26.02.2023
[Gênesis 1.1-2] 1No princípio, Deus criou os céus e a terra. 2A terra era sem forma e vazia, a escuridão cobria as águas profundas, e o Espírito de Deus se movia sobre a superfície das águas.
O estudo do livro de Gênesis, à luz de tantas especulações e de visões conflitantes sobre a origem da vida e do universo, coloca-nos a necessidade de buscar alguma compreensão, ainda que genericamente, das principais teorias da Criação. Foi exatamente isto o que fizemos nas últimas mensagens desta série: nós examinamos quatro pontos de vista concorrentes da criação [há outros, como se pode achar na Teologia Sistemática de Grudem, 2ª edição, cap. 15: A Criação; mas estas que já estudamos são as principais]: [1.] a evolução ateísta, [2.] a evolução teísta, [3.] a teoria do intervalo e [4.] o criacionismo de seis dias literais. Abordamos os principais pontos fortes e respectivos pontos fracos de cada uma das quatro. Descartamos tanto a evolução ateísta, claro!, quanto a evolução teísta. Demonstramos as gritantes incoerências bíblicas da teoria do intervalo ou da recriação. Sobre a teoria da criação de seis dias literais nós dissemos que ela merece sim o nosso respeito e consideração. Mas mesmo essa tem suas dificuldades – exegética e científicas –, como vimos na última mensagem.
Nos últimos anos, como aponta James M. Boice, surgiu uma quinta abordagem com o propósito de explicar o processo de criação, e ela merece a nossa apreciação; estamos falando do criacionismo progressivo. A ideia na cabeça das pessoas que adotam essa teoria para explicar a Criação (eu me incluo aqui) é que pela palavra de Deus (a revelação especial e infalível de Deus) e pela revelação limitada, mas ainda assim extensa e maravilhosa de Deus na natureza (a revelação geral de Deus) – percebida e compreendida pela razão guiada pela Escritura –, é possível sim obter uma estrutura de pensamento que seja capaz de explicar o processo divino de Criação e nos incitar ao louvor do Criador, o Deus trino: Pai, Filho e Espírito Santo.
RESUMIDAMENTE: a teoria da criação progressiva diz que Deus, do nada – ex nihilo –, criou a vida e a matéria, criou o mundo, o universo e tudo o que nele há, e assim o fez de modo direto, deliberado e definido, isto é, sem deixar nada ao “acaso” ou entregue à natureza por si só; mas a tudo criou durante longos períodos de tempo que correspondem aproximadamente às eras geológicas, e ainda está acontecendo. Trocando em miúdos: o criacionismo progressivo demonstra como as teorias científicas atuais sobre as origens do universo e a formação da Terra correspondem à revelação em Gênesis.
Esta abordagem não é totalmente nova, argumenta Boice. Por exemplo: Davis A. Young, filho do conhecido e saudoso professor de Antigo Testamento do Seminário Teológico de Westminster, Edward J. Young, em 1977 publicou um livro intitulado Creation and the Flood: An Alternative to Flood Geology and Theistic Evolution [Criação e Dilúvio: Uma Alternativa à Geologia do Dilúvio – que é a teoria dos seis dias literais – e à Evolução Teísta]. Mais recentemente, em 2008 pela IVP Press, Young, juntamente com Ralph F. Stearley, publicou The Bible, Rocks and Time: Geological Evidence for the Age of the Earth [A Bíblia, Rochas e Tempo: Evidência Geológica para a Idade da Terra]. Para esses autores, os dias da criação de Gênesis 1 apontam para períodos de criação – no sentido de que o trabalho iniciado nos dias anteriores continua a se desenvolver de alguma forma durante os dias posteriores. Por exemplo: embora o relato de Gênesis coloque a criação de plantas e de árvores no terceiro dia, o aparecimento de algumas novas formas de vegetação em períodos geológicos tardios são também verificáveis; embora a luz tenha sido criada no primeiro dia, o aparecimento do sol e da lua se dá no quarto dia; etc.
James M. Boice afirma que essa visão – a teoria da criação progressiva – é sustentada por muitos cristãos que estão em campos científicos, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, embora não tenham publicado livros sobre sua posição. Nós a visualizaremos como um todo na próxima mensagem, quando sobrevoaremos a narrativa de Gênesis 1.1-31 em busca da visão panorâmica da Criação. Hoje nós nos ocuparemos de responder a algumas das principais questões que se colocam para esta teoria. Ei-las:
[Utilizarei os argumentos de Wayne Grudem; capítulo 15, pág. 444-458]
Se, como vimos em mensagem anterior, não dá para ser dogmático na defesa de 6 dias literais de 24 horas cada para a Criação, uma vez que, como vimos, os “dias” da criação podem ser interpretados como longos, bem longos períodos de tempo, logo, biblicamente falando, seria possível adotar a visão de uma Terra antiga. Ora, a revelação especial de Deus – a Bíblia – não se propõe a revelar a idade da Terra, mas pela revelação geral de Deus na criação, apesar de todas as suas limitações, é possível sim conferir, ainda que aproximadamente, a idade da Terra e do universo.
