14.05.2023
Gênesis 1.26-27 26Então Deus disse: “Façamos o ser humano à nossa imagem; ele será semelhante a nós. Dominará sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, sobre todos os animais selvagens da terra e sobre os animais que rastejam pelo chão”. 27Assim, Deus criou os seres humanos à sua própria imagem, à imagem de Deus os criou; homem e mulher os criou.
Gênesis 2.21-25 21Então o SENHOR Deus o fez cair num sono profundo. Enquanto o homem dormia, tirou dele uma das costelas e fechou o espaço que ela ocupava. 22Dessa costela o SENHOR Deus fez uma mulher e a trouxe ao homem. 23“Finalmente!”, exclamou o homem. “Esta é osso dos meus ossos, e carne da minha carne! Será chamada ‘mulher’, porque foi tirada do ‘homem’”. 24Por isso o homem deixa pai e mãe e se une à sua mulher, e os dois se tornam um só. 25O homem e a mulher estavam nus, mas não sentiam vergonha.
Gênesis 3.1-7 1A serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens que o SENHOR Deus havia criado. Certa vez, ela perguntou à mulher: “Deus realmente disse que vocês não devem comer do fruto de nenhuma das árvores do jardim?”. 2“Podemos comer do fruto das árvores do jardim”, respondeu a mulher. 3“É só do fruto da árvore que está no meio do jardim que não podemos comer. Deus disse: ‘Não comam e nem sequer toquem no fruto daquela árvore; se o fizerem, morrerão’.” 4“É claro que vocês não morrerão!”, a serpente respondeu à mulher. 5“Deus sabe que, no momento em que comerem do fruto, seus olhos se abrirão e, como Deus, conhecerão o bem e o mal.” 6A mulher viu que a árvore era linda e que seu fruto parecia delicioso, e desejou a sabedoria que ele lhe daria. Assim, tomou do fruto e o comeu. Depois, deu ao marido, que estava com ela, e ele também comeu. 7Naquele momento, seus olhos se abriram, e eles perceberam que estavam nus. Por isso, costuraram folhas de figueira umas às outras para se cobrirem.
Gênesis 3.11-16 11“Quem lhe disse que você estava nu?”, perguntou Deus. “Você comeu do fruto da árvore que eu lhe ordenei que não comesse?” 12O homem respondeu: “Foi a mulher que me deste! Ela me ofereceu do fruto, e eu comi”. 13Então o SENHOR Deus perguntou à mulher: “O que foi que você fez?”. “A serpente me enganou”, respondeu a mulher. “Foi por isso que comi do fruto.” […] 16À mulher ele disse: “Farei mais intensas as dores de sua gravidez, e com dor você dará à luz. Seu desejo será para seu marido, e ele a dominará”.
A crise dos gêneros que nossa sociedade está vivendo pede por uma resposta à altura, a única resposta verdadeiramente terapêutica ou curadora: a cosmovisão judaico-cristã. É o que estamos buscando fazer nesta pequena séria – uma teologia dos gêneros – dentro da nossa série de estudos no livro de Gênesis. O gatilho para esta iniciativa foi a frase de Gênesis 1.27: “Deus criou os seres humanos à sua própria imagem, à imagem de Deus os criou; homem e mulher os criou.”
Semana passada nós terminamos a mensagem com esta nota: Deus criou você; Deus criou você à imagem dele; e Deus criou você homem ou mulher para que você possa ser totalmente, radicalmente e exclusivamente devotado(a) ao Senhor Jesus Cristo. Sem Jesus Cristo, sem a vida e a obra de Cristo, será impossível conciliar estas verdades: Deus nos criou, Deus nos criou à sua imagem e Deus nos criou homem e mulher. O estado de corrupção da criação de Deus, a depravarão do ser humano à imagem de Deus e a feiura dos relacionamentos entre homens e mulheres pedem pela consumação de Cristo. Foi isso o que vimos na semana passada.
Vimos também que a criação dos seres humanos como masculino e feminino – esta realidade, sim!, binária – fornece a estrutura necessária na criação de Deus para a ordenança do casamento. Não se poderia ter casamento sem homem e mulher. E o significado do casamento não é conhecido em sua plenitude até que o vejamos como uma parábola do relacionamento entre Cristo e a Igreja. Portanto, a criação dos seres humanos como homem e mulher aponta para o casamento e o casamento aponta para Cristo e a Igreja. Desse modo é que o cristianismo explica a razão última para homem e mulher criados por Deus, criados à imagem de Deus se unirem em casamento.
