14.07.2024
Atos 23.1-23 (NVT)
[…] 11Naquela noite, o Senhor apareceu a Paulo e disse: “Tenha ânimo, Paulo! Assim como você testemunhou a meu respeito aqui em Jerusalém, deve fazê-lo também em Roma”. […]
Deus não desperdiça palavras. Eu tenho plena consciência disto: Deus não desperdiça palavras. Sendo assim, toda vez que leio o versículo que acabamos de ler, eu penso: “Meu Deus, até Paulo!” Preste atenção, versículo 11: “Naquela noite, o Senhor apareceu a Paulo e disse: ‘Tenha ânimo, Paulo!’” Percebeu? Deus, em Cristo, “apareceu a Paulo e disse: ‘Tenha ânimo, Paulo!’” Por que Deus diria isto a Paulo? Deus não desperdiça palavras, minha gente! Se Deus disse: “Tenha ânimo, Paulo!”, foi porque Paulo estava desanimado. Ou não? Claro que sim, Paulo estava desanimado. Até Paulo, meu Deus! Até Paulo se desanimou. E você, como está nesta manhã? Desanimado(a) por algum motivo?
“Ânimo” (como está aqui na NVT), foi traduzido na ARA, NVI e NAA como “coragem”. Já a ARC está na mesma linha da NVT, e traduziu o verbo grego como sendo “tem ânimo!” De fato, pode ser uma das duas opções, pode ser tanto “tenha ânimo” como “tenha coragem”. Entretanto, a mesma ARA, em pelo menos quatro lugares, traduziu o mesmo verbo grego – θαρσεω tharseo – não como “coragem”, mas como “ânimo”. Veja:
Mateus 9.2 (ARA) E eis que lhe trouxeram um paralítico deitado num leito. Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Tem bom ânimo, filho [NVT = anime-se, filho!]; estão perdoados os teus pecados.
Mateus 9.22 (ARA) E Jesus, voltando-se e vendo-a [vendo a mulher que sofria de hemorragia havia doze anos], disse: Tem bom ânimo, filha [NVT = filha, anime-se!], a tua fé te salvou. E, desde aquele instante, a mulher ficou sã.
Marcos 10.49 (ARA) Parou Jesus e disse: Chamai-o. Chamaram, então, o cego [Bartimeu], dizendo-lhe: Tem bom ânimo [NVT = anime-se!]; levanta-te, ele te chama.
João 16.33 (ARA) Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo [NVT = animem-se!]; eu venci o mundo.
Quando se olha para o contexto de Paulo em Atos 23, descobre-se que, de fato, não era tanto de coragem que ele estava precisando, mas de ânimo. De algum modo o apóstolo estava desanimado, bastante desanimado. A tal ponto de Jesus ter que aparecer a ele para encorajá-lo. Ora, até os mais corajosos se desanimam, como era o caso de Paulo (e de tantos outros homens e mulheres de Deus).
NÃO É DIFÍCIL SABER PORQUE Paulo estava desanimado daquele jeito. Preste atenção. Recorde comigo os problemas mais recentes pelos quais o apóstolo havia passado. Recapitule a última semana de Paulo até este ponto.
Nas últimas mensagem aqui no livro de Atos dos Apóstolos, nós estivemos considerando a viagem de Paulo a Jerusalém, desde que ele se despediu dos presbíteros de Éfeso e partiu lá de Mileto (At 20–21.14). Chegando a Jerusalém, após o seu encontro com os presbíteros da igreja de Jerusalém e a entrega das ofertas levantadas entre as igrejas dos gentios para os cristãos de Jerusalém, Paulo teve de lidar com acusações infundadas levantadas contra ele por judeus vindos de Éfeso (At 21.15-25). A chapa esquentou feio, conforme já vimos. Ocorreu que, na sequência dos fatos (At 21.26ss.), Paulo foi hostilizado pela multidão que o ouviu; foi acorrentado e espancado, enquanto tinha sua morte sendo exigida por um grupo de judeus zelosos.
Foi somente pela providência de Deus que o apóstolo não foi linchado (At 22), posto que astutamente se deu a que os soldados romanos conhecessem sua identidade romana. Veja, termina assim o capítulo 22 de Atos, Atos 22.30 (NVT): “No dia seguinte, o comandante ordenou que os principais sacerdotes se reunissem com o conselho dos líderes do povo [= sinédrio]. Queria descobrir exatamente qual era o problema, por isso soltou Paulo e mandou que o trouxessem diante deles.”
