31.01.2021
[Filemom 15-17] 15Ao que parece, você perdeu Onésimo por algum tempo para ganhá-lo de volta para sempre. 16Ele já não é um escravo para você. É mais que um escravo: é um irmão amado, especialmente para mim. Agora ele será muito mais importante para você, como pessoa e como irmão no Senhor. 17Portanto, se me considera seu companheiro na fé, receba-o como receberia a mim.
As relações humanas só são possíveis quando se exercita a graça e se pratica o perdão. Uma vez que todos nós somos pecadores e, nalgum momento, feriremos uns aos outros – intencionalmente ou não –, tentar se relacionar, sem a disposição para se perdoar o outro e em graça se buscar reconstruir relacionamentos, será um fracasso.
Por exemplo: até os pais, nalgum momento, poderão ferir os filhos da forma mais cruel, Salmo 27.10: “Mesmo que meu pai e minha mãe me abandonem, o SENHOR me acolherá.” Sim, os pais estão sucetíveis pelo pecado a provocarem os filhos à ira e os machucarem, e os filhos estão propensos a desonrarem os pais e a feri-los cruelmente (Ef 6.1-2). Pessoas falarão mal de nós, e a gente também terá falado mal delas, Eclesiastes 7.21-22: “Não escute a conversa alheia às escondidas; pode ser que ouça seu servo falar mal a seu respeito. Pois você sabe que muitas vezes você mesmo falou mal de outros.” Amigos íntimos nos trairão e nos machucarão, Salmo 55.12-14 (NVI):
12Se um inimigo me insultasse, eu poderia suportar; se um adversário se levantasse contra mim, eu poderia defender-me; 13mas logo você, meu colega, meu companheiro, meu amigo chegado, 14você, com quem eu partilhava agradável comunhão enquanto íamos com a multidão festiva para a casa de Deus!
Uma vez que entrou no mundo pela incredulidade e desobediência de Adão e Eva, o pecado destruiu os nossos relacionamentos. Resultado: nós ferimos e somos feridos, e, com medo, vivemos escondidos atrás de árvores para não encarar Deus face a face, além de fazermos uso de “folhas” para nos vestirmos por termos vergonha do outro, o meu semelhante (Gn 3.6-10). Precisamos do perdão: do perdão de Deus e do perdão uns dos outros; precisamos perdoar e ser perdoados; precisamos do tipo de amor que cobre uma multidão de pecados (Tg 5.20; 1Pe 4.8).
Mas isto é possível? Como? O amor cristão fraternal realmente funciona, mesmo em situações de extraordinária tensão, dor e dificuldade? Será que funciona em toda e qualquer situação? Funciona, por exemplo, entre um proeminente proprietário de escravos e um de seus escravos fugitivos? Funciona para promover a justiça social?
Paulo não tem dúvidas de que, sim, funciona! O amor fraternal, a prática do perdão, o exercício da graça entre as pessoas não somente funciona para todas as situações, como é também a única solução possível para se restaurar rachaduras e se curar feridas nos níveis pessoal e social. Foi por isso que ele, o apóstolo, escreveu este “cartão postal”, esta nota do coração (com apenas 25 versículos) para Filemom.
O apóstolo apela ao “amado colaborador” em prol de Onésimo – alguém que, da perspectiva do mundo antigo, não passava de um desertor, ladrão e ex-escravo sem valor, mas que havia se tornado irmão de Paulo mesmo e de Filemom também em Cristo. Então, com muito tato e ternura, Paulo pede ao dono por direito que receba o servo fugitivo de volta com a mesma gentileza com que receberia o próprio Paulo. Qualquer dívida que Onésimo porventura pudesse ter, Paulo promete ele mesmo saldar com Filemom. Conhecendo Filemom como ele conhecia, Paulo estava confiante de que o amor fraternal e o perdão venceriam e sarariam aquele relacionamento para o bem de ambos, da igreja e do reino de Deus no mundo. Desse modo, vê-se nesta carta um princípio universal governando os relacionamentos dos cristãos uns com os outros: o amor fraternal, a necessidade do perdão.
