23.02.2025
Salmo 23 (NVT)
1O Senhor é meu pastor,
e nada me faltará.
2Ele me faz repousar em verdes pastos
e me leva para junto de riachos tranquilos.
3Renova minhas forças
e me guia pelos caminhos da justiça;
assim, ele honra o seu nome.
4Mesmo quando eu andar
pelo escuro vale da morte,
não terei medo,
pois tu estás ao meu lado.
Tua vara e teu cajado
me protegem.
5Preparas um banquete para mim
na presença de meus inimigos.
Unges minha cabeça com óleo;
meu cálice transborda.
6Certamente a bondade e o amor me seguirão
todos os dias de minha vida,
e viverei na casa do Senhor
para sempre.
A Bíblia Sagrada usa metáforas, imagens e figuras para revelar verdades profundas sobre Deus e nosso relacionamento com ele. Por meio das analogias, conceitos complexos são tornados mais acessíveis, pois relacionam ideias difíceis a elementos já familiares.
Herman Bavinck (1854–1921), um dos mais proeminentes teólogos reformados, escreveu A Doutrina de Deus como parte de sua grande obra teológica, que exerceu profunda influência sobre a teologia reformada contemporânea. Esse livro, originalmente publicado em holandês entre 1895 e 1901, foi traduzido para o português sob o título Dogmática Reformada. Trata-se de uma exposição sólida e profundamente bíblica das doutrinas cristãs, fundamentada na tradição reformada.
No tópico sobre a doutrina de Deus, Bavinck destaca diversas representações divinas presentes na Bíblia: Deus é comparado a um leão, uma águia, um cordeiro, o sol, uma luz, um fogo, uma fonte, uma rocha, um refúgio, uma torre e um escudo.
Há também imagens mais pessoais e humanas que nos ajudam a vislumbrar o Deus transcendente, que está além de nossa plena compreensão. Wayne Grudem (nascido em 11 de fevereiro de 1948), outro destacado teólogo sistemático, destacou que Deus é chamado de Criador, noivo, marido, juiz, rei, homem de guerra, edificador, construtor, médico e, é claro, Pai.
No entanto, há uma imagem nas Escrituras que expressa, com extraordinária clareza, a compaixão e o cuidado do Senhor, demonstrados, entre outros aspectos, em sua provisão, proteção e orientação: a imagem de um pastor — ou, mais precisamente, de um Rei-Pastor.
É exatamente essa a figura que encontramos no belíssimo Salmo 23, parte de uma gloriosa trilogia. No Salmo 22, contemplamos nosso Rei-Sofredor; no Salmo 24, nosso Rei-Soberano; e no Salmo 23, nosso Rei-Pastor. Creio que, em cada um desses salmos, é o Senhor Jesus Cristo quem está em foco.
Três vezes, a Bíblia descreve diretamente o Senhor Jesus como um pastor: 1) Em João 10.11, Cristo é o Bom Pastor, que dá a vida por suas ovelhas. Em Hebreus 13.20, Cristo é o Grande Pastor das ovelhas, que derramou seu sangue para inaugurar e ratificar a nova e eterna aliança. Em 1Pedro 5.4, ele é o Supremo Pastor, que concede aos seus fiéis servos a coroa da glória que jamais se esvai, “a imarcescível coroa da glória.”
Cada uma dessas imagens, sem dúvida, tem sua origem no Salmo 23, que Charles Spurgeon, o grande pastor e pregador de Londres, chamou de “a pérola dos Salmos”. James Montgomery Boice, que por muitos anos pastoreou a 10ª Igreja Presbiteriana da Filadélfia, nos Estados Unidos, escreveu: “O Salmo 23 é o mais amado dos 150 Salmos do Saltério e, possivelmente, o capítulo mais querido (e mais conhecido) de toda a Bíblia… [ele] é uma obra-prima do começo ao fim”. Já um outro teólogo menos conhecido, J. P. McBeth, afirmou: “O Salmo 23 é o maior poema já escrito”.
Com palavras que poderiam estar nos lábios de Jesus dirigidas ao Pai logo após o Salmo 22, encontramos aqui expressões de fé, confiança e segurança — palavras que devem estar também nos lábios de todo servo de Deus. Confiamos em nosso Bom Pastor, o Senhor Jesus, para nos guiar pelas veredas da justiça e para caminhar conosco pelo vale da sombra da morte — até chegarmos à sua presença, para sempre.
