05.11.2023
PARAÍSO. Que imagem você tem do paraíso? A de um mundo perfeito: lugar sem dor, sofrimento, separação ou morte; tempo em que a paz e o amor são frondosos; época em que ninguém precisa trabalhar, e todo mundo tem tudo com fartura de delícias e abundância de prazeres, sem injustiça? Quê mais? Como você imagina o paraíso?
No fundo, no fundo, todo mundo tem alguma ideia de paraíso. O paraíso tem sido objeto das esperanças e dos sonhos de cada geração. Até os revolucionários têm suas ideias de paraíso – e miram nelas e, para o bem ou para o mal, correm atrás desse “paraíso na terra”. — E por que é assim? Você já pensou sobre isso? — No íntimo de cada pessoa que experimenta a dor, a injustiça ou a morte de alguém querido há o anseio sentido por algum dia quando e algum lugar onde nada faltará… há a sede por um tempo quando a cura chegará e, finalmente, haverá a reunião de todos quantos amamos.
Não tem como negar, esse tipo de desejo está arraigado na essência do que significa ser humano: somos seres que se recusam a aceitar o mundo como ele está (e é por isso que tanto se fala de “lutar por um mundo melhor, mais justo, amoroso, pacífico e tudo o mais de bom.”). Do revolucionário ao romântico, do perigoso ao pacifista, do bandido ao mocinho… há em nosso instinto, em nossa consciência, uma voz que não para de nos dizer que o mundo presente está fora de sintonia – tem de existir uma tempo melhor, um lugar melhor no porvir. C. S. Lewis, com o brilhantismo que lhe era peculiar, pensando nessas linhas de desejos e de anseios em face de um mundo quebrado, escreveu – em Cristianismo Puro e Simples [Thomas Nelson Brasil, p. 158] – o que se segue:
As criaturas não nasceriam com desejos se não existisse a satisfação para esses desejos. Um bebê sente fome: muito bem, existe a comida. Um pato deseja nadar: muito bem, existe a água. Os seres humanos sentem desejo sexual: muito bem, existe o sexo. Ao descobrir em mim um desejo que nenhuma experiência desse mundo poderia satisfazer, a explicação mais provável é que eu tenha sido feito para outro mundo. Se nenhum dos meus prazeres terrenos consegue me satisfazer, isso não prova que o universo é uma fraude [mas que eu fui feito para outro mundo].
Em outras palavras, as pessoas anseiam pelo paraíso, e a finalidade do paraíso é que as pessoas realmente o desfrutem. VEJA BEM: esse desejo pelo paraíso, em última instância, nem é por causa de todos os males e perdas que nos fazem sangrar no corpo e na alma. — Que é então esse desejo pelo paraíso? De onde vem? — PRESTE ATENÇÃO: nossa natureza carrega o desejo que sentimos de Deus e de sua presença benevolente (e é isto mesmo a essência do paraíso; é isto mesmo o que faz o paraíso ser PARAÍSO: Deus e sua presença benevolente e que satisfaz) – e esse desejo (desejo pelo paraíso; desejo por Deus e sua presença benevolente e que satisfaz ) é uma dádiva do próprio Deus Criador. Criar desejos e não dar os meios de satisfazê-los é diabólico, e isso Deus absolutamente não é; Deus não é diabólico. O desejo que Deus colocou em nós é o anseio por ele mesmo – e isso Deus mesmo satisfaz. E somente ele satisfaz. Portanto, a razão pela qual a narrativa do jardim do Éden é universalmente tão atraente se explica pelo fato de que ela fala do paraíso, do mundo perfeito criado por Deus – para a sua própria glória e o desfrute de suas criaturas humanas: em Deus.
Mas como era esse mundo? Como era o paraíso? Seria possível desfrutarmos dele de novo? Se sim, como? E como eu devo viver aqui neste mundo, enquanto o paraíso não chega? Passemos às respostas a essas perguntas, caminhando pelo nosso texto, parte a parte.
Gênesis 1.1 a 2.4a – conforme estudamos na última mensagem de nossa série de mensagens no livro de Gênesis – traz O PRINCÍPIO, narra a história da criação do céu e da terra. É uma composição literária habilississimamente estruturada. Lê-se que Deus mesmo – Elohim –, do nada fez acontecer o princípio de tudo: ele criou os céus e a terra. Inicialmente, era tudo sem forma e vazio, mas esse estado ainda caótico e inabitável foi gradativamente sendo transformado – pelo mover do Espírito de Deus e o pronunciamento – dez pronunciamentos – da palavra de Deus. Ao longo de seis dias, todas as coisas foram obedecendo à voz de Deus… As coisas foram acontecendo em perfeita ordem e harmonia, tudo bom aos olhos de Deus Criador. Os primeiros três dias foram ocupados em dar forma e estabelecer as funções mais básicas (tempo, água, terra, clima e vegetação), enquanto nos três seguintes Deus preencheu o cosmos (sol, lua, animais e ser humano). Ao final de tudo, tendo dado forma ao que inicialmente era sem forma e preenchido o que estava vazio no início de tudo, Deus viu que tudo ficara “muito bom”. VEJA: o foco dessa narrativa – Gênesis 1.1—2.4a –, a ideia central desse texto é revelar que “pela ação poderosa de sua palavra pronunciada e o agir silencioso, gerador de vida de seu Espírito, Deus, o Rei do universo, do nada criou a terra como o seu reino e os seres humanos como os seus regentes, e tudo isso de uma forma muito boa, perfeita.” DESSE MODO, dentre tantas outras coisas, tem-se aqui uma introdução perfeita a respeito de quem é Deus e de como ele criou o homem e a mulher para serem – isto é, homem e mulher em relação ao próprio Deus, um ao outro e ao restante da criação.
