS: reconciliamo-nos com ele pela fé na sua vida perfeita e na sua obra na cruz e o obedecemos de todo o coração: nós o recebemos, o seguimos, cremos nele, pedimos a ele, permanecemos nele em amor e amando como ele nos ama. Quando Jesus diz: “Vocês serão meus amigos se fizerem o que eu ordeno” (Jo 15.14), respondamos a ele como Jônatas a Davi: “O que tu desejares eu te farei” (1Sm 20.4, ARA). Até porquê, o desejo de Jesus é sua própria glória na minha plena satisfação nele: seguindo-o, crendo nele, pedindo a ele, permanecendo nele em amor e amando como ele me ama.
3. Ouça (leia) as palavras de Jesus
João 15.15 Já não os chamo de escravos, pois o senhor não faz confidências a seus escravos. Agora vocês são meus amigos, pois eu lhes disse tudo que o Pai me disse.
Senhores de escravos não se relacionam com eles, tampouco lhes faz confidências. O Senhor Jesus, no entanto, amigo de pecadores, revela-se a nós, revela-nos o Pai, abre-nos o coração e diz tudo o que o Pai nos tem a revelar. No excelente livro Disciplinas Espirituais para a Vida Cristã (ed. Batista Regular), Donald S. Whitney – teólogo, professor e pastor batista – escreveu:
Nenhuma Disciplina Espiritual é mais importante do que a absorção da Palavra de Deus. Nada pode substituí-la. Simplesmente não pode haver cristão saudável aparte de uma dieta de leite e carne das Escrituras, e as razões para isso são óbvias. Na Bíblia, Deus nos fala sobre Si mesmo, e especialmente sobre Jesus Cristo, a encarnação de Deus. A Bíblia revela a Lei de Deus para nós e mostra como todos a infringimos. Nela, descobrimos como Cristo morreu como Substituto, voluntário e sem pecado, daqueles que infringem a Lei de Deus, e como devemos nos arrepender e crer Nele para sermos justos diante de Deus. Na Bíblia, aprendemos os caminhos e a vontade do Senhor. Nas Escrituras, descobrimos como viver de maneira agradável a Deus e também melhor e mais satisfatória para nós mesmos. Nenhuma dessas informações eternamente essenciais pode ser encontrada em qualquer outro lugar, exceto na Bíblia. Portanto, se pretendemos conhecer a Deus e ser piedosos [cultivar amizade com Jesus], devemos conhecer a Palavra de Deus intimamente.
Ouça (leia) as palavras de Jesus, leia e medite nas Escrituras – posto que de Gênesis a Apocalipse elas dizem respeito a ele (Lc 24.27), elas testificam a seu respeito (Jo 5.39).
4. Expanda sua visão de Jesus
Cultive amizade com Jesus: [1] reconcilie-se com ele pela cruz, [2] ame-o (deleite-se nele em amor) e o obedeça (vá a ele, receba-o, creia, peça e permaneça nele, amando), [3] ouça e leia as palavras de Jesus. Em tudo isso, [4] expanda sua visão de Jesus. Ouça:
João 15.16a Vocês não me escolheram; eu os escolhi. Eu os chamei…
Considere que você não o escolheu como amigo. Foi ele que escolheu você, isto quando você ainda era pecador (e não queria a amizade dele). Escolheu você em amor, eterno amor, e chamou você para si, posto que de outro modo, jamais você o escolheria ou o buscaria. OUÇA, CRENTE: Cristo não está à disposição de pecadores. Ele chama pecadores à sua disposição, segundo a sua soberana vontade. Ele é soberano e gracioso. E se você o tem como amigo foi porque ele te amou, escolheu e tomou a iniciativa de te chamar de modo eficaz para a salvação – João 15.16: “Vocês não me escolheram; eu os escolhi. Eu os chamei…”. Você o ouvi e creu nele com arrependimento e fé.
