05.05.2024
Salmo 110 (NVT)
Salmo de Davi.
1O SENHOR disse ao meu Senhor:
“Sente-se no lugar de honra à minha direita,
até que eu humilhe seus inimigos
e os ponha debaixo de seus pés”.
2O SENHOR estenderá seu reino poderoso desde Sião;
você governará seus inimigos.
3Quando você for à guerra,
seu povo o servirá de livre vontade.
Você está envolto em vestes santas,
e sua força será renovada a cada dia, como o orvalho da manhã.
4O SENHOR jurou e não voltará atrás:
“Você é sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”.
5O Senhor está à sua direita para protegê-lo;
esmagará muitos reis no dia de sua ira.
6Castigarás as nações e encherá suas terras de cadáveres;
esmagará cabeças por todo o mundo.
7Ele próprio, contudo, se refrescará em riachos ao longo do caminho;
ele será vitorioso.
POR QUE AS PESSOAS SE REVOLTAM? Por que os povos ou as nações se insurgem contra seus governantes? Como nascem as revoluções? Ora, basta uma checagem superficial da história para você descobrir que o descontentamento civil ou social é tão antigo quanto a organização de clãs, povos, reinos ou sociedades humanas. De fato, desde a queda do homem no pecado (Gn 3), a história parece ter sido sim escrita por insurreições e revoluções, começando com Caim, quando matou o próprio irmão Abel (Gn 4). De lá pra cá, o que se acha são registros de injustiças gananciosas e fome de poder alimentando a ânsia das pessoas de encontrar maneiras de transformar a sociedade para o bem de todos, indistintamente.
Na escola, a gente aprende que na maior parte da história registrada nos livros, a grande maioria da humanidade era formada de gente do campo labutando em benefício de uns poucos senhores ou reis. E uma vez satisfeitas as exigências do soberano, pouco restava para suprir as necessidades básicas do povão trabalhador. Era assim que nasciam as revoltas populares em busca de mudanças fundamentais ou estruturais na sociedade. Em contrapartida, essas insurreições, geralmente, eram resistidas com repressões brutais por parte dos detentores do poder das armas. Cheira a marxismo, eu sei, mas não, é uma realidade. Acha-se este padrão, por exemplo, na Bíblia, inclusive na Bíblia.
Você se recorda de quando Roboão, filho de Salomão, ascendeu ao trono de Israel? Qual foi uma das primeiras medidas que ele tomou como soberano? Ora, foi aumentar os impostos e sugar ainda mais da mão de obra dos súditos do reino. O resultado foi que as tribos do norte se rebelaram e tomaram para si outro rei: Jeroboão. Desse modo nasceu a divisão entre o reino do norte (Israel, cuja capital passou a ser Samaria e o rei foi Jeroboão) e o reino do sul (Judá, cuja capital permaneceu sendo Jerusalém e o rei foi Roboão). — Você pode ler por si mesmo a história em 1Reis 12.1-20. — Desde então, o que se assistiu foi um desfile de reis, no norte e no sul, reinando com injustiça e impiedade, salvo raras exceções. Até que Deus enviou o povo para o exílio na Babilônia. E nunca mais eles tiveram um rei terreno.
De volta ao fluxo da história humana: a “rebelião” de Jeroboão é apenas um exemplo dos diversos marcos na história da humanidade. Outros termos aplicados para essas insurreições é “revolução”. Você já deve ter ouvido falar de alguns dos exemplos mais comuns: Revolução Francesa, Revolução Industrial, Revolução Soviética, Revolução Cubana, Revolução Digital, Revolução Sexual.
“Revolução” é o movimento de revolta contra um poder estabelecido, e que visa a promover mudanças profundas nas instituições políticas, econômicas, culturais e morais. A revolução ocorre devido a mudança de pensamento. As pessoas passam a não gostar mais do regime tradicional, devido ao surgimento de uma nova ideia de vida, uma nova ideia que julgaram ser melhor do que a estabelecida, independentemente de ser boa ou ruim. Eric Voegeling, doutor em Ciências Políticas pela Universidade de Viena, afirmava que um dos principais motivos das revoluções políticas modernas era a tentativa de imanentizar (materializar) realidades metafísicas (aquelas que transcendem a experiência sensível), de criar uma “religião política”. Para Voegeling, a principal cosmovisão do mundo moderno passou a ser – não mais a teologia cristã, mas – as ideologias seculares.
