22.12.2024
Hebreus 1.1-4 (NVT)
1Por muito tempo Deus falou várias vezes e de diversas maneiras a nossos antepassados por meio dos profetas. 2E agora, nestes últimos dias, ele nos falou por meio do Filho, o qual ele 3O Filho irradia a glória de Deus, expressa de forma exata quem Deus é e, com sua palavra poderosa, sustenta todas as coisas. Depois de nos purificar de nossos pecados, sentou-se no lugar de honra à direita do Deus majestoso no céu, 4o que revela que o Filho é muito superior aos anjos, e o nome que ele herdou, superior ao nome deles.
Já refletimos sobre os dois primeiros versículos desta carta. Descobrimos que Deus não está em silêncio. Ele fala, e sua comunicação redentora com a humanidade se dá em duas etapas ao longo da história. A primeira aconteceu quando ele falou várias vezes e de diversas maneiras por meio dos profetas ao povo de Israel. Essa revelação está disponível nas páginas do Antigo Testamento. Versículo 1: “Por muito tempo Deus falou várias vezes e de diversas maneiras a nossos antepassados por meio dos profetas.”
A segunda e definitiva fase da comunicação divina veio por meio de seu Filho, Jesus Cristo. Versículo 2a: “E agora, nestes últimos dias, ele nos falou por meio do Filho”.
Este período é chamado de “últimos dias” porque a vinda do Filho de Deus ao mundo trouxe a Palavra decisiva de Deus. Não há uma terceira fase da Palavra de Deus na história. Tudo o que ocorre na história subsequente é explicação ou aplicação do significado de Jesus Cristo, a Palavra de Deus.
Também vimos, na sequência do versículo 2, que Deus designou o Filho como herdeiro de todas as coisas. Isso significa que Cristo tem a capacidade de cumprir todas as suas promessas. No desfecho da história, tudo pertencerá a Cristo. Ele será o dono e governante de tudo e, por isso, pode fazer com que todas as coisas contribuam para a alegria do seu povo.
Além disso, notamos que Cristo é o herdeiro de todas as coisas não apenas porque cumpriu plenamente tudo o que o Pai lhe confiou para realizar na história, mas também porque o Pai “por meio [do Filho] criou o universo”. O Filho, portanto, é o Criador. Ele é o herdeiro de todas as coisas porque foi quem criou todas as coisas. Versículo 2b: o Pai “designou [o Filho] como herdeiro de todas as coisas e por meio [do Filho] criou o universo.”
Essas são verdades grandiosas e impressionantes sobre a pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. O propósito do autor de Hebreus é atrair sua atenção, admiração, confiança, lealdade e adoração a Jesus Cristo, o Filho de Deus.
Em nossas exposições sobre Hebreus, também já refletimos sobre a frase do versículo 3: “Depois de nos purificar de nossos pecados”. Destacamos três verdades essenciais:
O pronome: “Ele”. Ficou evidente que o autor nos apresenta uma pessoa, não apenas uma ideia, tradição, religião ou prática. Jesus Cristo foi e continua sendo uma pessoa viva, e não uma doutrina. Ele deseja ser conhecido, amado, confiado, seguido, adorado e desfrutado. Ele está vivo e, por meio do seu Espírito, encontra-se aqui, entre nós, nesta manhã, recebendo o que fazemos e respondendo a nós.
As palavras: “de nossos Pecados”. Estudamos que Jesus realizou a purificação “de nossos pecados”. Enfatizamos que o pecado é uma realidade terrível e profunda no mundo. Fomos também a Hebreus 3.14-19, e aprendemos que o pecado está enraizado na incredulidade, e que essa incredulidade gera desobediência. No ápice de tudo, Deus se ira contra o pecado e o pecador. Essa santa ira divina é o que torna indispensável a purificação dos pecados.
A frase: “Depois de nos purificar”: Deus entregou seu Filho para morrer pelos nossos pecados, para que sua ira fosse afastada de nós, nossos pecados fossem perdoados e nossos corações purificados. Essa obra foi realizada de uma vez por todas — algo que jamais precisará ser repetido, pois o sacrifício de Jesus, ao levar sobre si os nossos pecados, foi perfeito e completo.
