06.08.2023
[Isaías 6.1-8] 1No ano em que o rei Uzias morreu, eu vi o Senhor. Ele estava sentado em um trono alto, e a borda de seu manto enchia o templo. 2Acima dele havia serafins, cada um com seis asas: com duas asas cobriam o rosto, com duas cobriam os pés e com duas voavam. 3Diziam em alta voz uns aos outros: “Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia de sua glória!” 4Suas vozes sacudiam o templo até os alicerces, e todo o edifício estava cheio de fumaça. 5Então eu disse: “Estou perdido! É o meu fim, pois sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de pessoas de lábios impuros. Meus olhos, porém, viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!”. 6Então um dos serafins voou em minha direção, trazendo uma brasa ardente que ele havia tirado do altar com uma tenaz. 7Tocou meus lábios com a brasa e disse: “Veja, esta brasa tocou seus lábios. Sua culpa foi removida, e seus pecados foram perdoados”. 8Então ouvi o Senhor perguntar: “Quem enviarei como mensageiro a este povo? Quem irá por nós?”. E eu respondi: “Aqui estou; envia-me”.
“A vontade de Deus é que vocês vivam em santidade”, escreveu o apóstolo Paulo (1Ts 4.3). O autor de Hebreus (10.10) explicou que “a vontade de Deus era que fôssemos santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, de uma vez por todas.”
Os autores bíblicos tinha conhecimento de que se há uma coisa que Deus deseja para a nossa vida é a santificação: Levítico 20.7 — “Portanto, consagrem-se e sejam santos, pois eu sou o SENHOR, seu Deus.” Esse mesmo mandamento a gente encontra em Levítico 11.44-45 e em Levítico 19.2. Foi por isso que o apóstolo Pedro advertiu:
1Pedro 1.13-16 13Portanto, preparem sua mente para a ação e exercitem o autocontrole. Depositem toda a sua esperança na graça que receberão quando Jesus Cristo for revelado. 14Sejam filhos obedientes. Não voltem ao seu antigo modo de viver, quando satisfaziam os próprios desejos e viviam na ignorância. 15Agora, porém, sejam santos em tudo que fizerem, como é santo aquele que os chamou. 16Pois as Escrituras dizem: “Sejam santos, porque eu sou santo”.
É tão sério este tema, que o autor de Hebreus fez este apelo: Hebreus 12.14 — “Esforcem-se para viver em paz com todos e procurem ter uma vida santa, sem a qual ninguém verá o Senhor.” E Jesus atestou que são “bem-aventurados os limpos de coração, porque [somente eles] verão a Deus.” (Mt 5.8, ARA).
Hoje, primeiro domingo de agosto, é o dia do adolescente batista; e esta é a vontade de Deus para a sua vida: “que vocês vivam em santidade”. De fato, esta é a vontade de Deus para nossa vida: que sejamos santos “pela oferta do corpo de Jesus Cristo, de uma vez por todas.” Sem santificação, nós não veremos o Senhor.” É por isso que estamos abordando o tema da “santidade”. Nosso ponto de partida é Isaías.
O texto que temos para esta manhã – Isaías 6 – começa com o profeta “vendo” Deus. NOTE BEM: a visão de Isaías está contrastada com uma tragédia nacional; esta visão tem como pano de fundo um rio de lágrimas lavando olhos para que pudessem ver. OUÇA: Isaías 6.1: “No ano em que o rei Uzias morreu, eu vi o Senhor.”
O CAPÍTULO 6 de Isaías, dissemos na semana passada, é o início do livro. Sim. Ele poderia muito bem ter sido colocado no lugar do capítulo 1 desta profecia (uma vez que se trata do comissionamento do profeta). Entretanto, da forma como nós temos o livro, do modo como o autor, inspirado por Deus, o teceu, os capítulos 1—5 servem como um prefácio para o chamado de Isaías (capítulo 6), que é seguido pelo conteúdo desta obra (capítulo 7 e seguintes).
NO PREFÁCIO DE ISAÍAS (caps. 1—5) nós temos uma descrição do estado tão degradado de pecado que o povo de Deus, seus filhos queridos, seu vinhedo amado havia atingido. POIS BEM, a situação estava horrorosa na época de Isaías. Leia:
Isaías 1.2-4 2Ouçam, ó céus! Preste atenção, ó terra! Assim diz o SENHOR: “Os filhos que criei e dos quais cuidei se rebelaram contra mim. 3Até mesmo o boi conhece seu dono, e o jumento reconhece o cuidado de seu senhor, mas Israel não conhece seu Senhor; meu povo não reconhece meu cuidado por ele”. 4Ah, como é pecadora esta nação, sobrecarregada pelo peso da culpa! São um povo perverso, filhos corruptos que rejeitaram o SENHOR. Desprezaram o Santo de Israel e deram as costas para ele.