Pois bem, o que faremos agora será sintetizar alguma coisa dos achados científicos que comprovam uma Terra muito antiga (cerca de 4,5 bilhões de anos) e um universo ainda mais antigo (cerca de 13,8 bilhões de anos). EIS A SÍNTESE DE ALGUNS DOS ARGUMENTOS CIENTÍFICOS, de diversas áreas da ciência – e note que todas concluem a favor de uma idade antiga para a Terra (o que se segue é só esboço; você poderá se aprofundar em Wayne Grudem, págs. 451-458):
O ritmo de expansão do universo. Os astrônomos conseguem medir a distância entre a Terra e várias estrelas e galáxias. Também conseguem medir a velocidade em que elas se afastam de nós. Com esses dois dados, conseguem “retroceder” e descobrir há quanto tempo o universo está em processo de expansão. E o que se verifica é uma idade média do universo de cerca de 13,8 bilhões de anos. Detalhe: pelo menos três métodos diferentes de verificação independentes chegam consistentemente ao mesmo resultado. Métodos como esses, por exemplo, permitem medir distâncias entre o nosso sistema solar e galáxias que estão a 23 milhões, 162 milhões e até 470 milhões de anos-luz de distância.
A luz das estrelas de bilhões de anos passados. Muitas estrelas estão tão distantes da Terra que levaria milhões ou até bilhões de anos para que sua luz chegasse a nós. Esse tipo de evidência exige uma breve análise a respeito da velocidade da luz. A velocidade da luz (no vácuo) é de aproximadamente trezentos mil quilômetros por segundo, e o Sol está a 149.600.000 quilômetros da Terra. Isso significa que leva um pouco mais de oito minutos para a luz do Sol chegar até nós. Portanto, quando vemos o nascer ou o pôr do sol, não estamos vendo o Sol como está no exato momento, mas como o Sol estava oito minutos antes. Esse princípio também se aplica à luz de outras estrelas. Quando olhamos através de um telescópio, por exemplo para a Alfa Centauri (a estrela mais próxima de nós, depois do Sol), estamos olhando uma estrela que está a 4,4 anos-luz da Terra, o que significa que a luz dessa estrela levou 4,4 anos para chegar até nós. Portanto o que vemos é a Alfa Centauri como era há 4,4 anos. Utilizando esse processo, os astrônomos estão efetivamente acessando a história passada das estrelas e galáxias. Quando eles veem galáxias que estão muito distantes (a bilhões de anos-luz de distância), estão olhando para um tempo muito antigo na história dessa galáxia (há bilhões de anos, visto que levou esse tempo para que a luz chegasse a nós). Esse fato por si só é mais uma evidência de um universo que tem bilhões de anos.
A idade das anãs brancas. [Uma anã branca é um remanescente estelar composto principalmente por matéria eletronicamente degenerada.] Ao medir a luminosidade e a cor das anãs brancas frias, os astrônomos podem determinar por quanto tempo as anãs brancas estiveram esfriando. O tempo de esfriamento das anãs brancas mais antigas excede dez bilhões de anos. Se acrescentarmos a isto o tempo necessário para a formação das estrelas e sua nucleossíntese [processo de combustão da estrela] para se tornarem anãs brancas, isso resulta em uma idade para o universo equivalente a aproximadamente 13,8 bilhões de anos.
Enfim, você poderá se aprofundar e verificar, por exemplo: o ciclo de combustão de estrelas, a estabilidade atual do sol (indicando ser uma estrela de meia idade, entre cinquenta milhões e poucas centenas de milhões de anos), temperaturas de radiação cósmica de fundo, camadas de gelo nas partes centrais da Antártida, camadas de corais, camadas de sedimentos no fundo de lagos pesquisados no Japão e noutras localidades, múltiplos tipos de datação radiometria das rochas, a separação dos continentes (cerca de 2,8 a 4,3 centímetros por ano; o que indica que os continentes começaram a se separar a 180 milhões de anos). Tudo isso aponta para uma Terra muito antiga (cerca de 4,5 bilhões de anos) e um universo ainda mais antigo (cerca de 13,8 bilhões de anos).
