29.12.2024
Êxodo 33.1–34.35 (NVT)
[33.1-3] 1O Senhor disse a Moisés: “Ponha-se a caminho, junto com o povo que você tirou da terra do Egito. Subam à terra que eu jurei dar a Abraão, Isaque e Jacó, dizendo: ‘Darei esta terra a seus descendentes’. 2Enviarei um anjo à sua frente para expulsar os cananeus, os amorreus, os hititas, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. 3Subam à terra que produz leite e mel com fartura. Mas eu não viajarei no meio de vocês, pois são um povo teimoso e rebelde. Se eu os acompanhasse, certamente os destruiria ao longo do caminho”. […]
[40.34-38] 34Então a nuvem cobriu a tenda do encontro, e a glória do Senhor encheu o tabernáculo. 35Moisés não podia mais entrar na tenda do encontro, pois a nuvem estava sobre ela, e a glória do Senhor a enchia.
36Sempre que a nuvem se levantava de cima do tabernáculo, os israelitas seguiam viagem. 37Mas, se a nuvem não se levantava, permaneciam onde estavam até a nuvem se elevar. 38Durante o dia, a nuvem do Senhor pairava no ar acima do tabernáculo e, à noite, fogo ardia dentro da nuvem, de modo que todo o povo de Israel podia vê-la. E isso ocorreu ao longo de todas as jornadas dos israelitas.
Estamos na reta final desta jornada através do livro de Êxodo. A ordem do SENHOR para Israel — “Ponha-se a caminho” — é a mesma para nós hoje: “Avance!”
DESDE O INÍCIO DE ÊXODO, vimos Deus agindo poderosamente em favor de Israel, seu povo. Ele os libertou do Egito, redimindo-os da escravidão opressora. Enviou pragas, poupando aqueles que marcaram suas portas com o sangue do cordeiro. Dividiu o mar Vermelho, salvando seu povo e derrotando seus inimigos. Alimentou-os com maná do céu, deu-lhes água da rocha e revelou sua lei no monte Sinai, estabelecendo uma aliança com eles, seu povo resgatado.
Contudo, Israel perdeu a paciência e, movido pela incredulidade, adorou um bezerro de ouro enquanto Moisés recebia as instruções para o tabernáculo. Mesmo assim, Deus respondeu com justiça e misericórdia: puniu alguns dos responsáveis impenitentes, mas poupou os demais, renovando o chamado para que seguissem rumo “à terra que produz leite e mel com fartura” (Êx 33.3, NVT). A ordem era clara: “Avance!”
Com base nos capítulos 33–34 e nas reflexões sobre os capítulos 35–40 de Êxodo, estamos buscando responder a quatro perguntas práticas que nos ajudam a avançar na jornada da fé. A primeira já foi abordada na mensagem anterior, e hoje responderemos às três últimas, encerrando o estudo deste livro.
1) 33.1-17: Buscaremos intensamente a presença de Deus ou confiaremos apenas em nossas próprias forças? Sabe por quê?
2) 33.18–34.35: Ansiaremos ver a glória de Deus ou já vimos o suficiente?
3) 35.1–36.7: Seremos mordomos fiéis ou consumistas egoístas?
4) 36.8–40.38: Permaneceremos maravilhados pelo fato de que Deus habitou gloriosamente entre nós ou nos tornaremos insensíveis às boas novas?
A história de Êxodo não é apenas sobre o passado. É um convite para que você avance, confiando no Deus que liberta, sustenta, perdoa e nos chama a seguí-lo em aliança. Minha oraçao é que a presença dele seja o seu maior tesouro em cada etapa dessa vida. Pois bem, passemos à segunda pergunta, que é essencial para avançarmos na jornada da fé:
Êxodo 33.18 (NVT)
18Moisés disse: “Então peço que me mostres tua presença gloriosa”.
