20.08.2017
A LUZ TRIUNFANTE
João 1.1-5
1No princípio, aquele que é a Palavra já existia. A Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus. 2Ele existia no princípio com Deus. 3Por meio dele Deus criou todas as coisas, e sem ele nada foi criado. 4Aquele que é a Palavra possuía a vida, e sua vida trouxe luz a todos. 5A luz brilha na escuridão, e a escuridão nunca conseguiu apagá-la.
A escuridão do mundo
As histórias que encontramos nas redes sociais, jornais, revistas ou televisão, a cada dia que passa, chocam muito os que ainda restam com um mínimo de lucidez. As coisas sobre as quais nós lemos ou assistimos teriam sido impensáveis para algumas gerações passadas. Por exemplo: no último dia 12 de agosto, o site mirror.co.uk publicou uma matéria estarrecedora, que no Brasil foi reproduzida (em 14/08) pela gazetadopovo.com.br. A notícia traz à tona a história da primeira “família” britânica de “gênero fluido”. Lê-se o seguinte no artigo postado pelo colunista Rodrigo Constantino:
Louise [Looouiz] e Nikki Draven estão criando seu filho de quatro anos de idade, Star Cloud (?!?), de modo a “ele” não se sentir obrigado a ser um menino.
A “mãe” de Star Cloud é Louise [Looouiz], que nasceu homem mas fez tratamento hormonal para se transformar completamente numa “mulher”. Já o “pai” é o “pansexual” Nikki, que nasceu mulher mas se veste de vez em quando como homem, quando dá na telha. Nikki, de 30 anos, diz com orgulho: “Nenhum de nós fica preso ao gênero com que nascemos”. É a morte da biologia, essa “ciência irrelevante”, para dar lugar à ideologia, pois tudo é “construção social”. “O amor é lindo!”
E como o “casal” tem a cabeça muito “aberta”, o “meninx” será criado sem essas “restrições” terríveis impostas pela biologia. Não há nada natural em ser menino ou menina, acreditam, e em nome da liberdade é preciso driblar esses obstáculos. Eles se consideram uma “família ordinária”, como outra qualquer.
Loucura, você deve estar pensando! E é mesmo. Loucura! Paulo diz que os seres humanos, pecadores e depravados que são, “dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” (Rm 1.22).
Reflita cuidadosamente na frase de Nikki (a mulher pansexual que é o “pai”) juntada ao comentário do colunista da Gazeta do Povo:
“Nenhum de nós fica preso ao gênero com que nascemos”. É a morte da biologia, essa ciência irrelevante, para dar lugar à ideologia, já que tudo é “construção social”. O amor é lindo!
Em outras palavras: revoltamo-nos contra o Criador (dizendo: nenhum de nós fica preso ao gênero com que nascemos), matamos a razão (ignorando a biologia, essa “ciência irrelevante”) e desconstruímos todos os valores sociais — aqueles que sustentaram o mundo ocidental e civilizado por séculos (afirmando: tudo é “construção social”)… decidimos fazer o que dá vontade de fazer (“o amor é lindo!”). Perceberam?
Esses indivíduos incorporaram o espírito de nossa era. Mas há um problema: quando o amor é sinalizado em termos de fazer o que dá vontade de fazer, a ética e a moral são subtraídas da sociedade, a razão é substituída por desejos e o Criador é desprezado com um gesto de banana, a única descrição possível que se deixou para a vida é a que narrou o autor do livro de Juízes sobre os seus dias em Israel: “cada um faz o que lhe parece certo” (Jz 21.25). O final dessa estrada será, inevitavelmente, a anarquia e a barbárie.
A nossa cultura, lamentavelmente, está se degradando muito rapidamente, ou melhor, regredindo com uma velocidade espantosa ao estado do mundo pré-cristão, quando tudo era paganismo, i.e., anarquia e barbárie. Graças a Deus, porém, que nós podemos apostar nossas vidas na verdade de João 1.5, que diz que “a luz brilha na escuridão — Jesus brilha, o Evangelho brilha, a igreja brilha —, e a escuridão nunca conseguiu apagá-la”. Será mesmo? Como nós podemos ter certeza?
A luz inextinguível
João, inspirado por Deus, afirma categoricamente que a escuridão nunca conseguiu apagar a luz que brilhou na escuridão (Jo 1.5).
Algumas versões da Bíblia, inclusive a nota de rodapé da Nova Versão Transformadora, traduzem a expressão “a escuridão nunca conseguiu apagá-la” (verso 5) em “a escuridão não a entendeu” (ver, p.ex., ARC). Já a versão ARA traduz assim: “as trevas não prevaleceram contra ela”, a NVI coloca da seguinte forma: “as trevas não a derrotaram” e a NVT, versão que estou usando, conforme já lemos, diz: “a escuridão nunca conseguiu apagá-la”.