Para alguns, este parece ter sido o anseio das massas em rebelião na história (palavras de Benjamin Franklin, um dos pais fundadores dos Estados Unidos da América): liberdade, em vez de servidão; cidadania, em vez de vassalagem; igualdade, em vez de classes privilegiadas; prosperidade e poder para todos, em vez de uns poucos ricos e poderosos dando as cartas. Entretanto, a história está aí para comprovar que, em que pese alguns experimentos revolucionário terem dado certo aqui e acolá, em que pese algumas verdade estarem tecidas da trama dos manuais revolucionários, em que pese algum sistema de governo se provar superior a outro, a situação parece não ter mudado tanto assim para o povão. Com efeito, continua havendo exploração, desigualdade, repressão e perda de liberdades, mesmo em governos ditos democráticos.
A bem da verdade, meu povo, o problema nunca esteve no sistema de governo em si: se monarquia absoluta, monarquia parlamentarista, presidencialismo ou parlamentarismo. O problema sempre esteve em quem ocupa o trono ou a cadeira do poder. O problema sempre foi os donos do poder e os povos governados; a corrupção do coração dos governantes e também das massas.
Desse modo, a solução jamais será a revolução, mas a evangelização; jamais será a ideologia secular, mas a teologia cristã; a solução sempre foi e sempre será o evangelho de Jesus Cristo, o qual transforma o pecador, e os reis, e os governantes, promovendo a verdadeira justiça. Deus modo, nosso grito jamais foi e jamais poderá ser o grito das utopias revolucionárias – “Vive la revolución!” –, e sim o grito da verdade regeneradora – “Viva o Evangelho!”. Foi por isto que Paulo deu esta recomendação a Timóteo, pastor na grande e influente cidade de Éfeso, na Ásia Menor:
1Timóteo 2.1-8 (NVT)
1Em primeiro lugar, recomendo que sejam feitas petições, orações, intercessões e ações de graça em favor de todos, 2em favor dos reis e de todos que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida pacífica e tranquila, caracterizada por devoção e dignidade. 3Isso é bom e agrada a Deus, nosso Salvador, 4cujo desejo é que todos sejam salvos e conheçam a verdade. 5Pois:
Há um só Deus e um só Mediador entre Deus e a humanidade:
o homem Cristo Jesus.
6Ele deu sua vida para comprar
a liberdade de todos.
Essa é a mensagem que foi entregue ao mundo no momento oportuno. 7E eu fui escolhido como pregador e apóstolo para ensinar aos gentios essa mensagem a respeito da fé e da verdade. Não estou mentindo; digo a verdade.
8Quero, portanto, que em todo lugar de culto os homens orem com mãos santas levantadas, livres de ira e de controvérsias.
— Por quê? — Porque a solução profunda, definitiva e que realmente promoverá paz, tranquilidade, dignidade e devoção para a humanidade sempre será pela evangelização cristã dos povos, jamais pela revolução iluminista ou secular das massas.
Salmo Messiânico
Isso nos traz a Salmos 110, que – ao lado de Salmos 22 e 69 – é dos salmos mais citados no Novo Testamento. Para se ter uma ideia, apenas o Salmo 110.1 está citado, direta ou indiretamente, pelo menos 27 vezes no Novo Testamento. A razão parece ser que o Salmo 110 é o mais messiânicos dos salmos. Ele todo gira em torno apenas do Messias e de sua obra exclusiva, sem qualquer referência primária a um rei terreno.
Quando se faz uma pesquisa em Salmos descobre-se que não há uma grande variedade de salmos messiânicos. Apesar de algumas alusões ao Messias serem feitas aqui e ali em diversos salmos, apenas os Salmos 2, 22, 45, 72 e 110 – portanto, apenas cinco salmos – contêm principalmente elementos messiânicos, embora outras partes deles são aparentemente sobre o rei terreno que reinava na época da composição do salmo.
Entretanto, o Salmo 110 é o único que versa inteiramente apenas sobre o rei divino que foi coroado à direita de Deus no céu e que está atualmente empenhado em estender seu reino espiritual por toda a terra. Diz-nos que este Messias ou Rei Deus (110.1-3) também é Sacerdote (Sl 110.4), desempenhando funções sacerdotais e que, adicionalmente, ele também é Juiz, e no fim dos tempos executará o julgamento final sobre as nações e governantes desta terra (110.5-7).
