13.11.2022
[Atos 18.1-18a] 1Algum tempo depois, Paulo deixou Atenas e foi para Corinto. 2Ali encontrou um judeu chamado Áquila, natural do Ponto, que havia chegado recentemente da Itália com sua esposa, Priscila, depois que Cláudio César expulsou todos os judeus de Roma. 3Paulo foi morar e trabalhar com eles, pois eram fabricantes de tendas, como ele. 4Todos os sábados, Paulo ia à sinagoga e buscava convencer tanto judeus como gregos. 5Depois que Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, Paulo se dedicou totalmente à pregação da palavra e testemunhava aos judeus que Jesus era o Cristo. 6Mas, quando eles se opuseram a Paulo e o insultaram, ele sacudiu o pó da roupa e disse: “Vocês são responsáveis por sua própria destruição! Eu sou inocente. De agora em diante, pregarei aos gentios”. 7Então saiu dali e foi à casa de Tício Justo, um gentio temente a Deus que morava ao lado da sinagoga. 8Crispo, o líder da sinagoga, e toda a sua família creram no Senhor. Muitos outros em Corinto também ouviram Paulo, creram e foram batizados. 9Certa noite, o Senhor falou a Paulo numa visão: “Não tenha medo! Continue a falar e não se cale, 10pois estou com você, e ninguém o atacará nem lhe fará mal, porque muita gente nesta cidade me pertence”. 11Então Paulo permaneceu ali um ano e meio, ensinando a palavra de Deus. 12Quando Gálio se tornou governador da Acaia, alguns judeus se levantaram contra Paulo e o levaram diante do governador para ser julgado. 13Eles o acusaram de convencer as pessoas a adorar a Deus de maneira contrária à lei judaica. 14Mas, assim que Paulo começou a apresentar sua defesa, Gálio se voltou para os acusadores e disse: “Ouçam, judeus! Se sua queixa envolvesse algum delito ou crime grave, eu teria motivo para aceitar o caso. 15Mas, como se trata apenas de uma questão de palavras e nomes e da sua lei, resolvam isso vocês mesmos. Recuso-me a julgar essas coisas”. 16E os expulsou do tribunal. 17A multidão agarrou Sóstenes, o novo líder da sinagoga, e o espancou ali mesmo, no tribunal. Gálio, no entanto, não se importou com isso. 18Paulo ainda permaneceu em Corinto por algum tempo. […]
Esta será a quarta e última parada que faremos em Corinto. NA PRIMEIRA VEZ, destacamos a fidelidade de Deus em contraste com a infidelidade dos homens. NA SEGUNDA PARADA, dedicamos nosso tempo para investigar as características da cidade – Corinto era uma cidade cosmopolita, comercial e carnal (perfil idêntico à maioria dos grandes centros urbanos de nosso país) – ; e vimos que Deus mesmo faz prosperar o evangelho nos lugares difíceis e conforta seus filhos no meio das piores situações. NA TERCEIRA PARADA, analisamos as razões pelas quais Paulo estaria tão atribulado e desencorajado. — Versículo 9: “Certa noite, o Senhor falou a Paulo numa visão: “Não tenha medo! Continue a falar e não se cale”. — Por que Paulo estaria atribulado?
Olhando para o que aconteceu ao apóstolo – no período que antecedeu sua chegada e também para a maneira como ele se comportou quando desembarcou em Corinto – , descobriremos algumas das razões pelas quais ele estava tão desanimado – talvez até pensando mesmo em se calar. Investigamos os seguintes: [1.] suas recorrentes e cruéis dificuldades; [2.] seus poucos resultados em Atenas; [3.] sua privação de comunhão; [4.] a falta de dinheiro; e [5.] a rejeição e o abuso dos judeus.
Paulo, portanto, tinha amplos motivos para estar desanimado ou se sentir desencorajado. Mas agora vem a boa notícia. Nesse exato momento, quando Paulo estava no mais baixo nível de desânimo, Deus interveio de várias maneiras importantes para encorajá-lo.
1. Deus enviou Silas e Timóteo (comunhão)
Paulo tentou realizar sozinho a obra em Atenas, e ele estava tentando realizá-la sozinho também em Corinto. Mas parece que o apóstolo tinha atingido seu limite.