Que semana, meu povo! Que semana!
Some-se a tudo isso os seguintes: privação de sono, comida e poucos cuidados físicos, de fato, quase nenhuma higiene pessoal digna de qualquer ser humano. Imagine-se na posição de Paulo: sujo, cansado, humilhado, machucado, quem sabe até faminto (afinal, quem teria tido tempo para uma refeição digna neste contexto!). Imagine você nas sandálias de Paulo. Como estaria o seu ânimo? Além de muito abatido (e talvez por isso!), Paulo estava visivelmente irritado – para se dizer o mínimo. Você não estaria?
Não foi por pouca coisa, portanto, que “Naquela noite, o Senhor apareceu a Paulo e disse: ‘Tenha ânimo, Paulo! Assim como você testemunhou a meu respeito aqui em Jerusalém, deve fazê-lo também em Roma’.” — Atos 23.11 (NVT).
Atos 23 tem início com uma reação indignada de Paulo perante o Sinédrio (= conselho dos líderes do povo). Já vimos que não era sem justificativa, ora! Observe agora a reação indignada do apóstolo. Veja que o comparecimento de Paulo perante o Sinédrio destacou a incapacidade judaica de lidar com o apóstolo e com sua mensagem cristã. Veja ainda que a agressão instigada pelo sumo sacerdote provou a atitude preconceituosa do Sinédrio contra Paulo, desde o começo.
Atos 23.1-5 (NVT)
1Paulo olhou fixamente para o conselho dos líderes do povo e disse: “Irmãos, tenho vivido diante de Deus com a consciência limpa” [= “Eu sei que jamais abandonei a lei de moisés, conforme têm me acusado”, cf. At 21.21].
2No mesmo instante, o sumo sacerdote Ananias ordenou aos que estavam perto de Paulo que lhe dessem um tapa na boca. 3Então Paulo lhe disse [indignado, explodindo:]: “Deus o ferirá, seu grande hipócrita! Que espécie de juiz é o senhor, desrespeitando a lei ao mandar me agredir dessa forma?”.
4Os que estavam perto de Paulo lhe disseram: “Você ousa insultar o sumo sacerdote de Deus?”.
5“Irmãos, não sabia que ele era o sumo sacerdote”, respondeu Paulo [Paulo não conseguiu discernir que a ordem para tal tinha partido diretamente do sumo sacerdote]. “Pois as Escrituras dizem: ‘Não fale mal de suas autoridades’.”
É claro que Paulo agiu por indignação. Porém, na mesma situação, Jesus não reagiu assim tão rispidamente, agiu com maior brandura.
João 18.19-24 (NVT)
19Lá dentro, o sumo sacerdote começou a interrogar Jesus a respeito de seus discípulos e de seus ensinamentos. 20Jesus respondeu: “Falei abertamente a todos. Ensinei regularmente nas sinagogas e no templo, onde o povo se reúne. 21Por que você me interroga? Pergunte aos que me ouviram. Eles sabem o que eu disse”.
22Um dos guardas do templo que estava perto bateu no rosto de Jesus, dizendo: “Isso é maneira de responder ao sumo sacerdote?”.
23Jesus respondeu: “Se eu disse algo errado, prove. Mas, se digo a verdade, por que você me bate?”.
24Então Anás amarrou Jesus e o enviou a Caifás, o sumo sacerdote.
Tanto mais brando foi Jesus do que Paulo, que Pedro se expressou assim:
1Pedro 2.21-23 (NVT)
21Porque Deus os chamou para fazerem o bem, mesmo que isso resulte em sofrimento, pois Cristo sofreu por vocês. Ele é seu exemplo; sigam seus passos.
22Ele nunca pecou,
nem enganou ninguém.
23Não revidou quando foi insultado,
nem ameaçou se vingar quando sofreu,
mas deixou seu caso nas mãos de Deus,
que sempre julga com justiça.
Fato é que Paulo reagiu com indignação ao abuso de autoridade de Ananias. Advertido, porém, pelos presentes, por haver injuriado a maior autoridade religiosa judaica, Paulo se defendeu, dizendo que não sabia que se tratava do sumo sacerdote.
Curiosamente, a imprecação de Paulo se cumpriria, visto que Ananias veio a ser assassinado por rebeldes judeus que o viam como aliado das forças imperiais romanas, informou-nos Flávio Josefo (em A Guerra dos Judeus, 2.17.9).
