24.03.2024
DESTINO. Você acredita em destino? Será que existe alguém, qualquer força ou energia que rege a nossa vida na terra? Serão astros ou corpos celestes, deuses ou um ente divino e eterno, carma ou lei da causalidade moral, livre-arbítrio ou o acaso mesmo, aleatoriamente? Quem ou o que controla o destino? — O destino nada mais é do que o ponto final dos destinados. — Mas quem ou o que te destina, conduzindo você até o ponto final? E qual é o ponto final? A que você está destinado? A sofrer e padecer, indo de mal a pior ou a viver uma vida plena e feliz? A conquistar uma grande carreira ou a colocar tudo a perder? A ter família e filhos felizes ou a despedaçar vidas por onde passa?
Talvez não, talvez você seja dos que digam: Que nada! Não tem essa de destino. O que há são a sua essência e as suas crenças, sejam lá quais forem, que vão te guiando nesta jornada terrestre e depois que morrer acabou tudo. No máximo, uma pitada de sorte. É nisso que eu acredito. Mas isso é destino, oras! Um péssimo destino, por sinal.
A Bíblia fala de destino, ela estabelece que há sim destino; aliás, na Bíblia se lê sobre destinos (plural), dois destinos possíveis: condenação ou salvação. Preste atenção:
Hebreus 9.27-28 27E, assim como cada pessoa está destinada a morrer uma só vez, e depois disso vem o julgamento, 28também Cristo foi oferecido como sacrifício uma só vez para tirar os pecados de muitos. Ele voltará, não para tratar de nossos pecados, mas para trazer salvação a todos que o aguardam com grande expectativa.
Agora, para entender o que é o destino no dia a dia e na prática, para saber por que há tanto mal no mundo e, mesmo assim, algumas pessoas se dão bem, a gente precisa voltar a atenção para o primeiro livro da Bíblia. Você descobrirá que, no correr dos dias que vivemos, destino – sorte ou azar, bênção ou maldição – tem outro nome, é providência: A PROVIDÊNCIA DE DEUS. E ela tem um propósito: A PRESERVAÇÃO DA ALIANÇA DE DEUS COM SEU POVO, fazer convergir em Cristo todas as coisas, tanto as do céu como as da terra (Ef 1.10).
A PROVIDÊNCIA DE DEUS, atuando para que todas as coisas se reúnam sob a autoridade de Cristo – inclusive os grandes males que se causam contra nós, inclusive o inocente que padece e o ímpio que prospera –, está ilustrada com enorme beleza na narrativa do livro de Gênesis (a última história de Gênesis) que temos diante dos olhos esta noite: a história de José do Egito, contada de Gênesis 37.2 até o final do livro, em Gênesis 50.26.
GÊNESIS COMEÇA DE FORMA APOTEÓTICA, Gênesis 1.1: “No princípio, Deus criou os céus e a terra.” A proposta de Moisés é contar que este mesmo Deus, o Criador, fez uma aliança com Abraão, Isaque e Jacó. O motivo foi que o ser humano – representado em Adão – caiu no pecado e destruiu o paraíso de Deus na terra; e mesmo com um reset total de Deus na humanidade, na história de Noé e do dilúvio, o homem não se emendou, muito pelo contrário, na primeira oportunidade, rebelou-se coletivamente contra Deus na torre de Babel. Então, do mesmo modo que “o Espírito de Deus se movia sobre a superfície das águas”, para dar forma e preencher o vazio da terra que ainda estava sob a escuridão que cobria as águas profundas (Gn 1.2), Deus se moveu para formar, da escuridão profunda do pecado, um povo que pudesse se multiplicar e redimir e encher a terra com o conhecimento da glória de Deus. Começou com um pacto com Abraão, então com Isaque e se estabeleceu com Jacó – que, de sua descendência, deu à luz o povo de Deus, as doze tribos de Israel –, de quem descenderia o Messias.
— Percebeu? — A providência de Deus estava trabalhando para que o plano de Deus se cumprisse, isto é: a providência de Deus estava fazendo convergir em Cristo todas as coisas, tanto as do céu como as da terra (Ef 1.10).
AGORA, NOTE: o livro que começou apoteoticamente — Gênesis 1.1: “No princípio, Deus criou os céus e a terra.” — terminou de modo dramático, para se dizer o mínimo; leia, Gênesis 50.26: “José [filho de Jacó, neto de Isaque e bisneto de Abraão] morreu com 110 anos. Os egípcios o embalsamaram e o colocaram em um caixão no Egito.”