Afinal, qual está correta: “a escuridão não a entendeu” ou “a escuridão nunca conseguiu apagá-la”? As duas, pois João, propositadamente, parece ter deixado o sentido ambíguo. Logo,
Quem traduz o verso assim:“a escuridão não a entendeu”, está pensando no que João dirá lá adiante neste mesmo capítulo (Jo 1.10-11): “Veio ao mundo que ele criou, mas o mundo não o reconheceu [não o entendeu]. Veio a seu próprio povo, e eles o rejeitaram.”
Aqueles que traduzem por: “a escuridão nunca conseguiu apagá-la”, está com outra passagem de João em mente; lá mais adiante no livro, quando ele de novo usa a mesma expressão (além de Jo 8.3-4), e se lê da seguinte forma: “andem na luz enquanto podem, para que a escuridão não os pegue de surpresa [não vos apanhem, não vos destrua]” (Jo 8.35).
Realmente, os dois sentidos são possíveis sem prejudicar a mensagem central de João: a luz veio ao mundo e alguns a rejeitaram (não a compreenderam), mas, apesar de toda rejeição e oposição, as trevas desse mundo nunca conseguiram apagá-la ou destruí-la.
Então, de novo a pergunta: como nós podemos ter certeza de que a luz continuará brilhando e triunfará completamente sobre a escuridão que parece cada vez mais tenebrosa? A resposta está nos versos 1-5, que estudamos na semana passada; e para os quais eu, mais uma vez, chamo sua atenção nesta noite. Eles foram escritos para, dentre tantas coisas, dar-nos a certeza de que a luz de Cristo triunfará sobre a escuridão.
A certeza do triunfo da luz de Cristo sobre a escuridão deve gerar pelo menos três resultados distintos:
Minha oração é que a certeza do triunfo da luz de Jesus traga consolo aos atribulados, encorajamento aos intimidados e esperança aos desanimados que sonham ver a escuridão dissipada por completo, mas, infelizmente, ainda a vêem com ar de vencedora. Tenha toda certeza de que “a luz brilha na escuridão, e a escuridão nunca conseguiu apagá-la”. Mas, como?
João nos apresenta quatro justificativas, quatro certezas, para dizer que as trevas, definitivamente, não prevalecerão sobre a luz: 1a luz é a vida do Filho; 2a vida é a vida do Criador de tudo; 3essa luz e vida é Deus; e 4o que se recebe e o que se reparte na vida com Deus é tudo o que todos os seres humanos, intrinsecamente, mais desejam: vida, luz e amor.
1. A luz é a vida do Filho de Deus
Considere, primeiramente, João 1.4:
Aquele que é a Palavra possuía a vida, e sua vida trouxe luz a todos.
Isso significa que a luz que brilha na escuridão do mundo é a luz da vida (João 8.12). A vida do Filho de Deus é a luz do mundo (Jo 12.46). Portanto, a primeira razão pela qual a luz triunfará sobre a escuridão é que ela é a vida. Ela é luz viva. O que isso significa?
Bem, se a vida do Filho de Deus é a luz que brilha na escuridão (o que o versículo 4 diz), então, há pelo menos quatro coisas que podemos dizer sobre essa luz:
Portanto, a certeza que temos de que as trevas não prevalecerão sobre a luz ou não conseguirão apagá-la está no fato de que essa luz é uma luz viva, tem energia própria, poder, propósito e movimento; ela cresce, expande-se e se reproduz.
Você já considerou receber essa vida geradora de luz em seu coração? Tudo se faria novo em sua vida. Você renasceria com brilho no olhar, com luz nos olhos. Mas, alguém poderá dizer: “E se as trevas forem tão ou mais poderosas que a luz?”. Impossível! Veja a seguir…
2. A vida é a vida do Criador de todas as coisas
É dito no versículo 3: “Por meio dele Deus criou todas as coisas, e sem ele nada foi criado”. Agora, o “ele” (Criador) nesse versículo é o mesmo do versículo 4: “Aquele que é a Palavra possuía a vida, e sua vida trouxe luz a todos”. O ponto é o seguinte: a vida cheia de energia, propósito, crescente e reprodutiva que brilha na escuridão é a vida daquele através do qual todas as coisas foram criadas. A vida que está na luz que brilha na escuridão é a vida do Criador.