Ademais, importa dizer o seguinte: nenhum cientista jamais foi convencido da teoria da Terra jovem unicamente por evidências científicas [valeram-se também da Bíblia]. Grudem cita Hugh Ross, que frequentemente tem interagido com adeptos da Terra jovem, o qual escreveu:
John Morris, engenheiro geológico e atual professor do Institute for Creation Research (ICR) [Instituto para a Pesquisa da Criação], certa vez reconheceu em uma entrevista no rádio que jamais encontrou (ou ouviu falar de) um cientista que se convenceu unicamente com base na ciência de que o universo ou a Terra tem somente milhares de anos. Vários outros defensores proeminentes da Terra jovem, quando perguntados, afirmaram a mesma coisa.
Essa situação é radicalmente diferente do argumento a respeito da evolução versus a criação por design inteligente, — por quê? — ora, a quantidade incrível de evidências científicas para o design inteligente, vindas de uma complexidade incrível e de grandes quantidades de informações exigidas para organismos vivos, tem persuadido numerosos cientistas não cristãos de que a teoria da evolução de Darwin não consegue explicar a origem de seres vivos. As evidências científicas para o design inteligente são muito fortes e continuam aumentando a cada ano. Mas esse não é o caso para argumentos científicos em prol de uma Terra jovem. OU SEJA: a ciência consegue provar que há um Criador, mas não oferece qualquer respaldo para uma Terra jovem. ORA, se a ciência serve para nos apontar para o Criador, porque ela não serviria para demonstrar o processo de criação utilizado pelo Criador (já que tal explicação não é o propósito das Escrituras)?
Quantos anos tem a raça humana? Esta é uma questão problemática, porque parece haver enorme conflito entre o relato em Gênesis e a aparente evidência da ciência neste ponto. A Bíblia parece sugerir que o homem tenha alguns poucos milhares de anos; de fato, estudos das genealogias Bíblicas (lembrando-se de que há lacunas em todas elas) sugerem que o homem tenha oito, dez e até vinte mil anos. Por outro lado, os antropólogos falam do homem ou de criaturas semelhantes ao homem na casa de 250 mil a até 3,5 e 4 milhões de anos: fala-se de hominídeos do gênero Australopitecos e depois deles, após extinção desses, uma nova linhagem: o gênero Homo – Homo Habilis, Homo Erectus, Homo Ergaster, Homo Neanderthalensis, Homo Sapiens e Homo Sapiens Sapiens (o homem moderno, com cérebro bem desenvolvido e capacidade de raciocínio, comunicação e inteligência).
E aí? De que modo os cristãos devem responder a essa questão?
Ora, os cristãos, com razão, apegam-se à veracidade de Gênesis para a origem do ser humano, ao mesmo tempo que não podem deixar de ser coerentes como aquilo que a boa ciência apresenta em seus achados. Portanto, como se resolve esse problema?
James B. Boice fala de um cientista americano, Robert A. Erb, que concluiu que o “homem” dos achados fósseis não são necessariamente “homem”, e que os cristãos prestam um desserviço a si mesmos quando consideram todos esses achados como descendentes ou mesmo ascendentes de Adão (hominídeos). O Dr. Erb escreveu:
Eu creio em um Adão histórico e tenderia a datá-lo perto do início do período Neolítica (pedra nova) no Oriente Próximo (cerca de 7.000 a 2.500 a.C.). De fato, esse passo na obra criadora de Deus pode ser a causa do que é conhecido como a Revolução Neolítica, com a domesticação de plantas e animais, a construção de cidades, a invenção da cerâmica, o início da escrita e coisas assim. Que Adão não pertence ao Paleolítico Superior de 30.000 anos atrás, tampouco a eras anteriores, é sugerido pelos seguintes: [1.] a domesticação de plantas e animais no relato de Caim e Abel (Gn 4.2) e Caim construindo uma cidade (Gn 4.17). Em cerca de seis gerações (desconsiderando as prováveis lacunas na genealogia), Tubalcaim trabalhava com metais (Gn 4.22) e Jubal fazia música (Gn 4.21). [Tudo isso comprova o Neolítico!]