Gênesis 2.4b-25 – que alguns chamam de segundo relato da criação – é, na verdade, o complemento do relato da criação de Gênesis 1.1–2.4a. O Deus transcendente [o Deus todo-poderoso e que está acima de tudo e de todos e] que trouxe todas as coisas à existência também é o Deus imanente [o Deus todo-presente, que se envolve amorosamente com todas as coisas que ele criou e] que, à semelhança do oleiro, forma o homem, ao moldar o barro e soprar o fôlego de vida dentro do corpo ainda sem vida, como o jardineiro, planta um jardim para ser cuidado pelo homem e, como o cientista, constrói a mulher a partir da costela e da carne do homem. Ainda em Gênesis 2, vê-se os seres humanos governando a terra na condição de vice-regentes de Deus Criador.
Desse modo, A PRIMEIRA PARTE DA NARRATIVA DA CRIAÇÃO (Gn 1.1–2.4a) começa com o caos (Gn 1.2) e termina com Deus descansando, depois de haver completado a muito boa obra da criação. Já A SEGUNDA PARTE DA NARRATIVA DA CRIAÇÃO (Gn 2.4b-25) – não se esqueça: que é um recorte ampliado ou detalhado do sexto dia da criação – começa com a humanidade sem um local apropriado (sem o jardim: Gn 2.4b) e termina com a aliança do casamento (Gn 2.24-25).
NÃO SE ESQUEÇAM DISTO: Gênesis 1 e 2 são a base para se compreender o mundo, o homem e o plano de Deus na história. Sem esses dois capítulos, nada na Bíblia faria sentido. De fato, a vida não teria sentido. Sem Gênesis 1 e 2 nós não compreenderíamos o que o pecado corrompeu, porque o pecado é tão grave e aonde Deus está encaminhando a sua criação e a história. Por meio desses dois capítulos aprendemos sobre a perfeição de Deus e seu santo plano para nós e o quanto ele é amoroso, a ponto de não desistir de seu projeto inicial, agora que enviou seu Filho: Jesus Cristo.
Pois bem, o que se tem aqui no nosso texto: Gênesis 2.4b-25? Cinco coisa:
Vajamos um de cada vez e, ao final, façamos algumas aplicações.
1. A formação do homem (2.4b-7)
Moisés resumirá as condições do jardim antes da criação do homem; e assim revelará tanto o papel do homem como vice-regente da criação divina como deixará claro que o ser humano é indispensável para que a criação não fique sem forma e vazia. Veja:
Gênesis 2.4b-7 4bQuando o SENHOR Deus criou a terra e os céus, 5nenhuma planta silvestre nem grãos haviam brotado na terra, pois o SENHOR Deus ainda não tinha mandado chuva para regar a terra, e não havia quem a cultivasse. 6Mas do solo brotava água, que regava toda a terra. 7Então o SENHOR Deus formou o homem do pó da terra. Soprou o fôlego da vida em suas narinas, e o homem se tornou ser vivo.
“SENHOR DEUS.” A primeira coisa que não pode passar desapercebida nesta passagem é o nome composto do Criador: “SENHOR Deus” (v. 4b) – “quando o SENHOR Deus criou a terra e os céus”. Lá em Gênesis 1.1 o Criador foi chamado apenas de “Deus” – “No princípio, Deus criou os céus e a terra.” — Por que essa adição? Por que “SENHOR Deus”, e não apenas “Deus”? — Deus (Elohim) é o nome majestoso e apropriado de Deus como Criador do universo, uma vez que indica corretamente a divindade onipotente do Criador. Agora, SENHOR (Yahweh) é o nome que será comumente associado ao relacionamento de aliança entre Deus e seu povo, Israel:
Gênesis 12.1-3 1O SENHOR tinha dito a Abrão: “Deixe sua terra natal, seus parentes e a família de seu pai e vá à terra que eu lhe mostrarei. 2Farei de você uma grande nação, o abençoarei e o tornarei famoso, e você será uma bênção para outros. 3Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem. Por meio de você, todas as famílias da terra serão abençoadas”.
Gênesis 15.6-7 6Abrão creu no SENHOR, e assim foi considerado justo. 7Então o SENHOR lhe disse: “Eu sou o SENHOR, que o tirei de Ur dos caldeus para lhe dar esta terra como posse”.
