12.03.2017
AS TROMBETAS DO APOCALIPSE
Apocalipse 8 e 9
Ap 8.1-6 | 1 Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu por cerca de meia hora. 2 Vi os sete anjos que estão em pé diante de Deus, e a eles foram dadas sete trombetas. 3 Então veio outro anjo com um incensário de ouro e ficou em pé junto ao altar. Recebeu muito incenso para misturar às orações do povo santo como oferta sobre o altar de ouro diante do trono. 4 A fumaça do incenso, misturada às orações do povo santo, subiu do altar onde o anjo havia derramado o incenso até a presença de Deus. 5 Então o anjo encheu o incensário com fogo do altar e o lançou sobre a terra, e houve trovões, estrondos, relâmpagos e um grande terremoto. 6 Em seguida, os sete anjos com as sete trombetas se prepararam para tocá-las. […]
Ap 9.20-21 | […] 20 Aqueles que não morreram dessas pragas ainda se recusaram a arrepender-se de seus atos perversos. Continuaram a adorar demônios e ídolos feitos de ouro, prata, bronze, pedra e madeira, ídolos que não podem ver, nem ouvir, nem andar. 21 E não se arrependeram de seus assassinatos, sua feitiçaria, sua imoralidade sexual e seus roubos.
Até quando, Senhor, até quando?
Quem nunca sofreu com a demora de Deus? Quem nunca gemeu e nunca murmurou como o salmista: “Até quando, Senhor, até quando?” (NVI – Sl 6.3) ou, conforme encontramos na Nova Versão Transformadora, “Senhor, quando virás me restaurar” (NVT – Sl 6.3)?
Para se ter uma ideia, há, somente nos Salmos, pelo menos 14 manifestações de angústia expressas através da indagação: “Até quando?”. Até quando difamarão a minha honra? (Sl 4.2); até quando eu serei consumido de tanta tristeza? (Sl 6.3); até quando te buscarei e não te encontrarei Senhor? (Sl 13.1); até quando o meu inimigo triunfará sobre mim? (Sl 13.2); até quando ficarás irado comigo? (Sl 79.5); até quando o teu servo deverá esperar? (Sl 119.84); até quando será assim? (Sl 90.13)… “até quando, Senhor, até quando?”
Esta questão – a demora de Deus – tem atormentado o povo de Deus ao longo dos anos.
Não são poucos os que, sem uma resposta de Deus, têm cinicamente abandonado a fé. Aqueles que não encontram uma resposta para suas orações e não têm coragem de fugir, vivem em estado deplorável, dentro de um cristianismo nominal, em total abatimento espiritual. Eles estão sempre exalando suas angústias e suas amarguras diante de Deus e do próximo: “Até quando, Senhor, até quando?”
A resposta apocalíptica
O Apocalipse foi escrito para responder a esse tipo de pergunta. Ele é um livro pastoral, com respostas para as angústias de quem quer viver piedosamente, e espera por uma intervenção divina neste mundo aparentemente descontrolado e dominado pelo mal.
Ap 6.9-10 | 9 Quando o Cordeiro abriu o quinto selo, vi sob o altar as almas de todos que haviam sido mortos por causa da palavra de Deus e por seu testemunho fiel. 10 Clamavam ao Senhor em alta voz e diziam: “Ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, quanto tempo passará até que julgues os habitantes da terra e vingues nosso sangue?”.
“Até quando, Senhor, até quando?” A resposta de Deus é sempre a mesma, em toda e qualquer circunstância: “Até eu ter completado a minha obra!”, diz o Senhor. Veja…
Ap 6.11 | […] lhes foi dito que descansassem mais um pouco até que se completasse o número de seus irmãos, seus companheiros no serviço, que se juntariam a eles depois de serem mortos.
O Apocalipse é um tipo de confirmação das palavras de Paulo:
Fl 1.6 | Tenho certeza de que aquele que começou a boa obra em vocês irá completá-la até o dia em que Cristo Jesus voltar.
