02.08.2020
[Filemom 8-16] 8Por isso, ainda que pudesse exigir em Cristo que você faça o que é certo, 9prefiro pedir com base no amor — eu, Paulo, já velho e agora prisioneiro de Cristo Jesus.
10Suplico que demonstre bondade a meu filho Onésimo. Tornei-me pai dele na fé quando estava aqui na prisão. 11Onésimo não lhe foi de muita utilidade no passado, mas agora é muito útil para nós dois. 12Eu o envio de volta a você, e com ele vai meu próprio coração.
13Gostaria de mantê-lo aqui comigo enquanto estou preso por anunciar as boas-novas; assim ele me ajudaria em seu lugar. 14Mas eu nada quis fazer sem seu consentimento. Meu desejo era que você ajudasse de boa vontade, e não por obrigação. 15Ao que parece, você perdeu Onésimo por algum tempo para ganhá-lo de volta para sempre. 16Ele já não é um escravo para você. É mais que um escravo: é um irmão amado, especialmente para mim. Agora ele será muito mais importante para você, como pessoa e como irmão no Senhor.
A nação norte-americana, que é o grande e o maior experimento democrático de todos os tempos, foi fundada oficialmente aos 4 de julho de 1776. Dentre seus pais fundadores, destacam-se três: Benjamin Franklin (1706-1790), George Washington (1732-1799) e Thomas Jefferson (1743-1826). Franklin foi um dos líderes da Revolução Americana que resultou na Independência do país, separando-o da Inglaterra. Washington foi o comandante-chefe do Exército Continental durante a Guerra da Independência e o primeiro presidente – detalhe: a capital americana recebeu o nome em sua homenagem. Jefferson foi o principal autor da Declaração de Independência dos Estados Unidos.
Além do embrião do idealismo americano, quase todos os “Founding Fathers”, como esses homens ficaram conhecidos, tinham algo em comum: a busca e o cultivo da virtude. Lembre-se de que aquele era o século XVIII, período no qual a autodisciplina era enaltecida, quase adorada. Na Autobiografia que escreveu, Benjamin Franklin registrou:
Incluí sob treze nomes de virtudes tudo quanto na ocasião me ocorreu como necessário ou desejável e juntei a cada um deles um curto preceito, que expressava plenamente a extensão dada por mim à sua significação. Esses nomes de virtudes, com seus preceitos, foram: 1 – TEMPERANÇA: Não comas até o entorpecimento; não bebas até a exaltação. 2 – SILÊNCIO: Não fales senão o que possa beneficiar aos outros ou a ti; evita conversa frívola. 3 – ORDEM: Que todas as tuas coisas tenham seus lugares; que cada parte de tua atividade tenha seu tempo. 4 – RESOLUÇÃO: Resolve realizar o que deves; realiza sem faltar com o que resolvestes. 5 – FRUGALIDADE: Não faças despesa alguma a não ser para o bem de outros ou de ti; isto é, não desperdices coisa alguma. 6 – DILIGÊNCIA: Não percas tempo; emprega-o sempre em algo útil; suprima todas as ações desnecessárias. 7 – SINCERIDADE: Não uses ardis lesivos; pensa com inocência e justiça, e, se falares fala do mesmo. 8 – JUSTIÇA: Não prejudiques ninguém fazendo o mal ou omitindo os benefícios que são de teu dever. 9 – MODERAÇÃO: Evita os extremos; não te ofendas com injúrias especialmente quando pensas que as mereces. 10 – LIMPEZA: Não toleres falta de limpeza no corpo, nas roupas ou na habitação. 11 – TRANQUILIDADE: Não te deixes perturbar por ninharias ou por acidentes comuns ou inevitáveis. 12 – CASTIDADE: Use raramente dos prazeres carnais, apenas por motivo de saúde ou reprodução, nunca até o entorpecimento, à fraqueza ou em prejuízo da tua própria paz ou reputação de outrem. 13 – HUMILDADE: Imite Jesus e Sócrates.
[Fonte: Franklin, Benjamin. BENJAMIN FRANKLIN – Autobiografia (Os Empreendedores). LeBooks Editora, 2019, 2ª edição. Edição do Kindle. Posição 1464-1486.]
