A nova humanidade em construção – Parte 2

[Atos 16.11-40] ¹¹Embarcamos em Trôade e navegamos diretamente para a ilha de Samotrácia e, no dia seguinte, chegamos a Neápolis. ¹²Dali, alcançamos Filipos, cidade importante dessa região da Macedônia e colônia romana, e ali permanecemos vários dias. […]

A CONSTRUÇÃO DA NOVA HUMANIDADE

A nova humanidade que queremos construir e deixar para nossos filhos e semelhantes, esse mundo que reflete a nova cidade, a nova Jerusalém que virá da parte de Deus não surge naturalmente. Os exemplos de Paulo, Silas, Timóteo e Lucas nos ensinam que a nova humanidade é um processo em construção.

Na mensagem de hoje eu desejo continuar seguindo com você os primeiros passos da igreja cristã na Europa; de fato, estamos engatinhando pelo chão ao lado da infante igreja que – sem exageros! – cresceria para transformar o mundo.

Já estudamos sobre a nova humanidade e, no domingo passado, DISSEMOS QUE A NOVA HUMANIDADE É CONSTRUÍDA [1.] pela pregação do evangelho, [2.] sob a perseguição da igreja, [3.] pela providência divina e [4.] a postura dos crentes. O resultado [5.] é o povo de Deus, a nova humanidade em Cristo Jesus. Somente o evangelho de Jesus Cristo é capaz de unir um povo tão diferente assim em um só corpo e lugar – e isso pela salvação e a santificação pela graça, por meio da fé em Cristo.

1. A PREGAÇÃO DO EVANGELHO

Não haverá uma nova humanidade sem a pregação do evangelho; e não há pregação do evangelho apenas com boas obras ou exemplo de vida – tem de ter palavras ou exposição verbal do evangelho. E foi isso que Paulo fez quando desembarcou na Europa: ele pregou e praticou o evangelho de Cristo. Observe:

Pregando à empresária

Atos 16.13-15 ¹³No sábado, saímos da cidade e fomos à margem do rio, onde esperávamos encontrar um lugar de oração. Sentamo-nos e começamos a conversar com algumas mulheres ali reunidas. ¹⁴Uma delas era uma mulher temente a Deus chamada Lídia, da cidade de Tiatira, comerciante de tecido de púrpura. Enquanto ela nos ouvia, o Senhor lhe abriu o coração, e ela aceitou aquilo que Paulo estava dizendo. ¹⁵Foi batizada, junto com sua família, e pediu que nos hospedássemos em sua casa. “Se concordam que creio de fato no Senhor, venham ficar em minha casa”, disse ela, e insistiu até que aceitamos.

Pregando à endemoniada

Entusiasmados com o sucesso inicial, Paulo e equipe prosseguiram pregando:

Atos 16.16 Certo dia, enquanto íamos ao lugar de oração, […]

Isso era discipulado cristão! Mas havia uma “pedra” no caminho:

Atos 16.16-18 ¹⁶Certo dia, enquanto íamos ao lugar de oração, veio ao nosso encontro uma escrava possuída por um espírito pelo qual ela predizia o futuro. Com suas adivinhações, ganhava muito dinheiro para seus senhores. ¹⁷Ela seguia Paulo e a nós, gritando: “Estes homens são servos do Deus Altíssimo e vieram anunciar como vocês podem ser salvos!”. ¹⁸Isso continuou por vários dias, […]

2. A PERSEGUIÇÃO À IGREJA

Paulo não poderia se conter. Afinal, o que se sabia era que o diabo, pela boca da “escrava possuída por um espírito” (v. 16), estava relativizando Deus e o evangelho. “Deus altíssimo”, na boca do diabo era uma referência a Zeus, não ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ademais, a ausência de artigo definido no grego revela que o diabo estava, de fato, dizendo isto (v. 17): “Estes homens são servos do Deus Altíssimo [pode ser Zeus ou Yahweh, você escolhe!] e vieram anunciar [um jeito de] como vocês podem ser salvos! [Escolha o seu caminho; Zeus ou Yahweh, tanto faz!]”. — RESULTADO:

Atos 16.18 Isso continuou por vários dias, até que Paulo, indignado, se voltou e disse ao espírito dentro da jovem: “Eu ordeno em nome de Jesus Cristo que saia dela”. E, no mesmo instante, o espírito a deixou.

Pronto! A garota estava liberta. E ao que tudo indica, pela reação que se seguiu, ela se tornou discípula de Cristo.