Ocasião para a composição
Alguns argumentam que Salmos 110 foi composto por ocasião da conquista da cidade de Jerusalém. Gênesis 14.18 nos informa que esta cidade fora, anteriormente, governada por Melquisedeque, o qual era “rei de Salém [antigo nome de Jerusalém] e sacerdote do Deus Altíssimo”. Daí, portanto, a alusão a seu nome em Salmos 110.4, que diz que o rei de Israel seria “sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”. O salmo, portanto, – argumentam estudiosos – além de ter sido composto para a coroação de Davi, poderia ter sido usado pelos reis subsequentes para as celebrações reais, talvez coroações ou preparativos para as batalhas, uma vez que descreve as vitórias garantidas pelo SENHOR (110.5-7).
O personagem do salmo
Entretanto, o personagem deste salmo não é Davi ou qualquer outro rei depois dele em Israel, tampouco será qualquer outro que algum dia porventura venha a ocupar o trono na cidade santa de Jerusalém. O Rei ao qual Davi faz referência neste salmo é nenhum outro senão o próprio Senhor Jesus Cristo.
Perto do fim do ministério terreno de Cristo, não muito antes de sua prisão e crucificação, em algum momento os líderes de Israel estavam buscando apanhá-lo com perguntas capciosas, mas ele sempre virava o jogo contra eles, fazendo perguntas que estavam para além da capacidade deles de responder. Por exemplo:
Mateus 22.41-46 (NVT)
41Então, rodeado pelos fariseus, Jesus lhes fez a seguinte pergunta: 42“O que vocês pensam do Cristo? De quem ele é filho?”.
Eles responderam: “É filho de Davi”.
43Jesus perguntou: “Então por que Davi, falando por meio do Espírito, chama o Cristo de ‘meu Senhor’? Pois Davi disse [em Salmos 110.1]:
44‘O Senhor disse ao meu Senhor:
Sente-se no lugar de honra à minha direita até que eu humilhe seus inimigos
debaixo de seus pés’.
45Portanto, se Davi chamou o Cristo de ‘meu Senhor’, como ele pode ser filho de Davi?”.
46Ninguém conseguiu responder e, depois disso, não se atreveram a lhe fazer mais perguntas.
Assim, uma questão aparentemente fácil tornou-se, subitamente, uma questão profunda e penetrante. Pois se Davi chamou seu descendente físico natural (o Messias) de seu Senhor [“O Senhor (ou Deus) disse ao meu Senhor”], só poderia ser porque Aquele que viria de sua descendência seria de alguma forma maior do que o próprio Davi jamais foi. Ora, a única maneira de isso ser possível seria se o Messias fosse mais do que um mero homem. Ele teria que ser um Messias divino, isto é, Deus.
Portanto, a resposta à pergunta (feita por Jesus em Mateus 22.41): “O que vocês pensam do Cristo? De quem ele é filho?”, deve ser esta: “Ele é filho de Davi e Filho de Deus”. Em outras palavras, a resposta correta está no ensino exato que Paulo, sob inspiração do Espírito Santo, desenvolveu nos primeiros versículos de Romanos:
Romanos 1.1-4 (NVT)
1Eu, Paulo, servo de Cristo Jesus, chamado para ser apóstolo e enviado para anunciar as boas-novas de Deus, escrevo esta carta. 2Deus prometeu as boas-novas muito tempo atrás nas Escrituras Sagradas, por meio de seus profetas. 3Elas se referem a seu Filho, que, como homem, nasceu da linhagem do rei Davi, 4 e, quando o poder do Espírito Santo o ressuscitou dos mortos, foi demonstrado que ele era o Filho de Deus. Ele é Jesus Cristo, nosso Senhor.
Pois bem, o Salmo 110 é sobre o evangelho, evangelho anunciado já desde os profetas do Antigo Testamento, dentre os quais, o próprio Davi. O Salmo 110, portanto, ao meu ver, é O EVANGELHO SEGUNDO DAVI. Desse modo, Davi nos revela os seguintes (seguindo a divisão que Charles Spurgeon deu a este salmo, em seu comentário de Salmos): [1.] o reinado poderoso de Cristo (v. 1); [2.] o reinado espiritual de Cristo (vs. 2-3); o reinado sacerdotal de Cristo (v. 4) e o reinado judicial de Cristo (vs. 5-7).