João 10.26-28 26Mas vocês não creem em mim porque não são minhas ovelhas. 27Minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. 28Eu lhes dou a vida eterna, e elas nunca morrerão. Ninguém pode arrancá-las de minha mão,
Essa visão da soberana graça de Jesus transforma radicalmente o seu cristianismo e o seu relacionamento com Deus. Costumo dizer que é uma segunda conversão.
JESUS É O GRANDE AMIGO DE GRANDES PECADORES. Ele se aproxima em nossa miséria causada pelo pecado, chega ao nosso sofrimento e permanece comprometido mesmo quando tropeçamos. Ele nos chama para si e nos ama até o fim. Ele não apenas nos justifica e depois nos deixa caminhar com as próprias pernas; ele nos acolhe no fundo do coração, caminha conosco todos os dias de nossa vida e nos empodera para vivermos a vida cristã vitoriosamente sobre o mundo, a carne e o diabo.
JESUS NOS CONHECE MELHOR DO QUE NÓS MESMOS E NOS AMA mais profundamente do que qualquer outra pessoa poderia. Estamos mais perto de seu coração do que qualquer pessoa jamais esteve do nosso. Por quê? Porque ele mesmo escolheu nos amar e nos chamou para si com amor. Como Jonathan Edwards escreveu: “Tudo o que há, ou pode haver, que seja desejável em um amigo, está em Cristo, e isso no mais alto grau que pode ser desejado” (Works, 19:588).
EXPANDA A SUA VISÃO DE JESUS. Conheça seus atributos. Aprofunde-se no conhecimento da pessoa de Jesus: leia a Bíblia, leia também bons livros de cristologia (a doutrina da pessoa de Cristo) e de teologia sistemática. Indico, por exemplo: [1] Um Homem Chamado Jesus Cristo e [2] O que Jesus espera de seus seguidores, ambos de John Piper (ed. Vida). E ainda: [3] Teologia Sistemática, a de Wayne Grudem pela editora Vida Nova. — Leia a Bíblia, leia bons livros e expanda sua visão de Jesus Cristo.
5. Ore e sirva os outros em amor no nome de Jesus
Gente que cultiva amizade com Jesus são aqueles ou aquelas que se reconciliaram com ele pela cruz, amam-no e o obedecem, ouvem e leem sua palavra, expandem a visão a respeito dele e, por fim, oram e servem os outros em amor no nome de Jesus:
João 15.16-17 16Vocês não me escolheram; eu os escolhi. Eu os chamei para irem e produzirem frutos duradouros, para que o Pai lhes dê tudo que pedirem em meu nome. 17Este é meu mandamento: Amem uns aos outros.”
Há um propósito em nosso chamado: a glória de Deus na nossa frutificação amorosa na vida dos outros (em busca das ovelhas ou dos amigos de Jesus). Não conseguiremos em nós mesmos amar como devemos, por isso oraremos e pediremos ao Pai em nome de Jesus o querer e a capacidade de amar uns aos outros como o Pai e o Filho Jesus Cristo nos amaram:
1João 3.16-20 16Sabemos o que é o amor porque Jesus deu sua vida por nós. Portanto, também devemos dar nossa vida por nossos irmãos. [E AGORA?] 17Se alguém tem recursos suficientes para viver bem e vê um irmão em necessidade, mas não mostra compaixão, como pode estar nele o amor de Deus? 18Filhinhos, não nos limitemos a dizer que amamos uns aos outros; demonstremos a verdade por meio de nossas ações. 19Com isso saberemos que pertencemos à verdade, e nos tranquilizaremos quando estivermos diante de Deus. 20E, ainda que a consciência nos condene, Deus é maior que nossa consciência e sabe todas as coisas.
É DESTE MODO QUE CULTIVAMOS AMIZADE COM JESUS: orando e servindo aos outros em amor no nome de Jesus. Essa é a exteriorização da amizade nutrida com Jesus: repartimos amor na vida dos outros do mesmo modo que o recebemos do Pai e do Filho. Mas não deixe de ver a nutrição dessa amizade no seu próprio coração.