Hoje é o último domingo antes do Natal. À noite, celebraremos essa festa com a cantata “O Livro do Natal”, apresentada pelo Coro Magnificat. Na terça-feira, dia 24, véspera de Natal, cada família se reunirá com parentes e amigos para a tradicional ceia natalina em seus lares. Mas, afinal, o que estamos celebrando? O nascimento do Salvador, sem dúvida! CONTUDO, O VERDADEIRO SENTIDO DO NATAL revela-se na Páscoa, pois, sem a Páscoa, o Natal seria apenas um presépio.
E o que Cristo realizou na Páscoa? Após fazer a purificação dos pecados, morrendo em nosso lugar (Hb 1.3b), Jesus ressuscitou dentre os mortos e se assentou à direita de Deus (Hb 1.3c), onde reina até que todos os seus inimigos sejam colocados debaixo de seus pés. Por isso, nosso foco nesta manhã será no restante do versículo 3.
John Piper fez uma observação crucial sobre a forma como o autor escreveu originalmente Hebreus 1.3 — (ARA) “Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas” —: trata-se de uma única oração (a qual se estende até versículo 4) com um sujeito, verbo e predicado principais. Todo o restante do versículo — com suas orações subordinadas e adjuntos — serve para esclarecer essa única afirmação principal.
O sujeito é “Ele” (ou “quem”, no grego)—isto é, o Filho de Deus, Jesus Cristo. O verbo principal é “assentou-se”. Assim, destacou John Piper, a oração principal do versículo — o predicado principal — é: “[Ele] assentou-se à direita da Majestade.”
Todo o restante no versículo esclarece e ilumina essa afirmação central. E a ARA deixou isso muito claro: “Ele [, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados,] assentou-se à direita da Majestade, nas alturas”. Portanto, a melhor forma de compreender Hebreus 1.3 é traduzindo-o desta maneira (propôs John Piper):
O que o autor deseja que percebamos aqui é o que torna apropriado para Cristo estar assentado à direita da Majestade de Deus. Ele menciona quatro razões:
Analisemos essas conexões. Oro para que Deus ilumine sua mente e coração, permitindo-lhe contemplar a verdadeira grandeza e glória de Jesus Cristo.
1) Purificação dos pecados
Primeiramente, observe a conexão entre a obra de Cristo ao realizar a purificação dos pecados e o fato de ele ter-se assentado à direita de Deus.
Essa relação é claramente descrita em um texto que já lemos. Recorde-se:
Hebreus 10.12-14 (NVT)
12Nosso Sumo Sacerdote, porém, ofereceu a si mesmo como único sacrifício pelos pecados, válido para sempre. Então, sentou-se no lugar de honra à direita de Deus 13e ali aguarda até que todos os seus inimigos sejam humilhados e postos debaixo de seus pés. 14Porque, mediante essa única oferta, ele tornou perfeitos para sempre os que estão sendo santificados.
Esses versículos deixam claro que Cristo foi exaltado à direita de Deus, sendo honrado pela plena consumação de sua obra ao tomar sobre si os pecados na cruz. Ele se assentou à direita de Deus, aguardando o momento em que todos os seus inimigos sejam subjugados, pois, por meio de uma única oferta, aperfeiçoou para sempre aqueles que estão sendo santificados.
A conjunção “porque” — no início do versículo 14 — sublinha que Cristo ocupa este lugar de honra, autoridade e poder porque sua oferta alcançou plenamente o propósito de Deus.
A obra de Cristo se completou ao carregar sobre si os pecados
Se você deposita sua confiança e esperança em Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor, Cristo se une a você em uma relação salvadora. Por meio dessa união, você recebe o Espírito Santo, que inicia uma obra contínua de santificação em sua vida.
Isso significa que você será progressivamente moldado à semelhança de Cristo: sua mente, seu coração e sua conduta serão gradualmente transformados à imagem de Cristo. É exatamente isso que Hebreus 10.14 (NVT) afirma ao dizer: “os que estão sendo santificados.”
