27.01.2016
Salmos: canção para a alma
Mateus 26.30
Depois de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.
Salmos para o sofrimento
O que você faria hoje se soubesse que amanhã passaria pelo pior sofrimento de sua vida? Qual seria a sua atitude se você tivesse a certeza absoluta de que amanhã começaria os piores dias de sua existência?
Houve um dia, na vida de Jesus, quando, olhando adiante, ele só conseguia ver coisas absurdas e angustiantes. Seu dia seguinte seria o dia do Getsêmani; o dia da depressão, da agonia; o dia da escuridão da alma; o dia do choro, do gemido, da solidão profunda. Pior ainda, seu dia seguinte seria o primeiro dos últimos dias de sua vida; dias de seu pior sofrimento.
Jesus perderia a solidariedade dos amigos (todos dormiriam e não orariam com ele); sentiria sua alma fraquejar (ele pediria que se possível Deus afastasse dele o cálice do sofrimento); sofreria a traição de Judas (seria trocado por 30 moedas); seria condenado pela sua tradição religiosa (eles o acusariam de herético); Pedro o negaria diante dos homens; padeceria vítima de sarcasmo, de ironia, de violência, de crucificação, de dor e de morte.
O que você faria hoje se soubesse que amanhã passaria pelo pior sofrimento de sua vida? O que Jesus fez no sofrimento? Vimos em Mateus 26.30 que ele cantou um hino.
Depois de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveira.
Mas, que hino?
Os estudiosos da tradição bíblica nos informam que a comunhão da Páscoa sempre terminava com o cântico dos “Salmos de Hallel”, que eram compostos pelos Salmos 113 a 118.
Antes da refeição da Páscoa eles cantavam os dois primeiros Salmos (Sl 113 e 114). Após a ceia eles entoavam os quatro últimos (Sl 115 a 118).
A palavra “hallel” (vem de “aleluia” – “louvai ao Senhor”) é de origem aramaica. Significa: “cântico de louvor e exaltação a Deus”. São músicas que celebram os acontecimentos da vida, demonstrando a alegria de se ter o Senhor como Deus. Podemos dizer, portanto, que Jesus, na hora do sofrimento, cantou “salmos para o sofrimento”.
Para se ter uma ideia do que Jesus cantou na véspera do seu calvário, leia comigo os Salmos 115, 116, 117 e 118. Tenha em mente os sofrimentos que ele experimentaria a partir do dia seguinte até a hora de sua morte. Aprenderemos sobre o tipo de conteúdo que nós precisaremos na hora do sofrimento.
Salmo 115
1 Não a nós, Senhor, nenhuma glória para nós, mas sim ao teu nome, por teu amor e por tua fidelidade! 2 Por que perguntam as nações: “Onde está o Deus deles?” 3 O nosso Deus está nos céus, e pode fazer tudo o que lhe agrada. 4 Os ídolos deles, de prata e ouro, são feitos por mãos humanas. 5 Têm boca, mas não podem falar, olhos, mas não podem ver; 6 têm ouvidos, mas não podem ouvir, nariz, mas não podem sentir cheiro; 7 têm mãos, mas nada podem apalpar, pés, mas não podem andar; e não emitem som algum com a garganta. 8 Tornem-se como eles aqueles que os fazem e todos os que neles confiam. 9 Confie no Senhor, ó Israel! Ele é o seu socorro e o seu escudo. 10 Confiem no Senhor, sacerdotes! Ele é o seu socorro e o seu escudo. 11 Vocês que temem o Senhor, confiem no Senhor! Ele é o seu socorro e o seu escudo. 12 O Senhor lembra-se de nós e nos abençoará; abençoará os israelitas, abençoará os sacerdotes, 13 abençoará os que temem o Senhor, do menor ao maior. 14 Que o Senhor os multiplique, vocês e os seus filhos. 15 Sejam vocês abençoados pelo Senhor, que fez os céus e a terra. 16 Os mais altos céus pertencem ao Senhor, mas a terra ele a confiou ao homem. 17 Os mortos não louvam o Senhor, tampouco nenhum dos que descem ao silêncio. 18 Mas nós bendiremos o Senhor, desde agora e para sempre! Aleluia!
