02.05.2021
[Lucas 24.25-27, 44-48] 25Então Jesus lhes disse [aos discípulos no caminho de Emaús]: “Como vocês são tolos! Como custam a entender o que os profetas registraram nas Escrituras! 26Não percebem que era necessário que o Cristo sofresse essas coisas antes de entrar em sua glória?”. 27Então Jesus os conduziu por todos os escritos de Moisés e dos profetas, explicando o que as Escrituras diziam a respeito dele. […] 44Em seguida, disse: “Enquanto ainda estava com vocês, eu lhes falei que devia se cumprir tudo que a lei de Moisés, os profetas e os salmos diziam a meu respeito”. 45Então ele lhes abriu a mente para que entendessem as Escrituras, 46e disse: “Sim 47e que a mensagem de arrependimento para o perdão dos pecados seria proclamada com a autoridade de seu nome a todas as nações, começando por Jerusalém. 48Vocês são testemunhas dessas coisas.
Nós estamos acompanhando o estudo bíblico de Jesus nos Salmos. Esta é a parte 2 do nosso estudo. Nosso propósito é contemplar na estrutura dos Salmos a escultura de Jesus Cristo.
Alguns, não é de hoje, afirmam que Jesus é a “chave hermenêutica” da Bíblia. Dito de outro modo: a Bíblia “deve ser interpretada sempre à luz da pessoa e dos ensinos de Jesus Cristo” (como hoje está a Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira). Entretanto, como o próprio Cristo demonstrou em Lucas 24, “toda a Escritura [de fato] é um testemunho para [apontando para] Cristo, sendo ele o próprio foco da revelação divina” (como está na Declaração Doutrinária dos Batistas do Sul dos Estados Unidos – A Fé e a Mensagem Batista). — Ora, dizer que Jesus é o foco da revelação divina, que a Bíblia é um testemunho que aponta para Cristo é BEM DIFERENTE de dizer que a Bíblia deve ser interpretada sempre à luz da pessoa e dos ensinos de Cristo ou que a Cristo é a chave hermenêutica da Bíblia.
Onde está a diferença?
Afirmar que a Bíblia “deve ser interpretada sempre à luz da pessoa e dos ensinos de Jesus Cristo” ou que “Jesus Cristo é a chave hermenêutica da Bíblia” serve aos abusos e aos ataques à integridade da Bíblia por parte de pessoas “bem intencionadas” que usam essa linguagem para negar a veracidade e a autoridade da palavra de Deus. Tais indivíduos pregam e praticam o seguinte: quaisquer passagens bíblicas (tanto no Antigo Testamento como em Paulo ou em qualquer outro autor bíblico) que não correspondem ao padrão da intenção de Jesus não se aplicam mais e, portanto, devem ser descartados em nome ou “à luz da pessoa e dos ensinos de Jesus Cristo”. Professores e pastores, fundamentados nessa falsa piedade acabam por negar alguns dos eventos-chave das Escrituras, bem como seus ensinos e aplicações; por exemplo estes: que Deus ordenou a conquista de Canaã, testou Abraão no sacrifício de Isaque ou inspirou o apóstolo Paulo quando escreveu sobre a família ou papeis na igreja. Essa gente acaba por colocar a Bíblia no patamar de “apenas um livro”.
Ora, isso tudo é bem diferente do que lemos em Lucas 24. Quando Jesus corrigiu os discípulos no caminho de Emaús, ele nos ensinou como devemos tratar a Bíblia; isto é: “toda a Escritura é um testemunho de Cristo, sendo ele o próprio foco da revelação divina”. Devemos ler à Bíblia buscando chegar a Cristo, e não descartando tudo o que julgamos não se encaixar à pessoa e aos ensinos de Jesus:
Mateus 5,17-19 17“Não pensem que eu vim abolir a lei de Moisés ou os escritos dos profetas; vim cumpri-los. 18Eu lhes digo a verdade: enquanto o céu e a terra existirem, nem a menor letra ou o menor traço da lei desaparecerá até que todas as coisas se cumpram. 19Portanto, quem desobedecer até ao menor mandamento, e ensinar outros a fazer o mesmo, será considerado o menor no reino dos céus. Mas aquele que obedecer à lei de Deus e ensiná-la será considerado grande no reino dos céus.