Espere um pouco! O que o caixão de José está fazendo no Egito? Aliás, o que a descendência de Abraão, Isaque e Jacó está fazendo neste local, longe da terra de Canaã que fora prometida aos patriarcas de Israel? Da santa e bela criação ao maldito e horroroso caixão! Como assim, Moisés? Que história é esta? Os planos de Deus fracassaram?
A PARTE FINAL DE GÊNESIS, A HISTÓRIA DE JOSÉ DO EGITO, está posta para contar como a aliança de Deus, pela providência soberana de Deus, foi preservada exatamente pelo caixão de José, o qual foi – sim, soberanamente, providencialmente! – plantado pelo próprio Deus no Egito.
Teologicamente, o que encontramos nestes últimos capítulos de Gênesis (37.2—50.26) são verdades eternas, e poderíamos dividir este sermão desta forma: [1.] Deus é soberano, [2.] estamos perdidos e precisamos de salvação, [3.] Deus nos salvará e [4.] será através do Salvador. Tudo isso está muito bem demonstrado nesta história. Só que se nós abordássemos apenas os temas teológicos desta história, perderíamos a bela história que nos está contada nos últimos quatorze capítulos de Gênesis.
— O que faremos, então? Como abordaremos a história de José? — Vamos nos empenhar para ver que a providência de Deus, conduzindo a vida de José, foi o meio de Deus preservar a aliança com seu povo. Desse modo, analisaremos seis grandes cenas da história de José do Egito, ou melhor: OS SEIS ATOS DA PROVIDÊNCIA DE DEUS PARA A PRESERVAÇÃO DA ALIANÇA. Serão estes:
NÃO É INCOMUM PARA O LEITOR ATENTO SE PERGUNTAR: [1.] se os patriarcas da aliança de Deus são expressamente destacados pelo próprio Deus ao se revelar a Moisés, como sendo “Eu sou […] o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. (Êx 3.6) – e note: nada de José nesta lista!; e [2.] se a linhagem de Jesus descende de Judá, não do irmão, o José, por que o livro de Gênesis dedica tantos capítulos apenas para José (14 deles no total!)? Ora, para Abraão, não poderia ter sido diferente, foram dedicados 14 capítulos (12.1–25.18) e para Jacó e Isaque foram conjuntamente dedicados 12 capítulos (25.19–37.1), mas para José, apenas a José, foram dedicados 14 capítulos (37.2–50.26)! É a mesma quantidade de capítulos dedicada a Abraão e, veja bem, do relato da criação até a história de Abraão, passando por Adão e Eva, Noé e o dilúvio, e a torre de Babel foram dedicados apenas 11 capítulos.
Por que tanta ênfase na história de José?
O que há de especial nesta história?
A META PRINCIPAL DE MOISÉS COM A HISTÓRIA DE JOSÉ parece ser nos contar a razão e a maneira pelas quais a família de Abraão, Isaque e Jacó – a família da aliança foi parar no Egito. Ou seja, se Canaã era a terra prometida a Abraão e sua descendência: Por que Deus os levou para o Egito e os deixou lá por 400 anos?! Como tudo isso aconteceu?! Neste caso, A HISTÓRIA DE JOSÉ É UMA PREPARAÇÃO PARA A HISTÓRIA DO ÊXODO, o volume 2 ou a 2ª temporada da saga com cinco partes (o Pentateuco): [I.] Gênesis (a aliança de Deus com o povo), [II.] Êxodo (o resgate do povo), [III.] Levítico (a santidade de Deus), [IV.] Números (a peregrinação ou purificação do povo de Deus no deserto) e [V.] Deuteronômio (a renovação da aliança de Deus com o povo), antes de eles tomarem posse de Canaã, em Josué (a conquista da terra).
Pois bem, sabendo que GÊNESIS É O LIVRO DA ALIANÇA DE DEUS COM O POVO que ele mesmo escolheu, você lê e relê a história de José (Gn 37.2–50.26) e fica surpreso ao constatar que a aliança mal é mencionada. SÓ QUE TEM UM DETALHE MUITO IMPORTANTE: você achará na história de José o cuidado providencial de Deus com José e o controle soberano de Deus, do início ao fim deste enredo, para garantir que todas as coisas convergirão em Cristo, a aliança suprema de Deus com seu povo.