Muitas das imagens deste salmo não apenas retratam um pastor, mas também evocam os patriarcas e o povo de Israel no Êxodo, quando o Senhor conduziu seu povo por diversas peregrinações e pelo deserto. Esse Pastor tem uma história. Ele já demonstrou sua fidelidade às suas ovelhas no passado e, por isso, podemos confiar nele no presente e no futuro.
Ouça as palavras do próprio Jacó, nos lábios de quem a imagem de Deus como Pastor aparece na Bíblia pela primeira vez. Essa primeira menção ocorre em Gênesis 48.15. No contexto, Jacó está abençoando os filhos de José, Efraim e Manassés, e faz a seguinte declaração: “Em seguida, abençoou José, dizendo: ‘Que o Deus diante do qual andaram meu avô, Abraão, e meu pai, Isaque, o Deus que tem sido meu pastor [isto é, que me sustentou, me pastoreou] durante a minha vida até este dia’” — “que esse Deus-Pastor preserve meu nome e o nome de Abraão e Isaque, e seus descendentes se multipliquem grandemente na terra” (Gn 48.16).
Aqui, Jacó reconhece que Deus esteve com ele ao longo de toda a sua vida, guiando, sustentando e cuidando dele como um pastor cuida de suas ovelhas. Esse é um dos primeiros registros bíblicos, se não o primeiro, onde Deus é descrito explicitamente como pastor, um tema que será amplamente desenvolvido ao longo das Escrituras, sobretudo no Salmo 23, culminando em Cristo como o Supremo Pastor.
Entretanto, a imagem de Deus como Pastor não é a única presente no Salmo 23. Há também a figura de um Anfitrião — o Rei-Anfitrião. Nos versículos 5 e 6, lemos que ele prepara uma mesa para os seus e os recebe com honra em sua casa, após terem sido seguidos por bondade e amor (ou misericórdia) todos os dias de suas vidas.
Portanto, à medida que dedicamos nossas vidas em serviço e entrega ao nosso Rei-Pastor-Anfitrião, o Senhor Jesus, em que podemos confiar plenamente? O que ele certamente fará por nós? A resposta está em três verdades preciosas que nos foram dadas, e que podemos tomar para nós.
Uma ovelha tem apenas um pastor, e Jesus é o Pastor que conhece suas ovelhas pelo nome, e elas o seguem. Além disso, como ensina João 10.27-28, Ele lhes dá vida eterna, e elas jamais perecerão. Ora, se ele faz isso para conduzir-nos à presença de Deus Pai (1Pe 3.18), o que não fará por nós ainda nesta vida, hoje e amanhã, para garantir que vivamos para sua glória e cheguemos em santidade ao nosso lar celestial?
1) O SENHOR nos provê sustento (Salmo 23.1-2)
Versículo 1: “O SENHOR (Yahweh) é meu pastor” — essa afirmação é enfática e pessoal. A seguir, a ARA e a NVT traduzem como “nada me faltará”, a NVI diz “de nada terei falta”, e A Mensagem interpreta como “Não preciso de nada.”
Os pronomes neste salmo são cruciais, pois evidenciam o relacionamento íntimo entre o SENHOR e suas ovelhas e convidados. Na NVT, além dos 11 pronomes pessoais (eu, me, mim, tu e ele), há 12 pronomes possessivos (meu, minha, minhas, meus, tua, teu e seu). Isso totaliza 23 pronomes no Salmo 23.
Por que isso importa?
A predominância dos pronomes pessoais e possessivos reforça a profunda intimidade entre o salmista e o SENHOR, destacando tanto a dependência do salmista quanto o cuidado pastoral do SENHOR.
Ou seja, o único e verdadeiro Deus vivo é meu pastor. O Grande EU SOU de Êxodo 3.14 — que não está limitado por tempo, espaço, poder ou conhecimento — é meu pastor.
O SENHOR me pertence pela fé e confiança em sua perfeita e suficiente obra de salvação, e eu sou dele em rendição e entrega absolutas. Nesta vida, talvez eu não tenha tudo o que desejo, mas sempre terei tudo o que preciso para viver com alegria e cumprir a vontade perfeita do Senhor (Romanos 12.2).
