22.04.2018
ÁGUA VIVA PARA A ALMA SEDENTA
João 4.1-42
1Jesus sabia que os fariseus tinham ouvido dizer que ele batizava e fazia mais discípulos que João, 2embora Jesus mesmo não os batizasse, e sim seus discípulos. 3Assim, deixou a Judeia e voltou para a Galileia. 4No caminho, teve de passar por Samaria. 5Chegou ao povoado samaritano de Sicar, perto do campo que Jacó tinha dado a seu filho José. 6O poço de Jacó ficava ali, e Jesus, cansado da longa caminhada, sentou-se junto ao poço, por volta do meio-dia. 7Pouco depois, uma mulher samaritana veio tirar água, e Jesus lhe disse: “Por favor, dê-me um pouco de água para beber”. 8Naquele momento, seus discípulos tinham ido ao povoado comprar comida. 9A mulher ficou surpresa, pois os judeus se recusam a ter qualquer contato com os samaritanos. “Você é judeu, e eu sou uma mulher samaritana”, disse ela a Jesus. “Como é que me pede água para beber?” 10Jesus respondeu: “Se ao menos você soubesse que presente Deus tem para você e com quem está falando, você me pediria e eu lhe daria água viva”. 11“Mas você não tem corda nem balde, e o poço é muito fundo”, disse ela. “De onde tiraria essa água viva? 12Além do mais, você se considera mais importante que nosso antepassado Jacó, que nos deu este poço? Como pode oferecer água melhor que esta que Jacó, seus filhos e seus animais bebiam?” 13Jesus respondeu: “Quem bebe desta água logo terá sede outra vez, 14mas quem bebe da água que eu dou nunca mais terá sede. Ela se torna uma fonte que brota dentro dele e lhe dá a vida eterna”. 15“Por favor, senhor, dê-me dessa água!”, disse a mulher. “Assim eu nunca mais terei sede nem precisarei vir aqui para tirar água.” 16“Vá buscar seu marido”, disse Jesus. 17“Não tenho marido”, respondeu a mulher. Jesus disse: “É verdade. Você não tem marido, 18pois teve cinco maridos e não é casada com o homem com quem vive agora. Certamente você disse a verdade”.19“O senhor deve ser profeta”, disse a mulher. 20“Então diga-me: por que os judeus insistem que Jerusalém é o único lugar de adoração, enquanto nós, os samaritanos, afirmamos que é aqui, no monte Gerizim, onde nossos antepassados adoraram?” 21Jesus respondeu: “Creia em mim, mulher, está chegando a hora em que já não importará se você adora o Pai neste monte ou em Jerusalém. 22Vocês, samaritanos, sabem muito pouco a respeito daquele a quem adoram. Nós adoramos com conhecimento, pois a salvação vem por meio dos judeus.23Mas está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. O Pai procura pessoas que o adorem desse modo. 24Pois Deus é Espírito, e é necessário que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”. 25A mulher disse: “Eu sei que o Messias (aquele que é chamado Cristo) virá. Quando vier, ele nos explicará tudo”. 26Então Jesus lhe disse: “Sou eu, o que fala com você!”. [paremos aqui]
Morte por desidratação
Desde criança nós aprendemos sobre a necessidade de se beber água, pois água é ótimo para a saúde. É verdade. Sem água, o corpo humano, que é composto por cerca de 60% do líquido da vida, torna-se caótico, entra em pane e vai à óbito.
A morte por desidratação é considerada um dos piores tipos de morte. A grosso modo: as células se encolhem; o cérebro se torna incapaz de sustentar a função corporal; os rins param de funcionar; toxinas começam a circular pelo sangue em níveis crescentes, causando infecção generalizada (septicemia); câimbras musculares dolorosíssimas atacam o corpo, além de confusão mental, delírio e dores de cabeça; o nível de sangue vai caindo e um a um os órgãos vão morrendo.
Na medida em que a desidratação vai se agravando, sintomas horríveis começam a aparecer, dentre os quais: sede intensa, convulsões, hipertermia ou elevação da temperatura corporal, queda de pressão, perda de consciência, choque, respiração rápida, pele fria e a morte. Esse processo doloroso pode durar de horas a semanas.
