15.10.2017
Se a oração é comunhão com Deus, então ela pode acontecer de muitas formas. Assim como nós temos diferentes tipos de conversas com nossos amigos e familiares (de textos e e-mails a bate-papos até altas horas da noite), da mesma forma, não precisamos tentar “encaixar” Deus em cada dia. Buscar “encaixes” para Deus significa interpretar a vida de oração como algo diferente do restante da existência. De fato, o perigo surge justamente quando pensamos que a vida de oração é algo separado. Não é! Para o Filho eterno de Deus tudo procede da comunhão constante com o Pai, e assim deve ser também conosco.
Quando se sabe que cada dia e todos os dias já são todos de Deus e que temos comunhão com ele o tempo todo, então a oração permeia a totalidade do nosso dia de modo mais natural. Dessa forma intuitiva nós nos encontraremos orando mais ao longo do dia, sem sentir a necessidade de ser hiperespiritual e de estar concentrado o tempo todo. Para mim, com frequência, não fica claro se estou orando em determinado momento ou trabalhando; as duas coisas acontecem ao mesmo tempo. Apesar dos momentos diários que estabeleço para apenas orar, quase todo dia percebo que o Senhor responde ao menos uma oração por sabedoria e orientação que faço de imediato, a exemplo do que aconteceu com Neemias (2.4), e preciso anotar ou agir com base nisso, mesmo sem estar no “momento a sós com Deus”.
Nós temos comunhão com Deus a todo instante. Contudo, tendo dito isto, saiba que os relacionamentos só crescerão quando dermos a eles tempo com qualidade. E espero que tudo o que temos refletido melhore seus momentos de oração, suas horas silenciosas na presença do Pai. Quando se pensa na oração como uma atividade abstrata, algo “a ser feito”, a tendência é focar na oração como atividade – o que a torna entediante. Em vez disso, tenha o foco na pessoa a quem você ora. Lembrar-se diante de quem você está se apresentando é sempre uma grande ajuda contra a distração, e muda a oração. Isso é justamente o que acontece, por exemplo, em Salmos – os salmistas muitas vezes interrompem as petições para falar da fidelidade e da bondade do Senhor. Assim deveríamos fazer nós também, e nos concentrar de novo em Deus. Somente então teremos a oração fervorosa e procedente do coração.
Paulo recomenda o seguinte (Ef 6.18): “Orem no Espírito em todos os momentos e ocasiões. Permaneçam atentos e sejam persistentes em suas orações por todo o povo santo”. Que é orar “no Espírito em todos os momentos” senão que a todo instante, conforme bem definiu o puritano Matthew Henry, devemos viver “debaixo de sua orientação e influência, de acordo com a regra da sua Palavra, com fé, fervor e importunação perseverante e constante”? Isso é orar o tempo todo no Espírito Santo.
Com carinho, Leandro B. Peixoto.
Extraído e adaptado de “Deleitando-se na oração”,
Michael Reeves, editora Monergismo, cap. 8.
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