13.05.2018
A VERDADEIRA ADORAÇÃO
João 4.19-24
19“O senhor deve ser profeta”, disse a mulher. 20“Então diga-me: por que os judeus insistem que Jerusalém é o único lugar de adoração, enquanto nós, os samaritanos, afirmamos que é aqui, no monte Gerizim, onde nossos antepassados adoraram?” 21Jesus respondeu: “Creia em mim, mulher, está chegando a hora em que já não importará se você adora o Pai neste monte ou em Jerusalém. 22Vocês, samaritanos, sabem muito pouco a respeito daquele a quem adoram. Nós adoramos com conhecimento, pois a salvação vem por meio dos judeus.23Mas está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. O Pai procura pessoas que o adorem desse modo. 24Pois Deus é Espírito, e é necessário que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”.
Fomos criados para adorar
“A adoração é a ocupação normal dos seres morais”, declarou acertadamente A. W. Tozer, o saudoso “profeta” do século XX (como ficou carinhosamente reconhecido). A prova de que nascemos para adorar está, por exemplo, na forma como as pessoas têm devotado suas vidas ao “grande deus Entretenimento”(expressão também de A. W. Tozer).
Não se pode negar quer o ser humano carrega em si um sentimento de dependência (Friedrich Schleiermacher); afinal, fomos todos criados por Deus e dele nós dependemos. De fato, separados de Deus e entregues a si mesmos, homens e mulheres, cedo ou tarde, descobrirão que a vida é simplesmente insuportável. Então, com essa angústia opressora na alma (“angústia de separação”), sentindo-se sempre dependentes de alguém ou de alguma coisa ou de alguma substância ou de algum sentimento ou de algum reconhecimento fora de si mesmas, aonde as pessoas recorrem?
Alguns são criticados por se voltarem para Deus em adoração. Gente assim é tachada de fanática ou de fraca. Já a futilidade dos que recorrem à tudo e à todos, menos a Deus, desde sempre é largamente venerada pelos que se acham mais fortes e se sentem mais autoconfiantes. A. W. Tozer foi realmente profético ao denunciar o ídolo desta geração, o grande deus Entretenimento, dizendo assim:
Se este senso de necessidade e um sentimento de dependência estão na raiz da religião natural [conforme o filósofo e teólogo alemão Schleiermacher afirmou que estão], não é difícil ver porque o grande deus Entretenimento é tão ardentemente cultuado por tanta gente. Pois há milhões que não podem viver sem diversão. A vida para eles é simplesmente intolerável. Buscam ansiosos o bendito alívio dado por entretenimentos profissionais e outras formas de narcóticos psicológicos como um viciado em drogas busca a suas doses diárias de entorpecentes. Sem estas coisas eles não conseguiriam reunir coragem suficiente para encarar a existência.
A coisa é tão séria que, conforme Tozer denunciou, criou-se “uma religião” — a religião do Entretenimento, a custos multimilionários e com efeitos devastadores para o ser humano dependente de algo fora de si mesmo. Tozer declarou:
O incremento do aspecto das diversões da vida humana em tão fantásticas proporções é um mau presságio, uma ameaça às almas dos homens modernos. Estruturou-se, chegando a constituir um empreendimento comercial multimilionário com maior poder sobre as mentes humanas e sobre o caráter humano do que qualquer outra influência educacional na terra. E o que é odioso é que o seu poder é quase exclusivamente mau, deteriorando a vida interior, expelindo os pensamentos de alcance eterno que encheriam a alma dos homens […] E a coisa toda desenvolveu-se dando numa verdadeira religião que retém os seus devotos com estranho fascínio, e, incidentalmente, uma religião contra a qual agora é perigoso falar.
Fomos criados para adorar; se o objeto de nossa adoração não for o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, certamente que outra coisa — alguma coisa ou alguém ocupará o centro de nossa adoração: comida, bebida, sexo, droga, produtos, dispositivos, tecnologia, carro, casa, futebol, Netflix, novelas… e até religião. Se não for Deus, alguém ou alguma coisa haverá de se tornar em deus para nós, já que, conforme definiu Tozer, “o abuso numa coisa inofensiva é a essência do pecado”.
Veja a mulher do nosso texto, a samaritana (Jo 4.1-42), há três objetos de adoração muito claros no coração dela: relacionamentos(teve cinco maridos e agora o homem com quem ela vivia não era o seu marido — vv. 16-18); trabalho(trabalhava tanto que não via a hora de não ter mais que voltar para buscar água naquele poço — vv. 13-15); e religião(era devota à tradição de seus pais espirituais — vv. 19-21). Feita para adorar e ainda sem conhecer o Deus verdadeiro, aquela mulher adorava ou cultuava relacionamentos, trabalho e tradição religiosa. Fomos feitos para adorar.