Esse homem era insaciável! Pense bem: Deus havia acabado de prometer a Moisés exatamente o que ele pedira — “Acompanharei você pessoalmente e lhe darei descanso” (Êx 33.14) —, mas Moisés queria mais. Ele fez um pedido ousado: “Então peço que me mostres tua presença gloriosa” (v. 18). Spurgeon afirmou que “este é o maior pedido que um homem já fez a Deus” (Ver a glória de Deus!). Moisés desejava contemplar o brilho e o esplendor da presença gloriosa de Deus.
Reflita sobre isso! Moisés já havia visto a glória de Deus na sarça ardente (Êx 3.2-6), acompanhado dos 70 anciãos de Israel sobre o monte (Êx 24.9-10), sozinho no topo do Sinai (Êx 24.15-17), na tenda da congregação (Êx 33.9-11) e em todos os milagres realizados no Egito (Êx 7–12). Ainda assim, ansiava por mais. Ele não tinha visto o suficiente? Não. Ele havia tido vislumbres da glória divina, e esses vislumbres despertaram nele um desejo ainda maior. Moisés era insaciável. E Deus se agradou disso.
Êxodo 33.19-23 (NVT)
19O Senhor respondeu: “Farei passar diante de você toda a minha bondade e anunciarei diante de você o meu nome, Javé. Pois terei misericórdia de quem eu quiser, e mostrarei compaixão a quem eu quiser. 20Mas você não poderá olhar diretamente para minha face, pois ninguém pode me ver e continuar vivo”. 21O Senhor disse ainda: “Fique nesta rocha, perto de mim. 22Quando minha presença gloriosa passar, eu o colocarei numa abertura da rocha e o cobrirei com minha mão até que eu tenha passado. 23Depois, tirarei minha mão e você me verá pelas costas. Meu rosto, porém, ninguém poderá ver”.
É impossível, em nosso estado atual, contemplar diretamente a glória plena de Deus. Seríamos consumidos. Contudo, aspectos dessa glória divina nos são revelados — bondade, misericórdia, soberania, compaixão e santidade. Deus se dá a conhecer, ele se anuncia e, de certa forma, se desnuda diante de nós, na medida e proporção que conseguimos suportar. O problema, portanto, não está na ausência de Deus, mas em nossa disposição de ver e ouvir. A glória do SENHOR Deus — aquilo que Paulo chamou de “atributos invisíveis” em Rm 1.20 — está ao nosso redor, em suas obras; diante de nós, em sua Palavra; e, sobretudo, em Cristo. É preciso ter olhos atentos e ouvidos abertos para perceber. Deus não está escondido; Ele se revela àqueles que o buscam.
VOCÊ DESEJA VER A GLÓRIA DE DEUS? Creio que este é o clamor de todo coração humano, seja conscientemente ou não. Fomos feitos para a glória. Contudo, tragicamente, muitos substituem a glória de Deus por coisas criadas (Rm 1.25). Jesus disse: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus” (Mt 5.8, NAA). Agora, o vemos com os olhos da fé, mas, no futuro, veremos Cristo face a face. Amo ler sobre como Estêvão viu essa glória:
Atos 7.54-56 (NVT) 54Os líderes judeus se enfureceram com a acusação de Estêvão e rangiam os dentes contra ele. 55Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, olhou firmemente para o céu e viu a glória de Deus, e viu Jesus em pé no lugar de honra, à direita de Deus. 56“Olhem!”, disse ele. “Vejo os céus abertos e o Filho do Homem em pé no lugar de honra, à direita de Deus!”
O salmista declarou: “Porque sou justo [ou na tua justiça], verei a ti; quando acordar, te verei face a face e me satisfarei.” (Sl 17.15, NVT). Ver a Cristo é contemplar Deus. Jesus disse a Filipe: “Quem me vê, vê o Pai!” (Jo 14.9, NVT). Paulo falou de se conhecer “a glória de Deus na face de Jesus Cristo” (2Co 4.6, NVT). E também escreveu que “Agora vemos de modo imperfeito, como um reflexo no espelho, mas então veremos tudo face a face.” (1Co 13.12, NVT). João afirmou que “o veremos como ele realmente é” (1Jo 3.2, NVT). Portanto, ao desejar ver a glória de Deus, estamos expressando nosso anseio mais profundo de conhecê-lo intimamente, em Jesus Cristo, pelo poder do Espírito Santo.
