13.04.2025
Hebreus 2.5-10 (NVT)
5Além disso, não são anjos que governarão o mundo futuro a que nos referimos. 6Porque em certo lugar alguém disse:
“Quem é o simples mortal, para que penses nele?
Quem é o filho do homem, para que com ele te importes?
7E, no entanto, por pouco tempo o fizeste um pouco menor que os anjos
e o coroaste de glória e honra.
8Tu lhe deste autoridade sobre todas as coisas”.
Quando se diz “todas as coisas”, significa que nada foi deixado de fora. É verdade que ainda não vimos tudo ser submetido à sua autoridade. 9Contudo, vemos Jesus, que por pouco tempo foi feito “um pouco menor que os anjos” e que, por ter sofrido a morte, agora está coroado “de glória e honra”. Sim, pela graça de Deus, Jesus experimentou a morte por todos. 10Deus, para quem e por meio de quem todas as coisas foram criadas, escolheu levar muitos filhos à glória. E era apropriado que, por meio do sofrimento de Jesus, ele o tornasse o líder perfeito para conduzi-los à salvação.
Desenvolver o enredo de um romance não é uma tarefa aleatória; exige reflexão cuidadosa e planejamento minucioso. O enredo consiste na sequência de acontecimentos que compõem a estrutura narrativa, seja em um romance, conto, peça teatral, filme, novela ou qualquer outra forma de narrativa. Em termos simples, trata-se de “o que acontece na história”: o fio condutor que conecta personagens, conflitos, ações e desfecho.
E, assim como um escritor sério se senta, de testa franzida, para planejar um romance, o autor bíblico também se dedicou intencionalmente à redação da carta aos Hebreus — com a vantagem infinita de ter sido inspirado pelo Espírito Santo. Utilizando personagens, enredo e tema, o resultado final se apresenta mais como um romance cuidadosamente arquitetado do que como uma simples epístola.
O tema da Superioridade de Cristo permeia todo o livro como um fio condutor dominante. A sequência do conteúdo é cuidadosamente planejada, entrelaçando motivos — isto é, ideias, imagens, símbolos e situações — do Antigo Testamento em um padrão lógico, sempre com o propósito de exaltar o personagem principal: Jesus Cristo.
No entanto, ao lermos a advertência presente em Hebreus 2.1-4, somos sacudidos como por uma interrupção abrupta — um buraco inesperado — na estrada literária que o autor vinha traçando. Aliás, ao longo da carta aos Hebreus, há cinco dessas advertências, que surgem sem aviso prévio, fazendo a estrutura parecer, por vezes, abrupta… e o caminho, confuso (2.1-4; 3.7–4.13; 5.11–6.20; 10.19-39; e 12.25-29). Contudo, se essas advertências forem entendidas como parênteses — ou subtramas que emergem momentaneamente e, na sequência, submergem —, a estrutura revela sua lógica interna e coerente, deixando clara a Superioridade de Cristo como a trama principal.
O público original desta carta, escrita anonimamente, era composto por judeus convertidos que viviam em uma espécie de terra de ninguém: rejeitados por suas famílias, odiados pelos romanos e vistos como desajustados pelos crentes gentios ao seu redor. Como resultado de tamanha rejeição, esses leitores estavam sendo tentados a se desviar ou mesmo a abandonar a fé.
O propósito do autor ao escrever-lhes era duplo: primeiro, convencê-los de que seu Salvador superior era digno de plena confiança; segundo, adverti-los quanto ao perigo real de negligenciar a salvação que Deus lhes havia concedido por meio de Cristo.
Hebreus 2.1-4 (NVT)
1Portanto, precisamos prestar muita atenção às verdades que temos ouvido, para não nos desviarmos delas. 2Pois a mensagem que foi transmitida por meio de anjos permaneceu firme, e toda transgressão e desobediência recebeu o castigo merecido. 3O que nos faz pensar que escaparemos se negligenciarmos essa grande salvação, anunciada primeiramente pelo Senhor e depois transmitida a nós por aqueles que o ouviram falar? 4E Deus confirmou a mensagem por meio de sinais, maravilhas e diversos milagres, e também por dons do Espírito Santo, conforme sua vontade.