Essas pessoas são aquelas que colocam sua esperança em Cristo e que estão sendo transformadas, de glória em glória ou gradativamente, à sua imagem, pelo poder do Espírito. 2Coríntios 3.18 (NVT): “[…] todos nós, dos quais o véu foi removido, podemos ver e refletir a glória do Senhor, e o Senhor, que é o Espírito, nos transforma gradativamente à sua imagem gloriosa, deixando-nos cada vez mais parecidos com ele.”
O que a oferta que Cristo fez de si mesmo realizou por essas pessoas?
Está assim em Hebreus 10.14 (NVT): “mediante essa única oferta, ele tornou perfeitos para sempre os que estão sendo santificados.” Em outras palavras, ao morrer por nós, Cristo cobriu nossos pecados de maneira tão completa que podemos afirmar que, diante de Deus, estamos aperfeiçoados, limpos, purificados.
Isso significa que, em Cristo, somos perdoados de todos os nossos pecados. Como Paulo afirma, somos justificados e considerados justos. E esse perdão não é temporário, mas eterno: “para sempre.”
Essa é a razão pela qual Cristo foi exaltado ao lugar de honra à direita de Deus. Sua obra foi perfeita. Sua ressurreição, exaltação e coroação declaram e celebram a plenitude de sua obra de purificação dos pecados.
Em Hebreus 10.12-14 (NVT), lemos: “Nosso Sumo Sacerdote […] ofereceu a si mesmo como único sacrifício pelos pecados, válido para sempre. Então, sentou-se no lugar de honra à direita de Deus e ali aguarda até que todos os seus inimigos sejam humilhados e postos debaixo de seus pés. Porque, mediante essa única oferta, ele tornou perfeitos para sempre os que estão sendo santificados.” — A obra de Cristo se completou ao carregar sobre si os pecados; então, ele se sentou à direita da Majestade.
Portanto, toda a nossa adoração a Cristo ressuscitado, neste domingo que antecede o Natal, reflete a suficiência completa da obra do Filho para cobrir, purificar e remover todos os pecados daqueles que confiam nele e seguem o caminho da santificação.
A obra de Cristo foi perfeita
Voltando a Hebreus 1.3 (NVT), o texto afirma: “Depois de nos purificar de nossos pecados, sentou-se no lugar de honra à direita do Deus majestoso no céu”.
Essa frase revela que o ato de Cristo assentar-se nesse lugar de honra, autoridade e poder é, em si, uma declaração da perfeição de sua obra. Ele foi exaltado a esse lugar porque sua obra de purificação dos pecados foi absolutamente completa e suficiente.
Oro para que você compreenda e abrace essa preciosa lógica bíblica. Ela foi escrita para torná-lo forte e inabalável diante das terríveis tentações de duvidar que seus pecados possam ser perdoados. A ressurreição e a entronização de Cristo à direita de Deus foram planejadas para lhe dar confiança nos momentos de provação e na hora da morte, garantindo-lhe que a purificação dos seus pecados é real, segura e suficiente para assegurar sua entrada no céu. Não subestime esta verdade: Cristo reina hoje no céu porque, de uma vez por todas, realizou a purificação dos pecados. Toda a nossa adoração neste domingo natalino é uma celebração da suficiência da morte de Cristo para cobrir, limpar e remover todos os pecados daqueles que, com fé, seguem o caminho da santificação.
2) Preservação de todas as coisas
Nós observamos, primeiramente, a conexão entre a obra de Cristo ao realizar a purificação dos pecados e o fato de ele ter-se assentado à direita de Deus. Agora, observe que Cristo está realizando outra grande obra que o exalta à direita de Deus: Ele sustenta todas as coisas.
Duas obras necessárias para um futuro com Deus
Hebreus 1.3 (NVT) declara que o Filho, “com sua palavra poderosa, sustenta todas as coisas.” Não é um detalhe menor. Por que o autor menciona isso? Porque é fácil pensar que dependemos de Cristo apenas para o perdão dos pecados, mas esquecemos que dependemos dele também para a nossa própria existência.