Mas tem outra coisa, como já dissemos: a feiúra histórica dos relacionamentos entre homens e mulheres. Isso pede pelo cristianismo. — Por quê? Como essa feiúra histórica dos relacionamentos entre homens e mulheres aponta aponta para o cristianismo? — Aponta para o cristianismo porque pede pela cura que o cristianismo traz para o relacionamento entre homens e mulheres. Trocando em miúdos: Se Deus nos criou à sua imagem como homens e mulheres, isso implica igualdade de personalidade, igualdade de dignidade, respeito mútuo, harmonia, complementaridade, destino unificado.
IGUALDADE DE PERSONALIDADE significa que um homem não é menos pessoa do que uma mulher porque tem pelos no peito como um gorila, e a mulher não é menos pessoa porque, assim como um peixe, ela não tem pelos no peito. Homem e mulher são iguais em personalidade e suas diferenças não mudam essa verdade básica.
IGUALDADE DE DIGNIDADE significa que homem e mulher devem ser igualmente honrados como seres humanos à imagem de Deus. Pedro diz em 1Pedro 2.17: “Tratem todos com respeito e amem seus irmãos em Cristo.”, isto é, tratem com respeito todos os seres humanos. Há uma honra a ser prestada às pessoas simplesmente porque elas são humanas: criadas à imagem de Deus. Há uma honra que devemos até mesmo ao mais desprezível dos criminosos, apenas porque tal pessoa é ser humano e não um animal qualquer. E essa honra pertence igualmente ao homem e à mulher.
RESPEITO MÚTUO significa que homens e mulheres devem ser igualmente respeitosos e honrosos pelos outros. O respeito jamais deverá pender apenas em uma direção: mais respeito ao homem ou mais respeito à mulher. Não. Criados à imagem de Deus, homem e mulher devem olhar um para o outro com um tipo real de admiração, que está sim misturada com pecado (infelizmente!), mas que não foi de tudo destruída pelo pecado. Portanto, igualdade de personalidade, igualdade de dignidade, respeito mútuo e:
HARMONIA. Harmonia significa que deve haver cooperação pacífica entre homens e mulheres. Devemos todos, igualmente, homens e mulheres, encontrar maneiras de lubrificar as engrenagens de nossos relacionamentos para que haja trabalho em equipe, harmonia, ajuda mútua e alegria nesta sociedade. E ainda:
COMPLEMENTARIDADE. Complementaridade significa que a música de nossos relacionamentos não deve ser entoada apenas em voz uníssona. Deve-se buscar pela harmonia e a complementaridade do canto coral, com vozes masculinas e femininas: tenores e sopranos, baixos e contraltos, barítonos e mezzo-sopranos. Complementaridade significa que as diferenças entre homens e mulheres serão respeitadas, afirmadas e valorizadas. Significa que masculino e feminino não tentarão duplicar um ao outro, mas destacarão um no outro as qualidades únicas que contribuem para o enriquecimento mútuo.
Finalmente, DESTINO UNIFICADO. Destino unificado significa que homem e mulher, quando chegam à fé em Cristo, deixam de ser competidores e passam a ser “co-herdeiros da mesma graça da vida” (1Pe 3.7). Estamos destinados a desfrutar igualmente da revelação totalmente-satisfatória da glória de Deus na face de Cristo na era vindoura.
Portanto, não perca de vista isto: ao criar os seres humanos como homem e mulher, masculino e feminino (binários, sim!) à sua imagem, Deus tinha algo maravilhoso em mente. Ele ainda tem o mesmo plano em mente. E em Jesus Cristo, na consumação da obra de Cristo, Deus pretende redimir esta feiúra causada pelo pecado nos relacionamentos entre homens e mulheres. Que feiúra é esta? Deixe-me tentar explicar.