Essa, pois, é a primeira subtrama, a primeira advertência, tecida na trama da carta aos Hebreus — isto é, à luz da superioridade de Cristo (cap. 1), “não nos desviemos!”.
AGORA NOTE: Se saltarmos o parêntese de 2.1-4 e lermos diretamente de 1.14 para 2.5, perceberemos que o argumento do autor flui de maneira suave e contínua:
1.14Portanto, os anjos são apenas servos, espíritos enviados para cuidar daqueles que herdarão a salvação. […] 2.5Além disso, não são anjos que governarão o mundo futuro a que nos referimos.
OBSERVE: No drama contínuo da redenção, a humanidade ocupa um papel mais elevado que o dos anjos, pois somente nós fomos designados para herdar a salvação (Hb 1.14). Os anjos jamais experimentaram — nem experimentarão — a “alegria indizível e cheia de glória” que resulta da consumação da nossa fé: a salvação da nossa alma (1Pe 1.8-9). Deus não escolheu salvar anjos dentre os que se rebelaram e caíram no pecado; ao contrário, entregou-os à condenação (2Pe 2.4; Jd 6). Em contraste, escolheu salvar homens e mulheres que, antes da fundação do mundo, ele mesmo elegeu em Cristo (Ef 1.4-5; Rm 8.29-30).
Assim, os anjos não participam do milagre do novo nascimento como nós. Os anjos eleitos (1Tm 5.21), no máximo, atuam como servos ou cuidadores ministeriais dos eleitos de Deus — são espíritos ministradores, enviados para servir em favor dos que hão de herdar a salvação (Hb 1.14).
Os anjos não apenas (1.) ficam de fora da herança da salvação, como também (2.) não exercem o domínio sobre a terra habitada. Essa responsabilidade foi confiada exclusivamente à humanidade, conforme o mandato estabelecido em Gênesis 1.27-28 (NVT):
27Assim, Deus criou os seres humanos [ha-adam: o homem] à sua própria imagem,
à imagem de Deus os criou;
homem e mulher [macho e fêmea] os criou.
28Então Deus os abençoou e disse: “Sejam férteis e multipliquem-se. Encham e governem a terra. Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que rastejam pelo chão”.
Antes da Queda, Adão não apenas possuía uma consciência pura, mas também um intelecto pleno, livre de corrupção. Foi com esse entendimento impecável que nomeou a imensa diversidade de animais (Gn 2.19-20) e exerceu domínio sobre toda a criação, conforme a autoridade que lhe fora concedida por Deus.
Que posição privilegiada é ser designado como governante e quem tem domínio de toda a criação de Deus! O alcance desse domínio está efusivamente celebrado em um salmo de Davi, texto que o autor de Hebreus utiliza para fundamentar seu argumento, em Hebreus 2.5-8. Leia o salmo:
Salmo 8.3-8 (NVT)
3Quando olho para o céu e contemplo a obra de teus dedos,
a lua e as estrelas que ali puseste, pergunto:
4Quem são os simples mortais [ou: o homem], para que penses neles?
Quem são os seres humanos, para que com eles te importes?
5E, no entanto, os fizeste apenas um pouco menores que Deus [seres celestiais, anjos]
e os coroaste de glória e honra.
6Tu os encarregaste de tudo que criaste
e puseste sob a autoridade deles todas as coisas:
7os rebanhos, o gado
e todos os animais selvagens;
8as aves do céu, os peixes do mar
e tudo que percorre as correntes dos oceanos.