Êxodo 3.14-15 14Deus respondeu a Moisés: “EU SOU O QUE SOU. Diga ao povo de Israel: EU SOU me enviou a vocês”. 15Deus também instruiu Moisés: “Diga ao povo de Israel: Javé [o SENHOR], o Deus de seus antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vocês. Esse é meu nome para sempre, o nome pelo qual serei lembrado de geração em geração.
Pois bem, quando Moisés – em Gênesis 2.4 – coloca de forma composta o nome do Criador: “Quando o SENHOR Deus criou a terra e os céus”, essa combinação é para deixar bem claro, já no começo da Bíblia, que Deus (Elohim), o majestoso e onipotente Criador, é o onipresente SENHOR (Yahweh) de seu povo; o mesmo Deus que criou o mundo e tudo o que nele há é o SENHOR da aliança com seu povo, iniciada com Abraão.
O HOMEM PARA CULTIVAR A TERRA. A segunda coisa a se notar em Gênesis 2.4b-7 é que esse SENHOR Deus, o Criador de todas as coisas e o Deus da aliança com seu povo, preparará o jardim para o ser humano, mas há problemas, por assim dizer, problemas que precisarão ser solucionados: ausência de plantas, grãos, chuva e mão de obra para cuidar da terra e da plantação. Deus, então, providenciará lençóis de água (v. 6) e rios (v. 10-14) que possam regar a terra e Deus colocará o homem no jardim para cultivá-lo e tomar conta dele (v. 15). EM TUDO ISSO, O QUE NÃO SE PODE DEIXAR DE PERCEBER é que a criação, para ter forma e ser apropriada para todos os preenchimentos de Deus e assim ser boa para habitação, depende de Deus colocar nela seus vice-regentes: os seres humanos. Portanto, sim, o trabalho em si já existia antes da queda!
Gênesis 2.4b-7 4bQuando o SENHOR Deus criou a terra e os céus, 5nenhuma planta silvestre nem grãos haviam brotado na terra, pois o SENHOR Deus ainda não tinha mandado chuva para regar a terra, e não havia quem a cultivasse. 6Mas do solo brotava água, que regava toda a terra. 7Então o SENHOR Deus formou o homem do pó da terra. Soprou o fôlego da vida em suas narinas, e o homem se tornou ser vivo.
POEIRENTO E PRECIOSO. O versículo 7 que acabamos de ler revela que o ser humano é ao mesmo tempo poeirento e precioso; ele é do pó da terra, é matéria como todas as outras coisas materiais da criação, mas ele tem o fôlego da vida, o qual foi soprado em suas narinas pelo próprio SENHOR Deus. Ora, ao mesmo tempo que esse texto revela que a terra ou a matéria (criada por Deus) não é má ou ruim em si mesma (pois do pó ou da matéria desta terra o ser humano foi criado), Gênesis 2.7 revela que há algo de muito especial, divinamente especial no homem: ele foi “formado” pelas mãos do próprio Deus (como o oleiro molda o barro: Jó 10.8-9; 33.6; Is 45.9; Jr 18.6) e, diferentemente dos animais, o homem recebeu, pelo sopro de Deus, uma porção, alguma porção da divindade, porque ele foi criado “à imagem de Deus” (Gn 1.27).
A MARAVILHA DO EVANGELHO DE CRISTO. Que toda a ração humana está representada em Adão está indicado em seu nome: ’adam significa “humanidade”. Além do mais, por ser um vocábulo derivado de ’adama (i.e., “chão”, “terra”), o nome de Adão aponta para o fato de que pertencemos à terra – a terra é nosso berço, nosso lar e será (por causa do pecado) nossa sepultura. Entretanto – e aqui entra a maravilha do advento de Cristo, a maravilha do evangelho de Cristo –, porque o primeiro Adão foi formado na condição terrena, Deus garantiu, na encarnação e obra de Cristo (o segundo Adão) que a humanidade decaída tenha, na ressurreição, um corpo espiritual de glória imperecível. Veja como Paulo conectou o Adão histórico (criado do pó da terra, como se lê em Gênesis 2.7) com o Cristo histórico (em corpo humano) e a sua obra de salvação:
1Coríntios 15.42-49 42O mesmo acontece com a ressurreição dos mortos. Quando morremos, o corpo terreno é plantado no solo [volta ao pó], mas ressuscitará para viver para sempre. 43Nosso corpo é enterrado em desonra, mas ressuscitará em glória. É enterrado em fraqueza, mas ressuscitará em força. 44É enterrado como corpo humano natural, mas ressuscitará como corpo espiritual. Pois, assim como há corpos naturais, também há corpos espirituais. 45As Escrituras nos dizem [em Gênesis 2.7]: “O primeiro homem, Adão, se tornou ser vivo”. Mas o último Adão é espírito que dá vida. 46Primeiro vem o corpo natural, depois o corpo espiritual. 47O primeiro homem foi feito do pó da terra, enquanto o segundo homem veio do céu. 48Os que são da terra são como o homem terreno, e os que são do céu são como o homem celestial. 49Da mesma forma que agora somos como o homem terreno, algum dia seremos como o homem celestial.