Quando o pecado entrou no mundo, o efeito em nosso relacionamento como homem e mulher foi devastador. Homem e mulher, que antes do pecado “estavam nus, mas não sentiam vergonha” (Gn 2.28), passaram e se protejer um do outro: “costuraram folhas de figueira umas às outras para se cobrirem” (Gn 3.7). Pior:
Gênesis 3.8-10 8Quando soprava a brisa do entardecer, o homem e sua mulher ouviram o SENHOR Deus caminhando pelo jardim e se esconderam dele entre as árvores. 9Então o SENHOR Deus chamou o homem e perguntou: “Onde você está?”. 10Ele respondeu: “Ouvi que estavas andando pelo jardim e me escondi. Tive medo, pois eu estava nu”.
Ato contínuo, Deus confronta, indagando a Adão: Gênesis 3.11: “Quem lhe disse que você estava nu?”, perguntou Deus. “Você comeu do fruto da árvore que eu lhe ordenei que não comesse?”. E a resposta de Adão é estarrecedora: Gênesis 3.12: “Foi a mulher que me deste! Ela me ofereceu do fruto, e eu comi”. — Meu Deus do céu! O que Adão acabara de dizer? — EM OUTRAS PALAVRAS: a culpa é da mulher – literalmente, “a culpa é da fêmea [’ishshah]”; ou: “a culpa é sua, Deus, por tê-la dado a mim! — “Foi a mulher que me deste! Ela me ofereceu do fruto, e eu comi”. — Então, se alguém tem que morrer, que morra a fêmea, que morra a mulher, que morra a esposa que TU ME DESTE!
Pois bem, este aqui é o marco zero da catástrofe do pecado. Está aqui — em Gênesis 3.12 — o início da guerra dos sexos: “Foi a mulher que me deste! Ela me ofereceu do fruto, e eu comi”. Se alguém tem que morrer, se alguém tem que pagar, que seja a mulher. Ora, está aqui a raiz de toda violência doméstica, a raiz de todo abuso contra a esposa ou a mulher, a raiz de todo estupro, a raiz de todas as calúnias sexuais, o ponto de partida de todos os assédios sexuais, o embrião de todas as formas de se menosprezar a mulher que Deus criou à sua própria imagem.
Adão e Eva pecaram contra Deus. Eles desconfiaram da bondade de Deus e se afastaram dele; viraram as costas para Deus e se agarraram à sua própria sabedoria para – julgaram eles! – serem felizes. Adão e Eva rejeitaram a palavra de Deus e comeram do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Deus os chamou para prestar contas e, finalmente, lhes deu o veredito, descreveu a eles qual seria a maldição sobre a vida humana por causa do pecado. Em Gênesis 3.16, Deus disse à mulher: “Farei mais intensas as dores de sua gravidez, e com dor você dará à luz. Seu desejo será para seu marido, e ele a dominará”. Literalmente: “Você desejará controlar seu marido, mas ele a dominará.”
Esta não é a descrição de um modelo a ser copiado, longe disto! Esta é, de fato, uma descrição da maldição, é uma descrição da miséria ou da feiúra que se tornou os relacionamentos entre homens e mulheres, sobretudo no casamento. Gênesis 3.16 é a história da vida daqueles nos quais impera a mão pesada do pecado: Seu desejo será para [CONTROLAR] seu marido, e ele [MAS ELE] A DOMINARÁ”.
O que realmente está sendo dito aqui?
Qual é a natureza desse relacionamento arruinado pelo pecado?
A chave hermenêutica deste versículo ou a maneira correta de interpretá-lo está em se fazer a conexão entre a última frase dele e a última frase de Gênesis 4.7. Em Gênesis 4.7 Deus alertará Caim sobre o ressentimento e a raiva dele contra Abel, seu irmão. Deus dirá a ele que o pecado está prestes a dominar sua vida, mas ele terá que reagir. Preste atenção, observe a última frase: Gênesis 4.7: “Se você fizer o que é certo [Caim], será aceito. Mas, se não o fizer, tome cuidado! O pecado está à porta, à sua espera, e deseja controlá-lo, mas é você quem deve dominá-lo.”
O paralelo que há entre Gênesis 3.16 e Gênesis 4.7 é impressionante. De fato, as palavras são praticamente as mesmas no hebraico, mas nós também conseguimos enxergá-las na tradução ao português. Em Gênesis 3.16, Deus disse à mulher: “Seu desejo será para seu marido, e ele a dominará”. Em Gênesis 4.7, Deus disse a Caim: “O pecado […] deseja controlá-lo, mas é você quem deve dominá-lo”.