Duas coisas podem nos impedir de desfrutar a presença de Deus e a plenitude de sua glória. PRIMEIRO: nossos pecados não perdoados. SEGUNDO: se simplesmente deixássemos de existir — se toda a criação deixasse de existir. Assim, para termos um futuro na presença de Deus, precisamos de duas obras essenciais: o perdão dos pecados e a preservação da nossa existência. Por isso que o Filho, — Hebreus 1.3: — “com sua palavra poderosa, sustenta todas as coisas.” E emenda: “Depois de nos purificar de nossos pecados, sentou-se no lugar de honra à direita do Deus majestoso no céu”.
Um ataque à mentalidade moderna de autossuficiência
Isso soa estranho ao ouvido moderno. Vivemos em uma era científica, que exalta a ciência como a suprema medida da realidade; uma era materialista, que vê estritamente na matéria e em seu movimento a base de tudo; uma era também naturalista, que nega o transcendente e o metafísico. O real é apenas aquilo que se pode ver, tocar e medir. Nossa existência física é tratada como o fundamento último. Olha-se para baixo, para dentro, para si mesmo — não mais para Deus. Busca-se no aqui e agora o sentido de tudo. Confia-se no progresso humano, e não no Criador que sustenta todas as coisas.
Hebreus desafia essa ilusão. O fundamento do universo não somos nós. Não são as coisas materiais. A realidade mais profunda é Cristo e sua Palavra, o Verbo. Toda a criação é sustentada por ele. Se Cristo silenciasse sua Palavra, tudo deixaria de existir.
Nós herdamos a mentalidade de René Descartes: “Penso, logo existo” — originalmente: “Cogito, ergo sum”, ou, literalmente: “Cogito, portanto eu sou.” Mas essa visão é rasa. Hebreus nos leva mais fundo: “Penso, logo CRISTO É EU SOU.”
Sem Cristo, nossa mente não funciona, nosso coração não bate, nossos pulmões não respiram. Sem Cristo, não há sinapses. Você sabia que seus pensamentos surgem da transmissão de impulsos elétricos e químicos entre neurônios, conectando-se nas sinapses? Quanto mais essas conexões se repetem, mais eficiente seu cérebro se torna para organizar, processar e criar pensamentos! Sem Cristo, tudo isso simplesmente não existe. Você não existe. Não pensa. É nada. Portanto, sua própria existência é um testemunho vivo da Palavra de Cristo que o sustenta — que sustenta todas as coisas.
Esquecer isso é o pecado do homem caído. Achamos mais real a nossa própria existência do que o Cristo invisível, assentado no trono celestial.
Cristo é digno da nossa adoração
O autor de Hebreus lhe faz uma pergunta séria: você continuará cantando a música da autossuficiência humana ou ouvirá a Palavra de Deus?
Cristo é duplamente digno da sua adoração: Ele te purifica dos pecados e preserva a sua vida. Ele está hoje à direita da Majestade. Lá, não apenas sua obra de salvação é honrada, mas também o poder de sua Palavra, que sustenta todas as coisas.
Devemos a Cristo o perdão de nossos pecados. Devemos a ele o nosso ser, nossa existência. E jamais se esqueça: Cristo está vivo. Ele ouve cada palavra. Ele pode ser conhecido, amado e adorado. Ele trouxe você até aqui hoje para ouvir tudo isso — e se render em arrependimento pelo pecado e fé para a salvação.
3) A pessoa de Cristo
Recapitulando: estudamos, primeiro, a conexão entre a obra de Cristo ao realizar a purificação dos pecados e o fato de ele ter-se assentado à direita de Deus; depois, constatamos que Cristo está realizando outra grande obra que o exalta à direita de Deus: ele sustenta todas as coisas; e, agora, veremos a pessoa de Cristo. Esse último argumento — quem Cristo é — também revela porque Cristo está assentado à direita da Majestade.