Salmo 110.1 (NVT)
Salmo de Davi.
1O SENHOR disse ao meu Senhor:
“Sente-se no lugar de honra à minha direita,
até que eu humilhe seus inimigos
e os ponha debaixo de seus pés”.
A primeira boa notícia de Davi é que sobre o trono das nações está sentado o Rei dos reis e Senhor de toda a terra. Ele está à direita de Deus, no lugar de honra (v. 1a). O apóstolo Pedro, pregando o primeiro sermão em Atos dos Apóstolo, no Dia de Pentecostes, olhou para este verso do Salmo 110 e anunciou o seguinte, revelando a identidade deste que é o Rei dos reis e o Senhor de toda a terra:
Atos 2.32-35 (NVT)
32“Foi esse Jesus que Deus ressuscitou, e todos nós somos testemunhas disso. 33Ele foi exaltado ao lugar de honra, à direita de Deus. E, conforme havia prometido, o Pai lhe deu o Espírito Santo, que ele derramou sobre nós, como vocês estão vendo e ouvindo hoje. 34Pois Davi não subiu ao céu e, no entanto, disse:
‘O Senhor disse ao meu Senhor:
Sente-se no lugar de honra à minha direita,
35até que eu humilhe seus inimigos
e os ponha debaixo de seus pés’.
A conclusão de Pedro, partindo de Salmo 110.1, é tão válida hoje como foi quando ele o citou como parte de seu sermão no Dia de Pentecostes, há mais de dois mil anos:
Atos 2.36-41 (NVT)
36“Portanto, saibam com certeza todos em Israel que a esse Jesus, que vocês crucificaram, Deus fez Senhor e Cristo!”.
37As palavras partiram o coração dos que ouviam, e eles perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: “Irmãos, o que devemos fazer?”.
38Pedro respondeu: “Vocês devem se arrepender, para o perdão de seus pecados, e cada um deve ser batizado em nome de Jesus Cristo. Então receberão a dádiva do Espírito Santo. 39Essa promessa é para vocês, para seus filhos e para os que estão longe, isto é, para todos que forem chamados pelo Senhor, nosso Deus”. 40Pedro continuou a pregar, advertindo com insistência a seus ouvintes: “Salvem-se desta geração corrompida!”.
41Os que acreditaram nas palavras de Pedro foram batizados, e naquele dia houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas.
O Evangelho Segundo Davi começa com a boa notícia de que há um Rei sobre os reis, há um justo e poderoso governante sobre as nações, por mais que no momento tudo pareça estar desgovernado. O avanço deste reino é progressivo, está em andamento, posto que Davi registrou as palavras do SENHOR, dizendo que o Senhor, o Rei, está à direita de Deus, no lugar de honra, “até que eu [o SENHOR] humilhe seus inimigos e os ponha debaixo de seus pés” (110.1).
Que os reis e governantes deste mundo pensem saber o que estão fazendo, mas na verdade há um único Soberano poderoso sobre as nações. E isto é boa notícia.
Lembre-se de que, desde que Israel voltou do cativeiro babilônico, jamais rei algum ocupou o trono em Jerusalém, e jamais ocupará, legitimamente, ainda que um dia haja algum; se houver, ele jamais será rei legítimo sobre Israel. Sabe por quê? O herdeiro legítimo do trono de Davi é Jesus Cristo. Hoje ele reina à direita de Deus. E um dia virá para estabelecer, da parte de Deus, seu reino eterno entre os remidos pelo seu sangue.
O Salmo 110 foi colocado no livro 5 do saltério para não deixar morrer a esperança messiânica, a esperança de que o rei ocupará seu trono. Só que este Rei já veio. Ele é Jesus Cristo, Rei dos reis e Senhor dos senhores. Afinal, nenhum dos reis de Israel, nem mesmo Davi, jamais conseguiu honrar este trono que pertence a um único Rei: Deus.
Quando Salomão foi proclamado rei sobre Israel, o cronista, recontando-nos esta história, após o cativeiro babilônico, fez questão de dizer a quem de fato pertence o trono e o reino: ao SENHOR. Leiam:
1Crônicas 29.22-23 (NVT)
22Naquele dia, festejaram e comeram na presença do SENHOR com grande alegria.