A razão pela qual importa este paralelo é que ele nos revela mais claramente o significado de “desejo”. Quando Gênesis 4.7 diz que o pecado está à porta do coração de Caim (agachado como um leão; veja Gênesis 49.9), e que o desejo do pecado é tê-lo, isso significa que o pecado quer dominá-lo, controlá-lo. O pecado quer derrotá-lo, subjugá-lo e torná-lo escravo do pecado.
Agora, quando nos voltamos para Gênesis 3.16, nós deveríamos ver o mesmo significado no desejo pecaminoso da mulher. Quando se diz: “Seu desejo será para seu marido”, significa que quando o pecado tiver domínio sobre a mulher, ela desejará controlar, derrotar, subjugar ou escravizar o homem. Por sua vez, quando o homem estiver dominado pelo pecado, ele pagará com a mesma moeda: o homem usará a força para dominar, derrotar, subjugar ou escravizar a mulher. É a guerra dos sexos. Está aqui o marco zero da catástrofe, a raiz do machismo e a raiz do feminismo; a raiz da misoginia (do ódio ou do preconceito contra mulheres) e a raiz da misandria (do ódio ou do preconceito contra homens).
Portanto, o que está realmente descrito na maldição de Gênesis 3.16 é a feiúra do conflito entre o homem e a mulher – que vem manchando, inclusive com sangue, a história da humanidade. A MASCULINIDADE como Deus a criou foi depravada e corrompida pelo pecado. A FEMINILIDADE como Deus a criou foi depravada e corrompida pelo pecado. A essência do pecado é a autoconfiança e a autoexaltação. Primeiro em rebelião contra Deus, e segundo na exploração um do outro.
Desse modo, [1.] a essência da MASCULINIDADE CORROMPIDA é o esforço de auto-engrandecimento para dominar, derrotar, subjugar ou escravizar as mulheres, para seus próprios desejos privados. E [2.] a essência da FEMINILIDADE CORROMPIDA é o esforço de auto-engrandecimento para dominar, derrotar, subjugar ou escravizar os homens, para seus próprios desejos privados. A diferença de um e de outro está principalmente nas diversas fragilidades que podemos explorar uns nos outros.
Como regra, OS HOMENS têm mais força bruta do que as mulheres e, portanto, podem estuprar, abusar, ameaçar, sentar e estalar o dedo para dar ordens. Está na moda dizer esse tipo de coisa hoje: o homem estupra, abusa, ameaça, senta e estala o dedo para dar ordens; está na moda pedir perdão por se ter nascido homem, por essas razões. De fato, há homens assim, muitos homens assim, os quais estupram, abusam, ameaçam, sentam e estalam o dedo dando ordens, tragicamente. Não deveria haver, não era esse o plano original de Deus. Portanto, homens não têm que pedir perdão por terem nascido homens; homens têm que pedir perdão por serem pecadores.
Por outro lado, também é verdade que AS MULHERES são pecadoras. Somos feitos à imagem de Deus, masculino e feminino, homem e mulher; e os dois são igualmente depravados: homem e mulher, macho e fêmea, não apenas a mulher ou o homem. E a mulher jamais deverá pedir perdão por ser mulher, mas sim por ser pecadora, tanto quanto o homem. Sim, as mulheres podem não ter tanta força bruta quanto os homens, mas elas conhecem maneiras de subjugar os homens. Muitas vezes, enquanto o homem usa a força do braço para pecar contra a mulher, a mulher usa a forma do corpo para pecar contra o homem; e os dois estão buscando a mesma coisa: dominar, derrotar, subjugar ou escravizar o outro sexo. Sim, eu sei, homens também têm usado a forma do corpo para dominar as mulheres, mas a arma da sedução da mulher ainda é muito mais poderosa que a do homem. Via de regra, o poder do homem está na força e o da mulher está no corpo. E os dois são muito bons de lábios.
Se você tem alguma dúvida sobre o poder da mulher pecadora para controlar o homem pecador, apenas reflita por um momento sobre a força número um do marketing contemporâneo ao redor do mundo: o corpo feminino. O corpo de uma mulher pode vender qualquer coisa, porque via de regra a fraqueza universal do homem é o corpo de uma mulher, e elas sabem disso.