Ao contemplar o relato da Criação em Gênesis 1, Davi não ficou atordoado pela vastidão estrelada da Via Láctea nem extasiado pelas profundezas azul-esverdeadas do Mar Mediterrâneo. O que verdadeiramente o maravilhou foi a honra suprema concedida ao ser humano: reinar sobre um domínio tão incomparável.
Mas, ao olharmos ao redor, para os fracassos desse domínio, vemos que o paraíso foi tomado pelo mato e pelas pragas, o mal parece ter engolido o bem como a noite engole a última luz do entardecer. Não há como evitar a conclusão de que a humanidade, de forma desajeitada ou negligente, deixou cair a tocha que Deus nos confiou.
Essa mesma conclusão é alcançada pelo autor de Hebreus, no nosso texto para esta manhã:
Hebreus 2.5-8 (NVT)
5Além disso, não são anjos que governarão o mundo futuro a que nos referimos. 6Porque em certo lugar alguém disse:
“Quem é o simples mortal, para que penses nele?
Quem é o filho do homem, para que com ele te importes?
7E, no entanto, por pouco tempo o fizeste um pouco menor que os anjos
e o coroaste de glória e honra.
8Tu lhe deste autoridade sobre todas as coisas”.
Quando se diz “todas as coisas”, significa que nada foi deixado de fora. É verdade que ainda não vimos tudo ser submetido à sua autoridade.
Com efeito, atualmente, a criação não está sob o domínio do ser humano, pelo menos não em sua plenitude. Em seu comentário sobre Hebreus, William Barclay reflete sobre essa governança dos homens que foi devastada de seu propósito original:
O homem foi criado para ter domínio sobre todas as coisas, mas isso não se concretizou. Ele é uma criatura frustrada por suas circunstâncias, derrotada por suas tentações, cercada por suas próprias fraquezas. Aquele que deveria ser livre está preso; aquele que deveria ser rei é escravo. Como disse G. K. Chesterton: “Seja lá o que for verdadeiro ou não, uma coisa é certa — o homem não é o que deveria ser”.
Como resultado da Queda, o ser humano tornou-se o perdedor em todos os sentidos imagináveis — relacionalmente, intelectualmente, psiquicamente, moralmente, fisicamente, emocionalmente, espiritualmente… Não apenas os homens, até a natureza sofre sob os efeitos do pecado. Que tragédia! Ao tomarem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2.9), Adão e Eva imaginaram que se tornariam como Deus (Gn 3.5). No entanto, em vez de se elevarem, tornaram-se menos do que eram. O brilho da imagem divina foi ofuscado, e a criação, uma vez sujeita ao seu governo, passou a gemer sob o peso da corrupção (cf. Rm 8.20-22).
Mas não gostamos de admitir que somos perdedores, não é mesmo? Preferimos ser aqueles que “acham” — os chamados “achadores”. Afinal, como diz o ditado: “Achado não é roubado, portanto, quem achou, levou!”, certo?
Em vez de confessar: “Não cri… desobedeci… pequei… caí… fracassei… deixei escapar… perdi tudo… sou fraco… perdi o controle… não tenho o domínio!” etc., somos mais inclinados a afirmar: “Não foi culpa minha… que injustiça… eu dou conta… não, obrigado… posso lidar com isso sozinho… consigo o que precisar… sou forte!”.
Não é assim mesmo que agimos?
O único problema é que aquilo que nos sustenta ao longo da vida pode não ser suficiente para nos conduzir até a eternidade. Somente Cristo pode garantir passagem segura para essa jornada — só se chega ao Pai através dele: ele é o Caminho (Jo 14.6).
Eis o que diz o nosso texto, Hebreus 2.8b-10 (NVT):
8Tu lhe deste [ao homem] autoridade sobre todas as coisas”.
