14.02.2016
A MÚSICA DA IGREJA DE CRISTO (PARTE 1)
Romanos 16.25-27
25 Ora, àquele que tem poder para confirmá-los pelo meu evangelho e pela proclamação de Jesus Cristo, de acordo com a revelação do mistério oculto nos tempos passados, 26 mas agora revelado e dado a conhecer pelas Escrituras proféticas por ordem do Deus eterno, para que todas as nações venham a crer nele e a obedecer-lhe, 27 ao único Deus sábio seja dada glória para todo o sempre, por meio de Jesus Cristo. Amém.
A GLÓRIA DE DEUS
A igreja, coletiva e individualmente, existe para a glória de Deus.
Rm 15.8-9 – 8 Pois eu lhes digo que Cristo se tornou servo dos que são da circuncisão, por amor à verdade de Deus, para confirmar as promessas feitas aos patriarcas, 9 a fim de que os gentios glorifiquem a Deus por sua misericórdia, como está escrito: “Por isso, eu te louvarei entre os gentios; Cantarei louvores ao teu nome”.
1Co 6.20 – Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o corpo de vocês.
Não é sem propósito, portanto, que Paulo tenha concluído Romanos com a mais longa das doxologias usadas por ele em todas as suas cartas.
Doxologia é uma palavra que vem da junção de duas palavras gregas. A primeira é doxa, que significa glória. A segunda é logos, que significa palavra. Doxologia é uma palavra que atribui glória, glória a Deus.
A carta aos Romanos, que é encharcada da glória de Deus, não poderia terminar de forma diferente, com outro tom, principalmente por ter tratado de assuntos tão profundos, relacionados à salvação; também de de temas tão práticos, relacionados à vida da igreja local. Aliás, tecidas na tapeçaria de Romanos estão três belíssimas doxologias.
À medida que Paulo ia refletindo sobre a soberania e a glória de Deus na salvação e na vida da igreja, seu espírito ia sendo impulsionado a cantar! É isso o que significa adorar “em espírito e em verdade” (Jo 4.23) – isto é: conhecer a Deus pela Palavra da Verdade (iluminação do Espírito) e cantar com alegria pelo que se recebeu de revelação da parte de Deus. Observe:
Rm 11.33-36 – 33 Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e inescrutáveis os seus caminhos! 34 ‘Quem conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro?’ 35 ‘Quem primeiro lhe deu, para que ele o recompense?’ 36 Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém.
Rm 15.33 – O Deus da paz seja com todos vocês. Amém.
A terceira e última doxologia está, apropriadamente, localizada no final da carta (no texto que lemos em Rm 16.25-27), após ter sido prenunciada por duas bênçãos apostólicas (em Rm 16.20, 24).
CRISTIANISMO E DOXOLOGIA
Estivemos refletindo sobre A Igreja de Cristo em Rm 16. Vimos…
— A maquete da Igreja de Cristo
— As mulheres da Igreja de Cristo
— Os mecanismos da Igreja de Cristo
Hoje, a caminho da conclusão, eu convido você a mergulhar comigo nessa música de Paulo. Cantemos com Paulo. Cristianismo é doxologia. É glorificar a Deus com posturas e com palavras, com caráter e com cânticos.
Ap 5.8-9 – 8 Os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro. Cada um deles tinha uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos; 9 e eles cantavam um cântico novo: “Tu és digno de receber o livro e de abrir os seus selos, pois foste morto, e com teu sangue compraste para Deus gente de toda tribo, língua, povo e nação.
A doxologia que ora temos diante de nós revela algumas das verdades mais significativamente belas sobre Deus presentes em qualquer parte da Bíblia. Celebremos, pois, a nossa tão grande salvação, ao som da doxologia de Paulo, ao som da música da Igreja de Cristo. Afinal, cristianismo é música, é celebração pela vitória de Cristo sobre a morte, comprando a nossa salvação!
AS PARTES DA MÚSICA
Esse magnífico jorro de louvor sintetiza os grandes pensamentos de Paulo, expressos ao longo de Romanos. (OBS: A boa musica da igreja é a que sintetiza verdades bíblico teológicas que servem para fixar conteúdos em nós e falar com paixão a Deus.) Podemos dividi-lo em duas estrofes principais, que descrevem as razões porque a Igreja de Jesus Cristo deve viver para o louvor da glória de Deus = Deus é bom e belo.
1) 1a estrofe: Aclame ao Senhor porque ele é bom
A doxologia de Paulo apresenta, em primeiro lugar, 4 (quatro) verdades sobre a bondade de Deus dispensadas ao pecador.
Deus é bom porque . . .
1.1. Deus é sustentador (v. 25a)
Paulo canta assim: “Ora, àquele que tem poder para confirmá-los”.
O termo grego para “confirmá-los” é “escorar”, “firmar”, “estabilizar”, “sustentar”. É a mesma palavra que Paulo usou noutro contexto e que foi traduzida de um modo mais claro para nós:
Rm 1.11 – Anseio vê-los, a fim de compartilhar com vocês algum dom espiritual, para fortalecê-los,
Somos frágeis diante do mundo, diante dos ataques, das perseguições, das tentações e das maldades, mas Deus tem poder para nos sustentar, para nos firmar, para nos fortalecer, para nos manter em pé e nos fazer prosseguir até a glória. Louvado seja o Senhor! Judas disse assim em sua doxologia:
Jd 24-25 – 24 Àquele que é poderoso para impedi-los de cair e para apresentá-los diante da sua glória sem mácula e com grande alegria, 25 ao único Deus, nosso Salvador, sejam glória, majestade, poder e autoridade, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor, antes de todos os tempos, agora e para todo o sempre! Amém.