A joia ausente no meio evangélico
O que torna crônico o quadro atual do mundo nem é tanto o estado idólatra dos corações que ainda não conhecem o Deus verdadeiro, mas o quadro de contaminação no qual se acha a igreja. Aliás, hoje igreja não é mais “igreja” (i.e., o povo de Deus, o corpo de Cristo, o templo do Espírito Santo); hoje igreja é “casa”, “casa de shows”, “o show da fé” — igreja virou estatística e entretenimento; o deus é outro: números, cifras, cifrões e entretenimento em nome da fé. Tozer, de novo, foi profético ao denunciar:
Por séculos a igreja se manteve solidamente contra toda forma de entretenimento mundano, reconhecendo-o pelo que era — um meio para desperdiçar o tempo, um refúgio contra a perturbadora voz da consciência, um esquema para desviar a atenção da responsabilidade moral. Por isso ela própria sofreu recorrentes abusos dos filhos deste mundo. Mas ultimamente ela se cansou dos abusos e parou de lutar. Parece ter decidido que, se ela não consegue vencer o grande deus Entretenimento, pode muito bem juntar suas forças às dele e fazer o uso que puder dos poderes dele. Assim, hoje temos o espantoso espetáculo de milhões de dólares derramados sobre o trabalho profano de providenciar entretenimento terreno para os filhos do Céu, […] Em muitos lugares, o entretenimento religioso está eliminando rapidamente as coisas sérias de Deus. Muitas igrejas nestes dias têm-se transformado em pouco mais que pobres teatros onde “produtores” de quinta classe mascateiam as suas mercadorias falsificadas com total aprovação de líderes evangélicos conservadores que podem até citar um texto sagrado em defesa da sua delinquência. E raramente alguém ousa levantar a voz contra isso.
A situação é tão tragicamente espantosa que A. W. Tozer concluiu seu artigo indagando (“O Grande Deus Entretenimento”, cap. 29, pp. 110-112, O melhor de A. W. Tozer, vol. 7, Mundo Cristão, 1984):
Não é uma coisa esquisita e um espanto que, com a sombra da destruição atômica pendendo sobre o mundo e com a vinda de Cristo estando próxima, os seguidores professos do Senhor se entreguem a divertimentos religiosos? Que numa hora em que há tão desesperada necessidade de santos amadurecidos, numerosos crentes se voltem para a criancice espiritual e clamem por brinquedos religiosos?
Se esse é o estado de muitas igrejas, logo, o que temos em muitos dos templos religiosos espalhados por aí não é adoração, mas entretenimento espiritual. De fato, é tão verdade que sejam “casas de show” e não “casas de adoração” que, em meados do século passado, Tozer já era capaz de escrever o seguinte (“A Adoração: Ocupação Normal dos Seres Morais”, cap. 49, pp. 183, O melhor de A. W. Tozer, vol. 7, Mundo Cristão, 1984):
[Apesar de ser um imperativo moral e de fazer parte da natureza humana,] A adoração é a joia ausente no meio evangélico moderno. Somos organizados, trabalhamos, temos nossos compromissos. Temos quase tudo, mas existe uma coisa que as igrejas, até mesmo as evangélicas não têm: a capacidade para adorar [isto dito nos Estados Unidos, entre 1950 e 1963, cerca de 70 anos atrás; imaginem hoje!]. Não estamos cultivando a arte da adoração. Esse é o diamante que falta na igreja de hoje, e acredito que devamos procurá-lo até que possa ser encontrado.
De fato, não poderia ser assim, não deveria, mas, infelizmente, a adoração é a joia rara no meio evangélico corrente. Isso nos remete à importância do texto de hoje.
Pecadora em fuga
Jesus estava disposto a saciar aquela mulher com o fluir constante e ininterrupto do Espírito Santo no coração dela; ele queria saciá-la com água viva (Jo 4.10-12; 7.37-39). Ela queria daquela água; ela pediu pela água viva; afinal, ela estava cansada da vida insaciável que estava levando (Jo 4.13-15). O Senhor, então, parte para destronar o ídolo do pecado que reinava no coração daquela mulher (Jo 4.15-18):
15“Por favor, senhor,dê-me dessa água!”, disse a mulher. “Assim eu nunca mais terei sede nem precisarei vir aqui para tirar água.” 16“Vá buscar seu marido”, disse Jesus. 17“Não tenho marido”, respondeu a mulher. Jesus disse: “É verdade. Você não tem marido, 18pois teve cinco maridos e não é casada com o homem com quem vive agora. Certamente você disse a verdade”.