O Apocalipse é uma cartilha pastoral, cujo objetivo é nos fazer perseverar, esperando um pouco mais até que os planos de Deus se cumpram no mundo (Ap 6.11). Para quem lê corretamente, o Apocalipse é uma espécie de Salmo 46 ilustrado, pregando à sua alma:
Sl 46.10-11 | 10 Aquietem-se e saibam que eu sou Deus! Serei honrado entre todas as nações; serei honrado no mundo inteiro. 11 O SENHOR dos Exércitos está entre nós; o Deus de Jacó é nossa fortaleza.
Dificuldade apocalíptica
Os estudiosos do Apocalipse são unânimes em dizer que essa terceira parte do livro (Ap 8 a 11) está entre as mais difíceis de se interpretar (se não for a mais difícil!). Até aqui, o Apocalipse está assim dividido:
Tudo está sob controle: a igreja está sendo perseguida, mas Deus a livra do mal; o mundo está sofrendo com o princípio do juízo divino por causa do pecado, mas Deus ainda estende sua mão para salvar aqueles que se arrependem e o buscam com fé (Jo 6.40).
O desejo de Deus – de que seu povo seja santo (2Pe 3.11-12) e de que nenhum dos seus se perca (Jo 6.39) – é o que o impede de colocar, já, aqui e agora, um fim neste mundo atolado no pecado e merecedor de toda força do juízo de Deus (Ap 6.11). Paulo via assim:
Rm 2.4 | Não percebe quanto ele é bondoso, tolerante e paciente com você? Não vê que essas manifestações da bondade de Deus visam levá-lo ao arrependimento?
Leitura apocalíptica
O que torna a leitura do Apocalipse difícil é que somos tentados a ler o livro como se todos os capítulos estivesses cronologicamente relacionados. Mas não é bem assim que o livro está construído.
O Apocalipse é feito de sete seções que seguem paralelas umas às outras (Ap 1 a 3; 4 a 7; 8 a 11; 12 a 14; 15 e 16; 17 a 19; 20 a 22). Cada uma delas abrange por inteiro a história que vai desde a primeira até a segunda vindas de Cristo (veja o livro de William Hendriksen, Mais que vencedores). Este período histórico (final dos tempos que já estamos vivendo desde a vinda e a ascensão de Cristo) é focalizado, ora por um prisma ora por outro, em cada uma das sete seções.
Para ir facilitando a sua leitura do Apocalipse, note o seguinte:
É importante que se perceba que em cada uma das partes paralelas, apesar de descreverem o mesmo período histórico, destaca-se, progressivamente, um tom a mais de tribulação e de sofrimento. Apocalipse nos revela que à medida que o fim se aproxima vai ficando cada vez mais difícil a vida na terra.
As trombetas do Apocalipse
Tendo feito essas considerações, que são fundamentais para quem deseja ler e compreender o Apocalipse, levanto a seguinte pergunta: o que as 7 trombetas do Apocalipse podem nos ensinar sobre a longa demora de Deus em agir a nosso favor? Olhando para Apocalipse 8 e 9, como o Senhor, ao mesmo tempo, anima os crentes e adverte o pecador?
Olhando para esses dois capítulos, permitam-me destacar quatro lições: 1 a dinâmica das coisas no céu (Ap 8.1-5); 2 a destruição do conforto na terra (Ap 8.6-12); 3 o desespero do cético orgulhoso (Ap 8.13 – 9.19); e 4 a dureza do coração humano (Ap 9.20-21).
1) A dinâmica das coisas no céu (Ap 8.1-5)
Quando o Senhor Jesus abre o sétimo selo, algo surpreendente acontece no céu:
Ap 8.1 | Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu por cerca de meia hora.
Por quê? Por que o lugar do louvor (Ap 4 e 5) se transforma agora na sala do silêncio? Há duas explicações possíveis: 1 os céus se calam para ouvir as orações dos santos na terra; 2 os céus se calam em reverência aos atos de justiça de Deus.
