18.06.2017
A NOSSA ORAÇÃO
Mateus 6.5-15
5 “Quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas, que gostam de orar em público nas sinagogas e nas esquinas, onde todos possam vê-los. Eu lhes digo a verdade: eles não receberão outra recompensa além dessa. 6 Mas, quando orarem, cada um vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, em segredo. Então seu Pai, que observa em segredo, os recompensará. 7 “Ao orar, não repitam frases vazias sem parar, como fazem os gentios. Eles acham que, se repetirem as palavras várias vezes, suas orações serão respondidas. 8 Não sejam como eles, pois seu Pai sabe exatamente do que vocês precisam antes mesmo de pedirem. 9 “Portanto, orem da seguinte forma: Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome. 10 Venha o teu reino. Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. 11 Dá-nos hoje o pão para este dia, 12 e perdoa nossas dívidas, assim como perdoamos os nossos devedores. 13 E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém.” 14 “Seu Pai celestial os perdoará se perdoarem aqueles que pecam contra vocês. 15 Mas, se vocês se recusarem a perdoar os outros, seu Pai não perdoará seus pecados.”
Nossa história
Era 18 de junho de 1944, há exatos 73 anos, quando a congregação batista foi organizada juridicamente como Segunda Igreja Batista em Goiânia. Contava, na ocasião, cerca de 50 membros fundadores, oriundos da Primeira Igreja Batista em Goiânia, Porto Nacional (TO), Pedro Afonso (TO) e Araguari (MG). Acho inspirador o trecho inicial do relato sobre a nossa história, contido na nossa página na internet:
Quando a Congregação Batista de Campinas foi fundada, em fevereiro de 1940, ainda se falava em Campinas como uma cidade. Membros da Primeira Igreja Batista em Goiânia (PIB) “viajavam” em conduções primitivas e precárias para chegarem ao salão de culto, localizado na Rua Santa Luzia esquina com Avenida Pernambuco. A longa viagem durava mais de uma hora, percorrendo a avenida Goiás, Marechal Rondon, Bernardo Sayão e outras já em Campinas, todas ainda sem pavimentação nenhuma, sequer blocos de pedra… todo domingo um grupo de evangélicos batistas se aventurava para os lados de Campinas para ministrar aulas de Escola Bíblica na recém criada congregação.
Assim nasceu a SIB e cá estamos nós, 77 anos depois da fundação e 73 anos após a organização. É um privilégio fazer parte desta história. Para mim, então, nem se fala! Aqui eu fui batizado, casei-me; daqui fui enviado para o seminário, para o mestrado nos EUA e, após 13 anos pastoreando em Campinas (SP), voltei (há um ano e meio) para ser pastor da igreja em Campinas (só que agora em Goiânia-GO) e no próximo domingo batizarei minha filha no mesmo batistério onde fui batizado em 12/12/1993 pelo pastor Edir Félix dos Santos. É um privilégio imensurável.
Precisamos orar
A celebração do aniversário da igreja, neste ano, contará com a apresentação da cantata “Pai Nosso: uma jornada através da oração do Senhor”. É bastante sugestivo o tema “oração” para ocasião tão especial como a de hoje em nossa igreja. Eis a razão: tudo o que realmente importa na vida, em especial na vida de uma igreja, jamais poderá ser produzido pelo homem ou pelos programas que ele for capaz de, em sua finitude, realizar. Só Deus pode fazer e acontecer, e daí a necessidade insubstituível da oração.
Estamos falando, por exemplo, de novo nascimento; convicção de pecado; fé em Cristo; perdão; coração e consciência purificados; devoção calorosa a Jesus Cristo; amor pela igreja; paixão pela justiça e pela pureza; intensidade na adoração; ousadia, graça e verdade para testemunhar do evangelho às pessoas; ardor missionário para terminar o trabalho que o Senhor nos deu para fazer no mundo. Tudo isso e muito mais, mas quem poderá produzi-los? Quem será capaz de realizar em nós e através de nós tais coisas tão essenciais? Apenas Deus, e por isso a necessidade insubstituível da oração.
