09.04.2023
Lucas 22.19-20 19[Jesus, na última Páscoa com os discípulos,] Tomou o pão e agradeceu a Deus. Depois, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: “Este é o meu corpo, entregue por vocês. Façam isto em memória de mim”. 20Depois da ceia, Jesus tomou o cálice de vinho e disse: “Este é o cálice da nova aliança, confirmada com o meu sangue, que é derramado como sacrifício por vocês.
A sua vida – a vida de todo mundo – é construída em cima lembranças. Sem memórias o indivíduo não tem personalidade. Lembrando que personalidade, sem entrar em pormenores, é o conjunto de qualidades que define a individualidade de uma pessoa; isto é, a personalidade é composta do conjunto de traços psicológicos, morais, comportamentais, dentre outros. Personalidade também é o aspecto visível que compõe o caráter individual e moral de uma pessoa, segundo a percepção de outras pessoas; daí que se diz, por exemplo, “O José foi escolhido para o cargo por ter personalidade forte.”
As lembranças ou as memórias, portanto, formam a personalidade e ajudam a pessoa a se posicionar no mundo. Por exemplo: você precisa se apresentar a alguém; você precisa dizer quem você é; precisa, digamos, escrever seu currículo vitae [pronuncia-se víte]; de que modo você procede? Ora, sem suas lembranças, sem as memórias do seu passado, você não conseguirá ao menos dizer quem é; sequer saberá dizer seu nome. Ao se descrever ou mesmo ao pensar sobre a vida – o que acontece? –, mesmo sem perceber, você se apresenta (ou pensa na vida) a partir das lembranças que tem. — Não é verdade? — Se tiver que se apresentar, por exemplo, seja verbalmente ou por escrito, será mais ou menos assim: sou filho de fulano e fulana; meus pais nasceram em tal e tal lugar; eu nasci em tal lugar; estudei ali e acolá; formei-me em tal ano, moro em tal lugar; gosto disto ou daquilo; torço para tal time; gosto de tal hobby… enfim, será impossível falar de você sem contar a sua própria história; história esta que se baseia nas suas lembranças ou memórias do passado. Daí que se pode dizer: lembranças são poderosas.
Some-se à lembrança a esperança. Pronto! Você terá os dois pés sobre os quais se sustentam em pé qualquer pessoa: lembrança e esperança.
Resumidamente, é assim: você se lembra do que passou e espera pelo que virá; ou seja, de onde eu vim e para onde vou? É tão verdade que, imagine-se acordando de um apagão da mente (sei lá, um coma, uma pancada na cabeça, um mal súbito ou qualquer coisa que tenha apagado sua memória por um período de tempo); de repente você acorda. O que acontece? Imediatamente você começa a falar japonês: “Donkôvim? Onkotô? Ponkovô?”; ou seja: “De onde vim? Onde estou? Aonde vou?”. Não é assim mesmo, gente? Por que é assim? Porque nós nos mantemos em pé sobre dois pés: lembrança e esperança. Se faltar um, a gente manca e cai. Sem os dois, a gente não se sustenta em pé; será como vegetar; guardadas as proporções, será como viver uma vida puramente física, sem atividade mental (ainda que humano e digno diante de Deus).
A LEMBRANÇA DO PASSADO é tão poderosa quanto o que se espera do amanhã ou para o amanhã. Lembranças podem, por exemplo, te acorrentar ao passado: culpa; vergonha; tristeza; ira; ódio; medo; depressão; ansiedade; confusão; remorso; dor; inconformação… essas coisas todas são correntes trancadas com cadeados, são cordas com nós cegos difíceis de serem desatados, os quais aprisionam você, no presente, às suas lembranças do passado. É por isto que se pode dizer: memórias são poderosíssimas. E por mais que você tente evitar, fugir, encobrir ou se livrar do passado, vira e mexe, sem mais nem menos, sem ser convidado, indesejadamente esse passado invade a sua mente e te tortura com memórias, com aquelas más lembranças, e derrubam você.
Más lembranças tentam você com todo tipo de sentimento, e afeta você em todas as áreas: relacionamentos (desconfiança de todo mundo), estudos e trabalho (desânimo), a vida com Deus (decepção) e saúde (problemas de alimentação ou de sono, incluindo pesadelos ou medo de vulnerabilidade enquanto dorme). Sim, más lembranças faz adoecer também o corpo; pode até tentar você à autolesão ou à automutilação. Lembranças são poderosas. E como são! Por causa dessas más lembranças, pessoas são tentadas a hábitos destrutivos para esquecer o passado: jogo, compras, álcool, drogas, substâncias químicas, comida, sexo… enfim, todos os tipos de vícios e perversões pecaminosos para sobreviver às ferroadas incessantes das memórias do passado.