A falta de água para o corpo é tão grave que se uma pessoa estiver ilhada em algum lugar sem água e sem comida ela morrerá de sede, antes de morrer de fome. A mesma coisa é verdadeira para a alma humana. Sem água, sem água viva, a alma se atrofia em dores agonizantes até a morte; ou seja, a alma humana também morre por desidratação.
A alma sedenta
A mulher samaritana é um caso de alma em processo de desidratação. Note o verso 15 do texto que lemos; lá, ela suplicou por água a Jesus, revelando aparente desespero: “Por favor, senhor, dê-me dessa água!” […] “Assim eu nunca mais terei sede nem precisarei vir aqui para tirar água.”. Essa mulher estava sedenta e exausta. A desidratação da alma dela tinha como causa pelo menos dois fatores: exposição prolongada ao “calor” dos problemasda vida e ingestão de “líquidos” que produzem efeitos desidratantes.
Assim como a desidratação do corpo humano pode ter como causa a exposição ao sole o consumo de substânciasque não são de jeito nenhum substitutos para a água (pois além de desidratar, roubam vitaminas essenciais do corpo), a alma humana também se desidrata quandoexposta, por tempo prolongado, às altas temperaturas dos problemas da vida e ao ingerirgrandes quantidades de líquidos desidratantes. A combinação desses dois fatores (solde problemas e substitutospara a água viva) deixam o quadro da pessoa ainda mais agravado. Observe a mulher samaritana, veja o sol de problemasque brilhava sobre ela e os líquidos desidratastesque ela consumia no lugar da água viva.
Sol de problemas
A leitura cuidadosa desse texto nos revelará o quanto aquela mulher sofria sob um sol de problemas. Vejamos pelo menos cinco deles: o problema cultural, o preconceito racial, a perseguição social, as perdas emocionais e o peso da rotina de trabalho.
1. O problema cultural
A samaritana era uma mulher! Ser mulher era um problemão naquela cultura. Para se ter uma ideia, os rabinos mais ortodoxos proibiam seus pares de ao menos saudar uma mulher em público. De fato, um rabino não poderia nem conversar com sua própria esposa, filha ou irmã em público. Ser flagrado conversando com uma mulher em público seria o fim de sua reputação e carreira.
Havia, inclusive, alguns fariseus que chegavam a fechar os olhos quando viam uma mulher caminhando em sua direção e, por isso, corriam para o outro lado da rua ou para dentro do primeiro estabelecimento que estivesse aberto. Não é de se espantar, portanto, a informação que recebemos de João (v. 9): “A mulher ficou surpresa, pois os judeus se recusam a ter qualquer contato com os samaritanos. ‘Você é judeu, e eu sou uma mulhersamaritana’, disse ela a Jesus. ‘Como é que me pede água para beber?’”. Ela sofria com o problema cultural. Seu coração estava rancoroso.
2. O preconceito racial
Além de ser mulher, a samaritanamorava em Sicar(v. 15). Conforme nos informa John Gill, um dos antecessores de Charles H. Spurgeon na igreja em Londres, Sicarera um termo de repreensão, pois significava “bêbado de Siquém”. Sobre eles, Isaías declarou:
Isaías 28.1 (NVT) | Que aflição espera a orgulhosa cidade de Samaria, a coroa gloriosa dos bêbados de Israel! Fica na parte alta de um vale fértil, mas sua beleza gloriosa murchará como uma flor. Ela é o orgulho de um povo que o vinho derrubou.
De fato, ao mandar seus discípulos irem comprar comida em Sicar (vv. 8 e 27), Jesus estava cometendo um sacrilégio; afinal, os judeus consideravam imunda a comida dos samaritanos — por exemplo: para os rabinos, o pão dos samaritanos era tido como impuro tanto quanto a carne de porco. No livro apócrifo intitulado Eclesiástico, lemos o seguinte (50.24-26):
Há duas nações que minha alma detesta e uma terceira que nem sequer é nação: os habitantes da montanha de Sair (os edomitas), os filisteus e o povo estúpido que habita em Siquém (os samaritanos).