A leitura da carta sugere que um escravo chamado Onésimo havia roubado ou de alguma outra forma defraudado seu senhor Filemom e depois escapado. A rota de fuga do escravo partiu de Colossos, sua cidade, com destino a Roma, onde certamente ele achou relativa segurança entre as multidões da capital imperial – Roma era a maior cidade do mundo, com mais de um milhão de habitantes; fala-se até de mais de quatro milhões.
Uma vez em Roma, Onésimo entrou em contato com Paulo: é possível que ele tenha até procurado o apóstolo em busca de ajuda ou mediação para a reconciliação (Onésimo, sem dúvida, ouviu Filemom falar bem de Paulo muitas vezes). Paulo, por sua vez, não perdeu tempo e levou Onésimo a Cristo (v. 10), e embora ele tenha se tornado um legítimo troféu da graça de Deus para Paulo, ambos sabiam que, como cristão, Onésimo tinha a responsabilidade moral de retornar a Filemom. E o dia chegou quando Paulo decidiu escrever sua epístola aos Colossenses. Tíquico seria o portador da carta à igreja, e juntamente com ele e aquela carta, Paulo optou por enviar Onésimo para Colossos. O apóstolo entendeu que seria mais seguro, em vista dos caçadores de escravos, enviar Onésimo com um companheiro e uma carta na mão:
Colossenses 4.7-9 7Tíquico, irmão amado e colaborador fiel que trabalha comigo na obra do Senhor, lhes dará um relatório completo de como tenho passado. 8Eu o envio a vocês exatamente com o propósito de informá-los do que se passa conosco e de animá-los. 9Envio também Onésimo, irmão fiel e amado, que é um de vocês. Ele e Tíquico lhes contarão tudo que tem acontecido aqui.
Filemom 10-12 10Suplico que demonstre bondade a meu filho Onésimo. Tornei-me pai dele na fé quando estava aqui na prisão. 11Onésimo não lhe foi de muita utilidade no passado, mas agora é muito útil para nós dois. 12Eu o envio de volta a você, e com ele vai meu próprio coração.
Filemom é uma das quatro Epístolas da Prisão (ao lado de Efésios, Filipenses e Colossenses). Foi escrita em 60 ou 61 depois de Cristo e despachada ao mesmo tempo que Colossenses, durante a primeira prisão de Paulo em Roma (Fm 1, 9-10, 13, 23). Filemom 22 reflete a esperança confiante de que o amor fraternal e o perdão triunfariam: “Por favor, prepare um quarto para mim, pois espero que minhas orações sejam respondidas e eu possa voltar a visitá-lo em breve.”
Senhores e servos
Filemom era um residente de Colossos (Fm 1-2) e um convertido de Paulo (Fm 19), talvez por meio de um encontro com o apóstolo em Éfeso durante a sua terceira viagem missionária. A casa de Filemom era grande o suficiente para servir de local de culto da igreja em Colossos (Fm 2). Em que pese ter sido dono de escravos (o que certamente e corretamente é um escândalo à luz de nossos termos hoje), Filemom era muito benevolente com os crentes (Fm 5-7), e seu filho Arquipo evidentemente ocupava uma posição de liderança na igreja (ao lado de Epafras, o pastor e do pai Filemom, um presbítero); talvez Arquipo fosse um presbítero em treinamento (Cl 4.17; Fm 2).
Filemom parece ter tido outros escravos além de Onésimo – era esse o costume do mundo antigo –, e ele não estava sozinho como proprietário de escravos entre os crentes de Colossos. Aliás, servos e senhores congregavam juntos na mesma assembleia da igreja – e foi isto, o novo ensino, a nova atitude, o novo espírito de ambos os lados, a nova vida e a nova prática que, finalmente, sarou o problema da escravidão no mundo, em decorrência da visão de mundo e da prática do cristianismo:
Colossenses 3.22–4.1 22Escravos, em tudo obedeçam a seus senhores terrenos. Procurem agradá-los sempre, e não apenas quando eles estiverem observando. Sirvam-nos com sinceridade, por causa de seu temor ao Senhor. 23Em tudo que fizerem, trabalhem de bom ânimo, como se fosse para o Senhor, e não para os homens. 24Lembrem-se de que o Senhor lhes dará uma herança como recompensa e de que o Senhor a quem servem é Cristo. 25Mas, se fizerem o mal, receberão de volta o mal, pois Deus não age com favoritismo. 4.1Senhores, sejam justos e imparciais com seus escravos. Lembrem-se de que vocês também têm um Senhor no céu.
