01.05.2016
Fazer discípulos é um imperativo de Jesus para todos os seus seguidores (Mt 28.19). Mas, o que significa fazer discípulos? Seria obter decididos ao trazê-los para um culto ou programação da igreja? Seria inserir alguém nalgum curso de preparação para batismo? É só evangelização?
Jesus nunca estabeleceu um ponto de corte entre evangelização e discipulado. Aliás, quem foi que disse que o discipulado só acontece a partir da conversão? Quem falou que ele cessa após a “decisão ao lado de Cristo”, seguida da profissão de fé pelo batismo? Parece que os cristãos de hoje tomam por certo que, ao mencionar a palavra discípulos, o Senhor estava se referindo a decididos ou convertidos e não a aprendizes ou seguidores – que era o significado de discípulos naquele contexto. No caso dos apóstolos, a Grande Comissão entrou na mente e no coração deles de forma simples e clara: “Viram o que eu fiz com vocês nesses últimos anos? Vão e repliquem com outras pessoas.”
Tanto em Marcos 16 como em Mateus 28, o batismo está inserido na Grande Comissão, só que com uma diferença: em Marcos 16.15-16, as palavras de Jesus acrescentam o crer como antecedente ao batismo. Combinando as duas passagens, chegamos à conclusão de que o fazer discípulos também implica levar as pessoas, sob a dependência do Espírito Santo, à fé em Cristo como salvador a fim de que, crendo, sejam batizadas.
Discipulado envolve sim a evangelização e uma tomada de decisão, visa conduzir as pessoas à salvação, mas o alvo é aperfeiçoá-las em Cristo (Cl 1.28), levando-as ao amadurecimento para a vida e a multiplicação de discípulos (Jo 15.8). Por outro lado, enquanto meio, discipulado é o processo de relacionamento exemplificado por Jesus, o qual chamamos de relacionamento discipulador (Mc 3.13-14; Jo 20.21). Jesus tinha esses dois aspectos em mente (finalidade e processo; conversão e discipulado) quando, ao formular a Grande Comissão (Mt 28.18-20), destacou o fazer discípulos como ação central.
A questão é que o nosso conceito de conversão se tornou muito decisionista. Tudo gira em torno de obtermos “decisões ao lado de Cristo”, um levantar de mãos durante o apelo, fichas de decisão preenchidas no final do culto e pronto. O problema com essa forma de pensar é que o momento da decisão não define tudo. Algumas vezes o decidido não está convertido de verdade; e se está, como ele crescerá na fé? O mais provável é que a maioria deles nunca tenha experimentado o novo nascimento. Não é surpresa, portanto, o nível de carnalidade nas igrejas.
Fazer discípulos significa, em certo sentido, conduzir pessoas à salvação, mas não podemos nos esquecer do que o discipulado realmente é: um processo de relacionamento intencional que resulte em conversão e santificação ao longo de uma caminhada. Foi assim que Jesus fez.
Com carinho, Leandro B. Peixoto – seu pastor.
Extraído e adaptado do cap. 2 de
Relacionamento Discipulador: uma teologia da vida discipular
Autor: Diogo Carvalho. Editora: Missões Nacionais.
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