Você anseia ver a glória de Deus manifestada em sua vida? E na salvação dos incrédulos — em sua família, em sua vizinhança, entre as nações? Você anseia ver a glória de Deus revelada? Então, olhe para Cristo. Anuncie Cristo.
Êxodo 34 — O Restabelecimento da Aliança
O texto prossegue e, em Êxodo 34, a aliança do SENHOR com Israel será restaurada por pura obra da graça soberana de Deus. Deus 1) revelará a si mesmo a Moisés, 2) renovará suas exigências para o povo e 3) reafirmará Moisés como mediador da aliança. O CAPÍTULO PODE SER DIVIDIDO EM TRÊS PARTES PRINCIPAIS:
1) A aliança é restaurada enquanto o SENHOR revela a si mesmo a Moisés (34.1-9)
8[…] Moisés se prostrou com o rosto no chão e adorou. 9Em seguida, disse: “Senhor, se é verdade que te agradas de mim, peço que nos acompanhes na jornada. É verdade que o povo é teimoso e rebelde, mas eu te peço que perdoes nossa maldade e nosso pecado. Toma-nos como tua propriedade especial”.
1) A aliança é restaurada enquanto o SENHOR revela a si mesmo a Moisés.
2) A aliança é renovada com ênfase nas estipulações rituais (34.10-26)
10O SENHOR respondeu: “Faço hoje uma aliança com você na presença de todo o seu povo. Realizarei maravilhas jamais vistas em nação alguma ou lugar algum da terra. E todos ao seu redor verão o poder do SENHOR, o poder temível que demonstrarei em seu favor. 11Observe com atenção, porém, tudo que eu lhe ordeno hoje. Irei à sua frente e expulsarei [todos os povos da terra].
12“Tenha muito cuidado para não assinar tratados com os povos que vivem na terra para a qual você está indo. Se o fizer, seguirá pelos maus caminhos deles e cairá numa armadilha. 13Em vez disso, destrua os altares idólatras, despedace as colunas sagradas e derrube os postes dedicados à deusa Aserá. 14Não adore outros deuses, pois o SENHOR, cujo nome é Zeloso, é Deus zeloso de seu relacionamento com vocês.
15“Não faça tratado algum com os povos que vivem na terra. No culto a seus deuses, eles se prostituem e oferecem sacrifícios. Eles o convidarão para comer dessas ofertas, e você aceitará o convite. 16Depois, aceitará que as filhas deles, as quais sacrificam a outros deuses, se casem com seus filhos. Elas seduzirão seus filhos para que se prostituam adorando outros deuses. 17Não faça para si deuses de metal fundido.
1) A aliança é restaurada enquanto o SENHOR revela a si mesmo a Moisés
2) A aliança é renovada com ênfase nas estipulações rituais e
3) Deus ratifica Moisés como mediador da aliança (34.29-35)
29Quando Moisés desceu do monte Sinai carregando as duas tábuas da aliança, não percebeu que seu rosto brilhava, pois ele havia falado com o Senhor. 30Quando Arão e os israelitas viram o brilho do rosto de Moisés, tiveram medo de se aproximar dele.
31Moisés, porém, chamou Arão e os líderes da comunidade, que se aproximaram, e Moisés falou com eles. 32Em seguida, todo o povo se aproximou, e Moisés lhes transmitiu todas as instruções que o Senhor lhe tinha dado no monte Sinai. 33Quando Moisés terminou de falar com eles, cobriu o rosto com um véu. 34No entanto, sempre que entrava na tenda da reunião para falar com o Senhor, tirava o véu até sair. Depois, transmitia ao povo as instruções que o Senhor lhe dava, 35e os israelitas viam o brilho de seu rosto. Então Moisés cobria novamente o rosto com o véu até voltar para falar com o Senhor.