Certamente que Paulo rechaçava a escravidão conforme era praticada no Oriente Médio e no mundo greco-romano. No Antigo Testamento, por exemplo, o escravo sempre mantinha algum conjunto de direitos e era visto como pessoa criada à imagem de Deus. Sob o sistema romano (e noutros lugares antes de Roma), era fácil ver o escravo como alguém abaixo do posto de cidadão, e assim os escravos se tornaram simplesmente bens ou propriedades de escravocratas.
A prática do escravismo variava enormemente de região para região e ao longo do tempo. Algumas formas dessa prática eram permanentes, enquanto outras eram temporárias; algumas eram voluntárias, outras involuntárias. É fundamental saber que a escravidão descrita no Antigo Testamento nunca foi precisamente equivalente à servidão baseada em questões raciais, que se tornou difundida na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil, por exemplo. A maioria das referências do Novo Testamento para escravo e servo são servos por algum contrato (empregados que são voluntariamente contratados para prestar serviço a um empregador, e que desistem de alguns de seus direitos pessoais para que possam trabalhar, sustentar-se ou sanar dívidas).
No antigo Oriente Médio, as pessoas se tornavam escravas por uma série de razões diversas: por captura, por compra, por nascimento, como restituição, por calote em dívidas, por livre escolha (serviço contratado) e por rapto. Tudo no mundo era bem diferente do que dizia o Antigo Testamento e a cultura hebraica – em que, tantas vezes, havia a oportunidade, por exemplo, de se conquistar a liberdade. No entanto, sequestrar pessoas para servirem como escravas – que talvez mais se iguale ao tipo de escravidão praticado no mundo antigo ao redor de Israel e mais tarde no Ocidente – é expressamente proibido nas Escrituras, tanto no Antigo como no Novo Testamentos. Veja:
Deuteronômio 24.7 Se alguém sequestrar um irmão israelita e o tratar como escravo ou o vender, o sequestrador terá de morrer. Desse modo, vocês eliminarão o mal do seu meio.
1Timóteo 1.9-11 9Pois a lei não foi criada para os que fazem o que é certo, mas para os transgressores e rebeldes, para os irreverentes e pecadores, para os ímpios e profanos. Ela é para os que matam pai ou mãe ou cometem outros homicídios, 10para os que vivem na imoralidade sexual, para os que praticam a homossexualidade, e também para os sequestradores [escravizadores, traficantes de escravos], os mentirosos, os que juram falsamente ou que fazem qualquer outra coisa que contradiga o ensino verdadeiro, 11que vem das boas-novas gloriosas confiadas a mim por nosso Deus bendito.
Portanto, a carta aos Colossenses, especialmente o texto que está em 3.22–4.1, juntamente com a carta a Filemom, dariam a resposta apostólica e forneceriam diretrizes evangélicas para as relações entre senhor–escravo, em oposição às práticas mundanas, inclusive romanas, sobre o assunto. De acordo com a lei romana, por exemplo, escravos fugitivos como Onésimo poderiam ser punidos severamente ou condenados a uma morte violenta, exemplar. Por isso, chega a ser duvidoso que Onésimo teria mesmo voltado a Filemom com esta carta em mãos se não tivesse se tornado um crente em Cristo, e não tivesse certeza de que Filemom também o fosse.
A carta desenvolve a transição da escravidão para a comunhão, que é possível de ser promovida apenas pelo amor e o perdão cristãos. Assim como Filemom mesmo recebeu misericórdia por meio da graça de Cristo, ele deveria graciosamente perdoar o fugitivo arrependido que voltou como um irmão em Cristo. Veja que a carta também foi endereçada a outros cristãos no círculo de Filemom, uma vez que Paulo mirava em que ela tivesse impacto na igreja de Colossos como um todo, e que a igreja tivesse participação na resolução daquela situação – que de algum modo Filemom prestasse contas à igreja.