Sim, A EXPLORAÇÃO QUE HOMENS FAZEM DE MULHERES é tantas vezes notória e escandalosa, por esta razão: a violência corporal, a força bruta do braço e também porque, corretamente, se criminalizou o assédio sexual. Desse modo, a exploração que homens fazem de mulheres é mais dura e violenta, sim. E, de fato, é abominável.
Mas se você for sincero(a) A EXPLORAÇÃO QUE MULHERES FAZEM DE HOMENS também existe: a sedução pelo corpo, o controle sexual exercido pelo corpo de mulher ou partes do corpo de mulher, principalmente lábios, mãos e pés de mulher. A diferença é que a nossa sociedade pecaminosa sanciona uma perversidade (a do homem) e não a outra (a da mulher). Existem sociedades que fazem exatamente o contrário, eu sei. No entanto, as duas formas de se pecar contra o outro deveriam ser tratadas com o mesmo peso e medida, pois ambas são abomináveis.
Não era para ser assim. Não era esse o plano de Deus. Não era assim antes do pecado, quando o homem e a mulher dependiam de Deus para viver. O que vemos e sofremos são o resultado da rebelião contra Deus. Como, então, Deus queria que fosse? Como deveria ser o relacionamento entre Adão e Eva antes do pecado entrar no mundo?
IGUALDADE É APENAS PARTE DA RESPOSTA. Realmente, homem e mulher foram criados à imagem de Deus, de acordo com Gênesis 1.27. Portanto, conforme nós já vimos, o relacionamento entre eles deveria ser governado pela igualdade de personalidade, pela igualdade de dignidade, pelo respeito mútuo, pela harmonia, pela complementaridade e pelo destino unificado: co-herdeiros da graça da vida, não competidores.
Mas a igualdade é apenas parte da resposta. É como dizer a um casal de dançarinos, é como dizer ao cavalheiro e à dama: lembrem-se, vocês dois são dançarinos igualmente talentosos; vocês dois são igualmente importantes; vocês dois devem executar a dança de forma harmoniosa; vocês dois devem complementar os movimentos um do outro; e não se esqueçam de que vocês dois compartilharão os aplausos,juntos, no final. Realmente, esse tipo de conselho é muito importante e certamente afetará profundamente a beleza da apresentação.
Mas se isso é tudo o que o casal de dançarinos devem saber sobre a dança que estão prestes a executar, eles não serão capazes de executá-la. — Por quê? — Ora, primeiro, eles têm que conhecer os movimentos da dança. Depois, eles têm que conhecer seus diferentes papeis na execução da dança; o que um faz e o que o outro não faz; como um conduz e como o outro deve se deixar ser conduzido; eles têm que saber quem vai cair nos braços e quem vai pegar o outro em seus braços; quem vai girar e quem vai ser girado… Ora, meu Deus, é da própria essência da dança e do drama que os dançarinos conheçam os movimentos distintos que cada um deverá executar. Ou não? Se não, não haverá dança. Se o casal não conhecer os movimentos da dança e suas diferentes atribuições no palco, não haverá drama, nem dança. Haverá, como dizia minha avó, “uma marmota!” Feiúra.
A COMPLEMENTARIDADE BÍBLICA complementa a resposta. Igualdade de personalidade, igualdade de dignidade, respeito mútuo, harmonia, complementaridade e destino unificado: co-herdeiros da graça da vida, não competidores. Tudo isso, sim. Mas a complementaridade bíblica, os papeis do homem e da mulher, as responsabilidades mais pesadas de um e de outro, a forma de um servir e a forma de o outro servir são absolutamente fundamentais. Ou seja: o que significa ser homem e ser mulher à luz da Bíblia; como deve o homem agir, como deve a mulher agir, o que se espera do homem e o que se espera da mulher nesta dança da vida estabelecida por Deus? A complementaridade bíblica importa, e importa muito.
Adiante, noutras mensagens logo a seguir, tentaremos desenvolver UMA VISÃO DE COMPLEMENTARIDADE E HARMONIA BÍBLICA. A Bíblia ensina que os homens têm responsabilidades únicas dadas por Deus em relação às mulheres, e as mulheres têm responsabilidades únicas dadas por Deus em relação aos homens. Essas responsabilidades não são idênticas e não dependem de nossos dons. Essas responsabilidades são baseadas em nossa masculinidade e feminilidade – como Deus mesmo nos projetou e nos fez para ser. E essas responsabilidades não se limitam a meras funções biológicas no processo de reprodução.