Pois bem, com o diabo fora do caminho (pelo menos externamente fora do caminho), você esperaria que a brisa fresca dos bons ares europeus voltaria a soprar no rosto de Paulo, Silas, Timóteo e Lucas. Entretanto, adiante deles, aguardava-os forte rajada de perseguição:

Atos 16.19-24 ¹⁹Quando os senhores da escrava viram que suas expectativas de lucro haviam sido frustradas, agarraram Paulo e Silas e os arrastaram à presença das autoridades, na praça do mercado. ²⁰“Estes judeus estão tumultuando a cidade!”, gritaram para os magistrados. ²¹“Eles ensinam costumes que nós, romanos, não podemos seguir, pois contrariam nossas leis!” ²²Logo, uma multidão revoltada se juntou contra Paulo e Silas, e os magistrados ordenaram que os dois fossem despidos e açoitados com varas. ²³Depois de serem severamente açoitados, foram lançados na prisão. O carcereiro recebeu ordens para não os deixar escapar, ²⁴por isso os colocou no cárcere interno, prendendo-lhes os pés no tronco.

Pelo menos três elementos voláteis se combinaram para formar esse furacão:

1. COBIÇA: versículo 19 — “Quando os senhores da escrava viram que suas expectativas de lucro haviam sido frustradas, agarraram Paulo e Silas e os arrastaram à presença das autoridades, na praça do mercado.”
2. PRECONCEITO: versículos 20-21 — ²⁰“Estes judeus […] ²¹“Eles ensinam costumes que nós, romanos, não podemos seguir, pois contrariam nossas leis!”
3. EXAGEROS E MENTIRAS: versículo 20 — “estão tumultuando a cidade”; versículo 21 — “contrariam nossas leis”.

Esses três elementos combinados formaram o que se chamam de tempestade perfeita – um furacão categoria 5 de covardia e de violência contra cristãos e igrejas:

Atos 16.22-24 ²²Logo, uma multidão revoltada se juntou contra Paulo e Silas, e os magistrados ordenaram que os dois fossem despidos e açoitados com varas. ²³Depois de serem severamente açoitados, foram lançados na prisão. O carcereiro recebeu ordens para não os deixar escapar, ²⁴por isso os colocou no cárcere interno, prendendo-lhes os pés no tronco.

NÃO HÁ OUTRO CAMINHO: a nova humanidade será construída sob forte perseguição. Os apóstolos nos atestam essa verdade, e Cristo mesmo disse que seria assim:

João 15.18-21 ¹⁸“Se o mundo os odeia, lembrem-se de que primeiro odiou a mim. ¹⁹O mundo os amaria se pertencessem a ele, mas vocês já não fazem parte do mundo. Eu os escolhi para que não mais pertençam ao mundo, e por isso o mundo os odeia. ²⁰Vocês se lembram do que eu lhes disse: ‘O escravo não é maior que o seu senhor’? Uma vez que eles me perseguiram, também os perseguirão. E, se obedeceram à minha palavra, também obedecerão à sua. ²¹Farão tudo isso a vocês por minha causa, pois rejeitaram aquele que me enviou.

Construindo a nova humanidade, PODEMOS CONTAR SEMPRE com a cobiça dos homens, o preconceito do mundo e os exageros e as mentiras das pessoas avessas ao evangelho (não espere justiça!); DE IGUAL FORMA, em proporção muito superior, também podemos contar com a providência divina que nos socorre no meio da maior aflição.

3. A PROVIDÊNCIA DIVINA

Sem conseguirem escorar e deitar para descansar e dormir (por causa dos cortes nas costas e da dores causadas pela violência), eis o que os apóstolos acharam para fazer – e na sequência, a boa mão da providência de Deus:

Atos 16.25-27 ²⁵Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos ouviam. ²⁶De repente, houve um forte terremoto, e até os alicerces da prisão foram sacudidos. No mesmo instante, todas as portas se abriram e as correntes de todos os presos se soltaram. ²⁷Quando o carcereiro acordou, viu as portas da prisão escancaradas. Imaginando que os prisioneiros haviam escapado, puxou a espada para se matar.

Como você reagiria sob tais maus-tratos?

Mentiram sobre você, espancaram você, jogaram você em uma masmorra e o acorrentaram a um tronco. Costelas foram quebradas. As costas foram rasgadas. As câimbras são insuportáveis. Dói até para respirar. Ratos e baratas correm no chão escuro. — O que você faria? Teria vontade de cantar?

No meio de tanta dor e humilhação, Paulo e Silas acharam de louvar a Deus!