Quando se diz “todas as coisas”, significa que nada foi deixado de fora. É verdade que ainda não vimos tudo ser submetido à sua autoridade. 9Contudo, vemos Jesus, que por pouco tempo foi feito “um pouco menor que os anjos” e que, por ter sofrido a morte, agora está coroado “de glória e honra”. Sim, pela graça de Deus, Jesus experimentou a morte por todos. 10Deus, para quem e por meio de quem todas as coisas foram criadas, escolheu levar muitos filhos à glória. E era apropriado que, por meio do sofrimento de Jesus, ele o tornasse o líder perfeito para conduzi-los à salvação [ou: o Autor da salvação deles].
Ao se voltarem para Cristo — com arrependimento e fé — e tornarem-se filhos de Deus, os perdedores tornam-se de novo governantes — recuperando, em união com Cristo, pela fé… recuperando muito do que foi perdido em Adão.
Contudo, a tragédia é que muitos ainda acreditam não precisar de ajuda do alto. Pensam que podem encontrar auxílio na autoajuda, sem qualquer assistência divina. Estes são os humanistas convictos, os estóicos da atualidade, os quais vivem atrás da virtude como o bem supremo, isto é, vivem buscando a tranquilidade da alma por meio do do domínio de si mesmo (autocontrole), da racionalidade e aceitação serena do destino.
Essa filosofia exalta a dignidade e o valor do ser humano, confiando em sua capacidade de realização pessoal por meio da razão. Poucos textos articulam tão bem o espírito do humanismo (e do estoicismo, tão na moda hoje em dia) quanto o poema Invictus, de William Ernest Henley (escrito em 1875, publicado em 1888):
Do breu da noite que me cobre,
Negra como o abismo sem fim,
Agradeço aos deuses, se os há,
Por minha alma firme assim.
Nas garras cruéis do acaso,
Nunca chorei nem vacilei.
Sob os golpes duros do mundo,
Com sangue, mas firme, fiquei.
Além deste vale de lágrimas,
Só há a Sombra e seu temor,
Mas mesmo os anos sombrios
Não me causam nenhum pavor.
Não importa quão estreito o portão,
Nem quantas penas há na decisão,
Sou senhor do meu destino,
Capitão do meu coração.
Embora não estóico no sentido filosófico clássico (como Sêneca, Epicteto ou Marco Aurélio), Invictus representa um tipo de estoicismo moderno, secularizado, voltado para a força de vontade humana, destacando a independência ou a soberania do espírito humano — um exemplo clássico de humanismo ou estoicismo foi encenada no filme Sociedade dos Poetas Mortos (Robin Williams, 1989).
VEJA: Essa filosofia de vida (estóica, humanista) até poderá te ajudar a atravessar os vales sombrios da vida, até poderá te sustentar na hora da morte, mas jamais te levará à presença de Deus, do outro lado do vale da sobra da morte.
Esses são os “achadores” — os que rejeitam o caminho de Deus. Encontram formas de exaltar sua própria importância. Criam seus próprios degraus rumo ao sucesso. Conquistam sua própria glória. Defendem suas próprias causas. Inventam sua própria religião: humanista, estóica, hedonista, na qual reinam de cabeça erguida — “Sob os golpes duros do mundo, Com sangue, mas firmes”.
O hino dessa religião é o poema Invictus.
O problema é que, no fim, os “achadores” — esses que se pretendem “invictos”— tornam-se pranteadores, são vencidos pelo pecado e a morte, porque o caminho que escolheram não os levará à eternidade. Provérbios 16.25 (NAA): “Há caminho que parece direito ao ser humano, mas o fim dele é caminho de morte [morte eterna!].”
Diferente do crente que declara: “Eu vejo Jesus; eu confio em Jesus!”, o humanista ou o estóico declara, miopemente: “Eu vejo a mim mesmo; eu confio em mim mesmo!”
Para o cristão, o paraíso é restaurado — o perdedor torna-se o governante, graças a Cristo. Para o não cristão, a esperança se perde — o achador torna-se o pranteador.