Mais uma vez, proclamaram Salomão, filho de Davi, como rei. Ungiram Salomão diante do SENHOR, como seu líder, e ungiram Zadoque como sacerdote. 23Salomão se sentou no trono do SENHOR em lugar de seu pai, Davi.
Homem nenhum conseguiu, em toda a história, em qualquer nação, nem em Israel nem em lugar nenhum, fazer jus ao trono do SENHOR. Mas há um Rei sobre o trono do universo, e ele reina com poder e com justiça: é o reinado poderoso de Jesus Cristo. Todos um dia o reconhecerão. Isto é boa notícia!
Filipenses 2.9-11 (NVT)
9Por isso Deus o elevou ao lugar de mais alta honra
e lhe deu o nome que está acima de todos os nomes,
10para que, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre,
nos céus, na terra e debaixo da terra,
11e toda língua declare que Jesus Cristo é Senhor,
para a glória de Deus, o Pai.
É o reinado poderos de Cristo.
Salmo 110.2-3 (NVT)
2O SENHOR estenderá seu reino poderoso desde Sião;
você governará seus inimigos.
3Quando você for à guerra,
seu povo o servirá de livre vontade.
Você está envolto em vestes santas,
e sua força será renovada a cada dia, como o orvalho da manhã.
A segunda boa notícia do Evangelho Segundo Davi é que o reino de Cristo é espiritual. Cristo reina entre os seus inimigos, espiritualmente. E ele reina em seu povo e através de seu povo: a igreja. Povo que não é mercenário, mas que serve de coração e de boa vontade ao Rei (v. 3b); povo que, como o seu Rei, se veste de santidade (v. 3c); e cujas forças são renovadas pela graça, por meio da fé, a cada manhã (v. 3d). Um dia este reino será concreta e definitivamente estabelecido entre os homens, mas, até lá, os crentes vão à guerra com armas espirituais (v. 3a), certos de que as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja (Mt 18.18), na medida em que ela avança com o reino espiritual de Cristo.
2Coríntios 10.3-5 (NVT)
3Embora sejamos humanos, não lutamos conforme os padrões humanos. 4Usamos as armas poderosas de Deus, e não as armas do mundo, para derrubar as fortalezas do raciocínio humano e acabar com os falsos argumentos. 5Destruímos todas as opiniões arrogantes que impedem as pessoas de conhecer a Deus. Levamos cativo todo pensamento rebelde e o ensinamos a obedecer a Cristo.
Pois bem, de que modo esse povo espiritual vai à guerra. Ora, o versículo 3 nos deu as dicas, claramente. [1.] O povo de Deus vai à guerra de livre vontade (sem ter qualquer ganho material em mente, eles não são mercenários). [2.] O povo vai à guerra com vestes de santidade (portam-se como santos). [3.] E o povo vai a guerra com a força necessária para cada dia e para cada batalha (suas forças se renovam a cada dia, como o orvalho da manhã). Mas tem mais, permitam-me três dicas, à partir de 2Coríntios 10.
Primeiro, participação. Os cristãos precisam participar na vida secular, para influenciar e redimir a vida secular, em vez de se limitarem a disparar sobre a era secular e as pessoas secularizadas. O chamado do cristão não é para viver à margem, mas para salgar e iluminar, levedar a massa. A participação do cristão está implícita nas palavras de Paulo – “embora sejamos humanos [embora andando na carne]” (2Co 10.3) – e na expressão equivalente do salmo “você governará seus inimigos [entre eles]” (110.2).
Segundo, persuasão. Persuasão não é coerção ou imposição. Informados pela palavra de Deus, os cristãos devem esforçar-se para persuadir os outros a respeito da verdade. 2Coríntios 10.5: “Destruímos todas as opiniões arrogantes que impedem as pessoas de conhecer a Deus. Levamos cativo todo pensamento rebelde e o ensinamos a obedecer a Cristo.”
Terceiro, petição. Petição é oração. Oramos porque sabemos que mesmo com os melhores argumentos fundamentados nas Escrituras, sem a intervenção sobrenatural específica de Deus, o mundo não compreenderá nem dará ouvidos ao que dizemos.
2Timóteo 2.24-26 (NVT)
24O servo do Senhor não deve viver brigando, mas ser amável com todos, apto a ensinar e paciente. 25Instrua com mansidão aqueles que se opõem, na esperança de que Deus os leve ao arrependimento e, assim, conheçam a verdade. 26Então voltarão ao perfeito juízo e escaparão da armadilha do diabo, que os prendeu para fazerem o que ele quer.