Foi nessa hora que chega a boa mão da providência de Deus, e os socorre.

A nova humanidade é construída [1.] pela pregação do evangelho, [2.] sob a perseguição da igreja e [3.] pela providência divina. Mas tem mais…

4. A POSTURA DOS CRENTES

4.1 — A chama acesa da alegria em Deus:

Atos 16.25 Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, […]

4.2 — A consciência alerta para o testemunho cristão:

Atos 16.25-28 ²⁵Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos ouviam. ²⁶De repente, houve um forte terremoto, e até os alicerces da prisão foram sacudidos. No mesmo instante, todas as portas se abriram e as correntes de todos os presos se soltaram. ²⁷Quando o carcereiro acordou, viu as portas da prisão escancaradas. Imaginando que os prisioneiros haviam escapado, puxou a espada para se matar. ²⁸Paulo, porém, gritou: “Não se mate! Estamos todos aqui!”.

4.3 — O coração aberto para falar de Jesus [note o evangelho completo]:

Atos 16.29-34 ²⁹O carcereiro mandou que trouxessem luz e correu até o cárcere, onde se prostrou, tremendo de medo, diante de Paulo e Silas. ³⁰Então ele os levou para fora e perguntou: “Senhores, que devo fazer para ser salvo?”. ³¹Eles responderam: “Creia no Senhor Jesus, e você e sua família serão salvos”. ³²Então pregaram a palavra do Senhor a ele e a toda a sua família. ³³Mesmo sendo tarde da noite, o carcereiro cuidou deles e lavou suas feridas. Em seguida, ele e todos os seus foram batizados. ³⁴Depois, levou-os para sua casa e lhes serviu uma refeição, e ele e toda a sua família se alegraram porque creram em Deus.

4.4 — O comportamento astuto para manter portas abertas:

Atos 16.35-39 ³⁵Na manhã seguinte, os magistrados mandaram os guardas ordenarem ao carcereiro: “Solte estes homens!”. ³⁶Então o carcereiro mandou dizer a Paulo: “Os magistrados disseram que você e Silas estão livres. Vão em paz”. ³⁷Paulo, no entanto, respondeu: “Eles nos açoitaram publicamente sem julgamento e nos colocaram na prisão, e nós somos cidadãos romanos. Agora querem que vamos embora às escondidas? De maneira nenhuma! Que venham eles mesmos e nos soltem”. ³⁸Os guardas relataram isso aos magistrados, que ficaram assustados por saber que Paulo e Silas eram cidadãos romanos. ³⁹Foram até a prisão e lhes pediram desculpas. Então os trouxeram para fora e suplicaram que deixassem a cidade.

Por que Paulo fez isso? Havia pelo menos três motivos:

1. 1. PAULO ESTAVA PREOCUPADO COM JUSTIÇA PARA TODAS AS PESSOAS, e o que esses magistrados haviam feito era grosseiramente injusto. Ele sabia que, ao fazê-los vir a público e lhes pedir desculpas pessoalmente, escoltando-os para fora da prisão, a notícia sobre o que havia acontecido se espalharia pela comunidade. RESULTADO: Levaria muito tempo até que essas autoridades voltassem a bater em um homem sem um julgamento justo. A ação de Paulo, portanto, visava a garantir que esses homens fizessem justiça a outros que seriam acusados ​​de algum crime. DA PRÓXIMA VEZ, ELES SEGUIRIAM A LEI ROMANA!
   2. PAULO ESTAVA PREOCUPADO COM O FUTURO DA IGREJA E DO EVANGELHO EM FILIPOS. Ao fazer esses magistrados perceberem que haviam cometido uma grave ofensa contra os cidadãos romanos, Paulo assegurou que tão cedo eles não incomodariam os cristãos em Filipos. Além disso, se quisesse voltar novamente à cidade, Paulo sabia que tais autoridades não o impediriam. Assim, O APÓSTOLO DEFENDEU SEUS DIREITOS PARA PROTEGER A IGREJA E A CAUSA DE CRISTO NAQUELA CIDADE.
   3. A AÇÃO DE PAULO MODELOU PARA A TODA A CIDADE O ESPÍRITO DE JESUS CRISTO. Por direito, Paulo poderia ter tido cortada a cabeça desses magistrados – se ele tivesse levado seu caso a uma autoridade superior. Só que o apóstolo deixou passar a possibilidade, e por suas ações demonstrou que os cristãos não estão em busca de vingança. O ESPÍRITO DE CRISTO É PERDOAR AQUELES QUE PECAM CONTRA NÓS, E AO MESMO TEMPO RESPONSABILIZÁ-LOS POR SEU COMPORTAMENTO.