Jesus estava dizendo que, para ela matar a sede com o Espírito de Deus, ela precisava, primeiro, parar de beber da fonte do pecado; ou seja, aquele relacionamento sem compromisso, além de um substituto para Deus — um ídolo, era também como cisterna que não retém água e não sacia a sede da alma. Jeremias já havia denunciado o pecado dessa mesma maneira, quando profetizou em nome de Deus (Jr 2.11-13):
11Alguma vez uma nação trocou seus deuses por outros, mesmo que não sejam deuses de verdade? Meu povo, no entanto, trocou seu Deus glorioso por ídolos inúteis! 12Os céus se espantam diante disso, ficam horrorizados e abalados”, diz o SENHOR. 13“Pois meu povo cometeu duas maldades: Abandonaram a mim, a fonte de água viva, e cavaram para si cisternas rachadas, que não podem reter água.”
Para aquela mulher conseguir se saciar com Deus ela precisaria, primeiro, abandonar seus ídolos e pecados, precisaria parar de buscar saciedade noutras fontes, precisaria voltar-se para Deus com arrependimento e fé. Por isso Jesus é tão direto: “Vá buscar seu marido”;“Não tem como você chegar para a fonte de água viva se você continuar praticando o mal e escondendo de todos o seu pecado”; Jesus, aliás, já havia dito o seguinte (Jo 3.20): “Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima dela, pois teme que seus pecados sejam expostos” — em outras palavras: “Mulher, não tem como você matar sua sede enquanto você continuar bebendo na fonte escondida do pecado! Traga seu marido! Vamos consertar essa história!”.
“O caminho mais rápido para o coração é através de uma ferida”, disse John Piper. Jesus identificou a ferida do pecado e por lá entrou para atingir o coração da mulher. O que ela fez? Esquivou-se. Tomou a estrada de um debate teológico, revelou seu outro ídolo: a tradição de seus pais.
16“Vá buscar seu marido”, disse Jesus. 17“Não tenho marido”, respondeu a mulher. Jesus disse: “É verdade. Você não tem marido, 18pois teve cinco maridos e não é casada com o homem com quem vive agora. Certamente você disse a verdade”. 19“O senhor deve ser profeta”, disse a mulher. 20“Então diga-me: por que os judeus insistem que Jerusalém é o único lugar de adoração, enquanto nós, os samaritanos [seguindo a tradição de nossos pais — vv. 11-12], afirmamos que é aqui, no monte Gerizim, onde nossos antepassados [pais] adoraram?”
Sobre este diálogo, John Piper escreveu que “um animal preso na armadilha arranca a própria perna para escapar; um pecador apanhado no pecado mutila a própria mente e rasga as regras da lógica” [para não ser confrontado], e continua:
— “Sim, é claro, falando do meu adultério, mas qual é sua opinião sobre o lugar onde as pessoas devem adorar?” — Isso é conversa evasiva, dupla, própria de pecadores apanhados em flagrante.
A mulher não queria falar de adoração. Ela estava em fuga. “Só que”, como disse John Piper, “do Grande Caçador de almas não é fácil se livrar […] ele não hesita em seguir a caça para o mato”. Já que a mulher insistia em falar de adoração, mesmo que para fugir do assunto do pecado, o Senhor segue a trilha do diálogo e começa a falar de adoração. Interessante que ele nunca mais volta a falar sobre o marido dela! Por quê?
O Senhor já havia conseguido penetrar onde desejava: no coração da mulher samaritana. O homem era o ídolo dela; era um deus no coração dela; e ao falar de adoração, o Senhor conseguiu permanecer no âmbito do coração. Ela tentou fugir, mas o Senhor conseguiu fisgá-la. O Senhor, então, passou a ensinar sobre a verdadeira adoração.
A verdadeira adoração
Para fugir do confronto, a mulher tentou abordar o tema da adoração pela perspectiva errada: Onde adorar, neste ou naquele lugar?Jesus, porém, revela que para a verdadeira adoração o mais importante não é onde, mas a quemadorar e comoadorar. Para a verdadeira adoração são mais importantes: o conteúdoda adoração, o coraçãodo adorador e as característicasda adoração. Vejamos um de cada vez…
1. O conteúdo da adoração
Jesus sabia que a mulher estava fugindo pela tangente; ele reconheceu a esperteza:
19“O senhor deve ser profeta”, disse a mulher. 20“Então diga-me: por que os judeus insistem que Jerusalém é o único lugar de adoração, enquanto nós, os samaritanos, afirmamos que é aqui, no monte Gerizim, onde nossos antepassados [pais] adoraram?”