Todo mundo tem algum ponto cego que o impede de enxergar quem ele ou ela realmente é – ou seja, por causa do pecado, a nossa autoimagem e auto avaliação sempre serão faltosas ou distorcidas (para mais ou para menos). Com Franklin não era diferente. Ouça o que ele escreveu e perceba como a sua honestidade é para poucos:
Minha lista de virtudes continha inicialmente apenas doze. Todavia, tendo um amigo Quaker bondosamente me informado que eu era em geral considerado orgulhoso; que meu orgulho com frequência se mostrava na conversação; que eu não me contentava em ter razão quando discutia qualquer questão, mas era arrogante e mesmo insolente, do que me convenceu mencionando vários exemplos, decidi fazer esforço para, se possível curar-me desse vício ou insensatez ao mesmo tempo que dos outros e acrescentei Humildade à minha lista, dando à palavra um sentido amplo [13 – Humildade: Imite Jesus e Sócrates].
[Ibid., Posição 1600-1606.]
O homem parece ter obtido algum êxito, posto que prosseguiu, dizendo:
Não posso vangloriar-me de ter tido muito êxito na aquisição da realidade dessa virtude, mas consegui muita coisa no que se refere à aparência dela. Adotei a norma de abster-me de toda contradição direta dos sentimentos alheios e de toda afirmação impositiva dos meus. Proibi-me mesmo […] o emprego de toda palavra ou expressão de linguagem que implicasse em opinião firmada, como certamente, indubitavelmente etc. […] Quando alguém afirmava algo que eu considerava errado, negava a mim mesmo o prazer de contradizê-lo abruptamente e mostrar de imediato algum absurdo em sua proposição. Ao responder, começava observando que, em certos casos ou circunstâncias, sua opinião estaria certa, mas no caso presente parecia-me haver alguma diferença etc. Constatei logo as vantagens dessa mudança em minhas maneiras. As conversações em que me empenhava corriam mais agradavelmente. A maneira modesta com que eu propunha minhas opiniões fazia com que tivesse recepção mais pronta e menos contradição. Sofria menos humilhação quando era surpreendido em erro e induzia mais facilmente os outros a abandonarem seus erros e juntarem-se a mim quando acontecia de estar com a razão.
Este modo, que a princípio impus com certa violência sobre a inclinação natural, tornou-se finalmente tão fácil e tão habitual para mim que talvez nestes últimos cinquenta anos ninguém tenha ouvido escapar-me uma expressão dogmática. A este hábito [orgulhoso] (depois de meu caráter de integridade) penso dever principalmente ao fato de cedo ter tido tanta ascendência sobre meus concidadãos quando propunha novas instituições ou alterações nas antigas, e tanta influência nos conselhos públicos quando deles me tornei membro. Isso porque eu era mau orador, nunca eloquente, sujeito a muita hesitação na escolha das palavras, pouco correto na linguagem e, apesar disso, geralmente impunha meus pontos de vista.
Na realidade, talvez nenhuma de nossas paixões naturais seja tão difícil de subjugar quanto o orgulho. Podemos disfarçá-lo, combatê-lo, abatê-lo, abafá-lo, reprimi-lo o quanto quisermos, mas ele ainda continua vivo e, de vez em quando, põe a cabeça para fora e se mostra. Poderá talvez ser visto com frequência nesta história, pois, ainda que eu imaginasse tê-lo vencido completamente provavelmente teria orgulho de minha humildade.
[Ibid., Posição 1606-1619.]
Franklin estava tão interessado em avançar em suas virtudes morais que mantinha tudo cuidadosamente anotado em um diário, que de fato mais se parecia com um livro contábil do que com um caderno de anotações, no qual mantinha conta de tudo todos os dias. Para se ter uma ideia, para cada dia da semana havia um espaço para registrar deméritos auto atribuídos. Ele contava a batalha pela virtude vencida quando seu registro mantido com a máxima honestidade comprovasse nenhuma infração por um período de 13 semanas consecutivas. Enquanto isso, quando as páginas ficavam completamente preenchidas – porque de fato isso acontecia –, você sabe o que ele fazia? Franklin apagava tudo o que havia escrito e marcado e começava novamente. Eventualmente, as rasuras enchiam as páginas com pequenos furos. Quando já era uma figura mundialmente reconhecida, ele ainda usava seu diário, mas substituíra as páginas frágeis de papel pelas mais duráveis folhas de marfim – daquela forma, poderia apagar, apagar e apagar, sem rasurar.