Walter J. Chantry (1938-2022), que foi pastor – de teologia reformada – de uma igreja batista por 39 anos na Pensilvania, EUA, não poderia ter dito com mais propriedade que o mundo ao redor “precisa desesperadamente de uma igreja espiritual que use armas espirituais para travar uma guerra espiritual, sob o reinado espiritual de Cristo”.
Já vimos:
O Reinado Poderoso de Cristo (Sl 110.1)
O Reinado Espiritual de Cristo (Sl 110.2-3)
Vejamos agora:
Salmo 110 (NVT)
4O SENHOR jurou e não voltará atrás:
“Você é sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”.
A terceira boa notícia do Evangelho Segundo Davi é que Deus Pai, irrevogavelmente e eternamente, nomeou Deus Filho como rei (v. 1) e também como sacerdote (v. 4), “segundo a ordem de Melquisedeque”. Jesus não poderia ser da linhagem do sacerdote Arão, sendo o seu sacerdócio eterno. Melquisedeque foi uma pessoa de verdade, o rei-sacerdote de Salém (Gn 14.17-20). Ele é uma figura do sacerdócio de Cristo, e esta é a razão:
Hebreus 7.2b-3 (NVT)
2[…] Melquisedeque, cujo nome significa “rei da justiça”, enquanto rei de Salém quer dizer “rei da paz”. 3Não há registro de seu pai nem de sua mãe, nem de nenhum de seus antepassados, nem do começo nem do fim de sua vida. Semelhantemente ao Filho de Deus, ele permanece sacerdote para sempre.
Isto é boa notícia porque garante nosso acesso a Deus, eternamente.
Hebreus 7.15-25, 28 (NVT)
15Essa mudança [do sacerdócio de Arão para o de Melquisedeque] se torna ainda mais clara com o surgimento de outro sacerdote, semelhante a Melquisedeque, 16o qual se tornou sacerdote não por cumprir leis e exigências humanas, mas pelo poder de uma vida indestrutível. 17Pois a respeito dele foi dito [Sl 110.4]:
“Você é sacerdote para sempre,
segundo a ordem de Melquisedeque”.
18Desse modo, o antigo requisito, por ser fraco e inútil, foi cancelado. 19Pois a lei nunca tornou perfeita coisa alguma. Agora, porém, temos certeza de uma esperança superior, pela qual nos aproximamos de Deus.
20Esse novo sistema foi instituído com um juramento solene. Os outros se tornaram sacerdotes sem esse juramento, 21mas a respeito dele houve um juramento, pois Deus lhe disse [Sl 110.4]:
“O Senhor jurou e não voltará atrás:
‘Você é sacerdote para sempre’”.
22Por causa desse juramento, Jesus é aquele que garante uma aliança superior.
23Além disso, havia muitos sacerdotes, pois a morte os impedia de continuar a desempenhar suas funções. 24Mas, visto que ele vive para sempre, seu sacerdócio é permanente. 25Portanto, ele é capaz de salvar de uma vez por todas aqueles que se aproximam de Deus por meio dele. Ele vive sempre para interceder em favor deles.
[…] 28A lei nomeava sacerdotes limitados pela fraqueza humana. Mas, depois da lei, Deus nomeou com juramento seu Filho, que se tornou o Sumo Sacerdote perfeito para sempre.
O Reinado Sacerdotal de Cristo é boa notícia porque: [1.] é perfeito, [2.] permanente e [3.] poderoso ou indestrutível.
Já vimos:
O Reinado Poderoso de Cristo (Sl 110.1)
O Reinado Espiritual de Cristo (Sl 110.2-3)
O Reinado Sacerdotal de Cristo (Sl 110.4)
Vejamos, por fim:
4. O reinado judicial de Cristo
Salmo 110 (NVT)
5O Senhor está à sua direita para protegê-lo;
esmagará muitos reis no dia de sua ira.
6Castigarás as nações e encherá suas terras de cadáveres;
esmagará cabeças por todo o mundo.
7Ele próprio, contudo, se refrescará em riachos ao longo do caminho;
ele será vitorioso.