Essas diferentes responsabilidades vão direto ao coração do significado de masculinidade e feminilidade tal como Deus nos criou para ser: homem e mulher. O problema é que essas responsabilidades distintas estão sob um tremendo ATAQUE CULTURAL. Já faz um bom tempo que elas estão, e o resultado em nossa cultura é a confusão em massa, o caos absoluto que vai se agigantando.
Provavelmente já há duas gerações ou mais de homens e de mulheres que foram criadas no Ocidente sem uma visão positiva do que significa ser homem e o que significa ser mulher. Disseram-nos muitas coisas negativas – disseram-nos e ainda nos dizem coisas que não deveríamos ser, coisas das quais devemos nos libertar. Por exemplo:
MASCULINIDADE NÃO É exploração sexual (realmente! mas o que é então?). A masculinidade não é divertido; ser homem é ser palhaço, desengonçado, mas não é divertido. A masculinidade não é racionalismo puro, cabeça pura, sem emoção. A masculinidade não é ser durão nem viver do impulso orientado para a tarefa de conquistar. Portanto, libertem-se, homens! Por outro lado:
A FEMINILIDADE NÃO É uma vida doméstica enfadonha, a mulher do lar. A feminilidade não é a maternidade em casa, cuidando de filhos. A feminilidade não é emocionalismo irracional. A feminilidade não é obediência sexual. Portanto, libertem-se, mulheres!
Realmente, há verdade em muita coisa contra as quais se apregoam, quando se dizem o que não é a masculinidade ou o que não é a feminilidade. Mas quando tudo é dito sobre o que não é ser masculino e o que não é ser feminino, o que sobra, o que se tem como padrão ou definição de homem e de mulher? Honestamente: O QUE É SER HOMEM? O QUE É SER MULHER? Percebeu?! Ninguém mais sabe.
RESTOU-NOS UM BURACO NEGRO DE CONFUSÃO sobre o que é ser homem e o que é ser mulher. Mergulhamos em uma confusão decepcionante, geradora de culpa e absolutamente destrutiva. Se não bastasse essa confusão, atingiu-nos um tsunami de homossexualidade e, mais recentemente e assustadoramente, transexualidade; fora a pandemia de divórcio, aborto e crimes violentos, incluindo a violência doméstica; sem falar ainda da escalada rampante de suicídios que parecem crescer a cada ano, e da explosão de consumo de medicações psicotrópicas. Algo está profundamente errado conosco. E nós não sabemos mais qual é o padrão.
É simplesmente uma covardia sem medida – de fato, é um pecado – nós nos abdicarmos de nossa responsabilidade moral e espiritual de dizer aos pequeninos, adolescente e jovens o que significa ser homem e mulher criados à imagem de Deus.
Não! Nós não podemos nos acostumar a dizer: vá, escolha o que você desejar ser. Não! Nós não podemos nos limitar a dizer: ser homem é não ser ou não fazer isto ou aquilo, é evitar este ou aquele estereótipo; ser mulher é não ser ou não fazer isto ou aquilo, é evitar este ou aquele estereótipo. Não! Não podemos nos acostumas com a loucura imoral de dizer: vá, escolha o que desejar ser. Nem podemos nos limitar ao moralismo ou ao liberalismo de dizer: isto não, e aquilo outro também não. Deus nos livre disso! Deus nos livre da imoralidade, e Deus nos livre também do moralismo ou do liberalismo.
Nós, cristãos, somos chamados a, com a Bíblia na mão, com a autoridade da Bíblia em nossas mãos e no poder do Espírito Santo, apresentar a visão bíblica positiva e prática do que significa ser homem e/ou o que significa ser mulher, ambos criados por Deus, à imagem de Deus. E uma das razões pelas quais abdicamos de nossa responsabilidade é porque é o caminho de menor resistência. É fácil deixar rolar e ver o outro fazer o que lhe der na cabeça; é fácil derrubar estereótipos negativos; mas é um trabalho árduo e arriscado, muito arriscado reconstruir o arquétipo positivo, bíblico do que significa ser homem e mulher, criados por Deus, à imagem de Deus.