Qualquer que tenha sido a razão que tenha levado Paulo a agir com tamanha indignação, o estrago estava feito. No calor do momento, Paulo entrou em erupção, dizendo, sim!, a coisa certa, mas da forma errada e na hora errada, para a pessoa errada — Atos 23.3 (NVT): “Deus o ferirá, seu grande hipócrita! Que espécie de juiz é o senhor, desrespeitando a lei ao mandar me agredir dessa forma?”.
Resultado: estava correndo ainda maior risco de não ter um julgamento justo e, principalmente, estava perdendo a chance de não poder testemunhar do evangelho de Cristo. O caldo havia entornado, como se dizem. Paulo, porém, agiu com astúcia. Pensou rápido e reagiu, buscando retomar o controle da situação. — A reação de Paulo foi destacar o conflito interno do Sinédrio quanto ao assunto de sua mensagem; o que indicava ainda mais a incapacidade desse Sinédrio de julgar o caso de Paulo. Veja:
Atos 23.6-10 (NVT)
6Sabendo Paulo que alguns membros do conselho dos líderes do povo eram saduceus e outros fariseus, gritou: “Irmãos, sou fariseu, como eram meus antepassados! E estou sendo julgado por causa de minha esperança na ressurreição dos mortos!”.
7Quando Paulo disse isso, o conselho se dividiu, fariseus contra saduceus, 8pois os saduceus afirmam não haver ressurreição, nem anjos, nem espíritos, mas os fariseus creem em todas essas coisas. 9Houve grande alvoroço. Alguns dos mestres da lei que eram fariseus se levantaram e começaram a discutir energicamente. “Não vemos nada de errado com este homem!”, gritavam. “Talvez um espírito ou um anjo tenha falado a ele!” [na estrada para Damasco] 10A discussão ficou cada vez mais violenta, e o comandante teve medo de que Paulo fosse feito em pedaços. Assim, ordenou que os soldados o retirassem à força e o levassem de volta à fortaleza.
Mais uma vez o comandante interveio para salvar a pele de Paulo. Parece que, a essa altura dos acontecimentos, o comandante já havia se tornado perito em salvamento. O problema era que, esperando por uma resolução no caso, ele acabou jogando ainda mais lenha na fogueira. Paulo foi, então, levado de volta para a prisão.
De volta ao silêncio da cela, Paulo jazia só, coberto de cinzas de culpa e sentimento de fracasso. Afinal, em vez de continuar corajosamente carregando a tocha de Cristo, fazendo-a brilhar com fulgor diante dos olhos de seus antigos pares do Sinédrio, Paulo – quem diria! – ofuscou a mensagem do evangelho com sua própria explosão de nervos.
Sentindo-se, talvez, culpado por não ter podido testemunhar da forma como desejou; sentindo-se, talvez, culpado por ter decepcionado tanto o seu Salvador e Senhor; talvez estivesse se perguntando, em desânimo: “Como poderei continuar? Eu que eu fui fazer, meu Deus!” Foi quando veio a sua consolação – na hora certa, com reconhecimento e promessa de graça futura: Atos 23.11 (NVT) – “Naquela noite, o Senhor apareceu a Paulo e disse: “Tenha ânimo, Paulo! Assim como você testemunhou a meu respeito aqui em Jerusalém, deve fazê-lo também em Roma”. Algo parecido já havia acontecido com Paulo em Corinto. Recorde-se comigo:
Atos 18.9-11 (NVT)
9Certa noite, o Senhor falou a Paulo numa visão: “Não tenha medo! Continue a falar e não se cale, 10pois estou com você, e ninguém o atacará nem lhe fará mal, porque muita gente nesta cidade me pertence”. 11Então Paulo permaneceu ali um ano e meio, ensinando a palavra de Deus.
Agora, em Jerusalém, foi a vez de Paulo ouvir (At 23.11): “Tenha ânimo, Paulo! Assim como você testemunhou a meu respeito aqui em Jerusalém, deve fazê-lo também em Roma”.
Com uma brisa fresca de graça, Jesus soprou para longe as memórias doloridas do que parecia ter sido um possível fracasso de Paulo. Ô, meu povo! Como Paulo deve ter se sentido revigorado! Estava se sentindo mais uma vez perdoado, restaurado e vindicado. Estava se sentindo pronto para enfrentar qualquer dificuldade. Meu povo, somente a graça de Deus a nós despejada em Jesus pode abrir um caminho de paz através do deserto de culpa ou de sensação de fracasso ou mesmo de medo do futuro de uma pessoa, e fazer correr um rio de alegria através de um deserto de desânimo:
Isaías 43 (NVT)
2Quando passar por águas profundas,
estarei a seu lado.