Salmo 116
1 Eu amo o Senhor, porque ele me ouviu quando lhe fiz a minha súplica. 2 Ele inclinou os seus ouvidos para mim; eu o invocarei toda a minha vida. 3 As cordas da morte me envolveram, as angústias do Sheol vieram sobre mim; aflição e tristeza me dominaram. 4 Então clamei pelo nome do Senhor: Livra-me, Senhor! 5 O Senhor é misericordioso e justo; o nosso Deus é compassivo. 6 O Senhor protege os simples; quando eu já estava sem forças, ele me salvou. 7 Retorne ao seu descanso, ó minha alma, porque o Senhor tem sido bom para você! 8 Pois tu me livraste da morte, e livraste os meus olhos das lágrimas e os meus pés, de tropeçar, 9 para que eu pudesse andar diante do Senhor na terra dos viventes. 10 Eu cri, ainda que tenha dito: Estou muito aflito. 11 Em pânico eu disse: Ninguém merece confiança. 12 Como posso retribuir ao Senhor toda a sua bondade para comigo? 13 Erguerei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor. 14 Cumprirei para com o Senhor os meus votos, na presença de todo o seu povo. 15 O Senhor vê com pesar a morte de seus fiéis. 16 Senhor, sou teu servo, Sim, sou teu servo, filho da tua serva; livraste-me das minhas correntes. 17 Oferecerei a ti um sacrifício de gratidão e invocarei o nome do Senhor. 18 Cumprirei para com o Senhor os meus votos, na presença de todo o seu povo, 19 nos pátios da casa do Senhor, no seu interior, ó Jerusalém! Aleluia!
Salmo 117
1 Louvem o Senhor, todas as nações; exaltem-no, todos os povos! 2 Porque imenso é o seu amor leal por nós, e a fidelidade do Senhor dura para sempre. Aleluia!
Salmo 118
1 Deem graças ao Senhor porque ele é bom; o seu amor dura para sempre. 2 Que Israel diga: “O seu amor dura para sempre!” 3 Os sacerdotes digam: “O seu amor dura para sempre!” 4 Os que temem o Senhor digam: “O seu amor dura para sempre!” 5 Na minha angústia clamei ao Senhor; e o Senhor me respondeu, dando-me ampla liberdade. 6 O Senhor está comigo, não temerei. O que me podem fazer os homens? 7 O Senhor está comigo; ele é o meu ajudador. Verei a derrota dos meus inimigos. 8 É melhor buscar refúgio no Senhor do que confiar nos homens. 9 É melhor buscar refúgio no Senhor do que confiar em príncipes. 10 Todas as nações me cercaram, mas em nome do Senhor eu as derrotei. 11 Cercaram-me por todos os lados, mas em nome do Senhor eu as derrotei. 12 Cercaram-me como um enxame de abelhas, mas logo se extinguiram como espinheiros em chamas. Em nome do Senhor eu as derrotei! 13 Empurraram-me para forçar a minha queda, mas o Senhor me ajudou. 14 O Senhor é a minha força e o meu cântico; ele é a minha salvação. 15 Alegres brados de vitória ressoam nas tendas dos justos: “A mão direita do Senhor age com poder! 16 A mão direita do Senhor é exaltada! A mão direita do Senhor age com poder!” 17 Não morrerei; mas vivo ficarei para anunciar os feitos do Senhor. 18 O Senhor me castigou com severidade, mas não me entregou à morte. 19 Abram as portas da justiça para mim, pois quero entrar para dar graças ao Senhor. 20 Esta é a porta do Senhor, pela qual entram os justos. 21 Dou-te graças, porque me respondeste e foste a minha salvação. 22 A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular. 23 Isso vem do Senhor, e é algo maravilhoso para nós. 24 Este é o dia em que o Senhor agiu; alegremo-nos e exultemos neste dia. 25 Salva-nos, Senhor! Nós imploramos. Faze-nos prosperar, Senhor! Nós suplicamos. 26 Bendito é o que vem em nome do Senhor. Da casa do Senhor nós os abençoamos. 27 O Senhor é Deus, e ele fez resplandecer sobre nós a sua luz. Juntem-se ao cortejo festivo, levando ramos até as pontas do altar. 28 Tu és o meu Deus; graças te darei! Ó meu Deus, eu te exaltarei! 29 Deem graças ao Senhor, porque ele é bom; o seu amor dura para sempre.
Canção para a alma
O exemplo de Jesus nos ensina que, na hora do sofrimento, nada melhor do que uma cancão, uma cancão inspirada por Deus, para nos fortalecer, para nos aliviar, para nos encorajar com fé e esperança, e nos encher de amor para prosseguir.
Vocês já observaram como os apaixonados que sofrem por amor costumam cantar? Já viram como a música nos alivia na hora da dor? Charles R. Swindoll foi feliz ao dizer que “a combinação certa de palavras, melodia e ritmo raramente falha em agir como mágica [para a alma]”. É verdade!