1.2. Deus é bom porque ele é revelador (v. 25-26a)
25 Ora, àquele que tem poder para confirmá-los pelo meu evangelho e pela proclamação de Jesus Cristo, de acordo com a revelação do mistério oculto nos tempos passados, 26 mas agora revelado e dado a conhecer pelas Escrituras proféticas por ordem do Deus eterno,
Paulo nos informa que Deus tem uma maneira especial de nos sustentar: é pelo evangelho, pelas Escrituras (v. 25a, 26). O apóstolo vai além. Observe comigo. O equivalente no grego para a conjunção “e” é “kai” (v. 25a). Em alguns momentos, como aqui, por exemplo, “e” não é a melhor maneira de traduzi-la. Melhor seria “que é”. Portanto, o texto seria mais bem absorvido se fosse colocado desta forma:
25 Ora, àquele que tem poder para confirmá-los pelo meu evangelho que é a proclamação de Jesus Cristo,
Em outras palavras, Paulo está nos dizendo que Deus nos revela a pessoa de Cristo nos Evangelhos, no restante do Novo Testamento e também no Antigo Testamento, para que o cristão, pelo poder do Espírito Santo, seja fortalecido, seja sustentado e permaneça em pé.
Rm 16.25-26 – 25 Ora, àquele que tem poder para confirmá-los pelo meu evangelho que é a proclamação de Jesus Cristo, de acordo com a revelação do mistério oculto nos tempos passados, 26 mas agora revelado e dado a conhecer pelas Escrituras proféticas por ordem do Deus eterno,
Deus é bom porque revela Cristo ao crente pelas Escrituras, através da proclamação de fiéis pregadores da Palavra.
1Ts 2.13 – Também agradecemos a Deus sem cessar, pois, ao receberem de nossa parte a palavra de Deus, vocês a aceitaram não como palavra de homens, mas segundo verdadeiramente é, como palavra de Deus, que atua com eficácia em vocês, os que creem.
Antes de movermos adiante, note bem a palavra “mistério” que Paulo usa em Rm 16.25. Este “mistério” é o que foi revelado sobre Cristo pelos apóstolos, indicando a salvação de judeus e de gentios em uma mesma comunidade espiritual através de Jesus Cristo (Ef 2.11-3.12).
Deus é bom por que ele revela Cristo na Palavra e na pregação da Palavra, que é o poder de Deus para a salvação (Rm 1.16) e também o poder de Deus para a sustentação (Rm 16.25) de todo aquele que crer, judeu ou gentio.
1.3. Deus é bom porque ele é proclamador (v. 26b)
Revelado e dado a conhecer pelas Escrituras proféticas por ordem do Deus eterno, para que todas as nações venham a crer nele
Deus amou o mundo todo (Jo 3.16). Todas as nações, povos, línguas e raças (Ap 5.8-9; 10.11). Portanto, ele planeja “que todas as nações venham a crer nele”. Isso não quer dizer que todos, individualmente, ouvirão nem que todos, individualmente, serão salvos, mas que a revelação do evangelho estará disponível a todos os povos da terra como testemunho, antes que venha o fim (Mt 24.14).
A Comissão que recebemos do Senhor é para proclamarmos a mensagem de salvação pela graça, por meio da fé em Jesus Cristo, a todos os povos (Mt 28.19-20). Alguns vão crer, outros não crerão. Nosso trabalho não é escolher a quem pregar. Antes, Deus nos chamou a proclamar “para que todas as nações venham a crer nele” (Rm 16.26b).
1.4. Deus é iniciador (v. 27c)
Revelado e dado a conhecer pelas Escrituras proféticas por ordem do Deus eterno, para que todas as nações venham a crer nele e a obedecer-lhe,
Paulo termina esta primeira parte da doxologia dizendo que Deus é quem ordena que se creia nele e que o obedeça. Isso nos dá um alívio tremendo, pois a nossa função não é converter ninguém. Temos apenas de anunciar. Somente Deus pode fazer alguém nascer de novo!
1Pe 1.3 – Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
Jo 1.13 – Os quais [os que o receberam, os que creram no nome de Cristo] não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus.
Deus é quem promove o novo nascimento em nós, levando-nos a crer:
Jo 3.3 – Em resposta, Jesus declarou: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo”.
1Jo 5.1 – Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus, e todo aquele que ama o Pai ama também ao que dele foi gerado.
Mas Deus planejou que pregássemos para os que haverão de crer:
At 18.9-10 – 9 Certa noite o Senhor falou a Paulo em visão: “Não tenha medo, continue falando e não fique calado, 10 pois estou com você, e ninguém vai lhe fazer mal ou feri-lo, porque tenho muita gente nesta cidade”.
Rm 10.13-14 – 13 Porque ‘todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo’. 14 Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem pregue?
Deus nos deu a responsabilidade de levar a mensagem aos confins da terra, enquanto ele, graciosamente, assumiu o papel que ninguém mais poderia assumir – o de redentor e iniciador da salvação!
1Jo 4.19 – Nós amamos porque ele nos amou primeiro.
Deus é bom!
A Igreja precisa cantar que Deus é bom. Deus é bom porque ele é …
Sustentador | Fortalece-nos e nos mantêm em pé pela Palavra;
Revelador | Revelou-nos o Filho que é o poder de Deus para salvar e sustentar;
Proclamador | Encarregou-nos de levar o evangelho aos confins da terra;
Iniciador | À medida que seguimos pegando, ele regenera as suas ovelhas.
Deus é bom! A ele toda a glória.
Na semana que vem nós veremos que ele é belo. Será a segunda estrofe da doxologia de Paulo.
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