Isaías 2.5-11 5Venham, descendentes de Jacó, vamos andar na luz do SENHOR! 6Pois tu, SENHOR, rejeitaste teu povo, os descendentes de Jacó, porque encheram a terra com práticas do oriente e feiticeiros, como é costume dos filisteus; sim, fizeram acordos com nações estrangeiras. 7Israel está cheia de prata e ouro; seus tesouros são incontáveis. Sua terra está cheia de cavalos de guerra; seus carros de combate não têm fim. 8Sua terra está cheia de ídolos; o povo adora objetos que fez com as próprias mãos. 9Por isso, agora serão humilhados, e todos serão rebaixados; não os perdoes! 10Escondam-se em cavernas no meio das rochas, escondam-se no pó, para escaparem do terror do SENHOR e da glória de sua majestade. 11O orgulho humano será rebaixado, a arrogância humana será humilhada. Somente o SENHOR será exaltado naquele dia de julgamento.
Isaías 3.1-5 1O Soberano SENHOR dos Exércitos, tirará de Jerusalém e de Judá tudo aquilo de que dependem: cada pedaço de pão, cada gota de água, 2todos os seus heróis e soldados, juízes e profetas, adivinhos e autoridades, 3oficiais do exército e altos funcionários, conselheiros, magos e astrólogos. 4Nomearei [irresponsáveis, inconsequentes:] meninos como seus líderes, crianças pequenas para governá-los. 5As pessoas oprimirão umas às outras: homem contra homem, vizinho contra vizinho. Os jovens insultarão os idosos, e os canalhas desprezarão os honrados.
Por fim, no capítulo 5, uma série de seis “ais” – locuções que expressam lamentos pela culpa de Judá, e a justa condenação de Deus (vs. 8-11, 11-12, 18-19, 20, 21, 22-23):
Isaías 5.8 QUE AFLIÇÃO ESPERA VOCÊS [ai dos] que compram casas e mais casas, campos e mais campos, até não haver lugar para outros e vocês se tornarem os únicos donos da terra!
Isaías 5.11-12 11QUE AFLIÇÃO ESPERA OS QUE [ai dos que] se levantam cedo pela manhã, para começar a beber, e passam a noite tomando vinho, para ficar embriagados. 12Em suas festas sempre há vinho e belas músicas, de lira e harpa, tamborim e flauta, mas nunca pensam no SENHOR, não se dão conta do que ele faz.
Isaías 5.18-19 18QUE AFLIÇÃO ESPERA OS QUE [ai dos que se] arrastam sua perversidade com cordas feitas de mentiras, que arrastam atrás de si o pecado como quem puxa uma carroça! 19Zombam de Deus e dizem: “Anda logo! Toma uma providência! Queremos ver o que és capaz de fazer. Que o Santo de Israel realize seu plano, pois queremos saber o que é”.
Isaías 5.20 QUE AFLIÇÃO ESPERA OS QUE [ai dos que] chamam o mal de bem e o bem de mal, a escuridão de luz e a luz de escuridão, o amargo de doce e o doce de amargo!
Isaías 5.21 QUE AFLIÇÃO ESPERA OS QUE [ai dos que] são sábios aos próprios olhos e pensam ter entendimento!
Isaías 5.22-23 22QUE AFLIÇÃO ESPERA OS QUE [ai dos que] são heróis em tomar vinho e se gabam de quanta bebida conseguem ingerir! 23Aceitam subornos para deixar o perverso em liberdade e negam justiça ao inocente.
Em face de tudo isso, o julgamento de Deus seria implacável:
Isaías 5.24-25 24PORTANTO, assim como o fogo consome a palha e o capim seco se desfaz com a chama, suas raízes apodrecerão e suas flores murcharão. Pois rejeitaram a lei do SENHOR dos Exércitos, desprezaram a palavra do Santo de Israel. 25Por isso a ira do SENHOR se acende contra seu povo, por isso ele levantou sua mão para esmagá-los. Os montes estremecem, e os cadáveres do povo estão espalhados pelas ruas como lixo. Mesmo assim, a ira do SENHOR não se satisfará; sua mão ainda está levantada para castigar.