Às vezes achamos que conseguiremos continuar sozinhos, mas não conseguimos, pelo menos não por muito tempo. Precisamos um do outro. Essa é uma razão pela qual Deus nos deu a igreja, e é por isso que ele estabeleceu uma pluralidade de liderança na igreja: presbíteros e diáconos. O trabalho cristão deve ser um esforço de equipe.
Embora por razões perfeitamente válidas, Paulo foi sozinho e começou sozinho a obra em Corinto, mas Deus sabia que ele precisava de ajuda e, portanto, fez com que Silas e Timóteo fossem do sul da Macedônia até Paulo na Acaia para ajudá-lo em Corinto; Deus providenciou comuna para o apóstolo. Leia:
Atos 18.4-5 4Todos os sábados, Paulo ia à sinagoga e buscava convencer tanto judeus como gregos. 5Depois que Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, Paulo se dedicou totalmente à pregação da palavra e testemunhava aos judeus que Jesus era o Cristo.
Deus enviou Silas e Timóteo. Deus providenciou comunhão. Tem mais.
2. Deus supriu Paulo financeiramente (provisão)
Quando Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, trouxeram ajuda financeira das igrejas macedônias: 2Coríntios 11.9 (ARA) — os irmãos [Silas e Timóteo], quando vieram da Macedônia [Filipos, Tessalônica e Bereia], supriram o que me faltava”. As igrejas em Filipos, Tessalônica e Bereia devem ter concluído: “Paulo está sozinho lá em Corinto! Como esta se sentindo? E se ele não tiver dinheiro para se manter? Se não puder nem comprar comida para comer? Ele terá de trabalhar! Se for esse o caso, tomará tempo de seu preparo e de sua pregação. Vamos fazer uma coleta e fazer com que Silas e Timóteo levem dinheiro para ele.” Então eles enviaram ofertas a Paulo, via Silas e Timóteo.
Penso que é assim que Atos 18.5 deve ser interpretado. Paulo não precisava mais trabalhar na fabricação de tendas. A ajuda financeira dos macedônios o liberou para fazer o que ele foi particularmente chamado por Deus para fazer — Atos 18.5 — “Depois que Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, Paulo se dedicou totalmente à pregação da palavra e testemunhava aos judeus que Jesus era o Cristo.”
Deus supriu Paulo financeiramente. Deus é Deus de provisão.
3. Deus abençoou a atividade missionária de Paulo (frutificação)
Embora Paulo não tivesse tido grande sucesso em sua pregação inicial na sinagoga (At 18.4-6), Deus agora começou a lhe dar os frutos de seus esforços. Observe:
Atos 18.7-8 7Então saiu dali e foi à casa de Tício Justo, um gentio temente a Deus que morava ao lado da sinagoga. 8Crispo, o líder da sinagoga, e toda a sua família creram no Senhor. Muitos outros em Corinto também ouviram Paulo, creram e foram batizados.
De fato, foi lento e penoso o começo do trabalho na cidade de Corinto. Só que agora, pela graça de Deus, a palavra de Deus estava começando a fazer efeito. O Espírito Santo estava abençoando os esforços de Paulo. Resultado: homens e mulheres – um aqui, dois ali, outros acolá – estavam começando a colocar sua fé em Jesus Cristo.
Deus abençoou a atividade missionária de Paulo. Deus causou frutificação.
4. Deus falou com Paulo (edificação)
Outra coisa que Deus fez para encorajar Paulo foi falar com ele, garantido-lhe que seu trabalho – árduo trabalho! – não seria vão no Senhor lá na cidade de Corinto:
Atos 18.9-10 9Certa noite, o Senhor falou a Paulo numa visão: “Não tenha medo! Continue a falar e não se cale, 10pois estou com você, e ninguém o atacará nem lhe fará mal, porque muita gente nesta cidade me pertence”.
Cada expressão do que Deus disse a Paulo merece atenção especial.
1. “Não tenha medo!” (v. 9). O quê? Paulo com medo? Paulo, que resistiu a um apedrejamento, que sofreu horrível espancamento, que cantou canções de louvor enquanto estava no tronco e na prisão em Filipos, que sofreu cruel apedrejamento e foi dado como morto… poderia esse mesmo Paulo estar com medo? Sim. O apóstolo deve ter ficado com medo. Afinal, Deus não desperdiça palavras e Deus estava lhe dizendo para não temer — “Não tenha medo!”. Paulo deve ter ficado com medo por causa da hostilidade dos judeus e do que poderia acontecer com ele novamente.