ESSA RESTAURAÇÃO DA ALIANÇA 1) destaca a graça e a fidelidade do SENHOR, mesmo diante da infidelidade do povo, e 2) sublinha a seriedade da obediência e da santidade exigidas daqueles que pertencem a Deus. No entanto, ainda restam duas perguntas a serem respondidas antes de concluirmos o livro.
Os capítulos 25–31 de Êxodo apresentaram as instruções para a construção do tabernáculo. Agora, nos capítulos 35–40, será implementada essa construção. Uma grande parte do que será relatado (em Êxodo 35–40) repetirá, literal ou virtualmente, o que já foi declarado em Êxodo 25–31, embora não na mesma ordem. Nosso objetivo, assim como anteriormente, não será nos deter nos detalhes, evitando o risco de nos perdermos em questões de menor ou nenhuma relevância bíblico-teológica.
Neste ponto, importa destacar o seguinte: a conclusão do tabernáculo permitiu ao SENHOR manifestar a sua presença gloriosa entre seu povo, cumprindo, assim, as promessas de estar entre eles (35.1–40.38).
Em primeiro lugar, o SENHOR enfatiza que, para o povo permanecer na aliança, duas coisas eram absolutamente essenciais: 1) a guarda do sábado e 2) a provisão generosa de materiais e talentos necessários para a construção do tabernáculo (35.1–29).
Por essa razão, Moisés iniciou anunciando a renovação da aliança, exigindo que o povo fosse fiel à guarda do sábado, o sinal da aliança (35.1-3).
Além disso, Moisés solicitou que o povo contribuísse com seus bens e habilidades para a construção do tabernáculo (35.4–19). O povo respondeu de forma generosa, providenciando matéria-prima e bens manufaturados para a construção (35.20–29). Em seguida, as pessoas que o SENHOR capacitou para realizar o trabalho receberam o material e a mão de obra necessários para a execução do projeto (35.29–36.7).
Feitas essas observações, permitam-me levantar duas questões. Antes de apresentá-las, porém, considere com mais atenção o que está acontecendo.
Em Êxodo 35.5-19, os suprimentos necessários para construir o tabernáculo e confeccionar as vestes sacerdotais foram listados. Houve também um chamado não apenas para a doação de suprimentos, mas também para que os artesãos se apresentassem. Todas as pessoas foram instruídas a contribuir com suas posses para o cumprimento dessa missão. Assim, observe a ênfase repetida no desejo do povo de contribuir:
Êxodo 35.21-29 (NVT) 21Todos aqueles cujo coração foi movido e cujo espírito foi tocado voltaram com ofertas para o SENHOR. Trouxeram todos os materiais necessários para a construção da tenda do encontro, para a realização das cerimônias e para a confecção das roupas sagradas. 22Todos os que tinham o coração disposto, tanto homens como mulheres, vieram e trouxeram para o SENHOR suas ofertas de ouro na forma de argolas, brincos, anéis e colares. Apresentaram todo tipo de objeto de ouro como oferta especial para o SENHOR. […] 26Todas as mulheres que se dispuseram usaram sua habilidade para fiar o pelo de cabra. […] 29Assim, todos os israelitas, todos os homens e mulheres dispostos a ajudar no trabalho que o SENHOR havia ordenado por meio de Moisés, trouxeram suas ofertas e as entregaram de bom grado ao SENHOR.
Em Êxodo 35.30–36.1, lemos sobre Bezalel, Aoliabe e outros artesãos que supervisionaram os projetos e a construção de todos os aspectos do tabernáculo. Como já destacamos anteriormente nesta série de mensagens sobre Êxodo, a narrativa ressalta que o Espírito de Deus os capacitou com “grande sabedoria, habilidade e perícia” para essa tarefa (35.31). Eles foram abençoados não apenas com os materiais necessários, mas também com as habilidades indispensáveis para atuarem como artesãos.