Essa é a esperança de todos quantos estão unidos a Cristo pela fé.
Pois bem, tendo visto a formação do homem em Gênesis 2.4b-7, passemos ao nosso ponto seguinte: a preparação do jardim (Gn 2.8-14).
2. A preparação do jardim (2.8-14)
Tendo descrito a condição do jardim antes da criação do homem (2.4b-7), Moisés passará a relatar como era o jardim que Deus preparou para o homem.
Gênesis 2.8-14 8O SENHOR Deus plantou um jardim no Éden, para os lados do leste, e ali colocou o homem que havia criado. 9O SENHOR Deus fez brotar do solo árvores de todas as espécies, árvores lindas que produziam frutos deliciosos. No meio do jardim, colocou a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal. 10Da terra do Éden nascia um rio que regava o jardim e depois se dividia em quatro braços. 11O primeiro braço, chamado Pisom, rodeava toda a terra de Havilá, onde existe ouro. 12O ouro dessa terra é de grande pureza; lá também há resina aromática e pedra de ônix. 13O segundo braço, chamado Giom, rodeava toda a terra de Cuxe. 14O terceiro braço, chamado Tigre, corria para o leste da terra da Assíria. O quarto braço era chamado de Eufrates.
Deus preparou um jardim: um lugar “cercado”, “protegido”. É uma terra fértil, bela e frondosa. É também uma terra rica de ouro, pedras preciosas e aromas agradáveis. Seu nome – Éden – significa “deleite”, “êxtase”, “bem-aventurança”, “exuberância” ou “extrema felicidade”. Nesse local especial, Deus “colocou” os seres humanos para desfrutar um estado de extrema felicidade resultante de harmonia com Deus, uns com os outros, com os animais e com a terra (vs. 8, 15).
Esse “jardim no Éden”, ficava “para os lados do leste” (v. 8). No mundo bíblico, a direção “leste”, onde o sol nasce, representa a vida. Por exemplo: se fôssemos fazer uma viagem pelo rio Nilo (no Egito), veríamos que os templos que celebram a vida ficam na margem leste, ao passo que os monumentos à morte – as pirâmides, os túmulos e o templo mortuário – ficam na margem oeste. O altar está voltado para o leste, representando a vida, de modo que, nessa descrição do jardim, a humanidade se acha na fonte de vida abundante, numa área isolada, em comunhão com Deus.
A leitura cuidadosa dos versículos 10-14 nos permite inferir que o Éden estava em uma montanha, e seu jardim estava situado no topo dessa montanha (Ezequiel, o profeta, corrobora com essa ideia, em Ez 28.13-14). O texto de Gênesis descreve um rio que flui do Éden, ao longo do jardim, e então se torna a nascente dos quatro rios que irrigavam toda a terra: Pisom, Giom, Tigre e Eufrates. Note bem, ao contrário das correntes de água que surgem da terra, do lado de fora do jardim, esse rio simboliza um suprimento celeste de água vivificante (o salmista o chama de “rio de Deus”: Salmo 65.9). Essa água celeste fertilizava o jardim. Então, alimentado e nutrido pelo rio da vida, o jardim servia de canal pelo qual a água vivificante fluía até aos confins da terra. O salmista celebrou este rio de Deus: Salmo 46.4 — “Um rio e seus canais alegram a cidade de nosso Deus, o santo lugar do Altíssimo.”
Os profetas irão aprofundar o simbolismo do “rio de Deus”, ao descreverem as bênçãos que fluirão do templo do SENHOR para dar vida à terra (Ez 47.1-12), na nova era. Isso se cumpriu no Espírito de Deus que transborda do crente em Jesus como “rios de águas vivas” (Jo 7.37-39). O livro de Apocalipse, com efeito, emoldurará a consumação dessa imagem ao associá-la com a árvore da vida. Sim, no paraíso da consumação dos séculos, os santos mortais – que viverão por estarem próximos da presença de Deus – serão imortais (i.e., serão continuamente curados e, dessa maneira, estarão imunes à morte) naquele templo glorioso (Ap 22.1-2).
Pois bem, já deu para perceber que esse jardim no Éden era também um templo. Deus estava presente ali de uma maneira que não se via em outro lugar. Nesse jardim, as pessoas se encontravam com Deus e andavam e conversavam com ele (Gn 3.8). Como templo, é o eixo entre os céus e a terra. A santidade do lugar era protegida por querubins, sobretudo após a queda no pecado e a expulsão do homem do paraíso (Gn 3.24; Êx 26.1; 2Cr 3.7), de sorte que o pecado e a morte não faziam parte dele. De fato, as árvores, plantas, flores e os querubins esculpidos nas paredes de cedro e nas portas de madeira de oliveira do templo de Salomão são uma réplica do jardim no Éden (1Rs 6.18; 7.14-35; cf. Ez 41.17-26). A identificação do paraíso – do jardim plantado no Éden – como um templo confirma-se no uso apocalíptico do símbolo (Ap 20 e 21). De fato, nos dois últimos capítulos da Bíblia, o templo escatológico, o novo céu e e nova terra, é comprado com o paraíso, e o paraíso é apresentado como a morada de Deus, onde o próprio Deus habitará para fazer com que o homem habite com ele, para sempre.