Então… Primeiro, Cristo está à direita da Majestade porque completou perfeitamente a obra que veio realizar. Segundo, Cristo está à direita da Majestade porque está sustentando todas as coisas por meio de sua palavra poderosa. Terceiro, Cristo está à direita da Majestade porque ele é quem ele é.
Há duas frases adicionais em Hebreus 1.3 a serem observadas, mas elas podem ser facilmente combinadas, pois, de fato, estão conectadas (NVT — a primeira parte do versículo 3): “O Filho irradia a glória de Deus, expressa de forma exata o que Deus é”, ou, como vimos nas palavras da ARA: “Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, […] assentou-se à direita da Majestade, nas alturas”.
A diferença entre esta qualificação para Cristo estar à direita de Deus e as duas anteriores é que as outras descrevem o que Cristo fez e faz, enquanto esta descreve quem ele é. O que ele faz é “sustentar todas as coisas pela palavra do seu poder” e “realizar a purificação dos pecados” pelo valor inestimável do seu sangue.
Mas o que ele é? Quem ele é? Essa é a nossa última pergunta nesta manhã. Quem morreu pelos pecados? Quem ressuscitou dos mortos? Quem sustenta o universo pela palavra do seu poder? Quem está assentado à direita de Deus?
A resposta é: Cristo é, ele “é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu Ser.” O que isso significa? É importante que consideremos estas duas frases juntas, porque elas se complementam e nos mantêm no caminho certo.
Quando o autor de Hebreus diz que Cristo é a expressão exata do Ser de Deus, devemos entender que ver Cristo é ver Deus. Jesus disse: “Quem me vê, vê o Pai!” (Jo 14.9, NVT). Colossenses 1.15 diz: “O Filho é a imagem do Deus invisível e é supremo sobre toda a criação.” Para saber como Deus é, basta olhar para Cristo.
Mas isso poderia ser compreendido de uma maneira totalmente errada. John Piper escreveu assim:
Suponha que alguém pense que Cristo representa Deus da mesma forma que uma fotografia ou uma pintura representa uma pessoa, ou como uma carta oficial representa o rei, ou como um selo de cera representa um anel de ouro. Isso seria totalmente equivocado. E a outra frase está aqui no versículo justamente para nos proteger desse mal-entendido. O Filho é a expressão exata do Ser de Deus, não da maneira que uma pintura representa alguém, mas da maneira que o resplendor representa a glória. O versículo 3 diz que ele é “o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser”.
Portanto, a cláusula “o resplendor da glória” de Deus, resguarda a cláusula que diz que Cristo é “a expressão exata” do Ser de Deus.
Em outras palavras, Cristo se relaciona com Deus da mesma maneira que o resplendor se relaciona com a glória, ou como os raios de luz se relacionam com o sol. É importante lembrar que qualquer analogia entre Deus e coisas naturais é imperfeita e pode ser distorcida se for forçada. No entanto, considere, por exemplo:
Concluo esta mensagem recomendando esta grande Pessoa a você, para que confie nele, ame-o e o adore. Ele está vivo e assentado à direita de Deus, com todo o poder e autoridade, e um dia virá em grande glória. Ele ocupa esse lugar exaltado porque ele é o próprio Deus, o Filho; porque ele sustenta você e a mim pela palavra do seu poder; e porque realizou uma purificação perfeita dos pecados.
Você não gostaria de conhecer pessoalmente, receber em seu coração aquele que sustenta a sua existência, oferece purificação para os seus pecados e revela Deus a você da mesma forma que a luz revela o sol?
Nesta época do ano, costumamos falar de Jesus na forma de um bebê, mas não se engane a respeito desse bebê na manjedoura: ele é “o resplendor da glória e a expressão exata do [Ser de Deus]”. Nas palavras de Jonathan Edwards:
A encarnação de Cristo é a manifestação mais admirável da glória de Deus. Que a segunda pessoa da Trindade assuma a frágil natureza de um bebê, nascendo em uma condição tão humilde, revela uma união de majestade infinita e humildade sublime. Nisso, vemos a condescendência de Deus e a Sua glória resplandecer ao mesmo tempo.