Logo, podemos ter certeza de que os poderes da escuridão não são tão fortes como a vida que gera a luz, porque essa vida criou, inclusive, os poderes utilizados pela escuridão: “Sem ele nada foi criado”; e coisa nenhuma criada é mais poderosa do que o Criador. Até os poderes das trevas sabem que não conseguirão resistir ao avanço da luz. Veja como eles sabem que seus dias estão contados:
Mt 8.28-29 | 28Quando Jesus chegou ao outro lado do mar, à região dos gadarenos, dois homens possuídos por demônios saíram do cemitério e foram ao seu encontro. Eram tão violentos que ninguém podia passar por ali. 29Eles começaram a gritar: “Por que vem nos importunar, Filho de Deus? Veio aqui para nos atormentar antes do tempo determinado?”.
Eles sabem que os dias para a ação dos poderes das trevas estão contados, por isso a surpresa deles ao virem a ação de Jesus tão iminente — para eles, fora de hora. Noutro texto, sobre o tempo determinado para o fim da ação dessa escuridão, Jesus disse assim:
Lc 22.53 | Por que não me prenderam no templo? Todos os dias eu estava ali, ensinando. Mas esta é a hora de vocês, o tempo em que reina o poder das trevas”.
O reino das trevas chegará a um fim. A luz da vida do Filho de Deus triunfará — “A luz brilha na escuridão, e a escuridão não poderá apagá-la”: em 1primeiro lugar, porque a luz é a luz da vida do Filho de Deus (mantém-se viva em si mesma) e, 2segundo, porque essa vida é a vida através da qual tudo foi feito — incluindo a poderes angelicais que caíram na escuridão (ela a tudo se sobrepõe). Mas, como pode ser? Que luz é essa? Que vida é essa?
3. Essa luz e vida é Deus
Chegamos à terceira razão pela qual nós podemos ter certeza de que a luz não será superada pela escuridão. 1Não só a luz é uma luz viva; 2não só a vida desta luz é a vida da Palavra de Deus, através da qual ele criou todas as coisas; mas 3essa Palavra, essa vida, essa luz, é Deus! E o Deus Todo-Poderoso não pode ser superado. Veja de novo (Jo 1.1-5):
1No princípio, aquele que é a Palavra já existia. A Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus. 2Ele existia no princípio com Deus. 3Por meio dele Deus criou todas as coisas, e sem ele nada foi criado. 4Aquele que é a Palavra possuía a vida, e sua vida trouxe luz a todos. 5A luz brilha na escuridão, e a escuridão nunca conseguiu apagá-la.
4. O que se recebe na vida com Deus se reflete para dissipar a escuridão
A última razão para se crer que a escuridão não prevalecerá sobre a luz se apoia no que Deus revela ser e repartir de si mesmo com aqueles que o recebem pela fé.
Trevas profundas
As trevas são o resultado da ausência de vida; sem vida, apagam-se as luzes (fecham-se os olhos na morte) e desaparece o amor (no escuro vale tudo).
Uma pessoa assim, sem vida, sem luz e sem amor, está vivendo em trevas profundas: amando a si mesma e os seus próprios prazeres, vivendo para si e para saciar seus caprichos — igualzinha a Gollum, personagem de O Hobbit, que depois de ter sido corrompido pelo anel mágico, refugiou-se nas profundezas das Montanhas Sombrias.
O mesmo se aplica ao mundo, que sem vida, sem luz e sem amor, jaz na escuridão. Adiante, João registrou que “a luz de Deus veio ao mundo, mas as pessoas amaram mais a escuridão que a luz, porque seus atos eram maus” (Jo 3.19).
Quando se vê histórias como a de Louise [Looouiz] e Nikki Draven, por exemplo, o que se enxerga não é o triunfo das trevas, mas o ser humano em trevas, tateando a existência em busca de vida, de luz e de amor. Só que a forma como buscam “luz” não os permite dissipar as trevas (nem os faz alastrá-las a ponto de dominarem tudo) — pois a vida e a luz triunfarão. Eles se aprofundam em trevas profundas.
A loucura dos que se dizem sábios apenas comprova que, sem vida e sem luz, o ser humano, em busca de saída, aprofunda-se na escuridão do pecado desesperador. Sabendo que a saída é o amor, eles se aprofundam no amor pelas trevas.
Vida espiritual
Vida, para João, não é apenas a que deu origem a todas as coisas em termos de matéria e energia, e que agora mantém todos os seres vivos existindo. Para o apóstolo, vida vai além; ela é também vida eterna (Jo 10.10 e 28) e todos os que, ouvindo a Palavra eterna, recusam-se a ir a Cristo, permanecem em morte espiritual — trevas (Jo 5.24 e 40).