A mulher samaritana sofria com o problema racial. Seu coração estava irado.
3. A perseguição social
Além de ser mulhere samaritana, ela tinha uma vida moral reprovadapela lei, pois lemos que a mesma já tinha tido cinco maridos e agora vivia com um amante(vv. 16-18). Era tão desprezada e, provavelmente, perseguida e mal-falada que, quando ia ao poço para buscar água, realizando uma das tarefas mais ordinárias da vida daquele cotidiano feminino, ela o fazia na pior hora do dia, a hora mais quente, pois certamente não haveria mais ninguém no poço “por volta do meio-dia”(v. 6). A mulher samaritana sofria com a perseguição social. Seu coração estava amargurado.
4. As perdas emocionais
Já vimos que a samaritana tivera cinco maridos e agora vivia com um sexto homem. Por quê? O que aconteceu com os demais? Morreram? Abandonaram-na por outras? Não sabemos. De toda forma, seja luto ou abandono, a dor de ter que caminhar sozinha, recomeçar, reconstruir e refazer tudo de novo e de novo e de novo (5 vezes de novo!) drenou todas as suas forças emocionais. De fato, agora, naquele momento de sua vida, ela sentia como se não tivesse ninguém. Você ouviu a resposta que ela deu a Jesus?
16“Vá buscar seu marido”, disse Jesus. 17“Não tenho marido”, respondeu a mulher. Jesus disse: “É verdade. Você não tem marido, 18pois teve cinco maridos e não é casada com o homem com quem vive agora. Certamente você disse a verdade”.
Perdas e culpa roubavam toda a vitalidade emocional daquela mulher. Era tanto que, o homem com quem ela vivia, ela nem o sentia como sendo seu de verdade. Seu coração estava secando, desidratando-se para a morte.
5. O peso da rotina de trabalho
Somava-se a tudo isso (ao problema cultural, ao preconceito racial, à perseguição social e às perdas emocionais) o peso da rotina de trabalho. Aquela mulher não tinha tempo nem para chorar em paz. Trabalhava e trabalhava duro. Trabalhava sob o sol escaldante do meio-dia (v. 6). De tão cansada, ela queria desesperadamente a água oferecida por Jesus para nunca mais ter que voltar ao poço (v. 15). A mulher samaritana sofria sob o peso da rotina de trabalho. Seu coração estava fadigado.
Líquidos desidratantes
Assim como o corpo, a alma sente sede naturalmente. Precisa de água para sobreviver. Precisa de água ainda mais quando se expõe ao sol escaldante dos problemas da vida. Não era diferente com a mulher samaritana. Ela buscava matar sua sede, mas ela bebia de líquidos que, em vez de hidratá-la e saciá-la, desidratava ainda mais a sua alma. Ela bebia de uma religiosidade sem conteúdo, de um relacionamento sem compromissoe de realização (tarefa) sem compensação.
1. Religiosidade sem conteúdo
A mulher samaritana conhecia tanto a tradição religiosa dos judeus como a de seu povo e família: os samaritanos. Observem as palavras da mulher, logo após ter sido confrontada por Jesus a respeito de seu marido (Jo 4.19-20):
19“O senhor deve ser profeta”, disse a mulher. 20“Então diga-me: por que os judeus insistem que Jerusalém é o único lugar de adoração, enquanto nós, os samaritanos, afirmamos que é aqui, no monte Gerizim, onde nossos antepassados adoraram?”
Lá no fundo existia a preocupação religiosa, o zelo pela religião, a busca pela espiritualidade. Sicar, afinal, era um local com muitas memórias, tanto para judeus como samaritanos. Próximo dali ficavam as terras que Jacó comprou e onde o patriarca construiu um altar para adorar Iahweh (Gn 33.18-20); por ali também ficava o local onde José foi enterrado ao sair do Egito (Js 24.32).