Outra possibilidade parece ser a criação de Adão e Eve (e seus descendentes) no período chamado de Paleolítico Superior (40.000 a 30.000 a.C.). Neste ponto, a conclusão de Wayne Grudem é bastante apropriada:
Sem dúvida, a existência da criatividade, da tecnologia e da arte como pinturas fornece evidências a favor da existência de seres humanos. Se os métodos de datação atuais são precisos, isso colocaria os seres humanos na Terra entre 35 mil e 40 mil anos atrás. Os adeptos da Terra jovem questionam os métodos de datação e afirmam que os seres humanos apareceram na Terra há não mais do que 6 mil anos. Minha própria perspectiva é de que não tenho o conhecimento para avaliar os métodos de datação utilizados. Um período entre 35 mil e 40 mil anos parece um tempo muito extenso para mim, mas não impossível, se permitirmos lacunas significativas nas genealogias de Gênesis. Lá atrás, em 1911, Benjamin B. Warfield, [teólogo reformado e] professor de Princeton, escreveu: “A questão da antiguidade do homem por si só não tem significado teológico algum. É para a teologia uma questão de total indiferença quanto tempo o homem já existe na terra”.
A conclusão que, de fato, parece ser apropriada para o cristão é que, embora a Terra e o universo possam realmente ser bastante antigos (na ordem de bilhões de anos), não há necessidade de insistir em que o homem tenha milhões de anos e tampouco que tenha descendido dos hominídeos ou primatas – como atestam as teorias da evolução ateísta e teísta. A criação do homem por Deus pode sim, pela ciência, ser tão recente quanto as genealogias do Gênesis parecem indicar. Eu ficaria com a tese de que Adão e Eva (e seus descendentes) foram criados por Deus no período Neolítico (cerca de 7.000 a 2.500 a.C.).
Talvez o argumento mais forte contra a teoria da criação progressiva seja que esta introduz a morte no mundo antes da queda (e até da criação) de Adão. O argumento é este: se a morte é o castigo pelo pecado, como a Bíblia parece indicar, e se esse castigo foi imposto a todo o mundo (incluindo os animais) como resultado do pecado de Adão, então não poderia ter havido morte no mundo antes de Adão; portanto, o registro fóssil deve ser pós-adâmico, pós-queda de Adão, apenas como resultado do dilúvio universal, afirmam os da teoria dos seis dias literais.
Contudo, no caso dos defensores da tese da Terra antiga (a teoria da criação progressiva), trata-se de um argumento de peso. Há na terra milhões de fósseis aparentemente antigos, bastante antigos de fato (anteriores, inclusive ao dilúvio). Ora, seriam esses fósseis de animais que viveram e morreram em tempos bem anteriores à criação de Adão e Eva? Deus criou um reino animal sujeito à morte desde o momento da criação? É bem possível, argumenta Wayne Grudem.
Sem dúvida, havia morte no mundo vegetal se Adão e Eva deveriam se alimentar de plantas (e animais? Calvino: Gn 2.17 e 9.3). Quanto aos animais, se Deus fez uma criação original em que os animais se reproduzissem e vivessem eternamente, a terra logo estaria superpovoada e sem esperança alguma de redução populacional. Mesmo que não houvesse animais carnívoros comendo outros animais, é possível que os animais simplesmente tenham envelhecido e morrido pacificamente.
O alerta a Adão em Gênesis 2.17 foi somente de que ele morreria caso comesse do fruto proibido, não que os animais também passariam a morrer – diz o texto de Gênesis: “Se você [Adão] comer desse fruto, com certeza morrerá”. Quando Paulo afirmou (em Romanos 5.12a): “O pecado entrou no mundo por meio de um único homem, e pelo pecado, a morte”, a expressão seguinte deixa claro que ele falava da morte dos seres humanos, não de plantas e animais, pois imediatamente acrescenta (Romanos 5.12b): “assim a morte passou a todos os homens (gr., anthrōpos), porque todos pecaram”. Grudem conclui que “Com base nas informações que temos nas Escrituras, não podemos saber se Deus criou os animais sujeitos ao envelhecimento e à morte desde o início, mas trata-se de uma possibilidade real.” De fato! James M. Boice, declarou o seguinte:
É difícil imaginar um mundo de coisas vivas no qual a morte não ocorra de alguma forma, apenas porque coisas vivas vivem de comer outras coisas vivas. Mesmo assumindo que os carnívoros eram herbívoros antes da queda de Adão, eles ainda tinham de comer plantas, que por isso morriam. Ou não? Os pássaros, por exemplo, não comiam insetos? O peixe não comia outro peixe? É possível imaginar que todos os pássaros comiam apenas frutas; mas mesmo que o peixe comesse plâncton, o plâncton morria.
Em vista desses pontos, os criacionistas progressivos argumentam que a morte realmente existia no mundo antes de Adão – caso contrário, como Adão saberia o que significava a ameaça de morte (Gênesis 2.16-17: “Coma à vontade dos frutos de todas as árvores do jardim, exceto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Se você comer desse fruto, com certeza morrerá”.)? Claro que sugere já existir a morte (no reino animal), só que a morte não era horrorosa para os animais como se tornou para Adão e para nós hoje.