Determinação, de fato, invejável. Sejamos honestos, um tipo de virtude, infelizmente, para poucos, especialmente sua decisão de se tornar uma pessoa mais humilde.
Benjamin Franklin, no entanto, estava longe de ser um santo. Nota-se, por exemplo, que entre as 13 virtudes desse pai fundador dos EUA, o perdão não aparece como uma a ser conquistada e cultivada. Talvez porque, obviamente, o perdão seja uma das virtudes mais cristãs e mais difíceis de serem cultivadas. Outra coisa: falta de perdão revela orgulho na raiz do coração. O que nos faz pensar que Franklin até poderia ter conseguido algum avanço epidérmico na batalha pela humildade, mas nada que tocasse assim tão fundo nas fibras de seu coração.
Em 1731, Benjamin Franklin teve um filho de uma mulher desconhecida. O problema é que ele estava casado com Deborah Read já fazia um ano. A esposa, no entanto, tomou o bebê para si e o casal o criou como se fosse seu próprio filho. William cresceu com o pai: ajudando-o em suas experiências científicas, viajando com ele e tantas outras coisas mais que pais e filhos fazem juntos. Franklin o enviou para ser educado na Inglaterra, onde o garoto estudou Direito e foi admitido na Ordem dos Advogados. Pai e filho eram muito próximos. Em 1763, William retornou às colônias americanas com uma comissão da coroa britânica: ser o governador real de Nova Jersey, um posto que ele obteve em grande parte pelo lobby de seu pai.
No entanto, quando a Revolução Americana contra a Inglaterra chegou, William escolheu apoiar a coroa – e não o novo governo colonial – e por essa escolha, o relacionamento anteriormente tão estreito que pai e filho nutriam um pelo outro foi dolorosamente quebrado. Na verdade, William foi capturado por forças coloniais, libertado na cidade de Nova York (que ainda estava em pé com o rei britânico). Após alguns anos de trabalho com os leais à coroa que viviam na cidade, o filho de Benjamin se juntou aos milhares de americanos que emigraram para a Inglaterra, para nunca mais voltar à sua terra natal.
Pai e filho se viram apenas mais uma vez em vida e nunca foram reconciliados. Talvez por meio de alguma correspondência, alguns anos após a guerra, o relacionamento tenha sido superficialmente resgatado, mas pelo fato de William ter sido veementemente deixado de fora do testamento do pai, não constar na Autobiografia escrita pelo pai [a única vez que o nome de William aparece no livro é no corpo de uma carta com data anterior ao conflito] e de não ter convivido com o pai depois da ruptura durante o início da Revolução, parece que a restauração e a reconciliação nunca realmente aconteceram: provavelmente porque o perdão nunca tivesse sido concedido pelo pai ao filho.
Daniel Mark Epstein nos informa que, poucos anos antes de morrer, Benjamin escreveu ao filho William nos seguintes termos:
Nada jamais me machucou tanto e me afetou com comoções tão fortes do que me encontrar abandonado na minha velhice por meu único filho [o filho que Benjamin teve com Deborah morreu aos quatro anos], e não apenas abandonado, mas descobri-lo pegando em armas contra mim, numa causa em que minha boa fama, sorte e vida estavam todas em jogo.
[Fonte: The Loyal Son: The War in Ben Franklin’s House. Daniel Mark Epstein. New York: Ballantine Books, 464 pp. 2017. Citado por Matthew C. Simpson em https://newrepublic.com/article/143683/benjamin-franklin-son-divided-independence. Acessado em 29 de julho de 2020.]