No centro do jardim-templo plantado no Éden havia duas árvores em especial, dentre uma infinidade de outras árvores e plantas: a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2.9).
A árvore da vida. Ela representa a vida que vai além da vida original que Deus soprou dentro do homem. Por natureza, o primeiro homem era suscetível à morte, mas na criação original ele não era nem mau nem corrupto. Entretanto, comer continuamente dessa árvore iria renovar a vida e impedir o envelhecimento e a morte. Sem o pecado (i.e., a desobediência ao mandamento de Deus), os seres mortais tinham acesso a essa árvore. A árvore da vida, portanto, permitiria que o ser humano transcendesse sua mortalidade, estado em que foi criado no sexto dia, e passasse para uma dimensão mais elevada, a vida que vai além da criação e alcança a vida eterna e a imortalidade.
A árvore do conhecimento do bem e do mal. Ela representa o conhecimento do que faz prosperar a vida e do que a destrói. Também representa o conhecimento ético e moral; o conhecimento de que se precisa para tomar decisões certas e, dessa maneira, ser bem-sucedido. Ou seja: é o tipo de conhecimento próprio apenas de Deus, uma vez que apenas Deus possui conhecimento absoluto ou conclusivo acerca do que é bom ou mau. E ao comerem desse fruto, como veremos em Gênesis 3, Adão e Eva estavam, de fato, excluindo Deus como a fonte de todo o conhecimento do bem e do mal, estavam negando absolutos, transferindo para si mesmos, individualmente, toda a fonte do conhecimento para a vida. Cornelius Van Til escreveu:
Se o conhecimento humano não for totalmente submetido ao autoconhecimento original de Deus e à sua consequente revelação ao homem, então o homem terá de buscar o conhecimento dentro de si mesmo para ter um ponto de referência definitivo. Terá de buscar um conhecimento exaustivo da realidade. Terá de afirmar que, se não consegue chegar a esse conhecimento exaustivo da realidade, então não possui conhecimento verdadeiro de absolutamente nada. Esse é o dilema com que se depara cada forma de epistemologia [toda teoria do conhecimento] não cristã.
Só a palavra de Deus capacita a criatura a discernir o que é verdadeiramente bom e mau; só a Bíblia, a revelação de Deus, torna sábios os simples (Sl 19.7). Ao contrário do que se costuma afirmar, a posse desse conhecimento pelo ser humano não é um estado neutro, nem a maturidade desejada, nem um avanço da humanidade. O desejo de ter esse conhecimento em si mesmo reflete a tentação humana de alcançar a autonomia.Samuel Terrien ressaltou com perspicácia que “a autoconfiança e a autossuficiência estão muito próximas da arrogância. Um tipo especial de orgulho seduz os seres humanos e lhes dá a ilusão de terem um controle contínuo”. Apoderar-se desse conhecimento representa uma declaração de independência, uma rejeição à soberania de Deus. Em vez de confiar em um Deus onicompetente, o ser mortal dependente usurpa a autoridade do Imortal, de quem depende toda sua existência, e procura discernir com independência o bem e o mal. A motivação última para os seres humanos tomarem esse poder é o desejo puro e simples de eles próprios se tornarem deuses. Deus deseja salvar os seres mortais finitos, resgatá-los da inclinação imperfeita de fazerem as próprias leis. Pelo fato de chegarem ao pecaminoso estado de autônomos, não devem mais comer da árvore da vida, pois seriam relegados para sempre ao estado proibido de escolher um código de ética próprio (Gn 3.22). G. K. Chesterton afirmou: “Um grande homem sabe que não é deus, e, quanto maior ele é, mais tem consciência disso”.
RESUMINDO: Deus colocou o homem em uma jardim-templo, onde pudesse ter comunhão diária com ele, um lugar de beleza, riqueza e abundância, um lugar protegido e cuidado pelo próprio Deus, um lugar de vida e de consciência de que saber discernir o que é bom e mau pertence a Deus, e ao homem depender dele e o obedecer, seguir, fazer cumprir sua palavra revelada.
Pois bem, vimos a formação do homem (Gn 2.4b-7) e a preparação do jardim (Gn 2.8-14), vejamos a vocação do homem no jardim (Gn 2.15-17).
3. A vocação do homem no jardim (2.15-17)
Adão foi colocado no jardim para cumprir sua vocação divina, como o representante maior de Deus na terra: muito mais do que apenas um jardineiro, um sacerdote:
Gênesis 2.15-17 15O SENHOR Deus colocou o homem no jardim do Éden para cultivá-lo e tomar conta dele, 16mas o SENHOR Deus lhe ordenou: “Coma à vontade dos frutos de todas as árvores do jardim, 17exceto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Se você comer desse fruto, com certeza morrerá”.