Ele sabia que, escorando-se na religião, na religiosidade, na tradição de seus “pais espirituais” (v. 20) ela estava usando o tema da adoração para debater, para discutir, para se desviar do foco principal e assim esconder seu coração. Muita gente ainda faz o mesmo:
Nada disso, porém, poderia estar mais longe da verdade cristãs. Todas essas coisas, quando levadas a extremos, tornam-se características de cultos pagãos: lugares, formas, atmosfera, sacrifício, etc. Por isso que Jesus traz a conversa sobre adoração para o que realmente importa; primeiro, o conteúdo da adoração:
21Jesus respondeu: “Creia em mim, mulher, está chegando a hora em que já não importará se você adora o Pai neste monte ou em Jerusalém. 22Vocês, samaritanos, sabem muito pouco a respeito daquele a quem adoram. Nós adoramos com conhecimento, pois a salvação vem por meio dos judeus.
Em outras palavras: importante para a verdadeira adoração não é ondese adora, mas a quemse adora; o Pai é quem se deve adorar. Não se deve focar na tradição nem conforme a tradição de seus pais; isso não é o mais importante; o Paié o mais importante. Que Pai?
Primeiro, adora-se o Pai que a si mesmo se revela em toda a extensão da Bíblia(revelação progressiva), não apenas em trechos selecionados conforme o gosto (samaritanos só aceitavam o Pentateuco: Gn, Êx, Lv, Nm e Dt). Dessa forma seletiva não é possível que alguém conheça verdadeiramente a Deus. Adora-se o Pai com conhecimento quem estuda a Bíblia de capa a capa. Daí a importância que damos à exposição bíblica nos cultos.
Segundo, adora-se o Pai do Filho Jesus Cristo, o Pai do Messias esperado pelos judeus(é isso que Jesus quis dizer com a expressão:“a salvação vem por meio dos Judeus”; o Senhor estava falando da esperança messiânica de Israel que se cumpriu em Cristo, o Filho eterno de Deus, da linhagem de Abraão e Davi). A verdadeira adoração, portanto, é centrada no Filho, em Cristo, não no diabo, não em bençãos, sinais ou maravilhas. A verdadeira adoração é cristocêntrica.
Terceiro, adora-se o Pai que é Deus e é Espirito — “Pois Deus é Espírito” (v. 24); ou seja: o Pai que é onipresente(não está apenas num lugar de adoração), onipotente(doador de vida e sustentador de todas as coisas), invisível(desconhecido para os seres humanos a menos que ele decida se revelar; e ele se revelou no Filho — Jo 1.18) e imortal(eterno, de geração a geração e de eternidade a eternidade sendo Deus).
A adoração verdadeira, portanto, se preocupa principalmente com o conteúdo. Não é:Onde eu estou adorando?Mas: Quem eu estou adorando?O objeto de minha adoração terá de ser sempre o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, conforme nos foi revelado de Gênesis ao Apocalipse; o Pai que é Espírito (pois não se fixa em lugares ou tradições, mas é, antes, criador e sustentador de todas as coisas) e a nós se revelou no Filho (Jo 1.18).
As distorções que hoje vemos em termos de adoração são todas resultado do desconhecimento desse Deus; da mesma forma que ocorreu com a adoração distorcida dos samaritanos. Por quê? Onde estava o erro deles? Eles não conheciam a Deus. Faltava-lhes a Bíblia. Faltava-lhes Cristo. Faltava-lhes a iluminação do Espírito.
Esse mal não era apenas privilégio dos samaritanos. Muitos judeus, que carregavam a Bíblia debaixo do braço, padeciam da mesma enfermidade da falsa adoração. Por quê? Faltava-lhes o conhecimento de Deus revelado nas Escrituras (Mt 22.29): “O erro de vocês está em não conhecerem as Escrituras nem o poder de Deus”.
Quer consertar a sua adoração? Concentre-se em Deus. Olhe para Cristo; estude as Escrituras; clame pela iluminação do Espírito Santo.
2. O coração do adorador
Impressionante como nós reduzimos o tema da adoração à formas e estilos. O foco de Jesus, porém, sempre foi o coração (Mt 15.8-9):
8‘Este povo me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim. 9Sua adoração é uma farsa, pois ensinam ideias humanas [preceitos humanos; tradições humanas] como se fossem mandamentos divinos’”.