RESUMINDO: O relato da vida de José indica como a graça do SENHOR Deus preservou a família da aliança tanto de pecados externos (na terra de Canaã) como de pecados internos (na família mesma dos patriarcas da aliança), levando-os para viver no Egito por quatrocentos longos anos (até Moisés e o Êxodo).
Talvez por isto a história de José seja uma das mais queridas, de crianças e adultos, não só no livro de Gênesis, mas em toda a Bíblia: ESTA HISTÓRIA É A HISTÓRIA DE COMO A PROVIDÊNCIA SOBERANA DE DEUS triunfa sobre todo mal, trabalha em favor de seu povo, transpõe dificuldades, trata feridas, troca o choro pelo riso e torna o mal em bem em favor do povo da sua aliança.
A história de José é a imagem viva desta tão maravilhosa realidade: a providência de Deus age em favor de seu povo para guardá-lo, guiá-lo e garantir que nada nem ninguém o separará do amor inviolável de Deus. É o que nós agora, de modo apenas panorâmico, passaremos a examinar: A PROVIDÊNCIA DE DEUS NA HISTÓRIA DE JOSÉ.
A família da aliança será apresentada, como sempre, em combate quase mortal entre eles mesmos, até sob ameaça de morte, só não chegando a vias de fato por causa da boa, perfeita e agradável providência de Deus:
Gênesis 37.1-5 1Jacó passou a morar na terra de Canaã, onde seu pai tinha vivido como estrangeiro. 2Este é o relato de Jacó e sua família. Quando José tinha 17 anos, cuidava dos rebanhos de seu pai. Trabalhava com seus meios-irmãos, os filhos de Bila e Zilpa, mulheres de seu pai, e contava para seu pai algumas das coisas erradas que seus irmãos faziam. 3Jacó amava José mais que a qualquer outro de seus filhos, pois José havia nascido quando Jacó era idoso. Por isso, certo dia Jacó encomendou um presente especial para José: uma linda túnica. 4Os irmãos de José, por sua vez, o odiavam, pois o pai deles o amava mais que a todos os outros filhos. Não eram capazes de lhe dizer uma única palavra amigável. 5Certa noite, José teve um sonho e, quando o contou a seus irmãos, eles o odiaram ainda mais.
O sonho de José sugerirá que seus irmãos se prostrarão perante ele (37.6-8).
José teve outro sonho, e tornou a contar aos irmão e ao pai, sugerindo que um dia toda a família, inclusive o pai, renderiam a ele homenagens dignas dos soberanos (37.9). Jacó o repreendeu, dizendo:
Gênesis 37.10-11 […] “Que sonho é esse? Por acaso eu, sua mãe e seus irmãos viremos e nos curvaremos até o chão diante de você?”. 11Os irmãos de José ficaram com inveja dele, mas seu pai se perguntou qual seria o significado dos sonhos.
O ódio dos irmãos de José culminou em uma conspiração bem-sucedida de vendê-lo como escravo e enganar a seu pai, fazendo Jacó crer que José tinha sido dilacerado e devorado por um animal selvagem (37.12-36). Primeiramente, se pensou em matá-lo, mas Rúben se opôs. A ideia de vendê-lo como escravo foi de – imagine você! Adivinha? – Judá. E eles vendem José para comerciantes ismaelitas da terra de Midiã. Apesar de trágica, a conclusão desta cena revela o triunfo da providência de Deus sobre a rejeição da verdade (o sonho de José, a palavra de Deus através do sonho de José):
Gênesis 37.12-14 31[depois da vinda] Então os irmãos mataram um bode e mergulharam a túnica de José no sangue do animal. 32Enviaram a linda túnica para o pai, com a seguinte mensagem: “Veja o que encontramos. Não é a túnica de seu filho?”. 33O pai a reconheceu de imediato e disse: “Sim, é a túnica de meu filho. Um animal selvagem o deve ter devorado. Com certeza José morreu despedaçado!”. 34Jacó rasgou suas roupas e vestiu-se de pano de saco. Por longo tempo, lamentou profundamente a morte do filho. 35A família toda tentou consolá-lo, mas ele se recusava. “Descerei à sepultura lamentando a morte de meu filho”, dizia, e continuou a lamentar-se. 36Enquanto isso, os negociantes midianitas chegaram ao Egito, onde venderam José a Potifar, oficial e capitão da guarda do faraó.