2. “Continue a falar e não se cale” (v. 9). Por que essas palavras? Afinal, falar é o que Paulo sempre fazia. Esse era o seu chamado. Como Paulo poderia fazer outra coisa senão continuar falando? Obviamente, o apóstolo deve ter sido tentado a parar de falar. — NA SITUAÇÃO DELE HOJE, PODERÍAMOS PENSAR: temos pregado e ensinado, mas não está dando frutos; talvez devêssemos procurar uma metodologia diferente: dança litúrgica, talvez; talvez devêssemos perguntar qual é o interesse das pessoas; talvez algum método novo; algo diferente tem de ser tentado… MAS Deus não disse a Paulo para mudar seus métodos. Os resultados, por vezes, eram sim escassos, mas Deus disse: “Continue falando. Continue ensinando. Continue pregando.” — Por quê? — Porque Deus escolheu trazer homens e mulheres a Cristo através de sua Palavra pregada: 1Coríntios 1.21 — “Visto que Deus, em sua sabedoria, providenciou que o mundo não o conhecesse por meio de sabedoria humana, usou a loucura de nossa pregação para salvar os que creem.” E continuou, o apóstolo:
1Coríntios 1.22-25 22Pois os judeus pedem sinais, e os gentios buscam sabedoria. 23Assim, quando pregamos que o Cristo foi crucificado, os judeus se ofendem, e os gentios dizem que é tolice. 24Mas, para os que foram chamados para a salvação, tanto judeus como gentios, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus. 25Pois a “loucura” de Deus é mais sábia que a sabedoria humana, e a “fraqueza” de Deus é mais forte que a força humana.
Deus falou com Paulo: [1.] Não tenha medo! [2.] Continue a falar e não se cale. E mais…
3. “Eu estou com você” (v. 10). De fato, essa é uma reafirmação ipsis litteris do que Jesus havia dito aos discípulos na Grande Comissão, e tenho certeza de que Paulo a reconheceu como tal: Mateus 28.20 (ARA) — “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” — Será que Paulo havia se perguntado se Deus realmente estava com ele? Penso que nunca pensou nesses termos. Paulo sabia que Deus estava com ele, assim como você e eu sabemos que Deus está conosco. Deus disse: Deuteronômio 31.6 — “Portanto, sejam fortes e corajosos! Não tenham medo e não se apavorem diante deles. O SENHOR, seu Deus, irá adiante de vocês. Ele não os deixará nem os abandonará.” O autor de Hebreus (Hb 13.5) repete essa verdade: “Não o deixarei; jamais o abandonarei.” Se Deus disse, é verdade. Ao mesmo tempo, pergunto-me se, em seu desânimo, Paulo também não se sentiu abandonado, assim como nós nos sentimos? Talvez, sim! Talvez. Deus falou com Paulo “Eu estou com você.” E disse mais…
4. “Ninguém o atacará nem lhe fará mal” (v. 10). O mesmo tipo de problema que Paulo havia anteriormente experimentado estava prestes a se repetir aqui em Corinto. Lemos sobre isso dois versículos adiante: Atos 18.12 — “alguns judeus se levantaram contra Paulo e o levaram diante do governador para ser julgado.” — Eles tentaram machucá-lo, mas falharam. Gálio era o procônsul (governador) em Corinto. Ele foi sábio e reconheceu que isso não era uma questão de jurisdição civil. Era uma disputa sobre religião – ele sabia! – e por isso, corretamente, mandou arquivar o caso no seu tribunal. Como John Stott escreveu: “A recusa de Gálio em levar a sério o caso judaico contra Paulo e julgá-lo no tribunal foi muito importante para o futuro do evangelho. De fato, essa recusa foi um veredicto favorável à fé cristã e, assim, estabeleceu um precedente significativo. [Criou jurisprudência!] O evangelho não podia agora ser acusado de ilegalidade, pois sua liberdade como religio licita havia sido assegurada como política imperial.”