Podemos ter uma estrutura admirável, organizações funcionando com precisão de relógio suíço, equipes dos sonhos, equipamentos de última geração (o que, obviamente, nós ainda não temos!), mas tudo não passará de coisas secundárias, que, aliás, podem ser produzidas sem Deus e que, apesar de ter valor, derivam sua importância relativa do relacionamento com as coisas essenciais que acima descrevemos.
Nenhum de nós, por mais diligente, inteligente ou bom que seja, será capaz de produzir, por si mesmo, esses itens essenciais na vida e na igreja. Programa nenhum será capaz de realizar essas ações. Afinal, quem ou o quê conseguirá fazer alguém nascer de novo, criará fé no outro, perdoará pecado, limpará corações e consciências, fará alguém amar Jesus, amar a igreja, amar a família, ser ousado para testemunhar do evangelho? Ninguém nem coisa nenhuma! Quando essas coisas florescem, crescem e se esparramam em uma igreja, chamamos de avivamento ou de despertamento espiritual, porque sabemos que o Espírito de Deus está trabalhando, dando vida onde os recursos humanos atingiram o limite
É por isso que oramos e precisamos orar mais. A oração deve ser a prioridade na vida do crente e na agenda da igreja. Indivíduos e igrejas que não oram estão morrendo, afinal, a oração é o oxigênio que mantém a vida espiritual. Precisamos, pois, orar para continuarmos respirando espiritualmente.
Quando oramos, admitimos que temos grande necessidade de Deus, do avivamento divino, do reviver do Espírito Santo tanto em nós como na igreja e assim também no pecador que devemos alcançar. Precisamos orar: orar às quartas-feiras (reunião de mulheres à tarde e culto de oração à noite), orar às sextas-feiras (homens no café com Deus às 6h30), orar antes dos cultos noturnos dos domingos (18h30), orar nos cultos, fazer vigílias de oração… precisamos orar e orar mais. Conto com você.
A nossa oração
Aproveitando a ocasião em que nosso coral apresentará a cantata “Pai Nosso”, desejo olhar com vocês para esse texto, o ensino de Jesus sobre oração (Mt 6.5-15), 1 extraindo, agora cedo, lições para a nossa oração e, logo mais, 2 meditando sobre o Pai Nosso.
Há três observações que faremos agora pela manhã: primeiro, Jesus nos diz o que devemos ter antes de orar; segundo, o que devemos fazer ao orar; e terceiro, a chave para destrancarmos e recebermos o que pedimos em oração — 3 coisas que devemos ter antes de orar, 4 coisas que devemos fazer ao orar e, finalmente, a chave para recebermos.
1. O que devemos ter antes de orar
A primeira coisa que precisamos ter antes de orar é o desejo de relacionar com Deus por ele mesmo, por quem ele é — i.e., o desejo de conhecê-lo melhor. Observe o que Jesus falou no início da seção que traz o Pai Nosso:
Mt 6.5-6 | 5 “Quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas, que gostam de orar em público nas sinagogas e nas esquinas, onde todos possam vê-los. Eu lhes digo a verdade: eles não receberão outra recompensa além dessa. 6 Mas, quando orarem, cada um vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, em segredo. Então seu Pai, que observa em segredo, os recompensará.
A maioria das coisas que nós fazemos na vida cristã são vistas por todos. As pessoas veem se frequentamos a igreja; se cantamos; se dizimamos ou ofertamos; se fechamos os olhos para orar; se oferecemos a outra face; se evangelizamos; se trazemos visitantes; enfim, todos podem ver praticamente tudo o que fazemos, exceto que ninguém realmente vê se nós oramos em segredo, na privacidade do nosso lar. Ninguém vê esse hábito secreto.