Assim escreveu Davi, em outro de seus Salmos:
Salmos 16.1-3 (NAA)
1Guarda-me, ó Deus, porque em ti me refugio. 2Digo ao SENHOR: “Tu és o meu Senhor; outro bem não possuo, senão a ti somente.” 3Quanto aos santos que há na terra, eles são os notáveis nos quais tenho todo o meu prazer.
De volta ao Salmo 23: A expressão “nada me faltará” (v. 1) aparece apenas mais uma vez nas Escrituras, em Deuteronômio 2.7, no contexto do Êxodo. O Senhor pastoreou seu povo pelo deserto até a Terra Prometida, suprindo cada uma de suas necessidades! Leia: “Pois o SENHOR, seu Deus, tem abençoado vocês em tudo que têm feito. Ele tem cuidado de cada um de seus passos por este grande deserto. Durante estes quarenta anos, o SENHOR, seu Deus, tem estado com vocês, e nada lhes tem faltado’.”
As ovelhas, deixadas sozinhas, não têm nada, mas sob os cuidados do Bom Pastor, nada lhes falta — agora e para sempre.
O sustento que o SENHOR nos dá está descrito nestes termos, versículo 2: “Ele me faz repousar em verdes pastos e me leva para junto de riachos tranquilos.”
Diferente de um mercenário, o Bom Pastor se preocupa, acima de tudo, com o bem-estar de suas ovelhas. Ele garante que elas tenham tudo o que precisam para viver — viver para a sua glória, desfrutando, alegrando-se nele. Ele me alimenta e sacia minha fome — afinal, ele é o pão da vida (Jo 6.35). E ele me dá água e sacia minha sede — afinal, ele é a água viva (Jo 4.14; 7.38).
Agora, de que modo Jesus mata nossa fome e sacia nossa sede?
Quando cremos em sua palavra e a ela nos voltamos constantemente, buscando a Cristo e suas promessas. Leia e perceba como comer e beber de Cristo são expressões que simbolizam ter fé nele ou ir a ele com fé — João 6.35 “Jesus respondeu: Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome. Quem crê em mim nunca mais terá sede.”
A seguir, veja como Deus faz jorrar de nosso interior rios de água viva:
João 7.37-39 (NVT)
37No último dia, o mais importante da festa, Jesus se levantou e disse em alta voz: “Quem tem sede, venha a mim e beba! 38Pois as Escrituras declaram: ‘Rios de água viva brotarão do interior de quem crer em mim’”. 39Quando ele falou de “água viva”, estava se referindo ao Espírito que seria dado mais tarde a todos que nele cressem. Naquela ocasião o Espírito ainda não tinha sido dado, pois Jesus ainda não havia sido glorificado.
E para que o Espírito “seria dado”? Para nos revelar Cristo, por meio da Palavra.
João 14.26 (NVT) Mas quando o Pai enviar o Encorajador, o Espírito Santo, como meu representante, ele lhes ensinará todas as coisas e os fará lembrar tudo que eu lhes disse.
João 15.26 (NVT) Mas eu enviarei a vocês o Encorajador, o Espírito da verdade. Ele virá do Pai e testemunhará a meu respeito.
João 16.12-15 (NVT) 12“Há tanta coisa que ainda quero lhes dizer, mas vocês não podem suportar agora. 13Quando vier o Espírito da verdade, ele os conduzirá a toda a verdade. Não falará por si mesmo, mas lhes dirá o que ouviu e lhes anunciará o que ainda está para acontecer. 14Ele me glorificará porque lhes contará tudo que receber de mim. 15Tudo que pertence ao Pai é meu; por isso eu disse: ‘O Espírito lhes contará tudo que receber de mim’.”
O SENHOR nos provê sustento… pela Palavra, por meio do Espírito.
Tem mais…
2) O SENHOR nos provê descanso (Salmo 23.3a)
Versículo 3a: “Renova minhas forças”, ou: “Refrigera-me a alma”. Aqui, a expressão “minha alma” significa simplesmente “minha vida”, ou: “minha força para viver”.
É o SENHOR quem te fortalece nos momentos de fraqueza, quem te restaura e te levanta quando tropeça e cai. Ele coloca a vida na perspectiva correta e te ensina a enxergar tudo com um olhar voltado para Deus e para a eternidade.
O Senhor renova e restaura por meio de sua Palavra. Como nos lembra o Salmo 19.7: “A lei do SENHOR é perfeita e revigora [ou: restaura] a alma.”