5. “Muita gente nesta cidade me pertence” (v. 10). De todas as coisas que Deus disse a Paulo na visão, sem dúvida, esta foi a mais importante: “Muita gente nesta cidade me pertence”. — De quais pessoas Deus estava falando? — Não eram aquelas às quais Paulo já havia falado, que já haviam crido, porque não eram muitos, apenas alguns. Se Deus disse: “Muita gente nesta cidade me pertence”, deve ter sido porque Deus, que é o único capaz de ver o futuro e determiná-lo, estava olhando para frente, dizendo que pela pregação da Palavra através do ministério de Paulo ele levaria muitas pessoas (os eleitos de Deus) à fé em Jesus Cristo. Eles eram seu povo e eles permaneceriam juntos como igreja e dariam testemunho nessa cidade tão corrompida. O poder do evangelho para a salvação justificou, salvou e santificou os eleitos de Deus em Corinto! Não canso de ler:
1Coríntios 6.9-11 9Vocês não sabem que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não se enganem: aqueles que se envolvem em imoralidade sexual, adoram ídolos, cometem adultério, se entregam a práticas homossexuais, 10são ladrões, avarentos, bêbados, insultam as pessoas ou exploram os outros não herdarão o reino de Deus. 11Alguns de vocês eram assim, mas foram purificados e santificados, declarados justos diante de Deus no nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de nosso Deus.
Imediatamente após ter recebido essa palavra do céu — versículo 9-10: “Não tenha medo! Continue a falar e não se cale, pois estou com você, e ninguém o atacará nem lhe fará mal, porque muita gente nesta cidade me pertence” —, lemos em Atos 18.11: “Então Paulo permaneceu ali um ano e meio, ensinando a palavra de Deus.” Antes de Deus falar desse modo tão íntimo, Paulo passava se mudando de um lugar para outro. Ele ficava uma semana aqui, três semanas ali e um mês em outro lugar. Mas estava sempre seguindo em frente. Só que assim que Deus falou com ele nos termos que lemos em Atos 18.9-10, Paulo mudou de tática e permaneceu. E sabe o que aconteceu? As pessoas vieram a Cristo e creram em Cristo para a salvação. Além disso, sua experiência em Corinto foi um ponto de virada que afetou tudo o que Paulo fez a partir desse ponto.
A PRÓXIMA GRANDE CIDADE que Paulo visitaria seria Éfeso; ficaria lá três anos. Então seria preso em Cesareia por dois anos. Eventualmente, chegaria a Roma, e lá passaria vários anos. Paulo não era mais um missionário beija-flor, embora reconhecesse que ainda tinha o mesmo chamado para levar o evangelho por todo o mundo romano. É como se o apóstolo agora criasse raízes e começasse a ensinar com profundidade por um período mais longo de tempo, para que aqueles que estavam sendo ganhados para Cristo pudessem ser fielmente fundamentados na Bíblia.
NÃO PODEMOS PEGAR UM TEXTO como este e simplesmente transferi-lo para nós mesmos, como se Deus estivesse dizendo coisas idênticas para nós: Ninguém jamais o atacará… Ninguém irá prejudicá-lo… Tenho muitas pessoas na cidade… Sabemos que na prática não é assim que funciona. No entanto, não podemos deixar de pensar que, se Deus nos colocou em um determinado lugar, é porque ele tem uma obra para nós fazermos lá, e por isso mesmo devemos ser encorajados e permanecer e fazer essa obra da melhor maneira possível, com o melhor de nossas habilidades. Nosso trabalho é seguir em frente, sabendo que Deus está conosco, buscando salvar suas ovelhas espalhadas pelo mundo.
Vimos o estado de perturbação de Paulo (e suas possíveis razões) e abordamos o modo como Deus confortou Paulo na tribulação – enviou Silas e Timóteo (comunhão), supriu suas necessidades financeira (provisão), abençoou sua atividade missionária (frutificação) e falou com ele em intimidade (edificação).
Para terminar, permitam-me traçar algumas estratégias indispensáveis para alcançarmos Goiânia, Goiás, Brasil e o mundo com o evangelho.
Concluo com estas palavras de Paulo Anglada:
Que segurança! Aquele a quem todo poder foi conferido sobre os céus e sobre a terra continua a acompanhar e a cuidar do seu povo [Jesus!; a promessa da Grande Comissão em Mateus 28.19-20]. O “Deus que conforta os abatidos” (2Co 7.6) continua a encorajar os seus servos em momentos de dúvida, temor e abatimento, por meio da sua soberana providência e graça, como fez com Paulo, e tem feito com todos os seus servos no decurso da história [tudo isso para o avanço do evangelho].
S.D.G. L.B.Peixoto
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