Veja mais uma vez o nosso texto:
Lucas 24.27 e 44-45 27Então Jesus os conduziu por todos os escritos de Moisés e dos profetas, explicando o que as Escrituras diziam a respeito dele. […] 44Em seguida, disse: “Enquanto ainda estava com vocês, eu lhes falei que devia se cumprir tudo que a lei de Moisés, os profetas e os salmos diziam a meu respeito”. 45Então ele lhes abriu a mente para que entendessem as Escrituras,
Portanto, a Bíblia é uma estrada que nos leva a Cristo, jamais um texto que precisa ser escrutinado à luz da pessoa ou do ensino de Cristo. Jesus não contradiz a Bíblia. Jesus cumpre a Bíblia. É bem diferente!
Pois bem… Semana passada, iniciando esta pequenina séria (que, penso, será de três mensagens), nós fizemos algumas observações introdutórias, depois tratamos do título dos Salmos — hebraico: “O Livro dos Louvores” (sefer tehillîm), ou simplesmente “Louvores” (tehillîm) e grego: “O Livro dos Salmos” (biblos psalmos). Por fim, analisamos a autoria e o processo de formação dos Salmos – os vários autores e diversos editores. Prossigamos:
Tendo em vista haver dois níveis de composição no livro dos Salmos – o do autor e o do editor – , ao se ler e se estudar os salmos deve-se também considerar dois níveis de propósitos: o do autor e o do editor. Pode parecer complicado, mas não é; o que estamos dizendo é que a situação particular do salmista no ato da composição (o nível do autor) deve ser vista à luz da intenção do editor na forma como se organizou ou se estruturou o Saltério (o nível do editor). E aqui está um dos grandes senão o mais importante princípio de interpretação da Bíblia: ver a situação do autor à luz da grande história da salvação.
A mensagem do autor
Muito pouco pode ser dito sobre o propósito no nível do autor em cada um dos salmos. Faltam-nos informações claras e diretas sobre o pano de fundo do momento em que o salmista escreveu. É verdade que a maioria dos salmos traz alguma informação da situação do autor no título do próprio salmo, mas permanece escassa a luz do contexto.
Em contraste à pouca luz do contexto da composição de cada salmo, o que se sabe é que diversas composições foram feitas para atender às necessidades litúrgicas do povo de Deus. Entretanto, no geral, apesar de pouca informação sobre contexto, deve-se estar sempre dispostos a considerar toda a gama de situações possíveis.
Alguns dos salmos teriam sido motivados por alguma ocorrência histórica particular. Por exemplo, 13 deles citam exemplos históricos em seus títulos: Salmos 3, 7, 18, 34, 51, 52, 54, 56, 57, 59, 60, 63, 142. Lembre-se: todos estes são davídicos, e todos, menos o 142, no Livro I ou II. Outros salmos teriam sido escritos para várias ocasiões litúrgicas – para algum culto ou celebração particular. Outros ainda podem ter sido fruto de pensamentos devocionais particulares. O ponto é que não existe um propósito ou uma mensagem unificada – uma temática única – a ser identificada no nível dos autores.
A mensagem do editor
Para se apreender a mensagem do editor dos Salmos, é preciso compreender como ele costurou os salmos na estrutura ou forma final como hoje os temos.