SOBRE A POSTURA DOS CRENTES que constrói a nova humanidade: Eles [4.1–] mantêm a chama acesa da alegria em Deus; [4.2 –] a consciência alerta para o testemunho cristão; [4.3 –] o coração aberto para falar de Jesus [o evangelho completo]; [4.4 –] o comportamento astuto para manter portas abertas; e …

4.5 — O compromisso ardente com o discipulado cristão:

Atos 16.40 Quando Paulo e Silas saíram da prisão, voltaram à casa de Lídia. Ali se encontraram com os irmãos e os encorajaram mais uma vez. Depois, partiram.

Isso é discipulado (no contexto de igreja local; na reunião dos irmãos).

ESTA DEVE SER A POSTURA DOS CRENTES que batalham pela construção da nova humanidade: [1.] a chama acesa da alegria em Deus; [2.] a consciência alerta para o testemunho cristão; [3.] o coração aberto para falar de Jesus; [4.] o comportamento astuto para manter portas abertas; e [5] o compromisso ardente com o discipulado cristão.

5. O POVO DE DEUS

A nova humanidade é construída [1.] pela pregação do evangelho, [2.] sob a perseguição da igreja, [3.] pela providência divina e [4.] a postura dos crentes. O resultado é O POVO DE DEUS, a nova humanidade em Cristo Jesus.

Dê uma olhada panorâmica neste trecho da Escritura: Atos 16.11-40. Note que apenas o evangelho de Jesus Cristo é capaz de unir pessoas tão diferentes assim em um só corpo e lugar. Temos Lídia (empresária), a jovem endemoniada (escrava) e o carcereiro (servidor público).

John Stott [e a partir deste ponto eu cito o seu comentário bíblico] observou que seria difícil imaginar um grupo mais heterogêneo do que uma comerciante, uma escrava e um carcereiro – todos membros do mesmo corpo. Em termos raciais, sociais e psicológicos, eram mundos totalmente diferentes; mas todos os três haviam sido transformados pelo mesmo evangelho e recebidos como membros na mesma igreja.

Veja primeiro: A NACIONALIDADE DELES. Filipos era uma cidade muito cosmopolita, tendo sido grega antes de se tornar romana; era cortada pela grande Via Egnácia, que ligava o Ocidente ao Oriente.

• Lídia era asiática, talvez não no sentido que damos à palavra, mas no sentido de ter vindo da Ásia Menor. Ela era imigrante em Filipos, não uma nativa.
• A jovem escrava provavelmente era grega, moradora da cidade. Ela pode ter sido estrangeira, já que escravos eram importados de todos os lugares, mas nada na história indica isso.
• O carcereiro provavelmente era como a maioria dos carcereiros da época: um soldado aposentado ou um veterano do exército, sendo, como todos os oficiais da administração legal de uma colônia romana, sem dúvida alguma, romano.
• AGORA NOTE: cada um havia sido educado na cultura de um país diferente. É verdade que eles já eram unidos politicamente, pelo Império Romano, mas agora em Jesus Cristo encontravam uma união ainda mais profunda.

Veja segundo: OS CONTEXTOS SOCIAIS.

• Lídia parece ter sido uma mulher rica, que ganhara seu dinheiro no comércio com tecidos. Certamente possuía uma casa grande o suficiente para acomodar os quatro missionários, além da própria família e servos (v. 15).
• A jovem escrava vinha de uma classe social totalmente oposta: era pobre. Era impossível ocupar um lugar mais baixo no conceito do povo do que ser uma escrava, mulher. Ela possuía nada, nem a si mesma. Não tinha posses, direitos, liberdade, nem vida própria. Até mesmo o dinheiro que ganhava com suas adivinhações ia direto para o bolso de seus senhores.
• Em termos sociais, o carcereiro se encontrava a meio caminho entre as duas mulheres: classe média. Apesar de ocupar um cargo de responsabilidade na prisão local, ele ainda era um mero oficial subalterno, a serviço do governo. Podemos dizer que ele pertencia à classe média respeitável.
• AGORA NOTE: todos os três eram membros fundadores da igreja de Filipos, recebidos em igualdade de condições, sem distinções.

Veja terceiro: AS NECESSIDADES PESSOAIS.