Memórias ruins são assim mesmo: elas roubam a paz. Tiram o sossego. Memórias são poderosas: memórias de abuso, rejeição, abandono, traição, constrangimento, violência, decepção ou fracasso. Os sentimentos mais variados que essas memórias evocam na mente são poderosamente escravizadores e igualmente destruidoras. Só quem sente sabe (e geralmente quem convive com essas pessoas também).
Por outro lado, boas lembranças, aquelas mais doces e alegres memórias – quando brotam na mente – elas trazem alegria ao coração e desenha um lindo sorriso no rosto. Memórias de uma infância feliz, nalgum lugar seguro, aconchegante, lindo e agradável. Memórias de uma família feliz, estruturada e afável. Memórias de um final de semana romântico e adorável. Memórias de um passeio memorável. Memórias de bons amigos chegados. Memórias de bons conselhos recebidos e elogios bem dosados. Enfim, boas memórias, gratas lembranças, elas todas atiçam alegria e alavancam esperança.
Ah, o poder das lembranças!
Não foi sem razão, portanto, que ao longo da revelação bíblica Deus mesmo cuidou de erigir memoriais, com o propósito de fazer seu povo recordar o que jamais poderiam esquecer, sob pena de perecer. Deus sabe que lembranças são poderosas. Não só sabe como nos criou assim: seres com memória. E mais: memorável que é em si mesmo, Deus usa, ele instiga nossa memória para nosso bem, fazendo-nos deleitar na glória dele revelada nesses ou através desses atos graciosos e memoráveis ao longo da história.
Alguns exemplos.
A PÁSCOA. À véspera do êxodo do Egito, Deus instruiu Moisés nestes temos:
Êxodo 12.25-27 25Quando entrarem na terra que o SENHOR prometeu lhes dar, continuarão a realizar essa cerimônia. 26Então seus filhos perguntarão: ‘O que significa esta cerimônia?’, 27e vocês responderão: ‘É o sacrifício da Páscoa para o SENHOR, pois ele passou por sobre as casas dos israelitas no Egito. E, embora tenha abatido os egípcios, poupou nossas famílias’”. Então todos que ali estavam se prostraram e adoraram.
A Páscoa, portanto, destinava-se a evocar uma lembrança espiritual: a grande libertação de Israel das garras do Egito; e fruto de tal reflexão baseada na memória do passado, do que Deus fizera em favor de seu povo no passado, o povo mesmo seria encorajado a perseverar com seu Deus libertador. Tal conhecimento teria que ser passado da memória dos pais para a memória dos filhos, e assim sucessivamente, de geração em geração.
A LEI. Mais tarde, depois que trovejou de seus próprios lábios os Dez Mandamentos, lá no alto do monte Sinai, Deus também encarregou Israel com instruções específicas no que dizia respeito às palavras da Lei: “Repita-as com frequência a seus filhos.” (Dt 6.7). Adiante, neste mesmo capítulo, Moisés complementou com o que ouviu de Deus:
Deuteronômio 6.20-24 20“No futuro, seus filhos lhes perguntarão: ‘O que significam estes preceitos, decretos e estatutos que o SENHOR, nosso Deus, lhes deu?’. 21“Então vocês lhes dirão: ‘Éramos escravos do faraó no Egito, mas o SENHOR nos tirou de lá com sua mão forte. 22O SENHOR realizou sinais e maravilhas diante de nossos olhos e enviou castigos terríveis sobre o Egito, o faraó e todo o seu povo. 23Ele nos tirou do Egito para nos dar esta terra que ele havia prometido sob juramento a nossos antepassados. 24E o SENHOR ordenou que cumpramos todos estes decretos e temamos o SENHOR, nosso Deus, para que ele sempre nos abençoe e preserve nossa vida, como tem feito até hoje.
Mais uma vez o que se vê é o valor da memória, desta vez para se manter na lembrança de onde vieram, como foram libertados e o modo como se formava o povo: pela Lei.
A TRAVESSIA DO JORDÃO. O exemplo mais notável da preocupação de Deus com a memória de seu povo foi na travessia do Jordão, quando instruiu os sacerdotes de Israel a pegar doze pedras do rio e empilhá-las em Gilgal, na Terra Prometida. Suas instruções subsequentes foram explícitas:
Josué 4.6-7 6Elas serão um monumento [sinal ou memorial] entre vocês. No futuro, seus filhos perguntarão: ‘O que significam estas pedras?’, 7e vocês dirão: ‘Elas servem para nos lembrar que o rio Jordão parou de correr quando a arca da aliança do SENHOR passou por ele’. Essas pedras serão uma recordação no meio dos israelitas para sempre”.