Quão diferente é a vida daqueles que não têm o Senhor Jesus como seu Pastor ou que se esquecem de que ele o é! Marcia Hornok capturou, em sua poesia, essa frustração e decepção que tantos experimentam:
Salmo 23, Antítese
O relógio me ordena, não posso parar.
Só me deito quando estou a desmaiar.
Ele me empurra à depressão profunda,
atormenta minh’alma e a deixa imunda.
Me faz andar em círculos de aflição,
sufocado pela inquietação.
Ainda que corra sem direção,
nunca darei conta da obrigação.
Os prazos e a necessidade de aceitação
exigem de mim além da razão.
Ungem minha mente com dor e cansaço,
e minha mesa transborda em descompasso.
A fadiga e a pressão me seguirão,
todos os dias, sem exceção.
E habitarei no cárcere da frustração,
sem esperança, sem solução.
(Discipleship Journal, #60, 1990)
Mas não é assim para aquele que caminha com o Grande Pastor. Não! O Bom Pastor restaura, renova e fortalece a alma. Ele dá o sustento. E dá também o descanso.
3) O SENHOR nos provê direção (Salmo 23.3b)
Versículo 3b: “e me guia pelos caminhos da justiça; assim, ele honra o seu nome.”
O cuidado de Deus é constante e compassivo. Ele nos guia (ou: conduz). Ele não te empurra nem força, não te manipula nem engana. Ele sempre te conduz na direção certa, pelas veredas da justiça — na retidão da palavra de Deus.
Guiados pelo seu Espírito e pela sua Palavra, somos levados a: Sentir de modo certo; Fazer o que é certo; Pensar o que é certo; Dizer o que é certo; Viver do modo certo. Como nos lembra o Salmo 119.105: “Tua palavra é lâmpada para meus pés e luz para meu caminho.” John Piper ressalta que “Uma vereda de justiça é um caminho certo seguido com a atitude certa, movido pela motivação certa.” Fazer o certo da maneira certa é sinal de maturidade espiritual e essencial para um ministério eficaz.
Por amor do Seu nome
Você percebe o peso dessa declaração? — Por amor do seu nome! Ou: “e me guia pelos caminhos da justiça; assim, ele honra o seu nome [é por amor do seu nome].” — Compreende o poder e a promessa que ela carrega?
O SENHOR supre suas necessidades, renova sua vida e te guia pelas veredas certas, colocando sua própria reputação em jogo. O nome dele! A glória dele!
O Salmo 106.8 descreve a libertação de Israel assim: “Assim mesmo ele os resgatou, para proteger a honra de seu nome, para mostrar seu grande poder.”
Deus deseja que todos vejam quem ele é e como ele é. Em sua soberania, o SENHOR orquestra todas as coisas para exibir sua grandeza e glória, trazendo alegria e bênção ao seu povo, seus filhos, suas ovelhas.
John Piper resume perfeitamente:
Deus é o começo e o fim de toda a minha justiça. A vereda da justiça tem a graça de Deus como ponto de partida (pois ele me guia nela) e tem a glória de Deus como destino (pois sua orientação é por amor do seu nome).
Como essa verdade transforma sua vida de oração, sua abordagem da vida, sua vocação, trabalho ou ministério? Você passa a falar com Deus assim:
— Senhor, usa-me por amor do Teu nome.
— Senhor, torna-me santo por amor do Teu nome.
— Senhor, livra-me do mal por amor do Teu nome.
— Senhor, faz-me semelhante a Ti por amor do Teu nome.
Nosso Rei-Pastor, o SENHOR, provê tudo o que precisamos:
— Ele provê sustento.
— Ele provê descanso (corpo e alma).
— E ele nos provê direção.
4Mesmo quando eu andar
pelo escuro vale da morte,*
não terei medo,
pois tu estás ao meu lado.
Tua vara e teu cajado
me protegem.
Russ Moore, do Seminário Teológico Batista do Sul dos Estados Unidos, faz uma observação interessante sobre figuras heroicas e animais selvagens na Bíblia. Em seu comentário Where the Wild Things Are (Onde estão as coisas selvagens), ele escreve:
As figuras heroicas na Escritura são frequentemente retratadas como matadores de animais perigosos, como Davi ou Sansão… Na imagem do pastor na Bíblia… o dever primário do pastor é proteger seu rebanho dos predadores, lutando contra eles. É por isso que o salmista encontra consolo na vara e no cajado do Bom Pastor. Não é porque eles parecem bonitos e típicos de um pastor, mas porque são usados para arrancar os dentes dos lobos e dos grandes felinos… A imagem do pastor-guerreiro na Bíblia é então aplicada ao rei davídico do povo de Deus: “O bom governante, assim como o pastor corajoso, se dedica a exterminar predadores sempre que e onde quer que eles sejam encontrados.”