A providência de Deus triunfou sobre a rejeição da verdade! Você notou onde José estava colocado? Na casa de ninguém menos do que “Potifar, oficial e capitão da guarda do faraó.” A providência de Deus triunfou sobre a rejeição da verdade.
A história da vida familiar de Judá, contrário do que alguns pensam, não está fora de lugar. Em um primeiro momento poderá parecer que sim. Preste atenção. Leia o último versículo de Gênesis 37 e os dois primeiros de Gênesis 39. Parecerá que Gênesis 38 está fora de lugar aqui na história. Preste atenção:
Gênesis 37.36 Enquanto isso, os negociantes midianitas chegaram ao Egito, onde venderam José a Potifar, oficial e capitão da guarda do faraó.
Gênesis 39.1-2 1Quando José foi levado para o Egito pelos negociantes ismaelitas, eles o venderam a Potifar, um oficial egípcio. Potifar era capitão da guarda do faraó, o rei do Egito. 2O SENHOR estava com José, por isso ele era bem-sucedido em tudo que fazia no serviço da casa de seu senhor egípcio.
E bem no meio está a história de Judá e Tamar.
Por quê? Esta história não está fora de lugar? Qual é a função desta história bem aqui no texto bíblico, narrando a vida de José?
Moisés quer que você perceba o risco que corria a família da aliança, exposta aos costumes e pecados dos cananeus. Algo precisava ser feito por parte de Deus, sob pena de a aliança fracassar. E veja bem quem estava envolvido nesta história: era Judá, de quem, com a nora Tamar, viria o Messias de Israel (cf. Mt 1.3). — O que Deus faria? — A solução de Deus seria mover seu povo e preservar seu povo lá no Egito, onde o risco de miscigenação [casamentos mistos de israelitas com egípcios e todas as consequências em termos de assimilação da religião e cultura pagã egípcia] era significativamente menor, posto que os egípcios não se misturavam com outras gentes ou clãs, como misturavam os cananeus.
Israel estava sob ataque, e Deus precisava tirá-los do fogo cruzado. Lá fora, a corrupção dos cananeus e a assimilação das práticas pecaminosas dessa gente (é sobre isto que se lê em Gênesis 38). Cá dentro, os conflitos entre irmãos (foi o que lemos em Gênesis 37). Solução: “Vou mandar este povo para o Egito!”, disse o SENHOR.
Gênesis 38, portanto, contando toda a lambança de Judá com Tamar, servirá de contraste para a luta pela fidelidade ao SENHOR e a luta por toda a pureza, sobre as quais se lerá a respeito José nos capítulos seguintes, à partir de Gênesis 39. Era a providência de Deus trabalhando pela preservação da aliança. E saber que Jesus nascerá desta descendência, fruto do pecado de Judá e Tamar (cf. Mt 1.3 na genealogia de Jesus), coloca em destaque ainda mais a graça soberana de Deus.
Infelizmente, precisaremos correr com esta história! Nosso tempo está esgotando. Portanto, o que farei a seguir será apresentar algumas linhas de explicação para você se familiarizar melhor com esta história e saber lê-la com vista para a providência de Deus agindo para a preservação da aliança de Deus com o povo.
Já vimos:
Falta-nos ver os seguintes:
Este é o esboço de Gênesis 39.1–41.57:
Gênesis 39.6-9 6Assim, Potifar entregou tudo que possuía aos cuidados de José e, tendo-o como administrador, não se preocupava com nada, exceto com o que iria comer. José era um rapaz muito bonito, de bela aparência, 7 e logo a esposa de Potifar começou a olhar para ele com desejo. “Venha e deite-se comigo”, ordenou ela. 8José recusou e disse: “Meu senhor me confiou todos os bens de sua casa e não precisa se preocupar com nada. 9 Ninguém aqui tem mais autoridade que eu. Ele não me negou coisa alguma, exceto a senhora, pois é mulher dele. Como poderia eu cometer tamanha maldade? Estaria pecando contra Deus!”.