Quando atravessar rios,
não se afogará.
Quando passar pelo fogo,
não se queimará;
as chamas não lhe farão mal.
[…]
15Eu sou o SENHOR, seu Santo,
Criador e Rei de Israel.
16Eu sou o SENHOR, que abriu uma passagem no meio das águas,
um caminho seco pelo mar.
[…]
18“Esqueçam tudo isso,
não é nada comparado ao que vou fazer.
19Pois estou prestes a realizar algo novo.
Vejam, já comecei! Não percebem?
Abrirei um caminho no meio do deserto,
farei rios na terra seca.
Paulo, após sua experiência com a graça do Senhor, após sua comunhão restauradora com o Senhor, acordou no dia seguinte se sentindo confiante e revigorado. Os judeus, porém, acordaram determinados a se vingar.
Ao amanhecer, um grupo de mais de quarenta judeus já estava conspirando para tirar a vida de Paulo, tramando entre eles mesmos. Observe:
Atos 23.12-15 (NVT)
12Na manhã seguinte, alguns judeus se juntaram para conspirar, jurando solenemente que não comeriam nem beberiam antes de matar Paulo. 13A conspiração envolveu mais de quarenta homens. 14Foram aos principais sacerdotes e aos líderes do povo e lhes disseram: “Juramos solenemente, sob pena de castigo divino, que não comeremos nem beberemos antes de matar Paulo. 15Agora peçam, vocês e o conselho dos líderes do povo, que o comandante traga Paulo de volta ao conselho. Finjam que os senhores desejam examinar o caso com mais detalhes. Nós o mataremos no caminho”.
Mais uma vez a vida de Paulo está em perigo. Desta vez, porém, Deus não usará apenas os poderosos romanos para proteger seu apóstolo, Deus também planejou usar um bisbilhoteiro improvável. Veja que os conspiradores pensam que o plano é secreto,
Atos 23.16-23 (NVT)
16Contudo, o sobrinho de Paulo, filho de sua irmã, soube do plano deles e foi à fortaleza contar a seu tio. 17Então Paulo mandou chamar um dos oficiais romanos e disse: “Leve este rapaz ao comandante. Ele tem algo importante para lhe contar”.
18O oficial o levou ao comandante e explicou: “O preso Paulo me chamou e pediu que eu trouxesse ao senhor este rapaz, pois ele tem algo a lhe contar”.
19O comandante tomou o rapaz pela mão e o levou à parte. “O que você quer me dizer?”, perguntou.
20O sobrinho de Paulo respondeu: “Alguns judeus pedirão que o senhor apresente Paulo diante da reunião do conselho amanhã, fingindo que desejam obter mais informações. 21Não acredite neles. Há mais de quarenta homens emboscados para matar Paulo. Juraram solenemente, sob pena de castigo divino, que não comeriam nem beberiam antes de matá-lo. Estão de prontidão, apenas esperando sua permissão”.
22O comandante despediu o rapaz e o advertiu: “Não deixe ninguém saber que você me contou isso”. 23Então o comandante chamou dois de seus oficiais e ordenou: “Preparem duzentos soldados para partir a Cesareia hoje às nove da noite. Levem também duzentos lanceiros e setenta soldados a cavalo.
Esse é o Deus de Paulo: ao mesmo tempo que o consolava lá dentro da cela fria, estava agindo lá fora, movendo as peças do tabuleiro dos homens! Deus é tremendo! Veja, não é incrível como Deus conseguiu garantir a libertação de Paulo? Basta pensar em tudo o que tinha de acontecer – tendo em mente que nada fôra por sorte ou coincidência, mas por soberana providência. Siga os passos: [1.] Um sobrinho de Paulo, até então desconhecido, simplesmente estava lá e ouviu a trama. [2.] De alguma forma inexplicável, o sobrinho de Paulo simplesmente entrou na fortaleza do quartel, para contar a Paulo toda a trama do Sinédrio. [3.] Um centurião romanos prontamente se dispôs a levar o rapaz ao comandante. [4.] O todo atarefado comandante achou tempo para imediatamente ouvir o jovem mensageiro e, pasmem!, acreditou no moço. [5.] Então o comandante ordenou que um pequeno exército escoltasse Paulo para fora da cidade, na escuridão da noite.