Note que no jardim o homem tinha a responsabilidade de “cultivar” [cuidar, manter ou guardar] e “tomar conta dele” [trabalhar ou servir]. Esses dois verbos são termos sacerdotais e levíticos, pois serão usados para descrever também a função dos sacerdotes e levitas ligados à adoração no templo: servir e cuidar. Não poderia ser diferente, pois se o jardim é um templo, por inferência os seres humanos que nele habitam são sacerdotes.
Pois bem, essa era a vocação do homem no jardim: trabalhar, ou melhor, cultivar o jardim e cuidar dele como ato de adoração ao Criador. Havia uma conexão (que com a queda no pecado foi quebrada) entre Deus, trabalho e adoração. Após a queda, o trabalho (como veremos em Gênesis 3), tornou-se penoso, insignificante e compulsório. Em Cristo, porém, o significado do trabalho é restaurado, de forma que no novo céu e na nova terra voltaremos a trabalhar com a devida conexão entre Deus, trabalho e adoração; então o trabalho será prazeroso, significativo e voluntarioso (cf. Is 65.17-25).
Agora, note, as primeiras palavras de Deus a Adão são uma ordem, e dessa forma fica estabelecido o relacionamento entre ele e a humanidade. Por um lado, o Rei soberano delega à humanidade autoridade de governar abaixo dele. Por outro lado, o fato deDeus emitir uma ordem pressupõe que o homem tem a capacidade moral de escolher livremente se vai obedecer ou desobedecer a Deus:
Gênesis 2.15-17 15O SENHOR Deus colocou o homem no jardim do Éden para cultivá-lo e tomar conta dele, 16mas o SENHOR Deus lhe ordenou: “Coma à vontade dos frutos de todas as árvores do jardim, 17exceto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Se você comer desse fruto, com certeza morrerá”.
Nessa estrutura de aliança (i.e., obrigatória), que alguns teólogos denominam “aliança das obras” ou “aliança de vida”, Deus, por sua graça, oferece a Adão, o representante da humanidade, o direito de permanecer naquela terra de felicidade absoluta como recompensa por sua obediência. Agora, é surpreendente que Deus apresente apenas uma proibição, uma única norma alimentar: “Não comerás”.
O mandamento pressupõe que, por serem imagem de Deus, os seres humanos deveriam pensar, planejar, falar e agir de acordo com o propósito de seu Criador. A ordem também é para o bem deles: se mantivessem-se confiantes em Deus e o obedecendo, mesmo em face da opção de escolher o contrário, permaneceriam sob a direção e a proteção amorosas e fieis do Criador. O pecado, por sua vez, consiste e uma ilícita manifestação de incredulidade, uma afirmação de que o ser humano é autônomo e, assim, pode duvidar de Deus e conhecer o bem e o mal sem a ajuda dele.
A penalidade é a morte. A humanidade foi feita para viver pela fé na palavra de Deus, não por uma professa autossuficiência de conhecimento (Dt 8.3; Ez 28.6, 15-17). Então Deus adverte: se o homem e a mulher usurpassem o papel de Deus, estariam prejudicando seu relacionamento com ele e um com o outro, e morreriam espiritualmente. A introdução da morte física, portanto, é uma condenação, mas é também uma bênção. Sim, pois como veremos em Gênesis 3, ao expulsar Adão e Eva do jardim, após o pecado, Deus pretendia purificar o Éden e, ao mesmo tempo, proteger o casal, pois evitaria que comessem da árvore da vida e assim ficassem presos para sempre ao pecado e à aflição. Deus iria preparar um caminho melhor, uma salvação que ultrapassaria a morte e aboliria o pecado e a tristeza, para sempre.
A vocação do homem no jardim: adorar a Deus em tudo que faz, obedientemente.
4. A apresentação da mulher (2.18-23)
O auxilio divino para o homem: a mulher.
Gênesis 2.18-23 18O SENHOR Deus disse: “Não é bom que o homem esteja sozinho. Farei alguém que o ajude e o complete”. 19O SENHOR Deus formou da terra todos os animais selvagens e todas as aves do céu. Trouxe-os ao homem para ver como os chamaria, e o homem escolheu um nome para cada um deles. 20Deu nome a todos os animais domésticos, a todas as aves do céu e a todos os animais selvagens. O homem, porém, continuava sem alguém que o ajudasse e o completasse. 21Então o SENHOR Deus o fez cair num sono profundo. Enquanto o homem dormia, tirou dele uma das costelas e fechou o espaço que ela ocupava. 22Dessa costela o SENHOR Deus fez uma mulher e a trouxe ao homem. 23“Finalmente!”, exclamou o homem. “Esta é osso dos meus ossos, e carne da minha carne! Será chamada ‘mulher’, porque foi tirada do ‘homem’”.
