20.11.2016
Temos argumentado que todos os cristãos são trabalhadores da videira; todos estão engajados na “obra do Senhor”. Mas, é realmente verdadeiro que a vida cristã normal inclui fazer discípulos? E quanto àqueles que lutam para se manterem firmes na fé em Cristo? Não estamos apenas fazendo o cristão “comum” se sentir culpado? Ou pior, não estamos em risco de criar um novo tipo de legalismo, no qual estar “envolvido em fazer discípulos” se torna o padrão que temos de satisfazer para ganhar a aprovação de nosso pastor (se não de Deus)? Não acabamos criando duas classes de cristãos: os que fazem discípulos e o resto?
Escrevendo aos filipenses, Paulo demonstrou que a parceria no evangelho é a vida cristã normal. Ou seja: permanecermos unidos no evangelho; seguirmos determinados a viver como cidadãos do céu no meio desta geração corrupta; anelar e batalhar para vermos o evangelho sendo defendido e proclamado; enfrentar bravamente o conflito, a luta e a perseguição que se seguem, inevitavelmente, à encarnação e ao compartilhamento do evangelho.
Enfim, a manifestação prática dessa parceria tem alcance amplo. Vemos os filipenses, por exemplo, orando em favor de Paulo (1.19); compartilhando das dificuldades do apóstolo ao lhe enviarem ajuda financeira (4.14-19); observamos crentes como Epafrodito, Evódia, Síntique e Clemente entre o grupo de cooperadores de Paulo; e encontramos os filipenses sendo chamados a serem imitadores de Paulo na luta pelo evangelho, apesar da hostilidade de fora e da oposição de dentro (3.17-4.1).
O evangelho, portanto, exige que fiquemos com nossos pastores e líderes em profunda unidade, cooperação e solidariedade – não por causa dos seus dons e de sua personalidade, mas por causa de nossa parceria comum no evangelho de Jesus Cristo. Não há duas classes de cristãos – os cooperadores e os espectadores. Estamos todos juntos no evangelho.
Uma igreja assim compreende que “membresia” na congregação é sinônimo de “parceria”. Em nossa sociedade, quando alguém se une como membro de algo, isso pode ter conotações de passividade e consumismo. Eu me associo a um clube e espero certos benefícios. A linguagem de “parceria”, por outro lado, transmite imediatamente a ideia de que estamos assinando um compromisso de envolvimento ativo – sermos parceiros em um grande empreendimento: a missão do evangelho de Cristo.
Pastores e líderes são também parceiros. Não têm um status ou uma essência diferente, nem uma tarefa fundamentalmente diferente – como se fossem os verdadeiros “atores” e o resto da congregação fosse de espectadores e equipe de apoio. Um pastor é um trabalhador da videira que recebeu uma responsabilidade específica de pastorear e capacitar os crentes para sua cooperação no evangelho. Proveem as condições sob as quais os demais parceiros no evangelho podem também realizar a obra de videira – falando dedicadamente a verdade de Deus aos outros.
Essa é a vida cristã normal: pastores e ovelhas cooperando na obra da videira de Jesus Cristo.
Com carinho, Leandro B. Peixoto – seu pastor.
Trecho extraído e adaptado do capítulo 5 de A treliça e a videira:
a mentalidade de discipulado que muda tudo. Publicado pela editora FIEL.
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