Ou seja: os israelitas deveriam olhar para as pedras e lembrar de que não atravessaram o Jordão por suas próprias forças. Foi tudo obra de Deus. E, lembrando-se disso, deveriam pautar a vida de acordo com a aliança de Deus com o povo, fosse na guerra, nos negócios ou na vida pessoal e familiar. Tanto que lá no final do livro, ler-se-á a declaração de Josué: Josué 24.15 “Mas, se vocês se recusarem a servir ao SENHOR [mesmo com todas as lembranças de quem ele é e fez], escolham hoje a quem servirão. Escolherão servir os deuses aos quais seus antepassados serviam além do Eufrates? Ou os deuses dos amorreus, em cuja terra vocês habitam? Quanto a mim, eu e minha família serviremos ao SENHOR”.
Toda essa ênfase nas lembranças era porque os filhos de Deus sempre tendem a se esquecerem de quem Deus é e das coisas maravilhosas que ele fez por eles. Tão verdade que os 72 versículos do Salmo 78, por exemplo, lamentam a tendência de Israel de se esquecer da fidelidade de Deus (o salmo é sobre Deus e o seu povo). Vejam PARA QUÊ SERVE A MEMÓRIA ou as lembranças do povo de Deus:
Salmo 78.4-7 4Não esconderemos essas verdades de nossos filhos; contaremos à geração seguinte os feitos gloriosos do SENHOR, seu poder e suas maravilhas. 5Pois ele estabeleceu seus preceitos a Jacó, deu sua lei a Israel. Ordenou a nossos antepassados que a ensinassem a seus filhos, 6para que a geração seguinte, os filhos ainda por nascer, a conhecesse, e eles, por sua vez, a ensinarão a seus filhos. 7Portanto, cada geração deve pôr sua esperança em Deus, não esquecer seus poderosos feitos e obedecer a seus mandamentos.
Percebeu qual é o valor que Deus dá à memória?
Agora veja do que é capaz um povo que perde a memória:
SALMO 78.8-12 8Assim, não serão como seus antepassados [i.e., não puxaram as memórias; e por isso:], teimosos, rebeldes e infiéis, que se recusaram a confiar em Deus de todo o coração. 9Os guerreiros de Efraim, embora armados de arcos [sem se inspirarem pelas memórias, acovardaram-se], deram meia-volta e fugiram no dia da batalha. 10Não cumpriram a aliança de Deus, não quiseram viver de acordo com sua lei. 11Esqueceram o que ele havia feito, as maravilhas que lhes tinha mostrado, 12os milagres que realizara para seus antepassados na planície de Zoã, na terra do Egito.
Percebeu o quanto são importantes as memórias, as lembranças dos atos de Deus no passado em favor de seu povo? Aos coríntios, Paulo escreveu assim sobre o poder das lembranças:
1Coríntios 10.1-8 1Irmãos, não quero que vocês se esqueçam do que aconteceu muito tempo atrás, quando nossos antepassados foram guiados por uma nuvem que ia adiante deles e atravessaram o mar. 2Na nuvem e no mar, todos foram batizados como seguidores de Moisés. 3Todos comeram do mesmo alimento espiritual 4 e todos beberam da mesma água espiritual, pois beberam da rocha espiritual que os acompanhava, e essa rocha era Cristo. 5No entanto, Deus não se agradou da maioria deles, e seus corpos ficaram espalhados pelo deserto. 6Tais coisas aconteceram como advertência para nós, a fim de que não cobicemos o que é mau, como eles cobiçaram, 7nem adoremos ídolos, como alguns deles adoraram. Segundo as Escrituras, “todos comeram e beberam e se entregaram à farra”. 8E não devemos praticar a imoralidade sexual, como alguns deles praticaram, e morreram 23 mil pessoas num só dia.
Memoriais bíblicos são tão importantes para a vida do cristão que o próprio Jesus Cristo instituiu A CEIA MEMORIAL, a ceia do SENHOR:
Lucas 22.14-20 14Quando chegou a hora, Jesus e seus apóstolos tomaram lugar à mesa. 15Jesus disse: “Estava ansioso para comer a refeição da Páscoa com vocês antes do meu sofrimento. 16Pois eu lhes digo agora que não voltarei a comê-la até que ela se cumpra no reino de Deus”. 17Então tomou um cálice de vinho e agradeceu a Deus. Depois, disse: “Tomem isto e partilhem entre vocês. 18Pois não beberei vinho outra vez até que venha o reino de Deus”. 19Tomou o pão e agradeceu a Deus. Depois, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: “Este é o meu corpo, entregue por vocês. Façam isto em memória de mim”. 20Depois da ceia, Jesus tomou o cálice de vinho e disse: “Este é o cálice da nova aliança, confirmada com o meu sangue, que é derramado como sacrifício por vocês.