Jesus está dizendo que tudo o que fazemos na vida cristã, mesmo que seja para a glória de Deus, acaba sendo visto pelos homens, e aqui é que mora o perigo. Então, o Senhor faz uma análise da religiosidade das pessoas. Nietzsche, mais que qualquer outro filósofo, afirmou, acertadamente, que pessoas religiosas comumente usam as suas atividades religiosas para construirem sua autoimagem, para obterem reputação, para alcançarem prestígio, construindo, dessa maneira, uma plataforma para ganhar poder sobre outros.
Quando alguém diz “eu oro, eu dizimo, eu jejuo, eu sou religioso, eu frequento assiduamente a igreja, eu sou santo, eu sou isso e aquilo”, isso dá a ela uma superioridade moral em relação aos demais, uma plataforma sobre a qual ela poderá exercitar poder. Jesus sabia muito bem disso; ele sabia que todos nós corremos o risco de praticar atividades religiosas, não pelo simples desejo de nos relacionarmos com Deus por ele mesmo, por quem ele é — pelo simples desejo de conhecê-lo melhor; ele sabia que muitos, talvez a maioria, pratica a religiosidade como forma de obter prestígio e poder.
Como saber se você usa Deus através de suas expressões de religiosidade ou se você, através de suas práticas religiosas, busca conhecer Deus pelo que ele realmente é?
A resposta está no que lemos há pouco: “vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, em segredo” (Mt 6.6). Ou seja: se você gasta tempo com Deus em segredo, a sua recompensa virá de Deus, você o conhecerá na intimidade — “Então seu Pai, que observa em segredo, os recompensará” (Mt 6.6). Agora, se você pratica a sua religiosidade apenas diante dos homens, pronto!, você já recebeu a recompensa: foi reconhecido pelos homens, recebeu o seu prestígio e o seu poder. Não pode ser assim!
A nossa oração deve ser precedida pelo desejo de relacionar com Deus por ele mesmo, por quem ele é — desejo de conhecê-lo melhor na intimidade do quarto; é na intimidade que nós seremos recompensados. De que forma? Com conhecimento pleno e prazer perpétuo; afinal, essas são as recompensas da intimidade do quarto.
A segunda coisa que precisamos ter antes de orar é a consciência de que nosso relacionamento com Deus se baseia na graça, não em performances. Observe o que Jesus falou a seguir:
Mt 6.7-8 | 7 “Ao orar, não repitam frases vazias sem parar, como fazem os gentios. Eles acham que, se repetirem as palavras várias vezes, suas orações serão respondidas. 8 Não sejam como eles, pois seu Pai sabe exatamente do que vocês precisam antes mesmo de pedirem.
Jesus está afirmando que algumas pessoas acham que a oração é um meio de fazermos Deus nos ouvir, de convencê-lo com a nossa dedicação, de comovê-lo com a nossa piedade… enfim, há um tipo de pessoa que acha que a sua intensidade ou a sua performance é o que faz Deus responder orações. O Senhor, porém, diz que não. Ele se relaciona conosco baseado na graça; ele é um Pai sábio e amoroso; portanto, “Não sejam como eles, pois seu Pai sabe exatamente do que vocês precisam antes mesmo de pedirem” (Mt 6.8).
A nossa oração deve ser precedida pela consciência de que nosso relacionamento com Deus se baseia na graça, não em performances. O Senhor é Pai, não chefe. Chefes é que recompensam mediante méritos ou performances. Já os pais, relacionam-se com graça.
A terceira coisa que precisamos ter antes de orar é a disposição de praticar aquilo que diremos ou pediremos em oração. Observe o que Jesus falou lá na conclusão desse parágrafo, após terminar a oração que ele nos apresentou como modelo. É impressionante! Veja:
Mt 6.14-15 | 14 “Seu Pai celestial os perdoará se perdoarem aqueles que pecam contra vocês. 15 Mas, se vocês se recusarem a perdoar os outros, seu Pai não perdoará seus pecados.”