• Podemos dizer que Lídia tinha uma necessidade intelectual. Pelo menos o que Lucas fala dela é que, enquanto “ouvia” (v. 14), o Senhor abriu seu coração, referindo-se na verdade à sua mente, para entender o que Paulo estava dizendo, da mesma forma como ele havia aberto a mente de seus discípulos para que pudessem entender as Escrituras (Lc 24.45). Antes, talvez fosse uma oriental desiludida, sendo, então, atraída pelo judaísmo. Mas ela ainda não estava intelectualmente satisfeita.
• A jovem escrava possuía uma necessidade psicológica. É verdade que ela possuía um espírito mau que precisava ser exorcizado, mas uma possessão, tanto naquela época como agora, pode ter consequências psicológicas terríveis. Como ser humano, ela tinha perdido sua identidade, sua individualidade. Se socialmente, como escrava, ela pertencia aos seus senhores, psicologicamente ela pertencia ao espírito que a controlava. Ela estava numa dupla escravidão. Mas ao encontrar Cristo (pois creio que Lucas quer que entendamos que ela se converteu, além de ter sido libertada), ela se encontrou. Ela voltou a ser uma pessoa integrada.
• Quanto ao carcereiro, podemos dizer que sua necessidade era de natureza moral. Pelo menos sabemos que sua consciência foi despertada, já que ele implorou para saber como ser salvo.

As necessidades dos seres humanos não mudam muito com o passar dos anos, mas Jesus Cristo pode vir ao encontro delas e satisfazer nossas aspirações.

É MARAVILHOSO OBSERVAR, EM FILIPOS, O APELO UNIVERSAL DO EVANGELHO (que alcançou pessoas tão diferentes) E SEU EFEITO UNIFICADOR (que os juntou para formar a família de Deus). — É claro que o evangelho também divide uma comunidade, porque alguns o rejeitam, mas ele une aqueles que o aceitam.

É LINDO VER QUE LUCAS ENCERRA SUA NARRATIVA SOBRE FILIPOS COM UMA REFERÊNCIA AOS “IRMÃOS” (v. 40). DE FATO: a comerciante rica, a escrava endemoniada e explorada, e o carcereiro romano rude foram unidos, numa comunhão fraternal, entre si e com os outros membros da igreja. Bem, é verdade que eles tiveram de vencer algumas tensões. Mais tarde, na Carta aos Filipenses, Paulo os exortou:

Filipenses 1.27 O mais importante é que vocês vivam em sua comunidade de maneira digna das boas-novas de Cristo. Então, quando eu for vê-los novamente, ou mesmo quando ouvir a seu respeito, saberei que estão firmes e unidos em um só espírito e em um só propósito, lutando juntos pela fé que é proclamada nas boas-novas.

Filipenses 2.2-4 Então completem minha alegria concordando sinceramente uns com os outros, amando-se mutuamente e trabalhando juntos com a mesma forma de pensar e um só propósito. ³Não sejam egoístas, nem tentem impressionar ninguém. Sejam humildes e considerem os outros mais importantes que vocês. ⁴Não ­procurem apenas os próprios interesses, mas preocupem-se também com os interesses alheios.

Mesmo assim, apesar de terem que ser exortados e encorajados, todos eles pertenciam à mesma comunidade de Cristo. — Nós, que vivemos numa era de desintegração social, também precisamos (e temos condições de) demonstrar o poder unificador do evangelho da cruz de Cristo: o único capaz de construir uma nova humanidade.

A PERGUNTA MAIS IMPORTANTE

A nova humanidade depende da resposta à pergunta mais importante feita e respondida neste capítulo: “Senhores, que devo fazer para ser salvo?” (v. 30), perguntou o carcereiro. “Creia no Senhor Jesus, e você e sua família serão salvos” (v. 31), respondeu Paulo.

Ou seja:

Arrependa-se. Creia. Confesse sua fé através do batismo. Integre-se à igreja. Disponha-se a servir. É desse modo que o mundo vai, gradualmente, tornando-se uma nova humanidade. É desse modo que os crentes demonstram ao mundo quem é e como deve viver a nova humanidade.

E NÃO SE ESQUEÇA: a nova humanidade é construída [1.] pela pregação do evangelho, [2.] sob a perseguição da igreja, [3.] pela providência divina e [4.] a postura dos crentes. O resultado [5.] é o povo de Deus, a nova humanidade em Cristo Jesus. Só o evangelho de Jesus Cristo é capaz de unir um povo tão diferente assim em um só corpo e lugar – e isso pela salvação e a santificação pela graça, por meio da fé em Cristo.

S.D.G. L.B.Peixoto