Pela primeira vez, em toda a história da criação, Deus, que tem em si mesmo todo o conhecimento do bem e do mal, viu algo que não era bom: que o homem estava sozinho (v. 18). Então Deus decidiu fazer a mulher, a auxiliadora que estivesse face a face com Adão, à altura dele: para deleite de ambos (homem e mulher), procriação da espécie humana e domínio da terra, cultivando e expandindo o jardim. Em toda a fauna havia, para cada tipo de animal, um outro correspondente: um macho e uma fêmea; Adão, porém, continuava sem alguém (v. 20). Note, porém, que não é o homem que dá conta disso a Deus e de algum modo reivindica algo para si, mas é o próprio Deus quem relata o que não estava bom e age para tornar tudo muito bom. Então, desse modo, homem e mulher, refletiriam a imagem e semelhança com Deus.
Deus viu que não era bom o homem ficar só, então agiu, agiu de modo bom: fez o homem dormir profundamente (afinal, Deus trabalha para os que nele confiam: Is 64.4; e, aos seus, Deus os dá enquanto eles dormem: Sl 127.2); e, de forma indolor, da costela e da carne de Adão, Deus “construiu”, “edificou” Eva e a trouxe, apresentou-a ao homem. O resto da história nós já conhecemos: Adão não se conteve e compôs o primeiro verso, a primeira música de amor da história: versículo 23 — “Finalmente!”, exclamou o homem. “Esta é osso dos meus ossos, e carne da minha carne! Será chamada ‘mulher’, porque foi tirada do ‘homem’”.
A dignidade da mulher nesta narrativa é tamanha que o termo “auxiliadora”, usado para descrever o papel da mulher junto ao homem, é usado em outras partes da Bíblia para descrever a ajuda ou o socorro de Deus em favor de seu povo (Êx 18.4; Dt 33.7; 1Sm 7.12; Sl 20.2; 46.1). Ainda sobre a dignidade da mulher, John Gill escreveu:
É comumente observado, e com bastante pertinência, que a mulher não foi feita da parte superior do homem, para que ela não possa ser concebida como estando acima dele e tenha poder sobre ele; nem de qualquer parte inferior, como se estivesse abaixo dele, e pudesse ser pisada por ele; mas do lado dele e de uma de suas costelas, para que ela pudesse parecer igual a ele; e de uma parte próxima ao seu coração, e debaixo de seus braços, para mostrar que ela deveria ser carinhosamente amada por ele, e estar sempre sob seus cuidados e proteção.
Pois bem, vimos a formação do homem (Gn 2.4b-7), a preparação do jardim (Gn 2.8-14), a vocação do homem no jardim (Gn 2.15-17) e a apresentação da mulher (Gn 2.18-23). Estamos prontos para o último tópico que compõe O PARAÍSO: a instituição do casamento (Gn 2.24-25).
5. A instituição do casamento (2.24-25)
Aqui, em forma embrionária, está a essência do casamento:
Gênesis 2.24-25 24Por isso o homem deixa pai e mãe e se une à sua mulher, e os dois se tornam um só. 25O homem e a mulher estavam nus, mas não sentiam vergonha.
Esses versículos apresentam o casamento como Deus o concebeu; sim, Deus o concebeu, não é o resultado de tradição humana ou arranjo cultura, o casamento é plano de Deus, e envolve os seguintes: [1.] heterossexualidade: homem e mulher; [2.] exclusividade: um homem e uma mulher, que deixam pai e mãe; [3.] fidelidade: se une à sua mulher; e [4.] intimidade: os dois se tornam um só; nus, mas não sentiam vergonha.
Ademais, a ideia original de Deus para o casamento fornece a base para as leis contra o adultério (Êx 20.14; Hb 13.4); serve de modelo para o casamento na igreja – perene (Mt 19.3-12); lança o alicerce teológico para os papeis do homem e da mulher no lar e na igreja (1Co 11.3-12; 1Tm 2.9-15); e, acima de tudo, aponta para a aliança que Deus fez em Cristo com a sua igreja (Ef 5.22-32).
Em face do que vimos, quais lições podemos extrair do paraíso?
1. PRIMEIRO, A ALIANÇA DE DEUS. Deus é um Deus de aliança, e a história da criação (seguida da queda em Gênesis 3) revela que esse Deus que fez aliança com Adão, Noé, Abraão, Moisés e Davi, ele fez uma nova aliança com seu povo por meio do sangue de Jesus Cristo. Deus plantou um jardim idílico, maravilhoso, perfeito e protegido, mas a humanidade, ainda assim, pecou.
O fracasso de Adão e Eva no paraíso tem profundo significado teológico. Uma vez que Adão foi o único ser humano que poderia ter resistido à tentação da Serpente, seu fracasso deixa implícito que a humanidade, quando não tem a capacitação espiritual proveniente de Deus, não está à altura do poder da Serpente e, portanto, não consegue guardar a aliança com Deus.
Contrariando boa parte do pensamento sociológico – segundo o qual a maneira de aperfeiçoar os seres humanos é melhorar seu ambiente –, esse texto mostra que, ao passar por uma prova, até o melhor dos seres humanos se rebela, ainda que esteja no ambiente perfeito.