Gênesis 39.19-23 19Ao ouvir a mulher contar como José a havia tratado, Potifar se enfureceu. 20Pegou José e o lançou na prisão onde ficavam os prisioneiros do rei, e ali José permaneceu. 21Mas o SENHOR estava com ele na prisão e o tratou com bondade. Fez José conquistar a simpatia do carcereiro, que, 22em pouco tempo, encarregou José de todos os outros presos e de todas as tarefas da prisão. 23O carcereiro não precisava mais se preocupar com nada, pois José cuidava de tudo. O SENHOR estava com ele e lhe dava sucesso em tudo que ele fazia.
Gênesis 40.5-8 5Certa noite, enquanto estavam presos, o copeiro e o padeiro tiveram, cada um, um sonho, e cada sonho tinha o seu significado. 6Quando José os viu no dia seguinte, notou que os dois estavam perturbados 7e perguntou: “Por que vocês estão preocupados?”. 8Eles responderam: “Esta noite, nós dois tivemos sonhos, mas ninguém sabe nos dizer o que significam”. “A interpretação dos sonhos vem de Deus”, disse José. “Contem-me o que sonharam.”
Gênesis 40.13-15 13Dentro de três dias, o faraó o elevará de volta ao seu cargo de chefe dos copeiros. 14Quando a situação estiver bem para você, peço que se lembre de mim. Fale de mim ao faraó, para que ele me tire deste lugar, 15pois fui trazido à força da minha terra natal, a terra dos hebreus, e agora estou nesta prisão, onde fui lançado sem motivo justo”.
Gênesis 40.20-23 20Três dias depois, era o aniversário do faraó, e ele preparou um banquete para todos os seus oficiais e funcionários. Convocou o chefe dos copeiros e o chefe dos padeiros para comparecerem à festa. 1Elevou o chefe dos copeiros de volta a seu cargo, para que voltasse a entregar o copo ao faraó. 22Quanto ao chefe dos padeiros, mandou enforcá-lo, como José havia previsto ao interpretar o sonho dele. 23O chefe dos copeiros, porém, se esqueceu completamente de José e não pensou mais nele.
Gênesis 41.14-17 14Na mesma hora, o faraó mandou chamar José, e ele foi trazido depressa da prisão. Depois de barbear-se e trocar de roupa, apresentou-se ao faraó. 15Disse o faraó a José: “Tive um sonho esta noite e ninguém aqui conseguiu me dizer o que ele significa. Soube, porém, que ao ouvir um sonho você é capaz de interpretá-lo”. 16José respondeu: “Essa capacidade não está em minhas mãos, mas Deus pode revelar o significado ao faraó e acalmá-lo”. 17Então o faraó contou o sonho a José: […]
Gênesis 41.37-40 37O faraó e seus oficiais gostaram das sugestões de José. 38Por isso, o faraó perguntou aos oficiais: “Será que encontraremos alguém como este homem? Sem dúvida, há nele o espírito de Deus!”. 39Então o faraó disse a José: “Uma vez que Deus lhe revelou o significado dos sonhos, é evidente que não há ninguém tão inteligente ou sábio quanto você. 40Ficará encarregado de minha corte, e todo o meu povo obedecerá às suas ordens. Apenas eu, que ocupo o trono, terei uma posição superior à sua”.
A providência de Deus transpôs a injustiça e o abandono dos homens.
Este é o esboço de Gênesis 42.1–45.58:
Gênesis 42.1-5 1Quando Jacó soube que no Egito havia cereais, disse a seus filhos: “Por que vocês estão aí parados, olhando uns para os outros? 2 Ouvi dizer que há cereais no Egito. Desçam até lá e comprem cereais em quantidade suficiente para nos mantermos vivos. Do contrário, morreremos”. 3Então os dez irmãos mais velhos de José desceram ao Egito para comprar cereais. 4 Mas Jacó não deixou Benjamim, o irmão mais novo de José, ir com eles, pois tinha medo de que algum mal lhe acontecesse. 5Os filhos de Jacó chegaram ao Egito junto com outros para comprar mantimentos, porque também havia fome em Canaã.
Gênesis 43.32-34 32José foi servido em sua própria mesa, e seus irmãos, em uma mesa separada. Os egípcios que comiam com José, por sua vez, foram servidos em outra mesa, pois os egípcios desprezavam os hebreus e se recusavam a comer com eles. 33José disse a cada um dos irmãos onde deviam sentar-se e, para espanto deles, colocou-os ao redor da mesa em ordem de idade, do mais velho para o mais novo. 34Mandou encher os pratos deles com comida de sua própria mesa, e deram a Benjamim uma porção cinco vezes maior que a dos outros. E eles comeram e beberam à vontade com José.