MEU POVO, ESTA É A LIÇÃO: quando Deus faz uma promessa, ele a cumpre em grande estilo! “Tenha ânimo, Paulo! Assim como você testemunhou a meu respeito aqui em Jerusalém, deve fazê-lo também em Roma”. De fato, quando Deus faz uma promessa, ele a cumpre em grande estilo.
Paulo não precisava temer. Jesus estava no controle da situação. A confusão no templo, sua prisão, a celeuma no Sinédrio, e tudo o mais que lhe aconteceria eram meios soberanamente determinados por Cristo, para que o apóstolo desse testemunho dele ao povo de Jerusalém, e às autoridades religiosas e civis de Jerusalém e de Roma. Tanto é verdade que, depois desses acontecimentos, Paulo seria enviado a Cesareia, capital da província da Judeia, onde daria testemunho de Jesus também aos governadores romanos Festo e Félix, e ao rei Agripa.
De lá, Paulo seria enviado a Roma, a fim de testemunhar de Cristo às autoridades da capital do império. John Stott notou com propriedade que:
A violência dos últimos dois dias, e especialmente a inimizade dos judeus, devem tê-lo deixado ansioso quanto ao futuro. Aparentemente, havia pouca chance de ele deixar Jerusalém ainda vivo, muito menos de viajar para Roma… Seria difícil exagerar a calma e a coragem que essa afirmação deve ter levado ao coração de Paulo durante os três primeiros julgamentos, os dois anos de prisão e sua viagem atribulada até Roma.
A bem da verdade é que o apóstolo Paulo sempre teve grande desejo de testemunhar de Jesus aos seus compatriotas judeus, em Jerusalém, e às suas autoridades – e assim o fez. Mas ele também tinha forte desejo de anunciar o evangelho de Cristo aos romanos e às suas autoridades, na capital imperial – e assim o faria, pela graça de Deus.
Paulo Anglada, aplicando esta passagem de Atos 23, escreveu assim – e eu digo a você, meu irmão, minha irmã: ache ânimo, pela fé, nestas palavras de graça. Ouça:
Quanto a nós, podemos estar seguros de que, por maiores que sejam as nossas aflições e tribulações, nada nem ninguém poderá impedir que o plano eterno de Deus para a nossa vida seja cumprido, visando o bem maior da nossa alma e a promoção do seu reino no mundo. Não precisamos esperar uma visão celestial garantindo algum evento futuro na nossa existência terrena. Já possuímos enormes encorajamentos: a certeza de que nada nem ninguém poderá “separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.39); a garantia da ressurreição e da vida eterna de bem-aventurança em Cristo; e a revelação bíblica acerca do triunfo de Jesus e de seus seguidores sobre o império de Satanás. Nossa peregrinação neste mundo pode ser atribulada, mas a consumação da nossa vocação está assegurada pelo Senhor da História. Assim como para Paulo e para o autor da Carta aos Hebreus, a âncora da nossa esperança está lançada para além do véu, na ressurreição final e na vida eterna, que nos foram asseguradas pela ressurreição de Jesus (Hb 6.19).
Ainda sobre o episódio que estudamos, pense comigo:
Quando escapou de Jerusalém sob a guarda dos romanos – mais como um rei do que como um prisioneiro –, Paulo deve ter ficado maravilhado com a graça e o poder extravagantes de Deus. Todos nós que lutamos para manter a calma quando estamos sob pressão; todos nós que nos cansamos facilmente quando temos de esperar; todos nós que apanhamos por fazer o bem ou por modelar e por pregar o evangelho; todos nós que erramos mesmo quando tentamos acertar; todos nós sempre precisamos de ser lembrados da graça e do poder extravagantes de Deus. — Por estas razões: [1.] a graça de Deus pode remover o nosso pecado e sarar qualquer sentimento de culpa dentro de nós, e [2.] o poder de Deus pode remover o perigo à espreita e superar qualquer conspiração contra nós.
Corra para Cristo e anime-se em Cristo. Como? Seguindo o padrão de Atos 23.11 – Naquela noite, o Senhor apareceu a Paulo e disse: “Tenha ânimo, Paulo! Assim como você testemunhou a meu respeito aqui em Jerusalém, deve fazê-lo também em Roma”. – Ou seja, ache ânimo [1.] na comunhão com Cristo, ouvido a palavra de Cristo e [2.] na comissão de Cristo, cumprindo a Grande Comissão de Cristo. Em Cristo você acha a graça de Deus e recebe o poder de Deus. Portanto, tenha ânimo! Tenha Cristo!
S.D.G. L.B.Peixoto
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