Esses são os adoradores que Deus busca — os que adoram a Deus de coração. E por que Deus os busca? Por que há muitos que não são verdadeiros adoradores — eles honram com os lábios, mas o coração está longe de Deus. É com o coração que nós devemosadorar; “Pois Deus é Espírito, e é necessário que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”(Jo 4.24). Mas o que é adorar de coração? John Piper explica:
A atuação do coração na adoração é o despertar de sentimentos, emoções e afetos do coração. Lá onde os sentimentos por Deus estão mortos, a adoração está morta.
Em seu livro Afeiçoes Religiosas, Jonathan Edwards explica que Deus nos criou com duas capacidades principais: perceber ou especular, ou discernir e julgar as coisas; esta capacidade é chamada de entendimento; a outra capacidade é a de sentir ou de se envolver emocionalmente, gostando ou desgostando, aprovando ou desaprovando; esta capacidade é chamada de inclinação, vontade ou coração.
Adoração verdadeira, portanto, envolve o coração do adorador; ele não apenas conhece, percebe ou discerne; ele sente, ama, deseja, gosta, quer Deus e mais de Deus. Isso nos leva à última consideração.
3. As características da adoração
A verdadeira adoração é caracterizada da seguinte maneira (Jo 4.23-24):
23Mas está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. O Pai procura pessoas que o adorem desse modo. 24Pois Deus é Espírito, e é necessário que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”.
As palavras “espírito” e “verdade”, informa-nos John Piper, “correspondem ao como [em espírito] e a quem [em verdade] na adoração”. A adoraçãotem de ter coração(em espírito) e cabeça(em verdade). Verdade sem emoçãoproduz ortodoxia morta e uma igreja cheia de gente que canta com lábios, mas sem coração. Por outro lado, emoção ser verdadeproduz agitação vazia e cultiva pessoas superficiais, agitadas pelos ventos de doutrinas e oscilações emocionais, escravas de falsos profetas e de suas emoções bipolares. Piper diz:
A verdadeira adoração, porém, vem de pessoas com emoções profundas, grande amor e doutrina sadia. Afeiçoes fortes por Deus, arraigadas na verdade, são os ossos e medula da adoração bíblica.
John Piper ilustra dizendo que o combustívelda verdadeira adoração é a verdade(a revelação de Deus em Cristo nas Escrituras) e a fornalhada verdadeira adoração é o espíritohumano (o coração, as afeições, as emoções do crente). O calorproduzidos nesta ou por esta adoração verdadeira são reverência, regozijo, esperança, amor, etc.
Mas de onde vem o fogoque incendeia o combustível(verdade) dessa fornalha(espírito) que produz todo esse calorespiritual? O fogo é o Espírito. É o Espírito Santo que “dá à luz vida espiritual”— “O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito”(Jo 3.6). John Piper escreve:
Em outras palavras, enquanto o Espírito Santo não avivar nosso espírito com a chama da vida, nosso espírito está tão morto e sem reação que nem mesmo merece ser chamado espírito. Somente o que é nascido do Espírito é espírito. Assim, quando Jesus diz que os verdadeiros adoradores adoram o Pai “em espírito”, o sentido tem de ser que a verdadeira adoração vem apenas de espíritos vivificados e sensibilizados pelo Espírito de Deus.
Agora podemos completar nossa figura. O combustível da adoração é uma visão correta da grandeza de Deus [a verdade]; o fogo que faz o combustível queimar com calor extremo é o avivamento do Espírito Santo; a fornalha acesa e aquecida pela chama da verdade é nosso espírito renovado; e o consequente calor da nossa afeição é a adoração poderosa, que abre caminho por meio de confissões, anseios, aclamações, lágrimas, cânticos, exclamações, cabeças curvadas, mãos erguidas e vidas obedientes.
A verdadeira adoração
No fim das contas, o lugar e a forma não são a questão mais importante na adoração. Esses temas podem, aliás, desviar a questão do foco principal que é o coração do adorador saciado e satisfeito em Deus. Verdadeiros adoradores são produzidos pelo Espírito de Deus; eles buscam conhecer a Deus em Cristo, conforme a relevação da Bíblia e clamam por fé, suplicam por iluminação espiritual para compreenderem e viverem o texto sagrado, dedicam-se em adorar em espírito e em verdade.
De forma prática, cinco dicas:
Seja você um verdadeiro adorador. Deus busca verdadeiros adoradores, homens e mulheres que o adorem em espírito (coração ardente por Deus) e em verdade (cabeça cheia do conhecimento de Deus revelado nas Escrituras).
S.D.G. L.B.Peixoto
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