Gênesis 44.30-34 30“E agora, meu senhor, não posso voltar para a casa de meu pai sem o rapaz. A vida de nosso pai está ligada à vida do rapaz. 31Quando ele vir que o rapaz não está conosco, morrerá. Nós, seus servos, seremos, de fato, responsáveis por mandar para a sepultura seu servo, nosso pai, em profunda tristeza. 32Meu senhor, garanti a meu pai que levaria o rapaz de volta. Disse-lhe: ‘Se não o trouxer de volta, carregarei a culpa para sempre’. 33“Por isso, peço ao senhor que me permita ficar aqui como escravo no lugar do rapaz e que o deixe voltar com os irmãos dele. 34Pois, como poderei voltar a meu pai sem o rapaz? Não suportaria ver a angústia que isso lhe causaria!”.
Gênesis 45.1-5 1José não conseguiu mais se conter. Havia muita gente na sala, e ele disse a seus assistentes: “Saiam todos daqui!”. Assim, ficou a sós com seus irmãos e lhes revelou sua identidade. 2José se emocionou e começou a chorar. Chorou tão alto que os egípcios o ouviram, e logo a notícia chegou ao palácio do faraó. 3“Sou eu, José!”, disse a seus irmãos. “Meu pai ainda está vivo?” Mas seus irmãos ficaram espantados ao se dar conta de que o homem diante deles era José e perderam a fala. 4“Cheguem mais perto”, disse José. Quando eles se aproximaram, José continuou: “Eu sou José, o irmão que vocês venderam como escravo ao Egito. 5Agora, não fiquem aflitos ou furiosos uns com os outros por terem me vendido para cá. Foi Deus quem me enviou adiante de vocês para lhes preservar a vida.
Gênesis 45.9-11 9“Agora, voltem depressa a meu pai e digam-lhe: ‘Assim diz seu filho José: Deus me fez senhor de toda a terra do Egito. Venha para cá sem demora! 10O senhor poderá viver na região de Gósen, onde estará perto de mim com todos os seus filhos e netos, rebanhos e gado, e todos os seus bens. 11Ali eu cuidarei do senhor, pois ainda haverá cinco anos de escassez. Do contrário, o senhor e toda a sua família perderão tudo que têm’”.
Gênesis 45.16-20 16A notícia não demorou a chegar ao palácio do faraó: “Os irmãos de José estão aqui!”. O faraó e seus oficiais se alegraram muito quando souberam disso. 17O faraó disse a José: “Diga a seus irmãos: ‘Coloquem as cargas em seus animais e voltem depressa à terra de Canaã. 18Tragam seu pai e todas as suas famílias para cá. Eu lhes darei a melhor terra do Egito, e vocês comerão do que esta terra produz de melhor’”. 19O faraó prosseguiu: “Diga a seus irmãos: ‘Levem carruagens do Egito para transportar as crianças pequenas, as mulheres e também seu pai. 20Não se preocupem com seus pertences, pois o melhor de toda a terra do Egito será de vocês’”.
Em tudo isso se vê que a providência de Deus tratou as feridas causadas pelo pecado na família da aliança; houve reconciliação, pois a ameaça de vingança entre irmãos achou trégua; achou-se ainda esperança de vida próspera e protegida no Egito, na terra de Gósen, evitando-se, assim, a miscigenação com cananeus e a extinção pela fome.
Este é o esboço de Gênesis 46.1–49.28:
Gênesis 46.1-4 1Jacó partiu para o Egito com todos os seus bens. Quando chegou a Berseba, ofereceu sacrifícios ao Deus de Isaque, seu pai. 2Durante a noite, Deus lhe falou numa visão. “Jacó! Jacó!”, chamou ele. “Aqui estou!”, respondeu Jacó. 3“Eu sou Deus, o Deus de seu pai”, disse a voz. “Não tenha medo de descer ao Egito, pois lá farei de sua família uma grande nação. 4 Descerei com você ao Egito e certamente o trarei de volta. E José estará ao seu lado quando você morrer.”
Gênesis 46.28-30 28Quando estavam quase chegando, Jacó enviou Judá adiante para encontrar-se com José e pedir-lhe informações sobre o caminho para Gósen. 29José mandou preparar sua carruagem e partiu para Gósen, a fim de encontrar-se com seu pai, Jacó. Quando José chegou, abraçou fortemente seu pai e, sem soltá-lo, chorou por longo tempo. 30Por fim, Jacó disse a José: “Agora estou pronto para morrer, pois vi seu rosto novamente e sei que você está vivo”.