À mesa, comendo a ceia memorial, o que se espera do discípulo de Jesus é que ele rememore a obra completa de Cristo realizada na história passada (que nutra sua fé em Cristo); mas espera-se também que o discípulo de Jesus antecipe o grande banquete (nutra sua esperança em Cristo), quando será entoado o cântico de vitória no reino de Deus. Ouça um trecho do cântico de vitória no céu:
Apocalipse 19.6-9 6Em seguida, ouvi outra vez algo semelhante ao som do clamor de uma grande multidão, como o som de fortes ondas do mar, como o som de violentos trovões: “Aleluia! Porque o Senhor, nosso Deus, o Todo-poderoso, reina. 7Alegremo-nos, exultemos e a ele demos glória, pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e sua noiva já se preparou. 8Ela recebeu um vestido do linho mais fino, puro e branco”. Porque o linho fino representa os atos justos do povo santo. 9E o anjo me disse: “Escreva isto: Felizes os que são convidados para o banquete de casamento do Cordeiro”. E acrescentou: “Essas são as palavras verdadeiras de Deus”.
Cônscio do poder desta memória (cônscio do poder da ceia memorial), Paulo, também aos coríntios, relatou o que recebeu de Jesus mesmo e repassou aos cristãos:
1Coríntios 11.23-26 23Pois eu lhes transmiti aquilo que recebi do Senhor. Na noite em que o Senhor Jesus foi traído, ele tomou o pão, 24agradeceu a Deus, partiu-o e disse: “Este é meu corpo, que é entregue por vocês. Façam isto em memória de mim”. 25Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança, confirmada com meu sangue. Façam isto em memória de mim, sempre que o beberem”. 26Porque cada vez que vocês comem desse pão e bebem desse cálice, anunciam a morte do Senhor até que ele venha.
O que destacar nesta manhã de domingo de Páscoa? DUAS COISAS:
PRIMEIRO, a lembrança, a memória de Cristo. Na Páscoa, e à mesa da ceia do SENHOR, os cristãos devem se lembrar de Cristo. Na cruz, o corpo de Cristo foi entregue por nós; o sangue de Cristo foi derramado em sacrifício por nós. Esta é a lembrança que se deve nutrir nesta manhã; a lembrança que deve nutrir a nossa fé (nas palavras de Pedro): 1Pedro 1.2 “Deus, o Pai, os conhecia de antemão e os escolheu, e o Espírito os santificou para a obediência e a purificação pelo sangue de Jesus Cristo.” Adiante, o apóstolo complementou:
1Pedro 1.17-21 17Lembrem-se de que o Pai celestial, a quem vocês oram, não mostra favorecimento. Ele os julgará de acordo com suas ações. Por isso, vivam com temor durante seu tempo como residentes na terra. 18Pois vocês sabem que o resgate para salvá-los do estilo de vida vazio que herdaram de seus antepassados não foi pago com simples ouro ou prata, que perdem seu valor, 19mas com o sangue precioso de Cristo, o Cordeiro de Deus, sem pecado nem mancha. 20Ele foi escolhido antes da criação do mundo, mas agora, nestes últimos tempos, foi revelado por causa de vocês. 21Por meio de Cristo, vocês vieram a crer em Deus. Depositam sua fé e esperança em Deus porque ele ressuscitou Cristo dos mortos e lhe deu grande glória.
Portanto, quando Jesus disse (em Lucas 22.19): “Façam isto [comam do pão e bebam do cálice] em memória de mim”, era isto que ele estava dizendo: lembrem-se de que vocês foram resgatados do pecado – da vida vazia do pecado – pelo preço pago com o sangue precioso de Jesus Cristo, pelo corpo sem pecado entregue por vocês; lembrem-se de que ele morreu no seu lugar (para te salvar) e ressuscitou vitorioso (para te justificar). Essa é a primeira e a principal lembrança (de fato, a mais importante de todas as lembranças!).
Você já se arrependeu e creu em Cristo para a sua salvação?