O livro dos Salmos está dividido em cinco livros da seguinte forma:
Esta divisão é mais antiga do que os manuscritos mais antigos de que dispomos dos Salmos, apesar de que, até recentemente, os estudiosos do Saltério tinham poucas pistas sobre o significado destas divisões. Algum progresso foi feito no reconhecimento de que coleções menores existem dentro de um todo maior. Entre as coleções que foram identificadas estão:
Pois bem, o editor mesclou essas coleções menores na estrutura de cinco livros para produzir a composição maior que chamamos de Livro dos Salmos.
Que propósito guiou o editor quando salmos individuais e coleções de salmos foram colocados em seus lugares?
Uma sugestão útil é que o propósito do editor é identificado pelos salmos de “costura”. Esses são os salmos que estão no final de cada um dos primeiros quatro livros (ou seja: Salmos 41, 72, 89 e 106 são os salmos de “costura”). Essa teoria defende que eles foram usados pelo editor para marcar as transições de um livro para o próximo, de modo que, examinando-os cuidadosamente, possamos distinguir o tópico principal de cada livro. Esses dados seriam suplementados por outras evidências de atividade editorial, como o comentário no Salmo 72.20, que registra no final do Livro II: “Terminam aqui as orações de Davi, filho de Jessé”, embora muitos salmos davídicos apareçam posteriormente no saltério (p.ex., Livro V).
A evidência mais significativa do trabalho e do propósito do editor está representada nos Salmos 1 e 2, que muitos consideram uma introdução a todo o Saltério. [Estudaremos isto de forma mais detalhada na próxima mensagem, Deus permitindo.]
O ponto a se notar aqui é que essas observações combinadas sugerem que há um arranjo definitivo e proposital dos Salmos que oferece uma mensagem que transcende o que qualquer salmo individual tem a oferecer. Tal como os escritores da literatura histórica pegaram narrativas de várias fontes e as editaram em uma composição unificada com uma agenda teológica particular em mente, de igual modo ocorreu com o editor de Salmos. Ou seja: assim como parte da literatura histórica (especialmente I e II Reis) foi compilada em etapas, o mesmo processo foi aplicado aos Salmos.
A evidência de que os cinco livros dos Salmos não foram compilados inicialmente todos de uma vez vem dos manuscritos dos Salmos encontrados entre os Manuscritos do Mar Morto. Esses manuscritos datam do último século e meio antes de Cristo. Entre os trinta e tantos manuscritos de Salmos disponíveis, os salmos dos livros I a III [Salmos 1–89] estão quase sempre na mesma ordem em que estão na Bíblia Sagrada. A ordem dos salmos nos livros IV e V [Salmos 90–150], entretanto, frequentemente varia da que hoje é encontrada no Antigo Testamento. Isso parece sugerir que os livros I a III já haviam atingido a forma final no século II a.C., enquanto os livros IV e V ainda estavam em desenvolvimento. É possível, então, que o arranjo editorial final dos Salmos não tenha sido fixado até poucos anos antes da época de Cristo.
Assim, em resumo, pode-se dizer que o livro dos Salmos é costurado de composições poéticas individuais, escrito durante um período de mil anos por vários autores inspirados pelo próprio Deus. Essas composições foram, em vários momentos, também sob inspiração divina, reunidas em pequenas coleções, que por sua vez foram organizadas ou costuradas em etapas em uma obra maior editada com uma agenda teológica específica em mente. Mas qual?
Bruce Waltke, em sua excelente Teologia do Antigo Testamento, informa-nos que
A tradição judaica explica esse segundo “Pentateuco” [os Salmos dispostos em cinco livros] como um eco consciente do primeiro [Pentateuco: Gn, Êx, Lv, Nm e Dt]. Do período talmúdico há um midrash [texto de exposição das Escrituras] que diz: “Assim como Moisés deu a Israel cinco livros de leis, Davi deu a Israel cinco livros de salmos”. Com certeza, esse enfoque é apropriado. Moisés instituiu os elementos litúrgicos de Israel; seus objetos sagrados, festas, pessoas encarregadas do culto e atividades. Davi, o Mozart de Israel, transformou em ópera a liturgia de Israel, colocando-a no palco do Templo com a música e com o libreto de seus salmos para acompanhá-la.
