17.12.2017
Em alguns aspectos, a Bíblia é como o Aguarrás; aquele solvente remove as camadas de verniz que vão se acumulando sobre a madeira, tornando-a natural. A Escritura Sagrada remove os erros que vão se sobrepondo à verdade, trazendo-a à tona. Isto é fato, por exemplo, na história do Natal.
Grande parte do que observamos nesta época do ano não passa de verniz. É bem verdade que muito do que vemos é belo e comovente – música, decorações, cores e luzes brilhantes, atitudes caridosas –, mas nada disso é natural, já que as pessoas não se comportam de forma “natalina” em todas as outras épocas do ano; também não representa a verdade, pois o que se busca é “magia” e “encanto”. Portanto, a lenda natalina que ouvimos ser recontada todos os anos em dezembro, não passa de verniz de mentira, engano e superstição, uma camada após a outra, cobrindo a verdadeira história do nascimento de Jesus. Precisamos da Bíblia para trazer à tona os fatos reais.
O Salvador não veio para ajudar aqueles que já estavam ajudando a si mesmos, não veio para presentear os bonzinhos nem para preencher a vida com mais experiências agradáveis. Jesus veio em missão de resgate, para salvar os pecadores da ira de Deus; para tanto, ele tinha que destruir as obras do Diabo (Mt 1.21; Rm 5.8; 1Jo 3.8).
Cristo em nós, contrário do que se pensa, é sinônimo de perturbação e não apenas de paz e de prosperidade. Basta observar que aqueles cujas vidas estavam intimamente ligadas aos acontecimentos do primeiro Natal não viram no nascimento do menino Deus uma experiência tranquila e agradável. Maria e José tiveram suas vidas reviradas de cabeça para baixo. A noite dos pastores na vila de Belém foi assustadoramente interrompida e aquilo mudou a rotina deles para sempre. Os magos do Oriente enfrentaram todos os tipos de desconfortos que uma separação para viagem como aquela acarretava. O próprio Cristo, concebido pelo Espírito no ventre de Maria ter-se dado casamento, nasceu provavelmente em uma caverna, e passaria seus primeiros dias como um refugiado do sanguinário e vingativo Herodes (Mt 2.13-21).
Portanto, olhando para as narrativas dos Evangelhos, observamos indícios de que a vinda de Jesus pode produzir acontecimentos perturbadores de enormes proporções (cf. Mt 10.34-36). Tinha que ser assim, pois ele não veio apenas para acrescentar algo mais à vida, mas para lidar com a nossa falência espiritual e com a dívida de nossos pecados. Ele não foi concebido no ventre de Maria para aqueles que fizeram seu melhor, mas para aqueles que sabem que o melhor que eles podem fazer é “como trapo imundo” (Is 64.6); reconhecem que estão longe de serem bons o suficiente; percebem que neles não habita bem algum (Rm 7.18). Jesus não nasceu para ser fonte de experiências mágicas, mas para sofrer as dores do inferno em nosso lugar, a fim de ser o nosso Salvador. Pense nisto e celebre um Natal sem verniz.
Com carinho, Leandro B. Peixoto.
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