Nesta carta muito pessoal e persuasiva, Paulo habilmente lidou com um assunto delicado com um tato de anjo e genuína candura. De fato, há nesta carta muita sabedoria divina. Como em suas outras epístolas, ele foi capaz de aplicar os princípios mais espiritualmente elevados aos assuntos mais mundanos, por assim dizer. O amor e a cortesia cristãos dominam o conteúdo da carta e, embora não seja escrita com elegância e formalidade, seu conteúdo é marcado pelo alto nível cristão. Ao contrário de suas outras epístolas, parece que Paulo escreveu Filemom inteirinha de próprio punho (v. 19), aparentemente para enfatizar a importância, a urgência e a natureza pessoal do pedido. Paulo não minimiza a ofensa de Onésimo, mas agindo como seu advogado e intercessor, ele se coloca no lugar de Onésimo – assim como Jesus se colocou no nosso.
Filemom não foi escrita para ensinar doutrina, mas para aplicá-la de tal maneira que os efeitos transformadores do cristianismo tivessem um impacto nas condições sociais e nas relações pessoais dos cristãos. O poder do evangelho supera as barreiras sociológicas (“nem escravo nem livre”, Gl 3.28; “se é escravo ou live”, Cl 3.11), e Paulo é uma ilustração vívida desta verdade: esse fariseu, outrora hipócrita, agora se refere a um escravo gentio em termos tão carinhosos: “Suplico que demonstre bondade a meu filho Onésimo. Tornei-me pai dele na fé quando estava aqui na prisão” (Fm 10). É bem verdade que a carta não foi um ataque direto à instituição da escravidão, mas seus princípios cristãos, uma vez praticados, implodiria, destruiria de dentro para fora toda aquela mazela ou prática diabólica: a escravidão – como de fato aconteceu no decorrer dos séculos.
Pois bem, esta pequena epístola (apenas 334 palavras no texto grego) é um modelo de cortesia, discrição e preocupação amorosa para que se exercite o perdão a alguém que, de outro modo, enfrentaria a sentença de morte – e muito nos ensina sobre a necessidade e o como do perdão. Para o nosso estudo, dividiremos esta carta em três partes: [1] a apreciação de Paulo por Filemom (vs. 1-7); [2] o apelo de Paulo em favor de Onésimo (vs. 8-17); e [3] a afirmação de Paulo diante do caso (vs. 18-25).
Paulo saúda Filemom revelando sua apreciação pelo homem cristão que ele era – tudo na forma de oração ou ação de graças:
Filemom, um homem de família
Filemom 1-3 1Eu, Paulo, prisioneiro de Cristo Jesus, escrevo esta carta, junto com nosso irmão Timóteo, a Filemom, nosso amado colaborador, 2à irmã Áfia, a Arquipo, nosso companheiro na luta, e à igreja que se reúne em sua casa. 3Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.
Filemom, um homem fiel
Filemom 4-5 4Sempre dou graças a meu Deus por você em minhas orações, 5pois ouço com frequência de sua fé no Senhor Jesus e de seu amor por todo o povo santo.
Filemom, um homem frutífero
Filemom 6-7 6Oro para que você ponha em prática a comunhão que vem da fé, à medida que entender e experimentar todas as coisas boas que temos em Cristo. 7Seu amor, meu irmão, tem me dado muita alegria e conforto, pois sua bondade tem revigorado o coração do povo santo.
Baseando seu apelo no caráter de Filemom, Paulo se recusa a dar ordens a ele sobre como tratar Onésimo. Em vez disso, o apóstolo procura persuadi-lo de sua responsabilidade cristã de perdoar e de restaurar o relacionamento de um modo milagroso, uma vez que ele próprio foi perdoado por Cristo e restaurado com Deus. Atente-se ao argumento:
O bem que o perdão faz ao que perdoa
Filemom 8-15 8Por isso, ainda que pudesse exigir em Cristo que você faça o que é certo, 9prefiro pedir com base no amor — eu, Paulo, já velho e agora prisioneiro de Cristo Jesus. 10Suplico que demonstre bondade a meu filho Onésimo. Tornei-me pai dele na fé quando estava aqui na prisão. 11Onésimo não lhe foi de muita utilidade no passado, mas agora é muito útil para nós dois. 12Eu o envio de volta a você, e com ele vai meu próprio coração. 13Gostaria de mantê-lo aqui comigo enquanto estou preso por anunciar as boas-novas; assim ele me ajudaria em seu lugar. 14Mas eu nada quis fazer sem seu consentimento. Meu desejo era que você ajudasse de boa vontade, e não por obrigação. 15Ao que parece, você perdeu Onésimo por algum tempo para ganhá-lo de volta para sempre.