Mas qual é o tema dessas canções?
Sabe-se que foi durante o período pós-exílico, provavelmente por volta de 520 a.C., que os salmos passaram a ser editados de forma a dar atenção ao rei [o ungido ou Messias]. É significativo que essa edição final afetou tanto a interpretação quanto a teologia do Saltério. Observe:
I. Livro I: A Ascensão do Rei (Salmos 1–41) – a costura:
Salmos 41.11-12 11Sei que te agradas de mim, pois não deixaste que meus inimigos triunfassem. 12Preservaste minha vida porque sou inocente e trouxeste-me à tua presença para sempre.
II. Livro II: Ascensão do Reino (Salmos 42–72) – a costura:
Salmos 72.17 Que o nome do rei permaneça para sempre, que dure enquanto o sol brilhar. Que todas as nações sejam abençoadas por meio dele e o louvem.
III. Livro III: Exílio (Salmos 73–89) – a costura:
Salmos 89.49 Onde está, Senhor, o teu antigo amor? Tu o prometeste a Davi com um juramento fiel.
IV. Livro IV: Esperança Futura (Salmos 90–106) – a costura:
Salmos 106.47 Salva-nos, SENHOR, nosso Deus! Reúne-nos dentre as nações, para darmos graças ao teu santo nome, para nos alegrarmos no teu louvor!
V. Livro V: O novo Davi (Salmos 107-150) – a costura:
Salmos 150.1-2 1Louvado seja o SENHOR! Louvem o SENHOR em seu santuário, louvem-no em seu majestoso céu! 2 Louvem-no por seus feitos poderosos, louvem sua grandeza sem igual!
Isso tudo – cada livro do Saltério e a importância teológica dos cinco livros – , Deus permitindo, nós desembrulharemos na semana que vem. Por ora, basta-nos compreender que a forma dos salmos nos dão a foto de Cristo, ou que na estrutura dos Salmos nós enxergamos a escultura de Cristo. Foi isto o que Jesus revelou aos discípulos no caminho de Emaús (Lc 24.44): “Enquanto ainda estava com vocês, eu lhes falei que devia se cumprir tudo que a lei de Moisés, os profetas e os salmos diziam a meu respeito”. Com efeito, Cristo está esculpido na estrutura dos Salmos – ele é Rei soberano que resgata seu povo do pecado e lhes dá uma esperança futura de vida eterna.
Bruce Waltke foi quase poético ao escrever sobre o significado da edição do Saltério. Ouça:
O conceito de Messias também se desenvolveu na edição do Saltério. Israel usava os magníficos salmos régios [que dizem respeito ao rei] como mantos sobre os ombros de cada rei que subia ao trono. Contudo, geração após geração os ombros do monarca reinante se revelavam pequenos demais, e o manto escorregava para ser posto sobre os ombros de seu sucessor. Por fim, no exílio, Israel ficou sem rei e com um guarda-roupa de mantos régios em sua hinódia [cânticos litúrgicos]. Com base nas alianças incondicionais de Eu Sou com Abraão e Davi, os fiéis sabiam que a história de Israel terminaria com triunfo, não com tragédia. […] os profetas vislumbravam um futuro rei que cumpriria a promessa dessas alianças.
Ageu e Zacarias, que profetizaram por volta de 520 a.C., numa época em que os que regressaram não tinham rei, alimentaram a expectativa profética do rei aguardado, aplicando-a a Zorobabel, filho de Davi, e ao sumo sacerdote Josué.
Quando essa esperança não se concretizou, Israel lançou sua esperança num Messias futuro. Foi nesse contexto, quando Israel não tinha rei, que o Saltério foi editado, relacionando-o ao rei. Como consequência, os editores do Saltério devem ter dado um novo significado aos Salmos, removendo sua aplicação ao rei histórico e transferindo-a para os ombros do Messias.
