27.11.2022
[Habacuque 1.1] Esta é a mensagem que o profeta Habacuque recebeu numa visão.
Surpreenderá você se eu disser que o mundo está em crise? Aliás, permita-me dar um passo atrás: que é crise? Crise, segundo o dicionário, pode ser “episódio desgastante, complicado; situação de tensão, disputa, conflito”… crise pode ser “estado de súbito desequilíbrio ou desajuste nervoso, emocional”… crise pode ser “eventual manifestação repentina de um sentimento, agradável ou desagradável… crise pode ser “estado de incerteza, vacilação ou declínio” etc. Portanto, penso que ninguém se surpreenderia se eu dissesse que o mundo está em crise. — De fato, o mundo está em crise. — Agora, pode ser que espante você se eu disser que um profeta, um homem de Deus ou uma mulher de Deus está em crise. Espanta, não é verdade!?
Ora, pastor! Homens e mulheres de Deus entram em crise?
Pense naquela pessoa que você costuma colocar no mais elevado patamar da fé – um santo homem de Deus, uma santa mulher de Deus; homem de oração, mulher de oração; homem de palavras sábias, mulher de conselhos piedosos; homem de leitura bíblica e de vida piedosa, mulher da Palavra e amorosa: essa pessoa entra mesmo em crise?! Será, pastor?! — SIM! É possível. — Por estranho que pareça, a bem da verdade, crentes – até os crentes mais piedosos – não são feitos à prova de crises. Ninguém é, nem mesmo os profetas de Deus.
Além de Jó, o profeta Habacuque é outro exemplo clássico de que até os mais piedosos sofrem com crises. Leremos o livro ao longo desta série de mensagens que estamos iniciando hoje e descobriremos que esse profeta passou por episódios desgastantes e complicados. Sofreu com situações de tensão. Disputou (debateu) com Deus. Ele jamais negou sua fé no Deus de Israel, mas nem por isso deixou de viver crises profundas. Para se ter uma ideia:
Mas, por quê? Por que perplexo? Por que em crise?
DUAS QUESTÕES principais abateram o profeta. PRIMEIRA, por que Deus permitia que o mal crescesse impunimente em Judá ? Ouça sua queixa:
Habacuque 1.2-4 2Até quando, SENHOR, terei de pedir socorro? Tu, porém, não ouves. Clamo: “Há violência por toda parte!”, mas tu não vens salvar. 3Terei de ver estas maldades para sempre? Por que preciso assistir a tanta opressão? Para qualquer lugar que olho, vejo destruição e violência. Estou cercado de pessoas que discutem e brigam o tempo todo. 4A lei está amortecida, e não se faz justiça nos tribunais. Os perversos são mais numerosos que os justos e, com isso, a justiça é corrompida.
A esse clamor, o SENHOR respondeu dizendo que disciplinaria a nação, só que Habacuque não se deu por satisfeito, pelo contrário, a crise ficou mais profunda – e aí que começa a SEGUNDA questão que o abateu: como podia um Deus santo justificar a utilização de um povo tão ímpio e cruel como vara de disciplina em seu povo? Ouça trechos do diálogo entre Deus e Habacuque:
A réplica de Deus — Habacuque 1.5-7 — 5“Observem as nações ao redor; olhem e admirem-se! Pois faço algo em seus dias, algo em que vocês não acreditariam mesmo que alguém lhes contasse. 6Estou levantando os babilônios, um povo cruel e violento. Eles marcharão por todo o mundo e conquistarão outras terras. 7São conhecidos por sua crueldade e decidem por si mesmos o que é certo.
[versículos 8-11 traz uma lista das cruéis habilidades dos babilônios; então…]
A tréplica de Habacuque — Habacuque 1.12–2.1— 12Ó SENHOR, meu Deus, meu Santo, tu que és eterno certamente não planejas nos exterminar! Ó SENHOR, nossa Rocha, enviaste os babilônios para nos disciplinar, como castigo por nossos pecados. 13Mas tu és puro e não suportas ver o mal e a opressão; permanecerás indiferente diante desses traiçoeiros? Ficarás calado enquanto os perversos engolem os que são mais justos que eles?