Benjamin Franklin nunca perdoou o filho! Dificilmente passou pela caça dele que a atitude de William visava manter a própria integridade – ao não se colocar como um traidor da coroa – como algo mais valioso do que a obsessão pela “boa fama, sorte e vida” de seu pai. Benjamin parece nunca ter se preocupado em se colocar no lugar do filho. Com efeito, nunca o perdoou. Foi tanto que seu testamento menciona William apenas para deserdá-lo, “deixando-o sem qualquer das propriedades pelas quais ele se esforçou tanto [lutando ao lado da coroa] para delas me privar [mantendo-as sob propriedade do rei].” [Ibid.] O perdão parece ter sido uma virtude que faltava à Benjamin Franklin.
Você acha difícil perdoar?
Perdoar é muito difícil, mas é possível – e necessário.
Ken Sande, autor de um livro crucial para a arte de se relacionar e de curar relacionamentos – no Brasil foi publicado em 2016 com o título O Pacificador: Como Solucionar Conflitos pela editora CPAD – escreveu que
Perdoar alguém significa liberá-lo da responsabilidade de sofrer punição ou penalidade. Aphiemi, uma palavra grega que é frequentemente traduzida como “perdoar”, significa deixar ir, liberar ou remeter. Geralmente, refere-se a dívidas que foram pagas ou canceladas na íntegra (por exemplo, Mateus 6.12; 18.27, 32). Charizomai, outra palavra para “perdoar”, significa conceder favor livre ou incondicionalmente. Esta palavra mostra que o perdão é imerecido e não pode ser conquistado (Lucas 7.42-43; 2Corínbtios 2.7-10; Efésios 4.32; Colossenses 3.13).
Como essas palavras indicam, o perdão pode ser uma atividade cara. Quando alguém peca, cria uma dívida e alguém deve pagá-la. A maior parte dessa dívida é devida a Deus. Em sua grande misericórdia, ele enviou seu Filho para pagar essa dívida na cruz por todos que cressem nele (Isaías 53.4-6; 1Pedro 2.24-25; Colossenses 1.19-20).
Mas se alguém pecou contra você, parte da dívida do pecador também é devida a você. Isso significa que você tem uma escolha a fazer. Você pode receber pagamentos da dívida ou efetuar pagamentos.
Você pode receber ou extrair pagamentos de uma dívida do pecado alheio [cobrando da pessoa que pecou contra você] de várias maneiras: retendo o perdão, remoendo o que foi feito contra você, sendo frio e permanecendo distante, desistindo do relacionamento, infligindo dor emocional, fofocando, batendo de volta ou buscando vingança contra quem o machucou. Essas ações podem proporcionar um prazer perverso no momento, mas, a longo prazo, exigem um alto preço de você. Como alguém disse uma vez: “A falta de perdão é o veneno que bebemos, esperando que os outros morram”.
Sua outra opção é efetuar pagamentos da dívida e, assim, liberar outras pessoas das multas que elas merecem pagar [a você]. Às vezes, Deus concede que você efetue um pagamento fácil. Você decide perdoar e, pela graça de Deus, a dívida é rápida e totalmente cancelada em seu coração e mente. Mas quando há um erro profundo, a dívida que ela cria nem sempre é paga de uma só vez. Você precisará suportar certos efeitos do pecado da outra pessoa por um longo período de tempo. Isso poderá envolver lutar contra memórias dolorosas, falar palavras gentis quando você realmente queria dizer algo ofensivo, trabalhar para derrubar muros de separação e ficar vulnerável quando você ainda sente pouca confiança, ou mesmo suportar as consequências de um ferimento material ou físico causado pela outra pessoa que é incapaz de se reparar com você ou mesmo não deseja.
O perdão pode ser extremamente caro, mas se você crê em Jesus, tem mais do que o suficiente para fazer esses pagamentos. Ao ir para a cruz, ele pagou a dívida final pelo pecado e abriu uma conta de graça abundante em seu [nosso] nome [no nome daqueles que creem]. Ao recorrer a essa graça através da fé, dia após dia, você descobrirá que tem tudo o que precisa para pagar o perdão daqueles que o prejudicaram.
[Fonte: Sande, Kenneth. The Peacemaker: A Biblical Guide To Resolving Personal Conflict. Grand Rapids: Baker Publishing Group, third Edition, 2004. Pág. 207-208.]