É exatamente essa a ideia que Davi tem em mente ao afirmar que nosso Rei-Pastor protege suas ovelhas dos lobos e dos grandes predadores — incluindo o maior de todos: a morte.
1) O SENHOR nos protege da morte (Salmo 23.4)
Versículo 4: “Mesmo quando eu andar pelo escuro vale da morte, não terei medo, pois tu estás ao meu lado. Tua vara e teu cajado me protegem.”
Será que alguma vez nos falta algo na vida? Claro que sim. Aqui, não há pastos verdejantes nem águas tranquilas. Aqui, há escuridão profunda, incerteza e perigo. A vida é assim. O trabalho é assim. O ministério é assim. E, no entanto, Davi pode dizer: “Não temerei mal algum.”
Davi está dizendo que quando atravessa os vales profundos e escuros da vida, quando a própria morte surge no horizonte, encara-a sem medo. Por quê? “Pois tu estás ao meu lado. Tua vara e teu cajado me protegem.”
Não perca esta mensagem. Ela pode revolucionar sua vida e seu trabalho, vocação ou ministério! Por que você está atravessando vales escuros e profundos? — Sabe por quê? Veja, não é porque o diabo tomou o controle da sua vida. Não é porque as pessoas tramaram o pior para você. Então, por quê? — É porque o Bom Pastor está conduzindo você! Portanto, “andar pelo escuro vale da morte” faz parte dessa jornada, tanto quanto os pastos verdejantes, as águas tranquilas e as veredas da justiça.
Por que o Pastor nos faria “andar pelo vale escuro da morte”?
Para nos levar a um lugar melhor! (Cf. Salmo 23.6).
Posso ser sincero?
Talvez te falte muitas coisas na vida ao seguir o Bom Pastor. Mas nunca, nunca, nunca, jamais te faltará algo que ele saiba ser bom para você e o avanço do Reino.
O salmista nos lembra:
Salmos 84.11-12 (NVT)
11Pois o SENHOR Deus é nosso sol e nosso escudo; ele nos dá graça e honra. O SENHOR não negará bem algum àqueles que andam no caminho certo. 12Ó SENHOR dos Exércitos, como são felizes os que confiam em ti!
A vara e o cajado
A vara é um instrumento de proteção e segurança. Ela nos guarda. O cajado é um instrumento de conforto e apoio. Ele nos guia. Portanto, Nos dias do vale da morte, não tema! Você tem Aquele de quem precisa. E Ele tem todos os recursos necessários para guiá-lo a um lugar melhor e mais maravilhoso.
Nos momentos mais escuros da vida, de quem você realmente precisa? Quem você realmente deseja ao seu lado? Eu quero o SENHOR. Sabe por quê?
Por que até mesmo as piores coisas que nos podem acontecer, ele, o SENHOR torna em bem. Releia a conclusão a que chegou José do Egito, em relação a seus irmãos que, por ódio dele, o haviam vendido — Gênesis 50.20: “Vocês pretendiam me fazer o mal, mas Deus planejou tudo para o bem. Colocou-me neste cargo para que eu pudesse salvar a vida de muitos.”
2) O SENHOR se faz presente em face dos inimigos (Salmo 23.5)
Versículo 5: “Preparas um banquete para mim na presença de meus inimigos. Unges minha cabeça com óleo; meu cálice transborda.”
Muitos estudiosos da Bíblia observam uma mudança na imagem no versículo 5, de pastor para anfitrião de um grande banquete. Isso faz sentido, mas, em vez de enxergar uma figura completamente nova, podemos também enxergar uma extensão e um desenvolvimento do Rei-Pastor.
Este Rei-Pastor está sempre conosco e cuida de nós: nos campos, nos vales, à mesa e em sua casa. Davi estava dizendo: o SENHOR me trouxe dos campos, conduziu-me pelo vale e agora me convida para sua casa. Lá estarei seguro e satisfeito.
“Preparas um banquete para mim na presença de meus inimigos.”