Além de chamar Bezalel e Aoliabe, Moisés também convocou “os demais artesãos especialmente capacitados pelo SENHOR e que estavam dispostos a realizar a obra” (36.2). Mais uma vez, a resposta do povo foi surpreendente (36.3): “O povo, porém, continuava a trazer voluntariamente mais ofertas todas as manhãs.” Chegou ao ponto de Moisés ter que instruí-los a parar de ofertar, pois os recursos recebidos eram mais do que suficientes (36.6-7):
Êxodo 36.6-7 (NVT) 6Então Moisés deu a seguinte ordem, que foi transmitida a todo o acampamento: “Homens e mulheres, não preparem mais ofertas para o santuário. Temos o suficiente!”. Assim, o povo parou de trazer suas ofertas. 7Suas contribuições foram mais que suficientes para completar todo o projeto.
À luz dessa passagem, a primeira pergunta que desejo fazer é: ONDE ESTÁ O SEU CORAÇÃO? Paulo escreveu em 2Coríntios 9.7: “Cada um deve decidir em seu coração quanto dar. Não contribuam com relutância ou por obrigação. Pois Deus ama quem dá com alegria.”
Precisamos desse tipo de coração. Os israelitas demonstraram isso de forma impressionante. A cena foi extraordinária: o povo voluntariamente entregou suas posses. Tal generosidade só pode fluir de um coração transformado pela graça de Deus. Como crentes, Deus nos dá um novo coração, e um dos resultados inevitáveis dessa transformação é a generosidade.
Robert Murray M’Cheyne (1813–1843), ao observar certa falta de generosidade entre seu povo na Igreja da Escócia, expressou o seguinte:
Estou preocupado com os pobres, mas ainda mais com vocês. Não sei o que Cristo dirá a vocês no grande dia… Temo que haja muitos entre vocês que sabem, no íntimo, que não são cristãos, pois não amam dar. Dar de forma generosa e liberal, sem relutância, requer um novo coração; um coração velho prefere abrir mão do próprio sangue vital a desprender-se de seu dinheiro. Oh, meus amigos! Aproveitem o dinheiro; desfrutem ao máximo; não doem nada; aproveitem-no rapidamente, pois lhes digo: vocês serão mendigos por toda a eternidade.
Quando dizimamos e ofertamos, demonstramos que fomos movidos pela graça e o favor de Deus. Aqueles que compreendem a graça dão livremente. Paulo, mais uma vez, aos coríntios escreveu:
2Coríntios 8.8-9 (NVT) 8Não estou ordenando que o façam, mas sim testando a sinceridade de seu amor ao compará-lo com a dedicação de outros [a dos macedônios]. 9Vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo. Embora fosse rico, por amor a vocês ele se fez pobre, para que por meio da pobreza dele vocês se tornassem ricos.
De fato, a generosidade nasce de um coração transformado. E o seu?
A segunda pergunta é: O QUE VOCÊ DARÁ? Há muitas coisas que podemos oferecer. Por exemplo, tesouros como dinheiro e materiais. O que os israelitas estavam dando? O que Deus lhes havia concedido: ouro e fios finos trazidos do Egito. Quando entregamos nossas ofertas, apenas devolvemos a Deus o que ele próprio já nos deu.
Outro presente é o tempo. Realizar esse trabalho exigiu tempo, o recurso mais precioso que possuímos. Devemos empregá-lo sabiamente em coisas que realmente importam. A Escritura ensina: “Ajuda-nos a entender como a vida é breve, para que vivamos com sabedoria.” (Sl 90.12).
Por fim, podemos dar nosso talento. Pessoas abençoadas com habilidades específicas ajudaram na construção do tabernáculo, tanto homens quanto mulheres (cf. Êx 35.25-26). Deus também nos dá dons para edificar o corpo de Cristo. Que você seja fiel administrador, fiel administradora de seu tesouro, tempo e talento, usando tudo para a glória de Deus e evitando o egoísmo.
Embora não estejamos construindo um tabernáculo, nossa missão também é revelar a glória de Deus. Jesus nos ordenou a fazer discípulos de todas as nações, enchendo a terra com adoradores. Assim como os israelitas, devemos agir “exatamente como o SENHOR ordenou” — entregando tesouros, tempo e talentos.