Comentando sobre o Salmo 21, Samuel Terrien concorda: “A teologia da monarquia e do poder divino teve de ser reexaminada à luz dos acontecimentos históricos. O Salmo 21 precisou ser interpretado escatologicamente”.
Em suma, à luz do exílio e da perda da monarquia, os editores tingiram todo o Saltério com um matiz messiânico.
De fato, a Bíblia toda está tingida com o sangue do Senhor Jesus Cristo, nosso rei libertador. Lucas 24.44: “[…] eu lhes falei que devia se cumprir tudo que a lei de Moisés, os profetas e os salmos diziam a meu respeito”. De fato, cumpriu!
Pedro, o apóstolo, pregando o sermão do Pentecostes, fundamentou seu argumento sobre a vida e a obra de Cristo no Salmo 16.8-11, onde Davi escreveu:
8Sei que o SENHOR está sempre comigo; não serei abalado, pois ele está à minha direita.9Não é de admirar que meu coração esteja alegre e eu exulte; meu corpo repousa em segurança. 10Pois tu não deixarás minha alma entre os mortos, nem permitirás que teu santo apodreça no túmulo. 11Tu me mostrarás o caminho da vida e me darás a alegria de tua presença e o prazer de viver contigo para sempre.
Pedro, inspirado por Deus, explicou o sentido último desse salmo:
Atos 2.22-25 22“Povo de Israel, escute! Deus aprovou publicamente Jesus, o nazareno, ao realizar milagres, maravilhas e sinais por meio dele, como vocês bem sabem. 23 Ele foi entregue conforme o plano preestabelecido por Deus e seu conhecimento prévio daquilo que aconteceria. Com a ajuda de gentios que desconheciam a lei, vocês o pregaram na cruz e o mataram. 24 Mas Deus o ressuscitou, libertando-o dos horrores da morte, pois ela não pôde mantê-lo sob seu domínio. 25 A respeito dele disse o rei Davi: [Salmo 16.8-11] […]
29“Irmãos, permitam-me dizer com toda convicção que o patriarca Davi não estava se referindo a si mesmo, pois ele morreu e foi sepultado, e seu túmulo ainda está aqui, entre nós. 30Mas ele era profeta e sabia que Deus havia prometido sob juramento que um de seus descendentes se sentaria em seu trono. 31Davi estava olhando para o futuro e falando da ressurreição do Cristo, que não foi deixado entre os mortos nem seu corpo apodreceu no túmulo.
32“Foi esse Jesus que Deus ressuscitou, e todos nós somos testemunhas disso. 33Ele foi exaltado ao lugar de honra, à direita de Deus. E, conforme havia prometido, o Pai lhe deu o Espírito Santo, que ele derramou sobre nós, como vocês estão vendo e ouvindo hoje. 34Pois Davi não subiu ao céu e, no entanto, disse [Salmo 110.1]: ‘O Senhor disse ao meu Senhor: Sente-se no lugar de honra à minha direita, 35até que eu humilhe seus inimigos e os ponha debaixo de seus pés’.
36“Portanto, saibam com certeza todos em Israel que a esse Jesus, que vocês crucificaram, Deus fez Senhor e Cristo!”.
Na próxima semana, Deus permitindo, nós trataremos de mais três temas:
Em tudo, estamos buscando enxergar o Messias de Davi, queremos ver a foto de Cristo na forma dos Salmos e que essa visão nos transforme ou nos conforme ainda mais à imagem e semelhança de Cristo.
S.D.G. L.B.Peixoto
Mais episódios da série
Os Salmos
Mais episódios da série Os Salmos
Mais Sermões
18 de fevereiro, 2018
17 de dezembro, 2017
3 de abril, 2022
10 de março, 2017
Mais Séries
A Foto de Cristo na Forma dos Salmos – Parte 2
Pr. Leandro B. Peixoto