Sicar era, realmente, um lugar de muitas histórias, além de ficar próximo ao monte Gerizim, “lugar santo” criado pelos samaritanos para concorrer com os judeus em Jerusalém. No monte Gerizim, os Samaritanos construíramum templo como o templo de Jerusalém; ensinavamque foi para lá, naquele monte em Gerizim, que Abraão levou Isaque para ser sacrificado; também ensinavamque foi lá em Gerizim que Melquisedeque apareceu a Abraão; ensinavam, ainda, que lá em Gerizim Moisés construiu um altar para sacrifícios ao Senhor pelos pecados do povo, quando fossem entrar na terra prometida — apesar de a própria palavra de Deus dizer que o lugar fora o monte Ebal (Dt 27.4).
Era tudo mentira. Os samaritanos, na verdade, distorciam as Escrituras e criavam mitos para justificarem suas práticas religiosas no monte Gerizim. De fato, rabinos judeus sempre acusaram os samaritanos de supersticiosos (para não dizer mentirosos), como se pode realmente verificar.
O ser humano nasceu para adorar, e se ele não adora o Deus único e verdadeiro, ele sempre criará mecanismos para adorar a outro deus ou alguma coisa. A alma sedenta sempre buscará uma forma de saciar sua sede, mesmo que seja no líquido desidratante da religiosidade sem conteúdo, mística, mentirosa ou conveniente.
Para se ter uma ideia, é sabido que os samaritanos só reconheciam o Pentateuco como inspirado ou sagrado (i.e., os cinco livros de Moisés: Gênesis, Êxodo, Levítico, Númerose Deuteronômio). Ignoravam por completo os livros poéticos, históricos e proféticos. A crise era tanta e tão declarada que a samaritana demonstrou conhecer o conflito religioso que existia entre as tradições judaica e samaritana. Você percebeu? Ela disse: “Então diga-me: por que os judeus insistem que Jerusalém é o único lugar de adoração, enquanto nós, os samaritanos, afirmamos que é aqui, no monte Gerizim, onde nossos antepassados adoraram?”(v. 20).
Em outras palavras, ela sabia onde ficava a “igreja” da família (“no monte Gerizim”— v. 20); ela, inclusive acreditava na vinda do Messias (v. 25), mas nada daquilo servia para saciá-la, pois faltava-lhe espírito(novo nascimento) e faltava-lhe verdade(conteúdo bíblico) — vv. 23-24, faltava-lhe, portanto, fé genuína— fé que nasce da Palavra pelo Espírito.
Religiosidade sem conteúdo, tradição religiosa sem fundamentação bíblica e calcada em superstições era um líquido que desidratava a alma da mulher samaritana. E pode estar desidratando a sua alma também. Qual o conteúdo da sua fé? Cristo ou o quê?
2. Relacionamento sem compromisso
Outro líquido tomado em grande quantidade pela mulher samaritana, e que desidratava a sua alma, era o relacionamento sem compromisso. Observem (Jo 4.13-18):
13Jesus respondeu: “Quem bebe desta água logo terá sede outra vez, 14mas quem bebe da água que eu dou nunca mais terá sede. Ela se torna uma fonte que brota dentro dele e lhe dá a vida eterna”. 15“Por favor, senhor, dê-me dessa água!”, disse a mulher. “Assim eu nunca mais terei sede nem precisarei vir aqui para tirar água.” 16“Vá buscar seu marido”, disse Jesus. 17“Não tenho marido”, respondeu a mulher. Jesus disse: “É verdade. Você não tem marido, 18pois teve cinco maridos e não é casada com o homem com quem vive agora. Certamente você disse a verdade”.
Fica muito claro que Jesus denunciava o líquido desidratante daquele relacionamento sem compromisso; tanto que, ao pedir para beber da água viva, a mulher samaritana ouviu Jesus dizer a ela: “pare de beber desse líquido que te desidrata: traga aqui seu marido que não é seu marido”. Em outras palavras: confesse o pecado de buscar nos braços de homens o carinho, o prazer, a companhia e o cuidado que somente Cristo pode dar.
Relacionamento sem compromisso; sexo sem aliança, pacto ou casamento; companhia apenas para não ter que ficar sozinha ou medo de solidão era um líquido que desidratava a alma da mulher samaritana. E pode estar desidratando a sua alma também.