Portanto, quando João diz (1.4): “Aquele que é a Palavra possuía a vida, e sua vida trouxe luz a todos.”, ele está falando da vida que faz o ser humano nascer de novo, espiritualmente falado. Tem mais: nascendo de novo, o homem recebe luz. O que isso significa?
Morte espiritual
Morte espiritual não é o mesmo que morte física. Morte espiritual é o estado em que todo ser humano já nasceu como consequência do pecado (Sl 51.5; Rm 3.23). Ou seja: a pessoa respira, anda pra lá e pra cá, seu coração bate, o cérebro funciona, a saúde física é boa… mas a alma está morta.
Por exemplo: Como se comprova a morte física? Quando órgãos vitais param de funcionar, especialmente o coração e o cérebro. Mas, como se comprova a morte espiritual? Os olhos da pessoa veem, mas não enxergam; seus ouvidos escutam, mas não ouvem (Mt 13.13). Os órgãos funcionam bem, fisicamente tudo está vivo e ativo, mas sua alma (coração ou espírito) não enxerga a grandeza do Criador, a beleza da vida, da obra de Jesus (morte e ressurreição) nem a riqueza da comunhão dos salvos na igreja. Eles estão cegos e surdos para essas coisas, andam na escuridão, estão espiritualmente mortos para essas que são as maiores de todas as realidades.
Vida traz luz
Para verem e ouvirem essas coisas e, então, recebê-las, eles devem receber vida. A vida tornará possível. A vida trará luz. João diz no versículo 4 de João 1: “Aquele que é a Palavra possuía a vida, e sua vida trouxe luz a todos.”
Nova vida traz luz. Nova vida torna possível a visão. Quando a morte é substituída pela vida, a escuridão é substituída pela luz. Em João 8.12, Jesus diz: “Eu sou a luz do mundo. Se vocês me seguirem, não andarão no escuro, pois terão a luz da vida”. É disso que estamos falando: da luz da vida — da luz que vem com uma nova vida. Quando você recebe Jesus, você recebe vida, vida espiritual. E quando você recebe vida espiritual, você recebe luz e vê.
Vida, luz e amor
Ao receber Jesus, recebe-se não só vida e luz, desfruta-se e difunde-se amor. O mesmo amor que Deus Pai compartilhava com Deus Filho desde antes de tudo existir (Jo 1.2; 17.21-23). Esse, sim, é o verdadeiro amor — o amor que não despreza a verdade.
A vida, a luz e o amor que todos, de uma forma ou de outra, buscam, tentando sair da escuridão existencial, só será possível quando a vida, a luz e o amor do Deus trino for recebido pela fé e depois repartido com quem precisa nascer de novo, espiritualmente falando. Portanto, treva nenhuma segurará o avanço ou o triunfo da luz, por dois motivos: 1o que Deus tem a oferecer é tudo o que todos estão buscado: vida, luz e amor; e 2enquanto Deus segue dando tempo para que se creia (Jo 12.36), as trevas estarão contidas para, no final, serem definitivamente dissipadas. A luz triunfará.
A luz triunfante
O ponto prático de tudo o que vimos é o seguinte: a luz não pode ser superada pela escuridão porque: 1a luz está viva — ela é a luz da vida; 2através desta vida — esta Palavra viva — todas as coisas foram feitas; 3esta Palavra viva é Deus; e 4tudo quanto o ser humano busca com anseio, i.e. vida, luz e amor, só existe verdadeira e plenamente em Deus, na vida do Filho de Deus.
1No princípio, aquele que é a Palavra já existia. A Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus. 2Ele existia no princípio com Deus. 3Por meio dele Deus criou todas as coisas, e sem ele nada foi criado. 4Aquele que é a Palavra possuía a vida, e sua vida trouxe luz a todos. 5A luz brilha na escuridão, e a escuridão nunca conseguiu apagá-la.
Portanto:
Sejamos todos fortes e corajosos, tomemos a ofensiva nesta temporada da graça. Assaltemos a escuridão. Ela não poderá superar os filhos da luz. Ela nunca apagará a luz da vida. Avancemos anunciando o Evangelho de Cristo. A luz de cristo triunfará na sua vida e no mundo.
A luz triunfante é a vida do Filho de Deus.
Mais episódios da série
Evangelho de João
Mais episódios da série Evangelho de João
Mais Sermões
24 de março, 2024
11 de julho, 2021
23 de outubro, 2022
2 de maio, 2021
Mais Séries
A Luz Triunfante
Pr. Leandro B. Peixoto