Ninguém irá criticá-lo(a) se você desmascarar os estereótipos feios de masculinidade e de feminilidade. Esse é um passatempo divertido, muito seguro e habitual. Mas os canceladores de plantão nas mídias sociais, a mídia em massa, os abutres que estão no topo, caçando carcaças cairão todos sobre você para julgá-lo(a) ou devorá-lo(a) se você tentar desenvolver uma visão bíblica positiva para suas filhas sobre o que significa ser feminino, ou para seus filhos sobre o que significa ser masculino. Pela covardia, pela comodidade, pelo risco, não sei!, em geral, nós não fazemos isto: não dizemos o que é ser homem e o que é ser mulher à luz da Bíblia. Resultado: temos deixado gerações inteiras de meninos e de meninas totalmente confusos – limitando-nos a apenas, no máximo, dizer a eles o que não é ou o que não deve ser ou se fazer, mas não dizendo o que é, como ser e como fazer, à luz da Bíblia Sagrada.
Faça um teste: pergunte aos namorados de nossa igreja, comece pelos seus filhos, pergunte aos noivos, aos recém-casados: “você tem uma visão clara do que significa ser um marido cristão e uma mulher cristã?” Pergunte aos solteiros também: “você sabe o que significa ser um homem cristão, uma mulher cristã?” Pergunte se eles sabem ou se eles acham que exista alguma responsabilidade especial para mulheres cristãs e para homens cristãos. Aliás, pergunte a você mesmo; faça a si mesmo essas perguntas.
Menciono isso apenas para destacar o desafio diante de nós como igreja; o meu desafio como pastor, pai e como cristão. Deus tem uma visão para a masculinidade e a feminilidade redimidas pelo sangue de Jesus Cristo. Deus quer recuperar o que perdemos por causa do pecado. E assim, na próxima semana e subsequentemente, quero começar a reconstruir, a partir da palavra de Deus, da melhor maneira possível, a visão, infelizmente, tão fragmentada da masculinidade e da feminilidade que Deus ordenou antes da queda e que ele está nos chamando para recuperar por meio de Jesus Cristo. Peço suas orações e sua consideração muito séria sobre essas coisas. O que somos como homem e mulher vai ao coração de nossa identidade pessoal. Se estivermos confusos aqui, as repercussões serão muito profundas e penetrantes. Destruidoras, de fato.
Talvez você esteja lutando: lutando contra o padrão de Deus, homem e mulher; lutando contra o outro sexo: o seu marido ou a sua mulher; lutando contra a masculinidade do outro ou a feminilidade da outra ou contra a sua própria identidade: homem ou mulher.
Como restaurar? Como vencer a batalha?
A resposta é a mesma que Deus deu a Caim; começa por aqui:
Gênesis 4.7: “Se você fizer o que é certo [Caim], será aceito. Mas, se não o fizer, tome cuidado! O pecado está à porta, à sua espera, e deseja controlá-lo, mas é você quem deve dominá-lo.”
Mas como dominá-lo?
Agarrando-se a Cristo, trocando o seu desejo pecaminoso pelo desejo de Cristo, o plano bom, perfeito e agradável de Cristo para a sua vida:
Romanos 12.1-2 1Portanto, irmãos, suplico-lhes que entreguem seu corpo a Deus, por causa de tudo que ele fez por vocês. Que seja um sacrifício vivo e santo, do tipo que Deus considera agradável. Essa é a verdadeira forma de adorá-lo. 2Não imitem o comportamento e os costumes deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma mudança em seu modo de pensar, a fim de que experimentem a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para vocês.
De forma prática:
Filipenses 4.8-9 8Por fim, irmãos, quero lhes dizer só mais uma coisa. Concentrem-se em tudo que é verdadeiro, tudo que é nobre, tudo que é correto, tudo que é puro, tudo que é amável e tudo que é admirável. Pensem no que é excelente e digno de louvor. 9Continuem a praticar tudo que aprenderam e receberam de mim, tudo que ouviram de mim e me viram fazer. Então o Deus da paz estará com vocês.
S.D.G. L.B.Peixoto
Esta mensagem é, toda ela, baseada em sermão pregado por John Piper, e que pode ser achado na íntegra clicando aqui.
Não há da parte deste que a pregou, qualquer presunção de originalidade.
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