TOME NOTA DO SEGUINTE: Deus mesmo estava orquestrando essa disciplina para o seu povo; Deus não estava em xeque-mate, sem saber o que fazer em face da situação caótica da nação. Com efeito, na seção final de Isaías 5 (vs. 26-30), Deus diz o que ele mesmo faria. A PUNIÇÃO, A DESTRUIÇÃO do “vinhedo” de Deus, viria sim pela invasão estrangeira – a linguagem metafórica desses versículos é francamente aterrorizante. MAS os invasores estrangeiros não eram do tipo oportunista sortudo, com um poderoso exército na mão para fazerem o que bem entendessem. Não. O próprio Deus os chamou com um assobio, como quem chama um cachorro adestrado para atacar:
Isaías 5.26-30 26Ele enviará um sinal a nações distantes, assobiará para os que estão nos confins da terra; eles virão correndo. 27Não se cansarão nem tropeçarão; ninguém descansará nem dormirá. Nenhum cinto estará solto, nenhuma correia de sandália se arrebentará. 28Suas flechas estarão afiadas, seus arcos, prontos para a batalha. Os cascos de seus cavalos soltarão faíscas, as rodas de seus carros girarão como um turbilhão. 29Rugirão como leões, como os leões mais fortes. Rosnarão e se lançarão sobre suas vítimas, e as levarão embora; ninguém poderá livrá-las. 30Naquele dia, rugirão sobre suas vítimas como ruge o mar. [A CONCLUSÃO É ATERRORIZANTE:] Se alguém olhar por toda a terra, só verá trevas e aflição; até a luz será obscurecida pelas nuvens.
Esse é o horror da tragédia que se abateria sobre Judá!
Em meio a todo esse caos nacional, havia um mourão que ainda mantinha em pé todas as estacas mais finas da estrutura social de Judá: havia Uzias, o rei venerado. A história de Uzias (ou Azarias) está contada em dois trechos da história de Israel: em 2Reis 15.1-5 está a narrativa mais curta e em 2Crônicas 26 se acha a narrativa mais longa.
O segundo livro das Crônicas, no capítulo 26, atesta que Uzias foi um dos melhores reis da história sórdida que se tornou a história de Israel. Ele foi corado quando tinha apenas dezesseis anos. Seu pai, Amazias, “se afastou do SENHOR” (2Cr 25.27), e seu povo em Jerusalém conspirou contra ele e o matou. Por volta de 790 a.C., Uzias, seu filho (com dezesseis anos apenas!), subiu ao trono e reinou pelos 52 anos seguintes, o segundo reinado mais longo de todos os reis de Judá (superado apenas pelo reinado de 55 anos de Manassés). E que reinado foi o de Uzias!
2Crônicas 26.4 resume assim o reinado de Uzias: “Fez o que era certo aos olhos do SENHOR”. O versículo 5 relata que “Uzias buscou a Deus durante a vida de Zacarias, que o ensinou a temer a Deus [este não era o Zacarias do livro de Zacarias, nem o Zacarias filho de Joiada; este era outro profeta Zacarias].” E o cronista complementa o versículo 5, dizendo que “Enquanto o rei buscou a direção do SENHOR, Deus lhe deu êxito.” Uzias fez muito, de fato. Ele fez guerra e construiu cidades e, de acordo com 2Crônicas 26.7, “Deus o ajudou”. E o versículo 8 registra que “sua fama se espalhou até o Egito, pois ele havia se tornado muito poderoso.”
A história de Uzias continua. Ele construiu torres, em Jerusalém e no deserto. Cavou cisternas. Foi grande pecuarista, agricultor e viticultor (vs. 9-10). Uzias tinha um exército grande e organizado, totalmente armado e equipado (vs. 11-12). 2Crônicas 26.13 nos dá estes números, por exemplo: “O exército era formado por uma elite de 307.500 homens, preparados para ajudar o rei contra qualquer inimigo.” Uzias ainda armou muito bem suas tropas (v. 14). Inda por cima, investiu em tecnologia de guerra de altíssima performance: versículo 15a: “[Uzias] Construiu sobre os muros de Jerusalém máquinas de guerra criadas por peritos; elas atiravam flechas e lançavam grandes pedras das torres e dos cantos dos muros.” RESULTADO, versículo 15b: “Sua fama se espalhou até lugares distantes, pois o SENHOR o ajudou extraordinariamente e ele se tornou muito poderoso.”
Tudo muito bom, até que o pecado veio à luz:
2Crônicas 26.16 Quando Uzias se tornou poderoso, também se encheu de orgulho, o que o levou à ruína. Pecou contra o SENHOR, seu Deus, ao entrar no santuário do templo do SENHOR para queimar incenso no altar de incenso.