[A queixa de Habacuque se estende do versículo 14 ao 16, até que ele conclui:]
Habacuque 1.17–2.1 — 17Deixarás que permaneçam impunes? Continuarão a destruir cruelmente as nações? 2.1Subirei até minha torre de vigia e ficarei de guarda. Ali esperarei para ver o que ele diz, que resposta dará à minha queixa.
EM RESUMO, a crise de Habacuque era a seguinte: “Senhor, eu te amo e jamais te abandonarei! Tenho clamado, mas o Senhor não responde ao meu clamor. Por que o Senhor não faz alguma coisa para sarar esta nação pecadora? […] Mas Senhor, o Senhor não pode agir dessa maneira! Os babilônios!? De jeito nenhum! Eles são MUITO piores que nós, o seu povo!” — OU SEJA: — aos seus próprios olhos, Habacuque julgava que seus argumentos eram muito bem fundamentados: [1.] Senhor, esse mal não pode se perpetuar na sua nação; o Senhor não pode continuar indiferente! [2.] Só que, Senhor, esse modo de agir não é convencional; de fato, parece-me até imoral! — NOSSO PROFETA ESTAVA EM CRISE! Mas ele saiu da crise. Habacuque recobrou a arte de ter fé.
Nosso estudo em Habacuque revelará que — conforme disse o SENHOR em Habacuque 2.4 (ARA) —“o justo viverá pela sua fé”. O justo não viverá pelo seu próprio julgamento do estado das coisas — não será pela sua própria moralidade, justiça própria ou pelas suas próprias conclusões à respeito da vida que o justo viverá; ele “viverá pela sua fé”. Não será pelo que se vê que o justo viverá — não será pelas circunstâncias, pelos diagnósticos, pelos prognósticos ou pelas probabilidades que o justo viverá; ele “viverá pela sua fé”. Não será pelo que se sente que o justo viverá — não será de emoções nem de convenções sociais ou culturais que o justo viverá; ele “viverá pela sua fé”. De fato, eis a vida do justo em contraste com a do ímpio: Habacuque 2.4 (NVT) — “Olhe para os arrogantes, os perversos que em si mesmos confiam; o justo, porém, viverá por sua fidelidade a Deus [o justo viverá pela sua fé].”
Ah! Eu sei! Como eu sei! Não é fácil viver pela fé! De fato, não é natural viver pela fé. Viver pela fé é um dom da graça de Deus. É fruto da obra do Espírito (comprada pelo sangue de Cristo). Viver pela fé é uma arte que se aprende a cultivar. E nós precisamos aprendê-la se quisermos vencer o mundo.
OS GREGOS ANTIGOS desenvolveram a arte de argumentar para se vencer qualquer debate – é o que se chamam de lógica ou dialética erística; isto é, arte ou técnica da disputa argumentativa no debate filosófico, desenvolvida sobretudo pelos sofistas, e baseada em habilidade verbal e acuidade de raciocínio. Tudo isso para se vencer debates ou disputas. Arthur Schopenhauer (1788–1860) chamou a erística de “a arte de ter razão”. OS CRISTÃO precisam de algo parecido; eles precisam aprender a arte de ter fé. Nosso alvo principal não é vencer argumentos para se ter razão, mas vencer o mundo para se perseverar para a vida eterna; e essa vitória somente se consegue pela fé que é fruto do novo nascimento, da regeneração, da obra de salvação em Cristo Jesus:
1João 5.4-5 4Pois todo aquele que é nascido de Deus vence este mundo, e obtemos essa vitória pela fé. 5Quem vence a batalha contra o mundo [contra a dúvida, a hostilidade e a sedução do mundo]? Somente quem crê que Jesus é o Filho de Deus.
Portanto, A ARTE DE TER FÉ, aprender e desenvolver a arte de ter fé será o nosso objetivo com esta série de mensagens no livro do profeta Habacuque — a arte de ter fé para vencermos a batalha contra o mundo, a carne e o diabo em nossa peregrinação para a vida eterna com Deus através de Jesus Cristo.
Nas próximas mensagens, Deus permitindo, chamarei sua atenção para alguns aspectos introdutórios da profecia de Habacuque. Olhando para a vida e obra de Habacuque, três lições iniciais serão extraídas para a arte de ter fé: [1.] a fé não descarta a razão; [2.] a fé não dispersa o sofrimento; e [3.] a fé não desperdiça a tribulação.
S.D.G. L.B.Peixoto
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