Passemos à última pergunta…
Se nunca tivéssemos ouvido a história que está narrada no livro de Êxodo, esta seção não pareceria redundante. Na verdade, ela traria suspense. Depois de tudo o que o povo fez em Êxodo 32, no episódio do bezerro de ouro, Deus habitaria mesmo entre um povo pecador, ali, no tabernáculo? Esses capítulos finais conduzem o livro a um desfecho climático.
Êxodo 36. Os artesãos começaram confeccionando as cortinas. Bezalel prendeu laços nelas com colchetes de ouro. Em seguida, fez cortinas de pelos de cabra, prendendo-as com colchetes de bronze (Êx 36.8-19). Continuando a narrativa, Bezalel fez as armações verticais e as barras de madeira de acácia, que formariam a estrutura do tabernáculo (36.20-34). Ele também confeccionou o véu, utilizando fios de tecido azul, púrpura, carmesim e linho fino, além de pilares de madeira de acácia revestidos de ouro. Por fim, fez a cortina para a entrada, delimitando o lugar santíssimo (36.35-38).
Êxodo 37. Depois, Bezalel construiu a arca e suas varas, feitas de madeira de acácia revestida de ouro. Nas extremidades da arca, posicionou querubins e, entre eles, o propiciatório, onde o sumo sacerdote aspergia o sangue (Êx 37.1-9). Bezalel também fez a mesa de madeira de acácia, igualmente revestida de ouro, equipada com pratos de ouro puro (Êx 37.10-16). Em seguida, confeccionou o candelabro de ouro puro, uma peça sólida e martelada, com numerosos ramos e extensões que saíam do tronco principal (Êx 37.17-24). O altar do incenso também foi feito de madeira de acácia e revestido de ouro, e Bezalel, demonstrando sua versatilidade, preparou o óleo santo de unção e os perfumes sagrados (Êx 37.25-29).
Êxodo 38. Além disso, Bezalel fez o altar do holocausto, também de madeira de acácia, revestido de bronze, juntamente com os utensílios que o acompanhavam (Êx 38.1-7). Produziu a bacia de bronze com sua base (Êx 38.8) e construiu o pátio, composto por numerosos pilares, bases, cortinas e outros elementos de bronze e prata (Êx 38.9-20). Recebemos também um registro detalhado das pessoas envolvidas na construção do tabernáculo e da quantidade de materiais utilizados. Foram empregados cerca de 995 kg de ouro — uma quantidade impressionante de riqueza. Embora alguns questionem a historicidade desse relato, registros de quantidades muito maiores já foram encontrados no Oriente, tanto em tempos antigos quanto modernos.
Êxodo 39. Por fim, as vestes sacerdotais foram confeccionadas, incluindo o éfode, o peitoral, o manto, a túnica bordada, o turbante e as roupas de linho (Êx 39.1-31). Com isso, a construção do tabernáculo foi concluída. Os itens foram entregues a Moisés, que inspecionou tudo e verificou que o povo havia seguido exatamente as instruções do SENHOR. Em resposta, Moisés os abençoou (Êx 39.32-43).
Êxodo 40. Deus, então, instruiu o povo sobre o momento de erguer o tabernáculo (Êx 40.1-15). Moisés obedeceu e concluiu a obra (Êx 40.16-33). Quando o trabalho foi concluído, “Então a nuvem cobriu a tenda do encontro, e a glória do SENHOR encheu o tabernáculo. Moisés não podia mais entrar na tenda do encontro, pois a nuvem estava sobre ela, e a glória do SENHOR a enchia.” (Êx 40.34-35). O Senhor permaneceu ali até que fosse hora de o povo partir. Enquanto a nuvem e a glória estavam estacionárias, eles permaneciam reunidos no tabernáculo. Quando a nuvem de glória partia, o povo também partia. Deus os guiava de forma clara e inconfundível, indicando o momento exato de ficar ou seguir viagem — “E isso ocorreu ao longo de todas as jornadas dos israelitas. [FIM]” (Êx 40.36-38).