SEGUNDO, a pedagogia da lembrança. Há poder no evangelho de Cristo para, primeiro, como vimos, te salvar. Mas também há poder no evangelho para te santificar. O sangue da nova aliança, derramado por meio da morte de Jesus – seguida da ressurreição – que nós celebramos na Páscoa e na ceia memorial do SENHOR, traz consigo [1.] a promessa de santificação interior e [2.] de (como dizem os teólogos reformados) conhecimento pactual de Deus baseados no perdão dos pecados que recebemos pela fé na obra de Jesus Cristo:
Jeremias 31.31-34 31“Está chegando o dia”, diz o SENHOR, “em que farei uma nova aliança com o povo de Israel e de Judá. 32Não será como a aliança que fiz com seus antepassados, quando os tomei pela mão e os tirei da terra do Egito. Embora eu os amasse como o marido ama a esposa, eles quebraram a aliança”, diz o SENHOR. 33“E esta é a nova aliança que farei com o povo de Israel depois daqueles dias”, diz o SENHOR. “Porei minhas leis em sua mente e as escreverei em seu coração. Serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. 34E não será necessário ensinarem a seus vizinhos e parentes, dizendo: ‘Você precisa conhecer o SENHOR’. Pois todos, desde o mais humilde até o mais importante, me conhecerão”, diz o SENHOR. “E eu perdoarei sua maldade e nunca mais me lembrarei de seus pecados.”
Esta é a pedagogia da lembrança: ao nos lembrarmos da vida e da obra de Jesus, ao comermos do pão e bebermos do cálice do Senhor em memória e também em comunhão espiritual com Jesus Cristo, anunciando sua morte até que ele venha, estamos, de verdade, agindo para a nossa santificação; santificação interior; santificação da consciência e da memória.
Isto mesmo, o evangelho – nossa comunhão com Deus restaurada por meio da obra de Cristo – tem poder tanto para salvar do pecado e da ira de Deus quanto para santificar a consciência e o ser interior. — Sabe o que isto significa? Sabe aquelas más lembranças do passado? Sabe aquela culpa ou vergonha ou tristeza ou ódio ou medo ou depressão ou ansiada ou confusão ou remorso ou dor ou inconformação ou desconfiança que te afasta de todo mundo e até de Deus? — É possível, PELA OBRA DE CRISTO, santificar sua consciência [i.e., (1) santificar a compreensão de aspectos ou totalidade do mundo interior; e (2) santificar o juízo de valor, a voz interior] e, portanto, redimir suas lembranças:
Hebreus 9.13-14 13Se, portanto, o sangue de bodes e bezerros e as cinzas de uma novilha [a antiga aliança] purificavam o corpo [apenas simbolicamente] de quem estava cerimonialmente impuro, 14imaginem [a nova aliança] como o sangue de Cristo purificará nossa consciência das obras mortas [os efeitos destrutivos do pecado; em Hb 6.1: atos que levam à morte], para que adoremos o Deus vivo. Pois, pelo poder do Espírito eterno, Cristo ofereceu a si mesmo a Deus como sacrifício perfeito.
Hebreus 10.19-23 19Portanto, irmãos, por causa do sangue de Jesus, podemos entrar com toda confiança no lugar santíssimo, 20Por sua morte, Jesus abriu um caminho novo e vivo através da cortina que leva ao lugar santíssimo. 21E, uma vez que temos um Sumo Sacerdote que governa sobre a casa de Deus, 22entremos com coração sincero e plena confiança, pois nossa consciência culpada foi purificada, e nosso corpo, lavado com água pura. 23Apeguemo-nos firmemente, sem vacilar, à esperança que professamos, porque Deus é fiel para cumprir sua promessa.
HÁ PODER NAS LEMBRANÇAS. Por isso a pedagogia da lembrança adotada na Bíblia. Por isso os memoriais bíblico. Por isso a ceia memorial, apontando-nos regularmente para a vida e obra de Jesus, apontando-nos ao mesmo tempo para o retorno e reino eterno de Jesus. Falaremos mais sobre lembranças – a melhor das lembranças –, Deus permitindo, hoje à noite.
MAS AGORA, LEMBRE-SE DE CRISTO E CLAME PELO SEU NOME. Clame pelo nome de Jesus. O sangue de Jesus te purifica dos pecados e purifica também sua consciência – consciência esta que pela graça, por meio da fé vai sendo iluminada pela palavra e o Espírito de Deus, vai sendo transformada, redimida.
Você não precisa viver na condenação do pecado nem na escravidão de suas lembranças. Venha a Cristo. Venha à mesa. Lembre-se de Jesus Cristo, e sua obra completa. Portanto, em memória de Cristo, comamos do pão e bebamos do cálice.
Feliz Páscoa, povo de Deus!
S.D.G. L.B.Peixoto
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