3. Realização (tarefa) sem compensação
A mulher samaritano bebia de uma religiosidade sem conteúdo, de um relacionamento sem compromissoe também de uma realização (tarefa) sem compensação. Ouçam (Jo 4.10-15):
10Jesus respondeu: “Se ao menos você soubesse que presente Deus tem para você e com quem está falando, você me pediria e eu lhe daria água viva”. 11“Mas você não tem corda nem balde, e o poço é muito fundo”, disse ela. “De onde tiraria essa água viva? 12Além do mais, você se considera mais importante que nosso antepassado Jacó, que nos deu este poço? Como pode oferecer água melhor que esta que Jacó, seus filhos e seus animais bebiam?” 13Jesus respondeu: “Quem bebe desta água logo terá sede outra vez, 14mas quem bebe da água que eu dou nunca mais terá sede. Ela se torna uma fonte que brota dentro dele e lhe dá a vida eterna”. 15“Por favor, senhor, dê-me dessa água!”, disse a mulher. “Assim eu nunca mais terei sede nem precisarei vir aqui para tirar água.”
A mulher samaritana trabalhava duro, debaixo de sol quente todos dias, para tirar água com corda e balde de um poço fundo (fora as outras tantas rotinas da casa). Não é à toa, portanto, que ela pediu da água que mataria a sede para sempre e assim ela não precisaria mais realizar aquelas tarefas todas sem qualquer compensação.
Quanta gente assim como essa mulher: sedenta, buscando matar a sede na religiãosem conteúdo(carregada de tradicionalismo e de misticismo); buscando matar a sede em relacionamentossem compromisso(sexo, passeios pelo mundo, baladas e noitadas, passeios em shoppings, cineminha, gargalhadas e nada mais); buscando matar a sede em realizações sem compensação(trabalham, trabalham e trabalham, sem o menor sentido de realização, apenas para terem com o que pagar as contas e com o que gastar nos prazeres de líquidos desidratantes). Gente assim está morrendo de desidratação e ainda não se apercebeu que a alma agonizante está pedindo pela água viva: Jesus Cristo. É o seu caso?
O estado da alma sedenta
Vimoso sol escaldante dos problemas que desidratavam a alma da samaritana (problema cultural, preconceito racial, perseguição social, perdas emocionais e o peso da rotina de trabalho); analisamosos líquidos desidratantes que ela tomava (religião, relacionamentos e realizações ou tarefas); agora, antes de aprendermos como Jesus matou a sede daquela mulher (o que faremos na próxima vez que abrirmos João, Deus permitindo), avaliemoso estado da alma sedenta da samaritana. Nós descobriremos que, no fundo, no fundo, aquela mulher era descrente, faltava-lhe fé genuína (Jo 4.10-12):
10Jesus respondeu: “Se ao menos você soubesse que presente Deus tem para você e com quem está falando, você me pediria e eu lhe daria água viva”. 11“Mas você não tem corda nem balde, e o poço é muito fundo”, disse ela. “De onde tiraria essa água viva? 12Além do mais, você se considera mais importante que nosso antepassado Jacó, que nos deu este poço? Como pode oferecer água melhor que esta que Jacó, seus filhos e seus animais bebiam?”
Jesus afirma à mulher que ele era capaz de dar a ela água viva (vs. 10); ou seja, ele era capaz de tirá-la daquela vida dura de servidão (servidão ao pecado, servidão à uma vida sem propósito, servidão aos seus medos ou temores). Jesus estava falando de vida eterna. De fato, o Senhor falava de algo que os profetas haviam profetizado: “Vós, com alegria, tirareis água das fontes de salvação”(Is 12.3); “Porque derramarei água sobre o sedento”(Is 44.3); “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas;”(Is 55.1); “Naquele dia, haverá uma fonte aberta para a casa de Davi e para os habitantes de Jerusalém, para remover o pecado e a impureza”(Zc 13.1); “Naquele dia, também sucederá que correrão de Jerusalém águas vivas,”(Zc14.8). Só que…
Por não conhecer as Escrituras, a mulher samaritana tinha uma visão limitada da vida. Ela achava que Jesus falava do poço d’água. Ela não conseguia enxergar para além dos problemas. Ela era incrédula. Observem só a resposta dela:
O senhor não tem condições de me ajudar:“Mas você não tem corda nem balde”(v.11). Naquele tempo, quando se saía em viagem, carregava-se balde de couro de bodes ou de carneiros e também corda. Esses eram os instrumentos dos quais se utilizavam os viajantes para tirarem água de poços que, porventura, viessem a encontrar pelo caminho. Uma vez tirada a água, eles a colocavam em cantis também de couro de carneiros ou de bodes. A mulher, então, olha e não vê nem balde nem corda com Jesus, e diz: “Como é que o senhor poderá me ajudar? O senhor não está preparado o suficiente para a tarefa!”. Ela não vê Cristo; ela vê meios, métodos ou instrumentos; sua visão é materialista.