O bem que o perdão faz ao que é perdoado
Filemom 16 Ele já não é um escravo para você. É mais que um escravo: é um irmão amado, especialmente para mim. Agora ele será muito mais importante para você, como pessoa e como irmão no Senhor.
O bem que o perdão faz ao que procura pacificar
Filemom 17 Portanto, se me considera seu companheiro na fé, receba-o como receberia a mim.
Paulo fala de sua apreciação por Filemom (vs. 1-7) e faz o seu apelo em favor de Onésimo (vs. 8-17), mas ele tem algo mais a dizer, ou melhor, a afirmar – ele reafirma o evangelho de Cristo nas afirmações que faz no final da carta (vs. 18-25):
O evangelho de Cristo na postura de Paulo
Filemom 18-20 18Se ele o prejudicou de alguma forma ou se lhe deve algo, cobre de mim. 19Eu, Paulo, escrevo de próprio punho: Eu pagarei. E não mencionarei que você me deve sua própria vida. 20Sim, meu irmão, faça-me essa gentileza no Senhor. Reanime meu coração em Cristo!
O evangelho de Cristo nos planos de Paulo
Filemom 21-22 21Escrevo esta carta certo de que você fará o que lhe peço, e até mais. 22Por favor, prepare um quarto para mim, pois espero que minhas orações sejam respondidas e eu possa voltar a visitá-lo em breve.
O evangelho de Cristo nas ponderações de Paulo
Filemom 23-25 23Epafras, meu companheiro de prisão em Cristo Jesus, manda lembranças. 24Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus colaboradores, também enviam saudações. 25Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com o espírito de vocês.
“O espírito” identifica a pessoa em comunicação com Deus. Não é uma faculdade separada da alma, por assim dizer, mas é uma designação de uma função da parte espiritual humana que se comunica com Deus, que é Espírito. Paulo, portanto, terminou sua epístola com uma oração para que o canal de comunicação entre Deus e eles – Filemom, Onésimo e a igreja – fosse suficientemente desimpedido para que a graça de Deus pudesse ser comunicada, curando os relacionamentos e promovendo a paz. Dito de outro modo: o evangelho deveria se tornar visível (de dentro para fora) por meio daqueles relacionamentos que seriam restaurados.
Relacionar-se é muito difícil! Por vezes, é impossível. Assim, por causa do pecado, relações humanas só serão possíveis quando se exercitar a graça e se praticar o perdão. E isso só será possível por meio de Cristo.
O perdão que o crente encontra em Cristo, como vimos, está lindamente retratado por analogia em Filemom. Onésimo, culpado de uma grande ofensa (vs. 11, 18), é alcançado pelo amor de Paulo, que intercede por ele diante de Filemom (vs. 10-17). O apóstolo deixa de lado seus próprios direitos (v. 8) e se torna o substituto de Onésimo ao assumir sua dívida (vs. 18-19). Pelo ato gracioso de Filemom, Onésimo é restaurado e colocado em um novo relacionamento (vs. 15-16).
Nesta analogia, somos como Onésimo. A defesa de Paulo perante Filemom é paralela à obra de mediação de Cristo perante o Pai em nosso lugar. Onésimo foi condenado pela lei, mas salvo pela graça, por meio da fé. Com base na analogia espiritual desta carta, note os seguintes:
Agora, juntando-nos ao redor da mesa para celebrarmos a ceia do Senhor, o que vemos é a carta de Paulo a Filemom sendo espiritualmente encenada nesta ordenança: [1] juntamos-nos a Cristo na comunhão com o Pai à mesa; [2] juntamos-nos uns aos outros na comunidade da fé; e [3] recebamos e repartimos amor, perdoando e restaurando laços e afetos. — Quem é você à mesa nesta manhã? Onésimo? Filemom? Paulo? Você precisa pedir perdão, conceder perdão ou promover perdão? Todos precisamos de graça e de perdão. Em Cristo e na igreja nós provamos do perdão.
S.D.G. L.B.Peixoto
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