Essa é uma cena surpreendente. O Rei-Pastor está presente, servindo suas ovelhas. Os inimigos podem estar ao meu redor, mas, bem no meio deles, Deus me serve e me sustenta. Isso fala tanto comigo quanto a eles.
Caminhando nas veredas da justiça, com plena confiança no meu Rei-Pastor, sei que nada me faltará. Para meus inimigos, isso é um testemunho da fidelidade de Deus. Eles querem me ferir, mas Deus me protege. Querem me deixar faminto, mas Deus me alimenta e me honra.
“Unges minha cabeça com óleo”
O Rei-Pastor me recebe como um hóspede de honra (então, nesse sentido, ele é sim Rei-Anfitrião). O óleo perfumado suaviza a pele e espalha uma doce fragrância, símbolo de amizade, aceitação e celebração.
“Meu cálice transborda.”
Ele me dá mais do que preciso, de forma generosa e abundante. O cálice do SENHOR nunca está vazio ou meio cheio — está sempre cheio até transbordar. Diante do Bom Pastor, os inimigos perdem a importância. Eles empalidecem diante da presença do SENHOR e desaparecem frente a tudo o que ele é e faz por nós.
Pois bem, vimos que
Por fim, vejamos que
6Certamente a bondade e o amor me seguirão
todos os dias de minha vida,
e viverei na casa do Senhor
para sempre.
Quando pensamos no Salmo 23, a imagem mais comum que nos vem à mente é um funeral. Isso faz sentido, pois esse salmo realmente traz conforto em tempos de luto. Além do que, fala de vale da sobra da morte e fala de se habitar na casa do SENHOR. No entanto, uma leitura cuidadosa e equilibrada revela que ele não trata da morte, mas da vida. Não fala sobre morrer, mas sobre viver — agora e para sempre.
É uma vida em um nível diferente, uma vida abundante, como descrito pelo próprio Bom Pastor Jesus Cristo, em João 10.10: “Eu vim para lhes dar vida, uma vida plena, que satisfaz.”
Jesus entregou sua própria vida para que tivéssemos vida — uma vida eterna, com qualidade divina, vivida em sua presença para sempre.
Alguém já disse que Deus é como um patrulheiro celestial em perseguição constante. É verdade! Ele nos persegue com bondade (tob) e misericórdia (hesed), o amor leal do nosso Rei-Pastor.
Em vez de sermos perseguidos por inimigos que nos veem festejar à mesa preparada pelo SENHOR, somos perseguidos pelo amor e fidelidade de Deus. E há uma verdade inescapável: não podemos fugir dele. Não podemos superá-lo nem vencê-lo pelo cansaço. Nosso Rei-Pastor é rápido. Se fosse uma corrida de 100 metros, ele cruzaria a linha de chegada antes mesmo do relógio marcar um único segundo.
Sempre teremos seu amor gracioso. Mas um dia, desfrutaremos de algo ainda maior. Um dia desfrutaremos de sua aceitação eterna.
Um cântico de louvor bem conhecido diz: “Melhor é um dia em Tua casa do que mil em qualquer outro lugar.” Isso é maravilhoso, mas a palavra de Deus nos dá uma promessa ainda melhor: “E habitarei na casa do SENHOR para todo o sempre.”
O Salmo 23 começa e termina com “o SENHOR” (inclusio), deixando claro que ele é o começo e o fim da nossa jornada. Começa com “O SENHOR é meu pastor…” E termina com “… viverei na casa do SENHOR para sempre.”
Nesta vida, podemos ser servos peregrinos do Bom Pastor. Podemos morar em outro país, servir a Cristo na obscuridade, ser levados pelo trabalho ou pelo ministério para longe da família, dos amigos e de tudo que é confortável e familiar. Mas podemos descansar seguros na certeza de que o Bom Pastor nos alimentará e guiará. Ele nos protegerá e proverá para nós.
E, quando tiver concluído sua obra em nossa vida, nos levará para sua casa como Seus filhos — para sempre. Que privilégio maior poderia existir do que habitar na casa do SENHOR, nosso Rei-Pastor-Anfitrião, para sempre?
Como nos lembra Romanos 8.35-39 (NVT):
35O que nos separará do amor de Cristo? Serão aflições ou calamidades, perseguições ou fome, miséria, perigo ou ameaças de morte? 36Como dizem as Escrituras: “Por causa de ti, enfrentamos a morte todos os dias; somos como ovelhas levadas para o matadouro”. 37Mas, apesar de tudo isso, somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou.