O poder para perdoar vem da cruz de Cristo. E sobre isto nós estamos estudando nesta pequena carta de Paulo, escrita a Filemom. Nela, o apóstolo desafia o senhor a lançar a dívida do servo – prejuízos de qualquer natureza que ele, porventura, tivesse causado – na conta dele mesmo (Paulo) ou na de Cristo mesmo, por assim dizer. Filemom 17-19:
17Portanto, se me considera seu companheiro na fé, receba-o como receberia a mim. 18Se ele o prejudicou de alguma forma ou se lhe deve algo, cobre de mim. 19Eu, Paulo, escrevo de próprio punho: Eu pagarei. E não mencionarei que você me deve sua própria vida.
Paulo estava dizendo a Filemom: “Meu irmão, realmente! Alguém tem que pagar pela dívida, pelo prejuízo de Onésimo. Pague você mesmo. Se você não conseguir, eu pago. Cobre de mim. Eu pagarei. Assim como você, eu tenho crédito de sobra na conta que Cristo, pela graça, abriu em meu nome (e no seu também).” Percebeu o que o apóstolo estava fazendo? Paulo estava ensinando a Filemom o poder do evangelho da cruz de Cristo para curar o coração, restaurar relacionamentos e construir uma nova cultura no meio do caos de injustiça que era o Império Romano.
Agora, ninguém sabia melhor do que Paulo o grande risco que estava assumindo. Um escravo, como já dissemos na mensagem anterior, não era uma pessoa, mas uma “ferramenta viva”. Um senhor de escravos tinha poder absoluto sobre os seus. William Barclay nos informa que o proprietário poderia, por exemplo,
Boxear suas orelhas ou condená-los a trabalhos forçados – fazendo-os, por exemplo, trabalhar acorrentados em suas terras no campo ou em uma espécie de fábrica-prisão. Ou, ele poderia puni-los no laço com golpes de vara ou chicote; ele poderia ainda marcá-los na testa, caso fossem ladrões ou fugitivos, ou, no final das contas, se fossem irrecuperáveis, ele poderia crucificá-los.
[Fonte: William Barclay, The Letters to Timothy, Titus, and Philemon, 3rd ed. fully rev. and updated., The New Daily Study Bible (Louisville, KY; London: Westminster John Knox Press, 2003), 304-305.]
Barclay também registrou que o advogado, poeta, retórico e satirista romano Juvenal (55 – 127 d. C.) desenhou a imagem da senhora que espancaria sua criada por mero capricho dela e do marido, escrevendo que ela “deleita-se com o som de uma flagelação cruel, considerando-a mais doce do que a música de qualquer sereia ou mel”, que não fica feliz “até que convoque um torturador e possa marcar alguém com ferro quente por roubar um par de toalhas” e “que se deleita com o som de correntes retinindo. [Ibid.]
Os escravos estavam continuamente à mercê dos caprichos de suas senhoras e de seus senhores. Eles eram deliberadamente reprimidos. Havia no Império Romano 60 milhões deles, e o perigo de revolta era constantemente combatido. Dessa forma, um escravo rebelde era prontamente eliminado, e se fugisse, de duas uma: [1] na melhor das hipóteses, ele seria marcado com um ferro em brasa na testa, com a letra F – significando fugitivus (fugitivo, em latim), ou com as letras CF – cave furem (cuidado com o ladrão, em latim), ou mesmo com as três FCF – fugitivus cave furem (fugitivo, cuidado com o ladrão); [2] e, na pior das hipóteses, o escravo seria morto por crucificação. Paulo estava bem ciente de tudo isso e de que a escravidão estava tão arraigada no mundo antigo que até mesmo enviar Onésimo de volta ao crente Filemom era um risco considerável. [Ibid.]
Eis, pois, a razão para Paulo escrever esta carta e colocá-la nas mãos de Onésimo, para que ele mesmo, por sua vez, fosse e a entregasse nas mãos de Filemom. Esse documento, além de ter servido como uma espécie de habeas corpus apostólico para Onésimo, contém uma mensagem poderosa para todas as épocas e culturas: a mensagem do evangelho.
Continua na parte 2…
S.D.G. L.B.Peixoto
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