23.02.2025
Efésios 4.7-16 (NVT)
7A cada um de nós, porém, ele concedeu uma dádiva [ou: uma graça], por meio da generosidade de Cristo. 8Por isso as Escrituras dizem [Salmo 68.18]:
“Quando ele subiu às alturas,
levou muitos prisioneiros
e concedeu dádivas ao povo”.
9Notem que diz que “ele subiu”. Por certo, isso significa que Cristo também desceu ao mundo inferior [ou: às partes inferiores da terra]. 10E aquele que desceu é o mesmo que subiu acima de todos os céus, a fim de encher consigo mesmo todas as coisas.
11Ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, outros para pastores e mestres. 12Eles são responsáveis por preparar o povo santo para realizar sua obra e edificar o corpo de Cristo, 13até que todos alcancemos a unidade que a fé e o conhecimento do Filho de Deus produzem e amadureçamos, chegando à completa medida da estatura de Cristo.
14Então não seremos mais imaturos como crianças, nem levados de um lado para outro, empurrados por qualquer vento de novos ensinamentos, e também não seremos influenciados quando nos tentarem enganar com mentiras astutas. 15Em vez disso, falaremos a verdade em amor, tornando-nos, em todos os aspectos, cada vez mais parecidos com Cristo, que é a cabeça. 16Ele faz que todo o corpo se encaixe perfeitamente. E cada parte, ao cumprir sua função específica, ajuda as demais a crescer, para que todo o corpo se desenvolva e seja saudável em amor.
Mais do que tamanho, o que Cristo espera de uma igreja é saúde. Quando saudável, o corpo crescerá e frutificará conforme o propósito divino.
Além da Palavra e do Espírito, o que favorece o crescimento saudável de uma igreja é a sua estrutura ou treliça adequada — uma estrutura que verdadeiramente sirva à videira. Pois bem, é sobre a edificação dessa treliça que pretendemos falar nesta manhã: Colistet, nosso ministro para administração, e eu.
Na primeira parte, farei uma breve exposição do texto de Efésios que lemos. Em seguida, Colistet apresentará suas considerações, revelando o que estamos sonhando para nossa igreja: uma treliça para a videira.
Na caminhada com Deus, devemos viver em união. Paulo diz, em Efésios 4.1-3:
1Portanto, como prisioneiro no Senhor, suplico-lhes que vivam de modo digno do chamado que receberam. 2Sejam sempre humildes e amáveis, tolerando pacientemente uns aos outros em amor. 3Façam todo o possível para se manterem unidos no Espírito, ligados pelo vínculo da paz. 4Pois há um só corpo e um só Espírito, assim como vocês foram chamados para uma só esperança.
Essa vida em unidade é prova de saúde, uma vez que o pecado nos separa de Deus e uns dos outros; por isso, o apelo apostólico para nos esforçarmos em prol de mantermos a unidade.
Unidade, porém, não é sinônima de uniformidade. O texto que acabamos de ler (Ef 4.7-16) revela que Paulo espera grande diversidade na igreja de Cristo — diversidade de dons para servir. Ao tratar da união, o apóstolo faz questão de enfatizar que nos complementamos ao servirmos, cada um, com o dom recebido de Deus. A unidade do povo da graça brilha em sua qualidade de vida, enquanto sua diversidade se destaca pelas qualificações para o serviço. Só assim o povo da graça fará a diferença.
Pensando nisso, chamo a atenção de vocês para quatro lições sobre a diversidade com a qual precisamos aprender a viver em unidade — quatro lições sobre a expressão do povo da graça.
A diversidade do povo da graça jamais poderá ser motivo para a desunião — algo que, infelizmente, muitas vezes acontece. Para preservar a unidade entre os cristãos, Paulo revela a raiz de toda diversidade na igreja de Cristo. Ele diz, em Efésios 4.7: “A cada um de nós, porém, ele concedeu uma dádiva [— gr.: dōrea — ou: uma graça, um benefício, um presente dados por reis, líderes ou deuses aos homens], por meio da generosidade de Cristo.”