D. A. Young acrescenta:
O máximo que pode ser dito com certeza sobre o efeito da queda nos fenômenos geológicos é que ela introduziu a morte e o sofrimento na raça humana pela primeira vez… Não pode ser provado pelas Escrituras que a maldição resultou em outra coisa senão dor, tristeza, trabalho agonizante e morte para o homem e degradação para a serpente. Idéias sobre mudanças estruturais nos animais, morte entre os animais e transformações drásticas nas leis da natureza, como as leis da termodinâmica, devem, de uma perspectiva bíblica, permanecer para sempre como pura especulação.
E os dinossauros, quando viveram e quando foram extintos? A opinião científica atual sustenta que os dinossauros foram extintos há cerca de 65 milhões de anos, portanto milhões de anos antes do surgimento do homem na terra.
Mas os que defendem uma criação em seis dias de 24 horas e a tese da Terra jovem diriam que os dinossauros estavam entre os seres criados por Deus no mesmo dia da criação do homem (o sexto dia). Diriam, portanto, que os dinossauros e os seres humanos viveram na terra ao mesmo tempo e que depois esses animais foram extintos (quem sabe no Dilúvio). Os defensores da Terra jovem, sem dúvida, divergem dos métodos empregados para chegar a datas tão antigas para os dinossauros.
Entre os que defendem a tese da Terra antiga, os da criação progressiva, alguns diriam que o sexto dia da Criação teve uma duração de milhões de anos (antes da criação de Adão e Eva na era Paleolítica Superior ou Neolítica) e que os dinossauros já estavam extintos quando da criação de Adão e da atribuição de nomes aos animais. Nesse caso, Adão não deu nome aos dinossauros (a Bíblia não diz que ele o fez), mas só às criaturas que viviam na época em que Deus lhe trouxe todos os animais para que lhes atribuísse nomes (Gn 2.19-20). Evidentemente, essa teoria exigiria que já houvesse morte no mundo animal antes do surgimento do pecado (como já visto anteriormente).
Chegamos ao fim de nosso exame das várias visões principais da criação, e pode parecer que quase tudo ainda está em aberto. Para muitos, pode ser o caso; e para todo mundo — qualquer um que consiga enxergar as dificuldades, qualquer que seja a teoria adotada — haverá problemas. Mesmo assim, não é verdade que tudo está em aberto. Sim, nós não resolvemos tudo, mas estabelecemos uma estrutura de pensamento pela qual poderemos avançar neste tema.
PRIMEIRO, descartamos tanto a evolução ateísta quanto a evolução teísta. Isso significa que o mundo do homem e das coisas não surgiu por acaso durante longos períodos da história evolutiva, mas como resultado da atividade criadora direta de Deus.
SEGUNDO, sugerimos que qualquer teoria que tome a Terra como sendo relativamente nova (da ordem de doze mil a vinte mil anos de idade) vai contra evidências científicas muito variadas e independentes; portanto, fica difícil de ser defensável. Alguns contestariam isso, é claro. E tudo bem! Mas, na opinião de muita gente séria e bastante ortodoxa, teologicamente (Grudem, Piper, Boice, etc.), a terra e o universo podem de fato ter bilhões de anos. E a Bíblia não está sendo diminuída por isso, tampouco Deus.
TERCEIRO, apresentamos a possibilidade de Deus ter criado e formado a Terra e a vida em uma série de dias de criação representando longos períodos ou eras. Em vista da aparente idade da Terra, isso não é apenas possível – é provável. Nada se ganha (ou se perde) insistindo que Deus criou todas as coisas em seis dias literais de vinte e quatro horas. Sem falar que essa teoria nos deixa sem parâmetros de medidas para nos maravilharmos com a grandiosidade e a eternidade de Deus. E chega perto de tirar de nós a possibilidade de usar a ciência, a boa ciência, como instrumento de louvor e adoração a Deus. Por outro lado, a teoria da criação progressiva – a doutrina da criação progressiva – nos permitirá reconhecer mais claramente que o estudo científico e tecnológico podem sim glorificar a Deus, uma vez que nos possibilita a descobrir quão incrivelmente sábio, poderoso e habilidoso Deus foi na sua obra criadora. Salmo 111.2-3 “Como são grandiosas as obras do SENHOR! Todos que têm prazer nele devem nelas meditar. Tudo que ele faz revela sua glória e majestade”.
Pois bem, agora nós estamos aptos para mergulhar no texto de Gênesis. Deus permitindo, faremos da seguinte forma, nas mensagens a seguir:
S.D.G. L.B.Peixoto
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