38E estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o que existe hoje nem o que virá no futuro, nem poderes, 39nem altura nem profundidade, nada, em toda a criação, jamais poderá nos separar do amor de Deus revelado em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Em Ezequiel 34.23, Deus promete ao seu povo: “Porei sobre as ovelhas um pastor, meu servo Davi; ele as alimentará e será seu pastor.” Aqui está a promessa de um futuro Rei-Pastor, como vemos no Salmo 23. Quando combinamos essa profecia com Miqueias 5.2-4, que anuncia que de Belém virá Aquele cuja origem é desde a eternidade, que se levantará e apascentará seu rebanho na força do Senhor, percebemos algo maravilhoso: Temos um Rei-Pastor que é tanto Deus quanto homem.
Ele é o Pastor para a vida. Ele é o Pastor para a eternidade.
Mas por que precisamos de um Pastor assim?
1Pedro 2.25 nos dá a resposta: “Vocês eram como ovelhas desgarradas”.
O pecado nos confundiu e nos enganou. Ele prometeu muito, mas não cumpriu nada. Então Jesus veio procurar suas ovelhas desgarradas. Ele encontrou você e resgatou você. Ou não? Ele deu a vida por suas ovelhas, como o Bom Pastor.
Ele o salvou do pecado e de Satanás. Ele o salvou de você mesmo.
Agora, você voltou (ou deve voltar) para Aquele que a Bíblia chama de “o Pastor, o Guardião [o Bispo ou Supervisor] de sua alma.”
E o que esse Pastor promete para Suas ovelhas?
Veja esta promessa preciosa em Apocalipse 7.16-17:
16Nunca mais terão fome, nem sede [Salmo 23.2!], e o calor do sol nunca mais os queimará. 17Pois o Cordeiro que está no centro do trono será seu Pastor. Ele os guiará às fontes de água viva [Salmo 23!], e Deus enxugará de seus olhos toda lágrima.
— Este é o nosso Bom Pastor.
— Este é o nosso Grande Pastor.
— Este é o nosso Rei-Pastor, que recebe, guia, ama e cuida de todos os que declaram com fé: “O SENHOR (Jesus) é o meu Pastor, nada me faltará.”
A sombra da morte não é a morte
A estrada seguia silenciosa, interrompida apenas pelo som suave dos pneus contra o asfalto. No banco de trás, os filhos de Donald Grey Barnhouse, ainda pequenos, olhavam pela janela, tentando entender a ausência repentina da mãe. O peso do luto pairava sobre todos, e o renomado pastor da 10ª Igreja Presbiteriana, na Filadélfia, buscava uma forma de explicar o inexplicável, de consolar o inconsolável.
Foi então que aconteceu. Uma enorme carreta passou ao lado do carro, projetando sobre eles sua sombra imensa. Naquele instante, Barnhouse encontrou as palavras que tanto procurava.
— Crianças, vocês prefeririam ser atropeladas por um caminhão ou pela sua sombra?
Os pequenos, intrigados, responderam sem hesitar:
— É claro, papai! Muito melhor ser atropelado pela sombra! A sombra não pode nos machucar.
Com a doçura de quem traduz verdades eternas para corações infantis, Barnhouse sorriu e disse:
— O caminhão da morte passou sobre o Senhor Jesus Cristo há dois mil anos, para que apenas a sua sombra passasse sobre nós. Isso é tudo o que aconteceu com sua mãe. Apenas a sombra da morte passou sobre ela. Ela está ilesa no céu.
O carro seguiu viagem, mas as palavras do pai ficaram. O luto permaneceu, mas foi suavizado pela esperança. A dor da separação ainda era real, mas não definitiva.
Essa é a mensagem reconfortante do Salmo 23, o mais amado dos salmos. Nele, Davi, o pastor de Israel, nos lembra que, ainda que atravessemos o vale da sombra da morte, não precisamos temer mal algum. Pois não é o caminhão da morte que nos atinge — apenas sua sombra. E do outro lado da estrada, há Alguém — o próprio Cristo — nos esperando de braços abertos.
O SENHOR É… ele é o Bom Pastor, é provedor, protetor e permanente e bonda e misericórdia. Prove e veja. Arrependa-se e creia em Cristo.
S.D.G. L.B.Peixoto
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Salmo 23: O SENHOR É
Pr. Leandro B. Peixoto