AMIZADE SE CULTIVA POR MEIO DE COMUNHÃO. Os relacionamentos prosperam com convivência, conversa e compartilhamento. Desse modo, à medida que lemos a palavra de Deus em convivência com o autor do livro sagrado, à medida que recebemos e nos lembramos da palavra de Deus, ouvimos o próprio Cristo se dirigir a nós como Amigo. E então oramos – agradecemos a ele, confessamos nossos pecados, a ele e com ele compartilhamos nossos fardos, e a ele pedimos graça, força, coragem e condição para vivermos a vida cristã: amando como ele nos ama. Fazemos isso ao longo do dia, não como meros escravos, mas nos relacionando como amigos de Jesus.
Permita-me adensar um pouco a ideia de lermos a Bíblia em relacionamento com Jesus para sabermos como orar e servi-lo no mundo como amigos. Rodrigo Gurgel [que é professor de literatura e escrita criativa, e crítico literário] fez um post no Instagram [@RodrigoGurgel12] em 9 de junho do corrente sobre “Como encontrar na leitura o encadeamento da própria vida?” ou “Como devemos ler?” Eis o que postou o grande mestre das letras na atualidade brasileira:
Simone Weil dizia que “o que conta em uma vida humana não são os acontecimentos que a dominam através dos anos – ou dos meses – ou inclusive dos dias”. Segundo ela, o que conta é “o modo como cada minuto se encadeia ao seguinte, e o que isso custa a cada um em seu corpo, em seu coração, em sua alma”. É o que devemos buscar também na leitura: o encadeamento na própria vida. Nessa forma de ler, o que importa não é a deliciosa ilusão em que o leitor comum submerge, mas o diálogo que estabelecemos com o escritor [no nosso caso, Cristo, o Autor/Escritor da Bíblia]. Ele se torna, página a página, aquele professor ou amigo que um dia nos ensinou algo fundamental para a vida. Passo a passo, descortinamos suas intenções, seu vocabulário, suas construções frasais, sua forma de demorar sobre um tema ou de acelerar a narrativa, seu entendimento do que é humano. Mais que uma forma de aprendizagem, ler se torna, assim, uma comunhão com a literatura [Cristo].”
Quem você chama em caso de urgência? Você tem amigo?
Geralmente, na hora do aperto, a primeira pessoa que chamamos é Deus. Dizemos: “Meu Deus!”, mesmo não crendo em Deus ou, se crendo, não tendo comunhão com ele. Você tem amigo? Deus é seu amigo? Quem é seu amigo, seu grande amigo?
Deus nos criou para nutrirmos comunhão de amizade com ele, e o pecado nos separou de Deus (e uns dos outros). Mas Jesus, cheio de graça e compaixão, escolheu para si amigos. Ele morreu por esses amigos. Fez esses amigos nascer de novo e lhes deu fé para crer e obedecer seus mandamentos. E ele, Jesus, permanecerá amigo de seus amigos até o fim e além desta vida.
Você tem um grande amigo? Quem é o seu grande amigo?
Jesus é o seu Grande Amigo? Você precisa desse Amigo.
Pode ser que hoje ele esteja te chamando. Arrependa-se do pecado. Creia em Cristo como seus substituto pelo pecado. Receba-o com fé. Receba-o como seu Amigo. Ame-o e o obedeça. Ouça e leia suas palavras. Expanda sua visão dele. Ore e sirva aos outros em amor no nome dele. Faça de Jesus Cristo seu Grande Amigo.
Agora sim, estamos prontos para UMA TEOLOGIA DA AMIZADE. O que, Deus permitindo, construiremos juntos na semana que vem. Quem recebe Jesus Cristo como o Grande Amigo não vive sem amigos aos quais também recorrer e com os quais perseverar para a vida eterna – amigos que nos apontam para o Grande Amigo.
S.D.G. L.B.Peixoto
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