A situação é mais complicada do que o senhor pensa:“e o poço é muito fundo”(v. 11). Diz-se que aquele poço possuía aproximadamente 30.5 metros de profundidade. Não era, portanto, uma fonte de água mineral onde bastava que se abaixasse e bebesse com as mãos. Era um poço profundo o bastante para conseguir armazenar o máximo de água possível, já que o mesmo se alimentava da água da chuva. Quando chovia, o poço quase transbordava; porém, com a escassez da chuva, ele ia se esvaziando até secar. A mulher, então, olha e diz: “A situação é complicada, meu senhor; o poço está muito fundo, a água esta quase acabando!”. “De onde tiraria essa água viva?”(v. 11). Ela não vê Cristo, mas tamanho de problema; sua visão é limitada ou pessimista.
O senhor não é a pessoa mais indicada para me ajudar:“Além do mais, você se considera mais importante que nosso antepassado Jacó, que nos deu este poço?” (v. 12). Em outras palavras, ela estava dizendo: “Nosso pai Jacó veio aqui, teve que cavar o poço para ajuntar água para sua família e seu gado; agora o senhor me diz que é capaz de me dar água fresca! Isso seria dizer que o senhor é mais sábio e mais poderoso que Jacó. Isso é impossível! Somente Jacó ou outro do nível dele seria capaz de tirar daqui essa água. Aliás, por esses anos todos, ninguém conseguiu melhorar o que Jacó nos deixou. Está mais do que provado que somente Jacó ou outro do nível dele poderia fazer alguma coisa.”. Ela não vê Cristo, mas tradição religiosa, outro mediador entre Deus e os homens — Jacó, não Jesus; sua visão é incrédula.
Assim é o estado da alma sedenta:incrédula; só vê problemas(só enxerga as dificuldades; não vê para além delas), só acredita em métodos e instrumentos(tem fé somente em especialistas, na ciência, em receitas médicas, nos segredos do sucesso de pessoas bem-sucedidas); só confia em tradições e outros mediadores(só confia na religião). A alma sedenta não é capaz de ver e crer somenteem Cristo Jesus.
Água viva para a alma sedenta
Sobre a forma como Jesus matou a sede desta mulher (“O método de Jesus”), Deus permitindo, estudaremos noutra ocasião. Por ora, concluiremos demonstrando como alguém pode saciar a alma sedenta com Cristo, a água viva. Há três estágios nesta busca pela hidratação da alma sedenta:
1. Reconheça a necessidade da alma que precisa ser saciada
13Jesus respondeu: “Quem bebe desta água [religião, relacionamentos, realizações] logo terá sede outra vez, 14mas quem bebe da água que eu dou nunca mais terá sede. Ela se torna uma fonte que brota dentro dele e lhe dá a vida eterna”. 15“Por favor, senhor, dê-me dessa água!”, disse a mulher. “Assim eu nunca mais terei sede nem precisarei vir aqui para tirar água.”
Assim como o corpo humano precisa de ar, luz,alimentoe águapara viver, a alma humana também precisa desses elementos espirituais: o Espírito Santoque sopra vida espiritual e nos faz nascer de novo (Jo 3.8); a luz da vida, que é Cristo e, pela sua presença e palavra, a todos ilumina com sabedoria, pureza moral e propósito de vida (Jo 1.4-5); o pão da vidaque é Cristo, saciando-nos e mantendo-nos vivos (Jo 6.48-51); e a água viva que mata a sede da alma, enchendo-nos com a esperança da vida eterna (Jo 4.14; 7.37-38).
