08.10.2017
Jesus enfatizou o conhecimento da bondade liberal e atenta de nosso Deus – essencial para a oração (cf. Lc 11.11-13). Nós, porém, pensamos de modo instintivo em Deus sem Cristo – apenas como Senhor e Juiz. Então sentimos que ele não quer ouvir a nós, pecadores – e em nossa culpa, recusamo-nos a estar em sua presença. Mas quando nos lembramos de sua amizade, de sua paternidade de braços abertos – do fato de ele nos ter adotado em Jesus Cristo – isso nos faz desejar ir até ele.
J. I. Packer escreveu que uma pessoa terá entendido corretamente o cristianismo quando ela der o devido valor ao fato de ser filha de Deus. Está ele certo, pois dirigir-se a Deus como Pai, de coração realmente, significa compreender bem o evangelho. Você terá processado que o Filho, que esteve por toda a eternidade “junto do Pai” (Jo 1.18), veio para que pudéssemos estar com ele, e para que nós, que o havíamos rejeitado, pudéssemos ser levados a Deus – não só como criaturas, mas como filhos, para desfrutar o amor sobejante que o Filho sempre conheceu. Saber que se é filho amado de Deus evita pensar na oração como uma escada até Deus ou como um exercício pelo qual se obtém dele o favor.
A oração não torna alguém mais aceitável. Ao contrário, orar significa crescer na apreciação do que já se recebeu. Pode ser que o coração esteja frio, o amor fraco e as orações pobres, mas o importante é que, unido a Cristo e nele, você é um filho querido – e seu Pai tem prazer em ouvi-lo. Sem dúvida, com qualquer outro deus você teria que se aproximar pela força do próprio fervor; com este Deus, único e verdadeiro, podemos nos chegar como somos.
João Calvino disse que oramos, por assim dizer, por meio da boca de Jesus. O Pai sempre deseja ouvir as orações do seu Filho amado – e nós oramos em seu nome. O Filho nos deu seu nome para que orássemos como ele. Fomos conduzidos a desfrutar esse relacionamento entre o Pai e o Filho – e na oração nós o fazemos. Assim, oração é a fé em exercício – crer na promessa divina mais incrível: podemos nos aproximar dele, mesmo que nossa frieza e culpa gritem o contrário, crendo que o Altíssimo é nosso Pai Amoroso.
Sem dúvida, temos um relacionamento com o Filho e o Espírito também, e assim podemos orar a eles; mas a oração cristã normal é algo mais rica e impressionante: somos uni- dos na comunhão que Deus como Pai, Filho e Espírito já desfrutam. Somos levados a essa comunhão de amor. Assim, o Filho – que já intercede por nós junto ao Pai – nos conduz para estarmos com ele diante do Pai.
Com carinho, Leandro B. Peixoto.
Extraído e adaptado de “Deleitando-se na oração”,
Michael Reeves, editora Monergismo, cap. 7 (pgs. 25-26).
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