A terceira boa notícia do Evangelho Segundo Davi é que haverá justiça no final da história. De fato, o Salmo 110 trata [1.] da entronização de Cristo: seu reinado poderoso (v. 1), [2.] trata da governança de Cristo, através de seu povo, a igreja: o reinado espiritual de Cristo (vs. 2-3), [3.] trata de seu trabalho sacerdotal perfeito, poderoso e permanente – seu reinado sacerdotal de expiação e de intercessão (v. 4) e [4.] trata do julgamento final: o reino judicial de Cristo (vs. 5-7). De fato, na parte final deste salmo (110.5-7), Davi prevê o tempo futuro em que o Messias retornará e derrotará seus inimigos.
Leia mais uma vez a última estrofe do Salmo 110, e agora note os seguintes, à respeito da segunda vinda de Cristo: Ele destruirá reis (v. 5), julgará as nações (v. 6a), aplicará a pena pelo pecado: a morte – ele encherá a terra de cadáveres (v. 6b), ele esmagará a cabeça da serpente que atuou pelos governantes – a Babilônia – deste mundo (v. 6c) e, por fim, ele virá com forças e moral renovados (v. 7).
Salmo 110 (NVT)
5O Senhor está à sua direita para protegê-lo;
esmagará muitos reis no dia de sua ira.
6Castigarás as nações e encherá suas terras de cadáveres;
esmagará cabeças por todo o mundo.
7Ele próprio, contudo, se refrescará em riachos ao longo do caminho;
ele será vitorioso.
Isto é boa notícia! O Reinado Judicial de Cristo é muito boa notícia.
Frederic Farrar, teólogo britânico do século XIX, contou uma conversa que teve com a rainha Vitória (do Reino Unido; ela foi rainha por quase 64 anos, de 1837–1901). Depois de ela ter ouvido um dos seus capelães pregar sobre a segunda vinda de Cristo, Dr. Farrar a ouviu dizer: “Oh, Dr. Farrar, como eu gostaria que o Senhor viesse durante meu reinado!” Quando ele perguntou por que ela desejava isto, a rainha respondeu: “Porque eu adoraria colocar minha coroa aos seus pés abençoados, em reverente adoração!”
Esta deve ser a resposta de todos os que ouvem falar do Senhor Jesus Cristo. Ele é o Senhor entronizado no céu e o único Salvador dos pecadores. Como Sumo Sacerdote de seu povo, ele ofereceu o sacrifício perfeito pelos pecados, um sacrifício tão suficiente que jamais precisará ser repetido. Nesta expiação pelos pecados, Jesus se ofereceu na cruz, uma única vez, para todo aquele que crê. Este Salvador soberano retornará em breve para julgar todos os que o recusarem em vida. A pergunta necessária, portanto, é esta: você o conhece? Você já se arrependeu de seus pecados e creu em Cristo para a sua salvação? Se não, faça-o já, neste momento.
O Salmo 110 apresenta Jesus Cristo como o Senhor soberano de toda a terra e o Salvador de todos os que crêem. É importante que cada pessoa responda corretamente, para ser recebida por ele em glória. Você deve ir a Cristo nos termos dele, não nos seus próprios termos. Isto requer o seu arrependimento e sua fé, estando estes dois inseparavelmente unidos em qualquer conversão verdadeira.
Outra coisa que o Salmo 110 apresenta: a evangelização cristã será a única medida genuína de transformação do mundo. Sim, pois o que o mundo mais precisa não é de revolução nem mesmo de renovação. Afinal, revolução, em essência, nada mais é do que a tentativa de se ver livre de qualquer tipo de soberania; mesmo na democracia, quando o que se busca é a soberania popular. Mas, pense bem: que tipo de soberania será esta se o que a rege são as ideologias dos homens e não o evangelho de Cristo? No final, continuarão reinando os mais poderosos dentre a população. A solução, portanto, não é revolução, mas a evangelização cristã; a evangelização pelo evangelho de Cristo.
A solução também não será reavivamento. Afinal, reavivar o quê? Os velhos caminhos pecaminosos dos homens? A solução é a evangelização cristã. O tipo de evangelização que produz transformação e reforma. E que excelente ponto de partida nós temos aqui no Salmo 110, O Evangelho Segundo Davi!
Volte-se para Cristo, com arrependimento e fé. Pregue Jesus Cristo, e a necessidade de o pecador se arrepender e crer, e trilhar o caminho do discipulado cristão.
S.D.G. L.B.Peixoto
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