Moisés não viu a glória de Deus diretamente em Êxodo. Ele teve vislumbres dessa glória — mais do que qualquer outro no Antigo Testamento, com excessão, talvez, de Isaías (em Isaías 6; e Adão e Eva antes da queda no pecado). Contudo, foi somente mais tarde que Moisés viu a plena glória de Deus no rosto de Cristo — no monte da transfiguração (cf. Lc 9.28-36).
Jesus revelou sua glória no monte da transfiguração a Pedro, João e Tiago. Seu rosto foi transfigurado, suas roupas tornaram-se de um branco resplandecente, e uma nuvem gloriosa apareceu. E quem estava lá para vê-lo também? Moisés (e Elias)! Antes, Moisés não podia contemplar o rosto de Deus, mas agora ele o via plenamente. Era como se Deus o dissesse: “Você queria ver a minha glória, não é? Aqui está: no rosto de Cristo.” Moisés estava conversando com Jesus face a face, como um homem fala com seu amigo. Lucas acrescenta que eles discutiam sobre a “morte” de Jesus, literalmente sua “partida” — a palavra grega para “êxodo” (Lc 9.31). Jesus estava prestes a liderar o êxodo supremo por meio de sua morte e ressurreição. Os discípulos, no entanto, não compreenderam. Pensaram que deveriam construir uma tenda para cada um deles. Mas o Pai os corrigiu: não precisavam de tendas; precisavam ouvir o Filho. Ele mostrou que, em Cristo, estavam habitando com Deus.
Moisés viu a glória de Deus em Cristo enquanto Jesus habitava entre eles. É isso que também contemplamos, ainda que de maneira limitada, como por um vidro escuro. Mas um dia, veremos face a face. Isso nos enche de grande esperança! O tabernáculo e toda a sua glória apontam para a glória de Deus revelada em Cristo. O autor de Hebreus ressaltou essa verdade de forma poderosa, assim como o apóstolo João, que escreveu: “Assim, a Palavra se tornou ser humano, carne e osso, e habitou entre nós. Ele era cheio de graça e verdade. E vimos sua glória, a glória do Filho único do Pai.” (Jo 1.14).
Sobre o que é o tabernáculo? É sobre o evangelho. A pergunta que fica é: continuaremos a nos maravilhar com Cristo — nosso tabernáculo — ou nos tornaremos indiferentes às boas-novas? Que nunca percamos o assombro diante da graça de Deus. Que continuemos a adorar Cristo com gratidão e reverência.
Em O Senhor dos Anéis, Sam pergunta ao Sr. Frodo: “Fico imaginando em que tipo de história caímos?” (As Duas Torres, p. 362). Essa é uma pergunta que todos desejam responder. O livro de Êxodo nos dá a resposta: estamos na história — a grande história redentora, a verdadeira história de todo o mundo.
Quando olhamos para trás, para Êxodo, vemos as boas-novas. Êxodo aponta para Cristo e também para o fim, que é, na verdade, o começo. Ao iniciar esta série de mensagens, dissemos que encontraríamos o evangelho e perceberíamos como a história de Êxodo, de certa forma, reflete a nossa própria história. Antes, éramos escravos do pecado, presos e sob a sentença de morte. Mas, ao nos refugiarmos sob o sangue do Cordeiro, Deus nos libertou. Agora, ele está conosco, conduzindo-nos rumo à terra prometida. Embora enfrentemos desafios, obstáculos e tentações, podemos ter plena certeza: Deus é fiel ao seu povo redimido.
Enquanto prosseguimos nessa jornada, vivemos pela graça e pelo perdão encontrados não em um tabernáculo físico, mas em Cristo. Um dia, veremos Jesus Cristo face a face e contemplaremos a glória de Deus para sempre. Essa é a esperança para todos que confiam em Cristo. Por isso, sigamos adiante, confiantes em Cristo nesta jornada de fé, que nos levará “à terra que produz leite e mel com fartura” (Êx 33.3).
S.D.G. L.B.Peixoto
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