Todos sabem disso. Até os descrentes sabem disso.
Frank Sinatra e Willie Nelson, por exemplo, regravaram uma canção muito antiga nos EUA. Ela foi composta em 1929 e é muito querida por aqueles que nasceram até meados do século passado. O nome da música é: “Without a song” (“Sem uma canção”).
A letra da canção, em tradução livre, diz assim:
Sem uma canção o dia jamais terminaria;
Sem uma canção a estrada jamais dobraria;
Quando as coisas dão errado, um amigo o homem jamais teria, sem uma canção.
Eu tenho as minhas dificuldades e aflições;
Mas tão certo quanto sei que o Jordão correrá;
Eu serei vitorioso desde que uma canção minh’ alma não deixe de cantar.
Quando a alma da gente se agarra a uma canção ela se farta de fé, de esperança e de amor. Uma alma com uma canção forte prevalecerá.
Nós precisamos dos Salmos! A nossa alma precisa dos Salmos!
Os Salmos são cancão para a alma.
Pressões que não passam
Todo ser humano, enquanto peregrinar por esta vida, jamais se verá livre das implacáveis pressões do dia-a-dia. Da dona de casa ao presidente da empresa. Do pastor ao profissional liberal. Do estudante ao gari.
A dona de casa, além de ter que manter a casa em ordem, completando uma lista interminável de atividades domésticas, precisa atender prazos, tomar decisões e, principalmente, competir com forças de vontade dos filhos.
Quem trabalha fora experimenta uma opressão de um tipo diferente: pessoas, pessoas, pessoas… pessoas insatisfeitas que preferem gritar, agredir e processar do que sorrir, dialogar e resolver os problemas. Na mesma proporção que as demandas aumentam, provocando esgotamentos, a energia diminui.
Motoristas de caminhão, ônibus e táxi, por exemplo, têm uma rotina totalmente diferente, mas igualmente exaustiva: a opressão do rosnado do trânsito, calor, imprudência, violência e quilômetros monótonos.
Até o atleta se sente oprimido pela repetição interminável com a qual ele tem que conviver. São horas intermináveis de treino, dietas, solidão, tédio, exaustão. Todo dia é a mesma coisa!
Quem negaria os rigorosos requisitos das atividades acadêmicas? Alunos e professores igualmente convivem com a opressão incessante e cíclica de preparação, de tarefas diárias, de aulas, de projetos, de provas, etc.
Sobre o dia-a-dia opressivo de todos nós, Charles R. Swindoll comentou o seguinte:
O fato é que a opressão não irá embora! O vendedor tem que conviver com uma cota. O artista deve ensaiar ou praticar constantemente. O médico e o terapeuta não podem escapar de uma alma deprimida atrás da outra, que entra e sai de seu consultório. O motorista (e o piloto) precisa permanecer amarrado ao cinto de segurança por horas. O pastor nunca está livre das demandas do pastorado nem da preparação de sermões. O radialista e o jornalista não podem tirar os olhos do relógio. Os dias não terminam… as estradas não se suavizam… Socorro!
Como sobreviver a tanta opressão? Precisamos de uma canção. Sem uma canção o dia jamais terminaria e a estrada jamais dobraria. Sem uma canção nós ficaríamos sozinhos. Precisamos de uma canção.
Precisamos do livro dos Salmos.
Plagiando a canção que Frank Sinatra e Willie Nelson costumavam cantar: “Nós seremos vitoriosos desde que um Salmo nossa alma jamais deixe de cantar.” Com essa verdade em mente é que nós nos propomos a começar os estudos nos Salmos. Uma jornada que tomará de nós meses de dedicação.
Aplicações
Na semana que vem, Deus permitindo, nós faremos uma introdução geral aos Salmos, antes de mergulharmos neles, um por um. Por ora, baseados na experiência de Jesus com os Salmos, permitam-me fazer três aplicações para concluirmos.
Instrução | Não separe a sua vida das experiências dos salmistas. Identifique e examine os seus problemas à luz dos relatos dos Salmos (e do resto das Escrituras). Jesus sempre fez assim.
Internalização | Leia, memorize, medite e ore os Salmos. Além de nos encorajar, os Salmos falam a Deus por nós. São experiências que explicam as nossas, e também palavras que podemos tornar nossas.
Inspiração | Busque fortalecer a sua alma com as palavras dos Salmos. Faça desse propósito a sua batalha de fé. Transmita isso às próximas gerações em diários com Deus.
Mateus 26.30
Depois de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.
Que o Senhor nos abençoe com “Canção para a alma”.
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