Deus tentou o exortar, por meio do sacerdote Azarias e outros oitenta sacerdotes, homens corajosos que o confrontaram, tentando fazê-lo recobrar a sanidade bíblica, diziam: “Esta não é tarefa do rei, mas dos sacerdotes descendentes de Arão!” (vs. 17-18). A cena seguinte, no entanto, é muitíssimo trágica:
2Crônicas 26.19-21 19Uzias, que segurava um incensário, ficou indignado. Enquanto ele demonstrava sua raiva contra os sacerdotes diante do altar de incenso no templo do SENHOR, apareceu lepra em sua testa. 20Quando viram a lepra, o sumo sacerdote Azarias e todos os outros sacerdotes o expulsaram imediatamente do templo. O próprio rei se apressou em sair dali, pois o SENHOR o havia ferido. 21O rei Uzias ficou leproso até o dia de sua morte. Vivia isolado, numa casa separada, e havia sido excluído do templo do SENHOR. Seu filho Jotão tomava conta do palácio e governava o povo.
Meu Deus! O grande pilar de sustentação de Judá estava no chão; o mourão que sustentava em pé a cerca de Jerusalém havia caído. E aquilo era apenas o prenúncio de dias ainda piores e muito mais sombrios para a nação. OU SEJA: a queda do rei era apenas eco do declínio nacional e do eminente julgamento do SENHOR sobre todo o país.
REFLITA POR UM INSTANTE: Você consegue imaginar como a nação teria ficado devastada quando se espalhou a notícia de que seu grande, famoso e outrora piedoso rei Uzias agora estava com lepra (porque Deus mesmo o havia ferido!)? Consegue conceber o quadro de desespero? Consegue ver as lágrimas da nação? Para piorar: Uzias passaria o resto de sua vida em estrita quarentena.
— E agora, meus Deus?
TEM MAIS: a situação internacional tornava-se cada vez mais ameaçadora. O Egito estava avançando lá do sudeste; e para piorar, a Síria já oferecia ameaça crescente ao norte, aliando-se a Israel. Acima de tudo: a Assíria estava passando de uma potência regional para uma potência global.
— E agora, meu Deus? O que seria da nação? O que aconteceria às famílias? Como sobreviveriam as pessoas de bem?
Ora, conforme já vimos, a nação estava naquele estado de enfermidade por causa de seus próprios pecados. E, agora, até o rei, meu Deus! Só que… o rei representava a nação; Uzias apenas personificava os pecados de Judá; tal povo, tal rei. Aliás, note o que se diz da nação (e do rei) lá no outro relato:
2Reis 15.3-5 3Fez o que era certo aos olhos do SENHOR, como seu pai, Amazias. 4Contudo, não destruiu os santuários idólatras, e o povo continuou a oferecer sacrifícios e a queimar incenso nesses lugares. 5O SENHOR feriu o rei com lepra, enfermidade que durou até o dia de sua morte. Vivia isolado, numa casa separada. Jotão, filho do rei, tomava conta do palácio e governava o povo.
Tal povo, tal rei! Ou seria: tal rei, tal povo?
O que deve ter tornado esses dias tão dolorosos para Isaías e o remanescente fiel do povo de Deus era que Uzias acabou seguindo o mesmo caminho que a nação havia seguido. Isto é: começou bem; buscou a Deus; fez a nação prosperar e os ajudou maravilhosamente. Só que… em toda a sua riqueza… com todo o seu poder… o rei ficou entorpecido de orgulho e se corrompeu. E para piorar: em vez de Uzias guiar a nação para bem longe do orgulho e da idolatria, livrando-os da destruição, o rei também tropeçou e caiu. O longo e trágico declínio da nação agora ecoava – estavam sendo encenados – na história pessoal do rei.
E agora? Aonde olhar? Em qual direção?
AS LÁGRIMAS ESTAVAM LAVANDO OS OLHOS de Judá para que enxergassem o SENHOR. As lágrimas não poderiam embaçar a visão daquele povo, cegando-os ainda mais para Deus. Aquelas lágrimas de desespero deveriam lavar os olhos para que vissem Deus. É nesse contexto que se lê: Isaías 6.1: “No ano em que o rei Uzias morreu, EU VI o Senhor [EU VI DEUS].” — E o que se viu? — Isaías viu A SANTIDADE DE DEUS.
Continua na próxima mensagem…
S.D.G. L.B.Peixoto
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