1.1 – Os céus se calam para ouvir as orações dos santos na terra
Ap 8.2-3 | 2 Vi os sete anjos que estão em pé diante de Deus, e a eles foram dadas sete trombetas. 3 Então veio outro anjo com um incensário de ouro e ficou em pé junto ao altar. Recebeu muito incenso para misturar às orações do povo santo como oferta sobre o altar de ouro diante do trono.
Observe o seguinte:
1.1.1 – Somos acolhidos em oração
O silêncio no céu nos ensina que, mesmo quando sentimos que nossas orações não são ouvidas, Deus para tudo no céu para nos ouvir.
1.1.2 – Somos assistidos em oração
Veja que nossas orações sobem acompanhadas de “muito incenso” (Ap 8.3). Elas sobem como aroma suave e aceitável a Deus. Sempre que oramos somos assistidos pelo Espírito Santo (Rm 8.26-27) e recebemos a intercessão do próprio Jesus diante de Deus (Rm 8.34). Essa assistência faz com que nossas orações sejam ouvidas e atendidas.
1.1.3 – Somos atendidos em oração
Ap 8.4-5 | 4 A fumaça do incenso, misturada às orações do povo santo, subiu do altar onde o anjo havia derramado o incenso até a presença de Deus. 5 Então o anjo encheu o incensário com fogo do altar e o lançou sobre a terra, e houve trovões, estrondos, relâmpagos e um grande terremoto.
Lembra da súplica dos santos em Apocalipse 6.10?
“Ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, quanto tempo passará até que julgues os habitantes da terra e vingues nosso sangue?”
Deus está aqui, em Apocalipse 8.4-5, agindo em resposta às orações dos santos! Vemos isso no fato de que o incensário que serviu para levar as orações dos santos ao céu é usado para trazer juízo à terra:
Ap 8.5 | Então o anjo encheu o incensário com fogo do altar e o lançou sobre a terra, e houve trovões, estrondos, relâmpagos e um grande terremoto.
Deus ouve sim as nossas orações. Os céus se calam para ouvi-las. Deus não só ouve como também nos assiste quando oramos. Ele, ao tempo e ao modo dele, nos atende em oração. Esteja certo disto: os céus se calam para ouvir as nossas orações.
1.2. Os céus se calam em reverência aos atos de justiça de Deus
Ap 8.1-2 e 6 | 1 Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu por cerca de meia hora. 2 Vi os sete anjos que estão em pé diante de Deus, e a eles foram dadas sete trombetas. […] 6 Em seguida, os sete anjos com as sete trombetas se prepararam para tocá-las.
Os profetas Habacuque (Hc 2.20) e Zacarias (Zc 1.7, 14-18; 2.13) haviam dito que Deus, em seu trono, quando se prepara para agir, requer que todos se calem diante dele. Suas trombetas anunciam ao mesmo tempo o seu juízo e o dia da salvação.
Joel 2.1 | Toquem a trombeta em Sião! Soem o alarme em meu santo monte! Que todos tremam de medo, pois está chegando o dia do SENHOR.
Ez 33.5-6 | 5 Ouviram o sinal de alarme, mas não deram atenção, de modo que a responsabilidade é deles. Se tivessem dado atenção à advertência, teriam salvado a vida. 6 Se, contudo, o vigia vê o inimigo, mas não dá o sinal de alarme para advertir o povo, ele é responsável. Eles morrerão em seus pecados, mas considerarei o vigia responsável pela morte deles’.
Aprendamos e sejamos encorajados pela dinâmica do céu: os céus param para ouvir as orações dos santos; e os céus se aquietam em reverência aos atos de justiça de Deus. Seja assim na terra como no céu:
Hc 2.20 | O SENHOR, porém, está em seu santo templo; toda a terra cale-se diante dele.
2) A destruição do conforto na terra (Ap 8.6-12)
Ap 8.6 | Em seguida, os sete anjos com as sete trombetas se prepararam para tocá-las.