Em Atos 2.38, dōrea destaca a gratuidade do Espírito Santo como um presente divino. Em Romanos 5.15, reforça que a salvação não é fruto de obras, mas um dom concedido pela graça. De modo semelhante, em Efésios 4.7, expressa a soberana generosidade de Cristo, que distribui dons espirituais para o crescimento da Igreja.
Paulo revela que a diversidade de dons distribuídos à igreja é fruto da graça de Deus. Os dons são capacitações de origem espiritual; não se tratam de talentos naturais, aptidões humanas ou habilidades adquiridas por treinamento, mas de capacitações divinas (carismas). Portanto, a graça de Deus é a raiz de todo dom. A origem dos dons nunca está no homem, mas em Deus. Portanto, não há espaço para o orgulho.
Outra verdade que Paulo registra é que cada um recebe seu dom ou seus dons “conforme a medida repartida por Cristo” (Ef 4.7, NVI). Ou seja, nenhum cristão possui todos os dons; o dom ou os dons que cada um tem estão na medida exata determinada por Cristo. Isso significa que precisamos uns dos outros. A diversidade dos dons tem o propósito de gerar mútua dependência para a edificação da igreja (1Co 14.3, 12, 26).
A graça que distribui os dons é obra do Cristo vencedor. Paulo utiliza a imagem de um general vitorioso que distribui os despojos da guerra entre seus aliados, em Efésios 4.8-10:
8Por isso as Escrituras dizem [Salmo 68.18]:
“Quando ele subiu às alturas,
levou muitos prisioneiros
e concedeu dádivas ao povo”.
9Notem que diz que “ele subiu”. Por certo, isso significa que Cristo também desceu ao mundo inferior [ou: às partes inferiores da terra]. 10E aquele que desceu é o mesmo que subiu acima de todos os céus, a fim de encher consigo mesmo todas as coisas.
Na condição de Cristo vitorioso, ele presenteia seus aliados — que devem viver em unidade, servindo uns aos outros — cada um, de acordo com o dom que recebeu (Ef 4.8).
A raiz da diversidade é a graça do Cristo vitorioso.
A diversidade do povo da graça pode ser observada nos dons que Paulo menciona em Efésios 4.8 e 4.11; esses são os ramos da diversidade:
8Por isso as Escrituras dizem [Salmo 68.18]:
“Quando ele subiu às alturas,
levou muitos prisioneiros
e concedeu dádivas ao povo”. […]
11Ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, outros para pastores e mestres.
No Novo Testamento, há cinco passagens que listam aproximadamente 20 dons espirituais concedidos por Deus à igreja, cujo propósito é edificar o seu povo e glorificar o seu nome. As referências bíblicas são: Rm 12.6-8; 1Co 12.8-10; 1Co 12.28-30; Ef 4.11; e 1Pe 4.10-11.
Embora essas listas não sejam exaustivas, alguns estudiosos costumam classificar os dons mencionados pelos apóstolos Paulo e Pedro em quatro categorias: dons de comunicação, dons de sinais, dons de serviço e, no caso de Efésios 4.11, dons ministeriais.
Os dons ministeriais são quatro: apóstolos, profetas, evangelistas e pastores/mestres. Vejamos um pouco sobre cada um e seu significado para nós, o povo da graça.
Originalmente, os apóstolos foram aqueles escolhidos ou autorizados pelo próprio Jesus (1Co 15.5-8) para estabelecer a igreja (Ef 2.20; 3.26). Nesse sentido de autoridade, não há mais apóstolos nos dias de hoje.
Por outro lado, o termo “apóstolo” significa “enviado”, e esse sentido se aplica a todo cristão em sua vocação. Afinal, todo crente é enviado para cumprir uma missão. João 13.16 (NVT): “Eu [Jesus] lhes digo a verdade: o escravo não é maior que o seu senhor, nem o mensageiro [αποστολος] é mais importante que aquele que o envia.
Assim como os apóstolos, os profetas desempenharam um papel essencial no estabelecimento da igreja cristã (Ef 2.20; 3.26). Hoje, porém, sua função é fortalecer (ou: edificar), animar (ou: exortar) e confortar (ou: consolar) o povo de Deus (1Co 14.3, 29, 31), sempre fundamentando-se no ensino do Novo Testamento.