NO FINAL DA VIDA, o Senhor vivo se encontrará face a face com esses pranteadores para lhes dizer uma verdade lamentável e irreversível: suas vidas foram uma grande performance — cheias de som, fúria e feitos impressionantes — mas, no fim, tudo isso não valeu de nada. Jesus lhes dirá claramente (Mt 7.23, NAA): “Eu nunca conheci vocês. Afastem-se de mim, vocês que praticam o mal.” E complementará (Mt 25.41, NAA): “Afastem-se de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.”
Por outro lado, aos que se arrependeram, creram e viveram pela fé, Jesus lhes dirá (Mt 25.21, NAA): “Muito bem, servo bom e fiel; você foi fiel no pouco, sobre o muito o colocarei; venha participar da alegria do seu senhor.” O paraíso será restaurado!
Até lá, há um problema imenso. O autor de Hebreus o menciona ao final de Hebreus 2.8: “É verdade que ainda não vimos tudo ser submetido à sua autoridade.” O “ele” aqui continua a se referir ao homem — aos seres humanos mencionados no Salmo 8. Assim, a tensão se intensifica: como esse problema será resolvido? O homem foi criado para governar a criação sob o domínio de Deus, mas não o vemos exercendo esse governo.
Em primeiro lugar, o autor nos exorta a estarmos atentos e zelosos na perseverança de nossa tão grande salvação (Hb 2.1-4).
Em segundo lugar, ele explica que essa salvação é tão grande justamente porque, no mundo vindouro, Deus prometeu sujeitar toda a criação ao seu povo redimido — e não aos anjos (Hb 2.5). Essa esperança faz parte da nossa salvação: o fato de que, um dia, aqueles que se mantiverem firmes na fé serão revelados como filhos de Deus, e toda a criação os servirá — em vez de maltratá-los, como acontece hoje. Os salvos, portanto, triunfarão sobre o mundo natural, em vez de serem vítimas de suas enchentes, furacões, tornados, doenças e da morte.
Em terceiro lugar, de maneira muito realista, o autor afirma que essa não é a realidade presente. Ao final do versículo 8, ele reconhece: “É verdade que ainda não vimos tudo ser submetido à sua autoridade.” OU SEJA: o Salmo 8 ainda não se cumpriu plenamente no homem. Pelo contrário, o homem está sujeito à criação de formas assustadoras. Tentamos nos convencer de que somos senhores do nosso destino, capitães da própria alma, e que, por fabricarmos aviões, iPhones, foguetes que já dão ré, carros elétricos, lasers, antibióticos, válvulas cardíacas artificiais, marca-passos, fertilizantes, córneas… e muito mais… pensamos que pelos avanços — somos, de fato, governantes da criação. Supomos que todas as coisas nos estão sujeitas.
Mas há um problema profundo com essa ilusão: a morte.
Esse é o obstáculo mais gritante — e é justamente sobre ele que o autor de Hebreus se debruça com mais seriedade. Por mais que tenhamos conquistado tanto, enquanto humanidade, ainda não conquistamos a morte! Ela triunfa em toda parte. Atinge bebês na barriga, recém-nascidos, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos.
A morte zomba de nossos remédios, cirurgias, dietas, vitaminas e exercícios físicos. No fim, cientistas morrem. Políticos morrem. Médicos morrem. Professores, vencedores do Nobel, ricos, pobres, bons, maus, agricultores, banqueiros, carpinteiros, programadores — e pregadores — todos morrem.
A morte não está sujeita ao homem.
E, portanto, nada está verdadeiramente sujeito a nós, pois é apenas questão de tempo até que tudo nos seja tirado. Aquilo que julgávamos controlar será arrancado de nossas mãos. É exatamente essa dura realidade que o autor expõe ao final de Hebreus 2.8. O Salmo 8 afirma que o homem possui um destino glorioso como governante da criação — ele é parte da nossa grande salvação. Mas, na prática, ainda não somos conquistadores… somos carcaças. Todos nós.