As trombetas simbolizam que o dia do Senhor está chegando. Elas anunciam que ele vem com justiça e salvação (Jl 2.1; Ez 33.5-6). Os crentes devem anunciar, precisam interpretar os acontecimentos, chamando o pecador ao arrependimento.
Agora, note o seguinte: Apocalipse 8.6-12 revelará que o juízo de Deus cairá sobre todos os confortos da terra. Claro que todas as catástrofes descritas neste trecho falam de colapsos e de catástrofes naturais, tsunamis e enchentes, secas e pestes, tragédias e mortes, mas nós não podemos deixar de ver a forma de Deus destruir os confortos dos homens na terra, atingindo algumas coisas pontualmente caras para os homens.
2.1 – A destruição gradativa do meio-ambiente
Note que faz referência à sétima praga sobre o Egito (Êx 9.22-25).
Ap 8.7 | O primeiro anjo tocou sua trombeta, e foram lançados sobre a terra granizo e fogo misturados com sangue. Um terço da terra pegou fogo, e foi queimado um terço das árvores, além de toda relva verde.
2.2 – A destruição da estabilidade econômica
Note que faz referência à primeira praga sobre o Egito (Êx 7.20-21).
Ap 8.8-9 | 8 O segundo anjo tocou sua trombeta, e foi lançado sobre o mar algo parecido com uma grande montanha em chamas. Um terço da água do mar se transformou em sangue, 9 morreu um terço de todos os seres vivos do mar, e foi destruído um terço de todos os navios.
2.3 – A destruição do bem estar e da saúde humanos
Ap 8.10-11 | 10 O terceiro anjo tocou sua trombeta, e caiu do céu uma grande estrela, queimando como uma tocha, sobre um terço dos rios e sobre as fontes de água. 11 O nome da estrela era Amargor, pois tornou amargo um terço das águas, e muita gente morreu ao beber dessas águas amargas.
2.4 – A destruição da certeza das coisas (assombro, terror, doenças mentais?)
Note que faz referência à nona praga sobre o Egito (Êx 10.21-23).
Ap 8.12 | O quarto anjo tocou sua trombeta, e foi ferido um terço do sol, da lua e das estrelas, que escureceram. Um terço do dia ficou sem luz, e também um terço da noite.
As quatro primeiras trombetas anunciam o juízo de Deus ao longo da história sobre todo o universo visível – terra, plantas, mares, rios e céus. As quatro primeiras taças afetam as mesmas regiões (Ap 16.1-9). As consequências disso no dia-a-dia, nos relacionamentos, na saúde, na psiquê, nas ações e nas finanças das pessoas são incalculáveis.
Quando Deus age em juízo ele destrói todo conforto dos homens na terra (meio-ambiente, finanças, saúde e estabilidade). Mas, a coisa tende a piorar.
3) O desespero do cético orgulhoso (Ap 8.13-9.19)
Ap 8.13 | “Então vi e ouvi uma águia que voava no ponto mais alto do céu e gritava em alta voz: “Terror, terror, terror sobre todos os habitantes da terra, pelo que acontecerá quando os três últimos anjos tocarem suas trombetas!”.
Enquanto as quatro primeiras trombetas afetaram a natureza criada das coisas, destruindo o conforto na terra, as três trombetas restantes serão ainda piores, afetando a alma, a mente e a vida das pessoas: desesperando-as.
Ap 9.1-6 | 1 O quinto anjo tocou sua trombeta, e vi uma estrela que havia caído do céu sobre a terra, e lhe foi dada a chave para o poço do abismo. 2 Quando o poço foi aberto, dele saiu fumaça como de uma imensa fornalha, e a luz do sol e o ar escureceram com a fumaça. 3 Então da fumaça saíram gafanhotos que desceram sobre a terra, e lhes foi dado poder para ferroarem como escorpiões. 4 Receberam ordens para não danificar a vegetação, nem as plantas, nem as árvores, mas apenas as pessoas que não tivessem o selo de Deus na testa. 5 Também lhes foi ordenado que não as matassem, mas que as atormentassem por cinco meses, com dor como a da ferroada do escorpião. 6 Naqueles dias, as pessoas procurarão a morte, mas não a encontrarão. Desejarão morrer, mas a morte fugirá delas.