Gênesis 47.7-12 7Em seguida, José trouxe seu pai, Jacó, e o apresentou ao faraó. E Jacó abençoou o faraó. 8“Quantos anos o senhor tem?”, perguntou o faraó. 9Jacó respondeu: “Tenho andado por este mundo há 130 árduos anos. Comparada à vida de meus antepassados, minha vida foi curta”. 10Então Jacó abençoou o faraó novamente antes de deixar a corte. 11José deu a seu pai e a seus irmãos a melhor terra do Egito, a região de Ramessés, e os acomodou ali, conforme o faraó havia ordenado. 12José também providenciou mantimentos para seu pai e seus irmãos, em quantidades proporcionais ao número de seus dependentes, incluindo as crianças pequenas.
Gênesis 47.25-31 25“O senhor salvou nossa vida!”, exclamaram [os egípcios]. “Permita-nos servir ao faraó.” 26Então José mandou publicar um decreto que vale até hoje na terra do Egito, segundo o qual um quinto de todas as colheitas pertence ao faraó. Apenas as terras dos sacerdotes não foram entregues ao faraó.
27Enquanto isso, o povo de Israel se estabeleceu na região de Gósen, no Egito. Ali, adquiriram propriedades e tiveram muitos filhos, e sua população cresceu rapidamente. 28 Depois de chegar ao Egito, Jacó viveu mais dezessete anos; portanto, viveu ao todo 147 anos.
29Quando se aproximava a hora de sua morte, Jacó chamou seu filho José e lhe disse: “Peço que me faça um favor. Coloque sua mão debaixo da minha coxa e jure que mostrará sua bondade e lealdade a mim atendendo a este último desejo: não me sepulte no Egito. 30Quando eu morrer, leve meu corpo para fora do Egito e sepulte-me com meus antepassados”. José prometeu: “Farei como o senhor me pede”. 31“Jure que o fará”, insistiu. José fez o juramento, e Jacó se curvou humildemente à cabeceira de sua cama.
Gênesis 48.20-22 20Assim, Jacó abençoou os rapazes naquele dia com a seguinte bênção: “O povo de Israel usará seus nomes quando pronunciarem uma bênção. Dirão: ‘Deus os faça prosperar como Efraim e Manassés!’”. Desse modo, Jacó pôs Efraim adiante de Manassés. 21Então Jacó disse a José: “Morrerei em breve, mas Deus estará com vocês e os levará de volta a Canaã, a terra de seus antepassados. 22Em razão de sua autoridade sobre seus irmãos, eu lhe dou uma porção a mais da terra [bênção da primogenitura], que tomei dos amorreus com a minha espada e o meu arco”.
Gênesis 49.28 Essas são as doze tribos de Israel, e foi isso que seu pai disse ao despedir-se de seus filhos. Deu a cada um deles a bênção que lhe era adequada.
Destaque dado para a bênção dada a Judá, de quem nasceria o Messias:
Embora José tenha recebido o direito de primogenitura (Gn 48.22), de Judá foi a linhagem de reis davídicos (1Cr 5.2). Cristo é o Leão da tribo de Judá e venceu todos os poderes do Diabo (Ap 5.5; 17.14).
Gênesis 49.8-12 8“Judá, seus irmãos o louvarão; você agarrará seus inimigos pelo pescoço, e todos os seus parentes se curvarão à sua frente. 9Judá, meu filho, é um leão novo que acabou de comer sua presa. Como o leão, ele se agacha, e como a leoa, se deita; quem tem coragem de acordá-lo? 10O cetro não se afastará de Judá, nem o bastão de autoridade de seus descendentes, até que venha aquele a quem pertence, aquele que todas as nações honrarão. 11Ele amarra seu potro a uma videira, seu jumentinho a uma videira seleta. Lava suas roupas em vinho, suas vestes, no sangue das uvas. 12Seus olhos são mais escuros que o vinho, seus dentes, mais brancos que o leite.
A providência de Deus trocou o espírito angustiado por vestes de louvor.