Jesus é a Esperança
Então, o que o autor diz para restaurar a esperança e reafirmar a verdade da nossa grande salvação? Hebreus 2.9 traz a resposta, ligando-se diretamente ao final do versículo anterior. Leia o texto todo, Hebreus 2.8-9:
8Tu lhe deste autoridade sobre todas as coisas”.
Quando se diz “todas as coisas”, significa que nada foi deixado de fora. É verdade que ainda não vimos tudo ser submetido à sua autoridade. 9Contudo, vemos Jesus, que por pouco tempo foi feito “um pouco menor que os anjos” e que, por ter sofrido a morte, agora está coroado “de glória e honra”. Sim, pela graça de Deus, Jesus experimentou a morte por todos.
Ou seja, ainda não vemos o Salmo 8 cumprido em nós, mas já o vemos cumprido em Jesus. Ainda estamos sujeitos à fraqueza, à futilidade e à morte. Mas Jesus já passou por tudo isso — e agora está coroado de glória e honra. Ele está entronizado à direita de Deus, e todos os seus inimigos estão sujeitos a ele, como estrado de seus pés (Hb 1.13).
Mas como isso se conecta à nossa tão grande salvação? Como o triunfo de Jesus se torna nosso triunfo? A resposta está nas palavras finais do versículo 9: “Jesus experimentou a morte por todos.”
Cristo foi o primeiro homem restaurado ao destino magnífico do Salmo 8. Ele foi coroado de glória e honra sobre toda a criação. Mas não entrou nessa glória sozinho. O versículo 10 complementa:
Deus, para quem e por meio de quem todas as coisas foram criadas, escolheu levar muitos filhos à glória. E era apropriado que, por meio do sofrimento de Jesus, ele o tornasse o líder perfeito para conduzi-los à salvação.
Jesus está conduzindo muitos filhos à glória — à glória do Salmo 8.
Essa é a nossa tão grande salvação: pela graça, por meio da fé, unidos a Cristo, também nós participaremos do cumprimento do Salmo 8. Cristo é o nosso precursor. O que aconteceu com Cristo, acontecerá conosco, os que creem. Porque Cristo provou a morte por você, crente, tenha plena certeza de que compartilhará com ele o domínio sobre a criação.
O primeiro homem — Adão — pecou, tornando-se escravo da futilidade e da morte. Mas o segundo Adão — Jesus Cristo — venceu a morte e restaurou a esperança do Salmo 8 para todos os que estão nele pela fé. Você, cristão, que não negligencia tão grande salvação (Hb 2.3), reinará com Cristo. E todas as coisas, um dia, estarão sujeitas a você. Tudo servirá ao seu bem eterno. Toda a criação revelará a glória de Deus para você e através de você, enquanto reina com Cristo.
O que, então, você deve fazer?
Você deve colocar sua fé na promessa dessa gloriosa graça futura — crer que aquilo que hoje vemos em Cristo será, um dia, nossa própria realidade. Deve fixar os olhos em Jesus, e não na dor, frustração, doença ou morte deste século. Nada disso terá a última palavra. Cristo venceu a morte e todo o pecado e sofrimento que conduz à morte. Pense nele. Considere-o. Olhe para Ele.
E declare ao câncer, à paralisia, às crianças sem visão, aos oceanos que engolem aviões que caem, aos pais que matam ou abandonam os próprios filhos — a cada inimigo ainda insubmisso: O Salmo 8 é o seu destino! Em Cristo Jesus, todas as coisas um dia estarão debaixo dos seus pés, e eu reinarei com Ele em glória para todo o sempre.
Creia nisso. Declare isso diante de toda calamidade e frustração da vida. Porque é verdade. Jesus tornou isso verdade.
Volte teu olhar para Cristo e veja
A glória que em breve será tua também.
S.D.G. L.B.Peixoto
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