Qual é o ponto dessa afirmação de Jesus? Você não orará como convém se você não estiver disposto a praticar o que você pedirá em sua oração. Sabe por quê? Porque…
Percebeu? A sua indisposição de praticar o que você mesmo pede é prova de que você não se arrependeu de seu pecado e, portanto, comprova que seu relacionamento com Deus continua bloqueado. Pense, agora, sobre as outras petições:
Gente assim não é salva, nunca orará como convém e, portanto, jamais dirá com sinceridade em oração: santificado seja o teu nome, venha o teu reino e seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu (Mt 6.9-10). Assim é que antes de orar, nós precisamos ter a disposição de praticar aquilo que diremos ou pediremos em oração.
O que devemos ter antes de orar? Resumindo: Desejo de conhecer Deus, não de controlá-lo para construirmos autoimagem diante dos outros; consciência de graça, não de performance; e disposição de praticar o que diremos ou pediremos. Esses são apenas pré-requisitos. Prossigamos e vejamos quais são as quatro coisas que devemos fazer ao orar.
2. O que devemos fazer ao orar
Jesus afirmou que essa oração é para servir como modelo: “Portanto, orem da seguinte forma: […]” (Mt 6.9) — i.e, orem seguindo essa forma. Qual forma? Nossas orações devem ser na forma de adoração, submissão, petição e conformação.
Ao orar nós devemos adorar
Note os atributos e as prerrogativas de Deus; todas elas são motivos para se adorar. Ora-se para se exaltar a Deus. Oração é adoração.
Mt 6.9-10 e 13 | 9 […] Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome. 10 Venha o teu reino. Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. 13 […] Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém.”
Ao orar nós devemos nos submeter
Note que a Deus não se ordena nada, cabe-nos tão somente submeter à vontade dele. Observe de novo que Deus é quem tem a prerrogativa, nós tão somente nos submetemos. Ora-se para se compreender a vontade de Deus. Oração é submissão.
Mt 6.10 e 13 | […] Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. 13 […] Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém.”
Ao orar nós devemos pedir
Note o equilíbrio entre as coisas de Deus e as coisas dos homens. Ora-se para se pedir a graça de Deus. Oração é petição.
Mt 6.9-13 | 9 […] Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome. 10 Venha o teu reino. Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. 11 Dá-nos hoje o pão para este dia, 12 e perdoa nossas dívidas, assim como perdoamos os nossos devedores. 13 E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.
Ao orar nós devemos nos conformar
Note que a segunda parte desta oração modelo pouco tem a ver com “Dá-me coisas”, mas muito a ver com “Torna-me num determinado tipo de pessoa”. Até por que, Jesus disse assim: “seu Pai sabe exatamente do que vocês precisam antes mesmo de pedirem” (Mt 6.8).
As três petições que dizem respeito a nós, em realidade, estão dizendo assim:
“Dá-me o que preciso e torna-me contente com o que eu preciso para hoje.”
10 […] Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. 11 Dá-nos hoje o pão para este dia,
“Perdoa-me e torna-me em alguém pronto a perdoar.”
10 […] Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. […] 12 e perdoa nossas dívidas, assim como perdoamos os nossos devedores.
“Socorra-me e torna-me forte para vencer tentações e sobressair ao mal.”
10 […] Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. […] 13 E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.
Orar não é simplesmente dizer “Eu quero!”, mas suplicar: “Conforma-me à imagem e semelhança de Jesus Cristo.”
3. A chave para recebermos o que pedimos em oração
Recebemos o que pedimos em oração porque Jesus viveu o que ele pregou e praticou aquilo que ele orou e nos ensinou a orar. No final da vida dele, lá no jardim do Getsêmani, ele orou assim:
Mt 26.42 | […] “Meu Pai! Se não for possível afastar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade”.
A vontade do Pai foi feita na vida do Filho. Por causa disso veio a nós o reino de Deus — é chegado a nós a salvação. A chave para recebermos o que pedimos em oração é a obra completa de Jesus Cristo. Receba-o pela fé e ore em seu nome, em nome de Jesus.
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