Este é o esboço de Gênesis 49.29–50.26:
Gênesis 50.14-15 14Depois de sepultar Jacó, José voltou para o Egito com seus irmãos e com todos que o haviam acompanhado. 15Uma vez que seu pai estava morto, porém, os irmãos de José ficaram temerosos e disseram: “Agora José mostrará sua ira e se vingará de todo o mal que lhe fizemos”. […]
Gênesis 50.19-21 19José, porém, respondeu: “Não tenham medo de mim. Por acaso sou Deus para castigá-los? 20Vocês pretendiam me fazer o mal, mas Deus planejou tudo para o bem. Colocou-me neste cargo para que eu pudesse salvar a vida de muitos. 21Não tenham medo. Continuarei a cuidar de vocês e de seus filhos”. Desse modo, ele os tranquilizou ao tratá-los com bondade.
Gênesis 50.22-26 22José, seus irmãos e suas famílias continuaram a viver no Egito. José viveu 110 anos. 23Chegou a ver três gerações de descendentes de seu filho Efraim e o nascimento dos filhos de Maquir, filho de Manassés, os quais ele tomou para si como se fossem seus. 24José disse a seus irmãos: “Em breve morrerei, mas certamente Deus os ajudará e os tirará desta terra. Ele os levará de volta para a terra que prometeu solenemente dar a Abraão, Isaque e Jacó”. 25Então José fez os filhos de Israel prestarem um juramento e disse: “Quando Deus vier ajudá-los e conduzi-los de volta, levem meus ossos com vocês”. 26José morreu com 110 anos. Os egípcios o embalsamaram e o colocaram em um caixão no Egito.
O autor de Hebreus toma esta atitude de José como uma profecia:
Hebreus 11.22 Pela fé, José, no fim da vida, declarou com toda a confiança que os israelitas deixariam o Egito e deu ordens para que cuidassem de seus ossos.
A providência de Deus tornou o mal em bem para manter em efeito a aliança.
JOSÉ É UMA IMAGEM DO CRENTE. Ele falou, contou o sonho que Deus lhe deu, falou a palavra de Deus (talvez não da melhor maneira, nem com a melhor das intenções, mas mesmo assim falou a palavra de Deus), mas todos rejeitaram a verdade. Pagou caro pela verdade. Sofreu as consequências pelo pecado que estava emaranhado em sua família e na sua própria vida. Fez o bem por onde passou, mas foi injustamente acusado, jogado no buraco e quando precisou que alguém se lembrasse dele, foi esquecido. Mas Deus, no tempo certo, o exaltou e o elevo; e ele morreu em fé, aguardando a visitação de Deus para definitivamente redimi-lo e o levar para casa.
JOSÉ É UMA IMAGEM DE CRISTO. Foi objeto do amor especial do pai, odiado pelos da própria casa, rejeitado como rei sobre os seus, vendido por moedas de prata, injustamente acusado e condenado e, de igual forma, guardadas as proporções, ressuscitado da humilhação para a glória, pelo poder de Deus.
A HISTÓRIA DA PROVIDÊNCIA DE DEUS. A história de José é, de fato, a história da soberana providência de Deus – triunfando sobre todo mal, trabalhando em favor de seu povo, transpondo dificuldades, tratando feridas, trocando o choro pelo riso e tornando o mal em bem em favor do povo da sua aliança; garantindo-nos que o plano de Deus se cumpra – é este o plano (Ef 1.10): “no devido tempo, ele reunirá [fará convergir] sob a autoridade de Cristo tudo que existe nos céus e na terra.” E Paulo continua:
Efésios 1.11-14 11Além disso, em Cristo nós nos tornamos herdeiros de Deus, pois ele nos predestinou conforme seu plano e faz que tudo ocorra de acordo com sua vontade. 12O propósito de Deus era que nós, os primeiros a confiar em Cristo, louvássemos a Deus e lhe déssemos glória. 13Agora vocês também ouviram a verdade, as boas-novas da salvação. E, quando creram em Cristo, ele colocou sobre vocês o selo do Espírito Santo que havia prometido. 14O Espírito é a garantia de nossa herança, até o dia em que Deus nos resgatará como sua propriedade, para o louvor de sua glória.
Cristo é a aliança de Deus com seu povo. E tudo já foi feito para que nele, em Cristo, nós nos regozijemos, para sempre e sempre e eternamente. Você crê nisto? Crê em Cristo? Receba-o pela fé e desfrute da aliança com Deus.
S.D.G. L.B.Peixoto
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