Lúcifer se rebelou contra Deus e foi lançado para fora do céu (Is 14.12; Lc 10.18). Dessa forma, a estrela que João viu foi a estrela caída – Satanás. Note que João não viu uma estrela caindo. A estrela já “havia caído do céu sobre a terra” (Ap 9.1). A queda de Satanás é passado. Ele é um ser caído, decadente, derrotado e tem suas ações delimitadas por Deus.
3.1 – Deus permite que Satanás fomente o mal (Ap 9.1-3)
Note que há decepção, engano, trevas mortais e, consequentemente, dor e sofrimento:
1 O quinto anjo tocou sua trombeta, e vi uma estrela que havia caído do céu sobre a terra, e lhe foi dada a chave para o poço do abismo. 2 Quando o poço foi aberto, dele saiu fumaça como de uma imensa fornalha, e a luz do sol e o ar escureceram com a fumaça. 3 Então da fumaça saíram gafanhotos que desceram sobre a terra, e lhes foi dado poder para ferroarem como escorpiões.
3.2 – Deus limita o poder de ação de Satanás | Ap 9.4
Receberam ordens para não danificar a vegetação, nem as plantas, nem as árvores, […]
3.3 – Deus não deixa Satanás danificar os seus filhos | Ap 9.4
[…] mas apenas as pessoas que não tivessem o selo de Deus na testa.
3.4 – Deus determina o tempo de ação de Satanás | Ap 9.5
que as atormentassem por cinco meses
3.5 – Deus usa Satanás para atormentar os céticos | Ap 9.5-6
5 Também lhes foi ordenado que não as matassem, mas que as atormentassem por cinco meses, com dor como a da ferroada do escorpião. 6 Naqueles dias, as pessoas procurarão a morte, mas não a encontrarão. Desejarão morrer, mas a morte fugirá delas.
Quais são as características de Satanás e dos demônios que atuam nos filhos da desobediência (Ef 2.1-3)? Note, pelo simbolismo, que eles são: devastadores, fortes, poderosos, inteligentes, dominadores, sensuais, bem armados, aparentemente invencíveis e cruéis, muito cruéis. Veja:
Ap 9.7-11 | 7 Os gafanhotos pareciam cavalos preparados para a batalha. Tinham na cabeça algo semelhante a coroas de ouro, e o rosto parecia humano. 8 Os cabelos eram como os de mulher, e os dentes, como os de leão. 9 Vestiam uma couraça semelhante ao ferro, e suas asas rugiam como um exército de carruagens correndo para a batalha. 10 Tinham caudas que ferroavam como escorpiões, e por cinco meses tiveram poder para atormentar as pessoas. 11 Seu rei é o anjo do abismo; seu nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom [o destruidor].
O que João quer que percebamos nesta quinta trombeta (Ap 9.1-11) é que Satanás e seus demônios, quando entram em ação na vida de alguém, eles atuam para deformar, danificar, destruir e desesperar o ser humano. Segue o som da sexta trombeta e João revela que os poderes das trevas conseguiram deformar e transformar os homens em “demônios em pessoa”, agindo através de guerras durante todas as eras.
Note que o apóstolo vê a imagem simbólica de exércitos inumeráveis em campos de batalhas, munidos de suas máquinas mortíferas terrivelmente cruéis, vindas da região que os judeus mais temiam, de onde surgiram os grandes inimigos de Israel – Assíria e Babilônia (Eufrates).
