22.10.2017
Orar significa desfrutar de verdade a paternidade de nosso Pai. Mas o que significa exatamente o fato de Deus ser Pai? Em primeiro lugar, significa que ele gera eternamente o Filho (Jo 1.14 e 18; 3.16 e 18). Ele sempre concede vida e demonstra abundância no amor ao Filho – “o Espírito Santo desceu sobre Jesus em forma corpórea como uma pomba. E uma voz do céu disse: ‘Você é meu filho amado, que me dá grande alegria’” (Lc 3.22). Assim, como Pai, ele é a fonte de toda a vida, amor e bênção. E o que significa ser Filho? O Filho é caracterizado eternamente por receber do Pai (Jo 17.22).
Ora, se esse é o relacionamento ao qual fomos conduzidos, então louvar o Pai como o Filho louva, pedir ao Pai as coisas que Jesus pede e depender do Pai como Jesus depende farão parte da comunhão com Deus. Ao agradecê-lo e louvá-lo, reconhecemos sua bondade e grandeza – ele é bom e todo o bem procede verdadeiramente dele. Ao lhe pedir que supra nossas necessidades, exercitamos a fé de que ele é realmente a fonte de todo o bem, e sem ele não podemos fazer nada realmente bom.
Se Deus fosse uma pessoa solitária e independente, a independência seria algo piedoso. Equivaleria a ser como ele. No entanto, da mesma forma que o Filho sempre depende do Pai (Jo 17.5 e 22), essa é a natureza da piedade cristã. Ser cristão tem ligação, antes de tudo, com os atos de receber, pedir e depender. Quando você não se sente necessitado (e, portanto, não ora muito), perde a noção da realidade e pensa ou age de maneira não cristã. De fato, à medida que cresce como cristão, você não deve se sentir mais autossuficiente, e sim mais necessitado. Se você não se sente assim, não tenho certeza de seu crescimento espiritual. Contudo, se você sente de fato sua dependência de Deus, a oração apenas fluirá dessa condição.
Orar, então, é desfrutar o cuidado do Pai poderoso, em vez de ser deixado à solidão assustadora em que tudo se opõe a você. A oração é a antítese da autodependência. É nosso “não” à independência e o “não” à ambição pessoal. É o exercício da fé – você precisa de Deus e é um receptor carente de ajuda.
Com isso em mente, em vez de perseguir o ídolo da própria produtividade, sejamos filhos dependentes – e que as ocupações que poderiam nos impedir de orar nos conduzam à oração. Só então – como o Filho – podemos ser verdadeiramente frutíferos. Afinal, o próprio Jesus se expressou dizendo assim: “eu sou a videira; vocês são os ramos. Quem permanece em mim, e eu nele, produz muito fruto. Pois, sem mim, vocês não podem fazer coisa alguma” (Jo 15.5).
Com carinho, Leandro B. Peixoto.
Extraído e adaptado de “Deleitando-se na oração”,
Michael Reeves, editora Monergismo, cap. 9.
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