Thomas Adams (1583–1652), frequentemente descrito como “o Shakespeare dos pregadores puritanos” por causa de sua habilidade em usar linguagem vívida, analogias criativas e metáforas ricas, no sermão “A Estrela de Cristo”, baseado em Mateus 2.11 — “Ao entrar na casa, [os sábios do Oriente] viram o menino com Maria, sua mãe, e se prostraram e o adoraram. Então abriram seus tesouros e o presentearam com ouro, incenso e mirra.” —, pregou:
Observe, [1] A quem viram?; [2] Com quem o viram?; [3] Onde o viram?
[1] A quem viram? “O menino.” Medite e maravilhe-se. O Ancião de Dias tornou-se uma criança. O infinitamente grande foi feito pequeno. O sustentador de todas as coisas amamenta. [Latim:] Aquele que fez o céu e a terra foi feito sob o céu, na terra. O Criador do mundo é criado no mundo, criado pequeno no mundo: “Eles viram o menino.”
[2] Com quem o viram? “Com Maria, sua mãe.” Maria era sua filha; teria ela agora se tornado sua mãe? Sim, ele se fez filho de Maria, sendo o Pai de Maria. [Latim:] Sem o qual o Pai no céu nunca existiu; sem o qual sua mãe na terra jamais teria existido.
[3] Onde o viram? É evidente, no Evangelho de São Lucas, que o encontraram deitado em uma manjedoura. Aquele que se assenta à direita da Majestade nas alturas foi alojado em um estábulo. Aquele que “na concha de sua mão mediu as águas e tomou a medida dos céus a palmos” (Isaías 40.12) estava agora comprimido em uma manjedoura e envolto em alguns panos. Aqui, eles não encontram nenhuma guarda para defendê-lo, nem tumultos de pessoas apinhadas para vê-lo; nem coroa em sua cabeça, nem cetro em sua mão, mas uma criança deitada em uma manjedoura: com tão pouca glória externa que poderiam ter poupado seus esforços e encontrado, em seu próprio país, muitos que parecessem superiores a ele.
Noutro trecho do sermão, Thomas Adams acrescenta:
Eles viram o menino com Maria, sua mãe. Vejam aqui a humildade do Filho de Deus: o Criador dos céus e da terra, deitado nos braços de uma camponesa; aquele que governa as estrelas, colocado em uma casa comum. Aqui, a glória infinita se esconde em carne frágil, a Majestade eterna desce à forma de um bebê; e ainda assim, mesmo na fraqueza, os sábios o adoram como o Rei prometido.
Esta é a postura de quem contempla a glória de Cristo: adoração! Porque “Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas” (Hb 1.3, ARA).
Da frase: “Então [os sábios do Oriente] abriram seus tesouros e o presentearam com ouro, incenso e mirra.” (Mt 2.11, NVT), o Pr. Thomas Adams concluiu seu sermão com esta aplicação tão pastoral, e com ela eu termino esta mensagem, preparando seu coração para o Natal:
Encerrarei com uma consolação, pois quem poderia concluir esta história com terror? O Senhor cuidará tão graciosamente dos seus que, mesmo em suas maiores dificuldades, não lhes faltará consolo. Embora Maria tenha sofrido em sua jornada — pois deu à luz em Belém, para onde foi a fim de ser recenseada (Lucas 2), e provavelmente carecia do necessário para si e para seu filho — eis que Deus alivia sua pobreza e envia ouro do Oriente. Assim como, em tempos de fome, Ele outrora providenciou para a família de Jacó em Canaã, por meio de uma abundância de pão no Egito.
O consolo virá quando e de onde menos esperamos. Rochas darão água, corvos trarão alimento, antes que pereçamos; até mesmo os nossos inimigos nos sustentarão. “Fui moço e agora sou velho; porém, jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão” (Salmo 37.25).
A quem seja o louvor para sempre! Amém.
Cristo está sentado à direita de Deus, velando pelos seus filhos, e ele te estende a mão, para salvá-lo, santificá-lo e sustentá-lo.
S.D.G. L.B.Peixoto
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Pr. Leandro B. Peixoto