Esse entendimento teológico é visto logo no início de Gênesis. Cada uma das alianças subsequentes – com Noé, Abraão, Moisés e Davi – tem de ser lida de acordo com este pressuposto: sem ajuda, a fidelidade humana é uma impossibilidade; qualquer aspecto da aliança que dependa apenas da vontade humana está fadado ao fracasso. O raciocínio é simples: se Adão fracassou no ambiente perfeito do jardim-paraíso-templo, sem ter culpa herdada nem natureza decaída, como poderá o Israel de coração endurecido guardar Lei do Senhor em Canaã, terra conhecida por sua depravação (cf. Dt 31.26-29; 32.1-43; Js 24.19,27)? E, como poderão os reis de Judá, pela própria força, satisfazer os aspectos condicionais da aliança com Davi (25m 7.14)?
Na verdade, o tipo de fracasso mais frequente nessas alianças está determinado pelo fracasso de Adão e Eva no jardim. Esse fracasso, logo no início, antecipa implicitamente um tipo diferente de relacionamento de aliança, que não depende da fidelidade humana, mas apenas da graça de Deus por meio do segundo Adão: Jesus Cristo. Em outras palavras, o texto indiretamente conduz à reflexão teológica que traz a verdade a lume: sem Cristo, nada podemos fazer.
E Deus fez uma nova aliança no sangue de Cristo (1Co 11.25). A obediência perfeita de Cristo e a morte substitutiva de Cristo, o segundo Adão, quando recebidas com arrependimento e fé, por parte do pecador, satisfaz a aliança de obras (obediência) que Deus fez com Adão e demais descendentes; e, mediante a fé que “Adão”, isto é: o pecador, deposita em Cristo (o segundo “Adão”), Deus imputa ao que crê a justiça de Cristo (o segundo “Adão”) – que em tudo obedeceu o Pai.
2. SEGUNDO, A RESTAURAÇÃO DO PARAÍSO. Deus não quebra sua aliança. Isso significa que pela fé em Cristo você pode estar na presença de Deus, no paraíso (aqui e agora, pela fé; e após a morte, face a face). Foi exatamente isso que Jesus prometeu ao ladrão arrependido lá na cruz: Lucas 23.42-43 — “Então ele disse: “Jesus, lembre-se de mim quando vier no seu reino”. E Jesus lhe respondeu: “Eu lhe asseguro que hoje você estará comigo no paraíso”. — Essa é a promessa do Deus que não é homem para mentir. E enquanto você e eu não chegamos lá, face a face, nada aqui, pela aliança de Cristo, poderá nos arrancar das mãos do salvador, tampouco quando estivermos lá no paraíso (Jo 10.29). Isso significa que não haverá mais Serpente ou pecado que nos farão perder o estado glorioso de salvação, que nos farão perder o paraíso. Nada. Ninguém. E até lá, até o paraíso, vivemos aqui pela fé, aguardando quando toda a criação será restaurada (Rm 8.19-25); batalhando pela redenção e a restauração deste mundo: pregando e modelando o evangelho de Cristo; servindo e trabalhando, exercendo nossa vocação de trabalhar e de servir para a glória de Deus e o bem do próximo em tudo que nos vier a mão para fazermos.
3. TERCEIRO, O DESEJO DE ESTAR NO PARAÍSO. Até chegarmos ao paraíso, ou ele vir até nós (no novo céu e na nova terra), cabe-nos usar tudo o que temos ao dispor, na obra da criação – dores e delícias, gostosuras e gemidos… tudo… – para sermos transportados para o céu, em fé. C. S. Lewis escreveu:
Provavelmente os prazeres terrenos nunca tivessem tido a intenção de satisfazer estes prazeres [terrenos], mas apenas de despertá-los para levá-lo [levar-nos] à coisa certa. Nesse caso, tenho de cuidar, por um lado, para nunca desprezar ou ser ingrato por essas bênçãos terrenas e, por outro, nunca tomá-las equivocadamente por algo mais do que elas são: meras cópias, eco ou miragem. Devo manter vivo em mim o desejo pela minha verdadeira pátria, que só encontrarei depois da morte; nunca devo deixá-la coberta de neve ou de lado; devo fazer com que o principal objetivo da minha vida seja avançar para esse outro país e ajudar outros a fazer o mesmo”.
Aprenda, pois, a usar os prazeres desta vida de modo a se lançar para o paraíso: a presença de Deus no novo céu e nova terra.
E tudo isso: a aliança com Deus, a restauração do paraíso e o desejo de estar no paraíso só é possível em Cristo Jesus:
2Coríntios 5.17-18 17[…] todo aquele que está em Cristo se tornou nova criação. A velha vida acabou, e uma nova vida teve início! 18E tudo isso vem de Deus, aquele que nos trouxe de volta para si por meio de Cristo e nos encarregou de reconciliar outros com ele.
S.D.G. L.B.Peixoto
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