1Coríntios 14.37-38 (NVT) 37Se alguém afirma ser profeta ou se considera espiritual, será o primeiro a reconhecer que o que lhes digo é uma ordem do Senhor. 38Se alguém ignorar esse fato, ele mesmo será ignorado.
Os evangelistas eram missionários itinerantes, designados pelos apóstolos. Filipe, por exemplo, foi um diácono evangelista da Igreja Primitiva (At 21.8; 8.26-40). Timóteo também desempenhou essa função (2Tm 4.5). Charles Swindoll sugere que poderíamos chamar os evangelistas de “obstetras” da igreja, pois são aqueles que, em maior escala, trazem pessoas à nova vida em Cristo.
Os termos “pastores” e “mestres” (Ef 4.11) estão gramaticalmente ligados no texto grego original, revelando o duplo papel daqueles chamados por Deus para o ministério pastoral. O pastor encoraja e edifica, acolhe e alimenta, cuida e ensina; ele tanto apascenta (proporciona alimento espiritual) quanto pastoreia (cuida do rebanho). Assim, conforme sugere Charles Swindoll, se os evangelistas são os “obstetras” da igreja, os pastores/mestres são os “pediatras e clínicos gerais” do rebanho.
Eis, portanto, os ramos da diversidade do povo da graça: uns são apóstolos, outros são profetas, outros são evangelistas e outros são pastores/mestres. Todos, unidos, trabalham para a edificação da igreja e para a glória de Cristo, o Senhor da igreja.
Já mencionamos que o propósito da diversidade é a edificação do povo de Deus e a glória do Senhor, mas vejamos mais de perto o que isso significa. Paulo disse, em Efésios 4.12, mas, atenção ao conjunto:
11Ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, outros para pastores e mestres. 12Eles são responsáveis por preparar o povo santo para realizar sua obra e edificar o corpo de Cristo,
NOTE: há dois verbos que se destacam como funções pastorais (v. 12): “preparação” e “edificação”.
3.1. Preparação (gr. katartismos)
Sobre o uso desse termo na língua grega, William Barclay explica:
A ideia central do termo é colocar algo em condição de uso adequado.
3.2. Edificação (gr. oikodomé)
Esse termo era utilizado na construção civil para descrever a edificação de uma casa ou de um edifício.
Dessa forma, o papel pastoral é: preparar para edificar; curar para construir; unir para trabalhar; ensinar para multiplicar; cuidar para crescer.
Como saber se estamos cumprindo o propósito de Deus para a igreja?
Ao revelar os frutos do ministério dos diversos dons distribuídos à igreja, Paulo nos mostra o que Deus deseja de nós.
Há quatro resultados (ou propósitos) esperados da igreja local:
4.1. Maturidade
13até que todos alcancemos a unidade que a fé e o conhecimento do Filho de Deus produzem e amadureçamos, chegando à completa medida da estatura de Cristo.
4.2. Estabilidade
14Então não seremos mais imaturos como crianças, nem levados de um lado para outro, empurrados por qualquer vento de novos ensinamentos, e também não seremos influenciados quando nos tentarem enganar com mentiras astutas.
4.3. Amabilidade
15Em vez disso, falaremos a verdade em amor, tornando-nos, em todos os aspectos, cada vez mais parecidos com Cristo, que é a cabeça.
4.4. Disponibilidade
16Ele faz que todo o corpo se encaixe perfeitamente. E cada parte, ao cumprir sua função específica, ajuda as demais a crescer, para que todo o corpo se desenvolva e seja saudável em amor.
Unidos na diversidade de dons, em torno da doutrina dos apóstolos, pelo poder do Espírito Santo alcançaremos maturidade, estabilidade, amabilidade e disponibilidade. O resultado será o crescimento, tanto numérico quanto espiritual.
Uma igreja só cresce na medida em que seus membros, individual e coletivamente, crescem. Diante disso, dois desafios:
16Ele faz que todo o corpo se encaixe perfeitamente. E cada parte, ao cumprir sua função específica, ajuda as demais a crescer, para que todo o corpo se desenvolva e seja saudável em amor.
S.D.G. L.B.Peixoto
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