Ap 9.12-19 | 12 O primeiro terror passou, mas ainda vêm outros dois. 13 O sexto anjo tocou sua trombeta, e ouvi uma voz que vinha das quatro pontas do altar de ouro que está na presença de Deus. 14 A voz disse ao sexto anjo que tinha a trombeta: “Solte os quatro anjos que estão amarrados junto ao grande rio Eufrates”. 15 Então os quatro anjos que haviam sido preparados para aquela hora, dia, mês e ano foram soltos para matar um terço da humanidade. 16 Ouvi que seu exército era constituído de duzentos milhões de soldados a cavalo. 17 Em minha visão, vi os cavalos e os cavaleiros montados neles. Os cavaleiros usavam couraças vermelhas, azul-escuras e amarelas. Os cavalos tinham cabeças como as de leão, e da boca lhes saíam fogo [maldades infernais], fumaça [engano] e enxofre [sofrimento]. 18 Um terço da humanidade foi morto por estas três pragas que saíam da boca dos cavalos: fogo, fumaça e enxofre. 19 O poder dos cavalos estava na boca [palavras enganosas] e na cauda, pois a cauda tinha cabeças como de serpente [enganadora], com as quais feriam as pessoas.
Enquanto a quinta quinta trombeta anunciou sofrimento (Ap 9.1-11), a sexta trombeta revelou tortura e morte violenta pela guerra, terrorismo, perseguição, intolerância religiosa e toda sorte de maldade humana (Ap 9.12-19) – tudo encabeçado pelo príncipe das trevas e suas hostes de demônios malignos, agindo através dos filhos da desobediência (Ef 2.1-3).
João revela que à medida que o fim se aproxima as forças demoníacas atuarão de forma a desesperar os céticos orgulhosos e, se não vigiarem, até mesmo os crentes.
4) A dureza do coração humano (Ap 9.20-21)
Diante de tanto juízo, o que esperar dos homens maus? Arrependimento? Mudança de vida? Parece que não. Veja: “Aqueles que não morreram dessas pragas ainda se recusaram a arrepender-se de seus atos perversos. […]” (Ap 9.20).
João nos mostra que a humanidade desperdiça a sua última chance de arrependimento. Eles deixam de adorar ao Deus vivo e verdadeiro para continuar vivendo em seus pecados de sempre. Nada parece ser suficiente para fazer esse mundo se voltar para Deus.
Ap 9.20-21 | 20 Aqueles que não morreram dessas pragas ainda se recusaram a arrepender-se de seus atos perversos. Continuaram a adorar demônios e ídolos feitos de ouro, prata, bronze, pedra e madeira, ídolos que não podem ver, nem ouvir, nem andar. 21 E não se arrependeram de seus assassinatos, sua feitiçaria, sua imoralidade sexual e seus roubos.
A dureza do coração humano os faz continuar idólatras, materialistas, cruéis, gananciosos, imorais e entorpecidos (feitiçaria – gr.: pharmakon) pelos “espíritos enganadores” e pelas “doutrinas de demônios” (1Tm 4.1)).
AS TROMBETAS DO APOCALIPSE
O que mais nos choca em Apocalipse 8 e 9 não é tanto o severo juízo de Deus sobre os ímpios, mas a persistência deles em continuarem pecando contra Deus, enquanto Deus os está julgando. Não há qualquer sinal de arrependimento!
Em lugar de se voltarem para Deus, há cada vez mais dureza e revolta em seus corações. Os cristãos precisam continuar orando pelos homens sem Cristo (Ap 8.1-5). Ao som das trombetas, o pecador precisa se arrepender e se converter a Jesus Cristo, senão ele perecerá (Lc 13.1-5).
Até quando, Senhor, até quando todos sofreremos? Até que o pecador se arrependa. Até que os planos de Deus para a salvação dos homens chegue ao seu fim determinado.
Rm 8.18-21 | 18 Considero que nosso sofrimento de agora não é nada comparado com a glória que ele nos revelará mais tarde. 19 Pois toda a criação aguarda com grande expectativa o dia em que os filhos de Deus serão revelados. 20 Toda a criação, não por vontade própria, foi submetida por Deus a uma existência fútil, 21 na esperança de que, com os filhos de Deus, a criação seja gloriosamente liberta da decadência que a escraviza.
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