A alma precisa ser saciada ou satisfeita. Reconheça a necessidade da alma que precisa ser saciada. Somente Cristo poderá matar a sua sede.
2. Mate a sede bebendo de Cristo na Palavra
A leitura da narrativa sobre a mulher samaritana (Jo 4.1-42) nos revela que na medida em que ela foi sendo instruída por Jesus, gradativamente ela foi aprendendo sobre a identidade de Jesus, a água viva. Primeiro, ela o chamou de judeu(v. 9); depois, ele começa a parecer alguém maior do que Jacó(v. 12); a seguir, ele é um profeta(v. 19); e, finalmente, o Messiaschamado Cristo (v. 29).
Conversando com a mulher, Jesus confrontou o pecado dela, ensinou-a sobre a verdadeira adoração, denunciou seus líquidos desidratantes e, finalmente, apresentou-se como o Messias (v. 26). Na palavra com oração é que nós matamos a sede bebendo de Jesus Cristo. Portanto, valorize e desfrute o ministério de ensino da igreja (Púlpito, EBD, PGMs, RDs, Departamentos etc.); separe e cultive tempo a sós com Deus diariamente: leia a Bíblia e ore; mate a sede da alma bebendo de Cristo na Palavra.
3. Alma satisfeita em Cristo (pela fé) transforma a vida
A mulher samaritana creu em Cristo (vv. 26 e 29); ela nasceu de novo pelo Espírito. Depois disso ela não foi mais a mesma pessoa. Os resultados práticos na vida dela são surpreendentes: ela deixou para trazaquilo com o que se ocupava tanto na tentativa de matar a sede da alma: seu cântaro (v. 28); ela passou a falar de Jesus para todo mundo, sem qualquer constrangimento público (v. 29); e ela viveu para ver pessoas sendo transformadaspor causa do evangelho no qual ela creu e o qual ela passou a comunicar (vv. 39-42). Observe:
João 4.28-30 e 39-42 (NVT) |28A mulher deixou sua vasilha de água junto ao poço e correu de volta para o povoado, dizendo a todos: 29“Venham ver um homem que me disse tudo que eu já fiz na vida! Será que não é ele o Cristo?”. 30Então as pessoas saíram do povoado para vê-lo. […] 39Muitos samaritanos do povoado creram em Jesus por causa daquilo que a mulher relatou: “Ele me disse tudo que eu já fiz!”. 40Quando saíram para vê-lo, insistiram que ficasse no povoado. Jesus permaneceu ali dois dias, 41e muitos outros ouviram sua palavra e creram. 42Então disseram à mulher: “Agora cremos, não apenas por causa do que você nos contou, mas porque nós mesmos o ouvimos. Agora sabemos que ele é, de fato, o Salvador do mundo”.
Alma satisfeita em Jesus, alma salva em Cristo, vê a sua vida ser transformada pelo poder do evangelho e vive para ver a vida de outras pessoas sendo transformadas por causa do seu testemunho de vida e com as palavras do evangelho.
Você tem sede de quê? Amor, sucesso, prazer, espiritualidade… sede de quê? Nada disso saciará sua sede. Você voltará de novo e de novo para tudo isso com sede ainda maior; até que o poço secará; você, então, irá atrás de outro poço e de outro poço e de outro… até morrer desidratado pelos caminhos da vida.
Sua alma tem sede de Deus, de Cristo Jesus. O pecado nos separou da fonte da vida: a glória de Deus (Rm 2.23). Hoje nós buscamos água em cisternas rachadas, que não se sustentam, mas somente Cristo pode saciar a nossa sede. Ele é a fonte de água viva. Arrependa-se do pecado de buscar noutras fontes a água (prazer) que só Cristo pode dar; creia em Cristo; creia na cruz de Cristo; creia na morte do Cordeiro de Deus que morreu em nosso lugar, pagando pelo nosso pecado, mas ressuscitou para nos dar vida eterna; creia em Cristo e marte a sede da sua alma; sacie-se em Cristo e viva para levar outros à mesma fonte de água viva: Jesus Cristo.
S.D.G. L.B.Peixoto
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