19.02.2017
COMO COMPARTILHAR SUA FÉ
Atos 8.25-40
25 Depois de terem testemunhado e proclamado a palavra do Senhor em Samaria, Pedro e João voltaram a Jerusalém. Ao longo do caminho, pararam em muitas vilas samaritanas para anunciar as boas-novas. 26 Um anjo do Senhor disse a Filipe: “Vá para o sul, para a estrada no deserto que liga Jerusalém a Gaza”. 27 Filipe partiu e encontrou no caminho um alto oficial etíope, o eunuco responsável pelos tesouros de Candace, rainha da Etiópia. Ele tinha ido a Jerusalém para participar da adoração 28 e estava no caminho de volta. Sentado em sua carruagem, lia em voz alta o livro do profeta Isaías. 29 Então o Espírito disse a Filipe: “Aproxime-se e acompanhe a carruagem”. 30 Filipe correu até a carruagem e, ouvindo que o homem lia o profeta Isaías, perguntou-lhe: “O senhor compreende o que lê?”. 31 O homem respondeu: “Como posso entender sem que alguém me explique?”. E convidou Filipe a subir na carruagem e sentar-se ao seu lado.
Evangelismo pessoal
A maioria de nós, crentes, converteu-se através de um amigo, de um parente ou de alguém que gastou tempo e se dispôs a nos evangelizar de forma pessoal.
Win Arn, do Instituto Americano de Crescimento de Igreja, fez uma pesquisa nos EUA com mais ou menos três mil membros de igrejas evangélicas espalhados por todo o pais. A pergunta foi: “O que determinou a sua conversão e integração a esta igreja?” Os resultados impressionam: “de 4% a 6% foram sozinhas, sem o convite de alguém; de 2% a 4% foram por causa de algum programa especial; de 4% a 7% foram por causa do pastor; de 1% a 2% foram por causa de uma visita dos membros da igreja; de 4% a 6% foram por causa da Escola Bíblica Dominical; menos de 1% (0,001%) foram por causa de cruzadas evangelísticas; agora, conforme já dissemos, de 70% a 90% foram por causa de amigos, parentes ou alguém que gastou tempo e se dispôs a evangelizar e discipular.”
Falando sobre o tema, Billy Graham afirmou:
A colheita evangelística é sempre um imperativo. O destino dos homens e das nações está sempre em jogo. Cada nova geração que surge é estratégica. Não somos responsáveis pela geração passada, e não podemos assumir toda a responsabilidade pela seguinte; mas temos a nossa geração. Deus nos responsabiliza pela maneira como cumprimos nosso dever para com esta era, e como aproveitamos as oportunidades que temos.
Estamos bem cientes dessa grande necessidade, e se pudéssemos mensurar, é possível que descobríssemos que todos temos tentado de uma forma ou de outra tomar medidas para melhorar nosso testemunho cristão. Mas ainda assim tropeçamos. A bem da verdade, nossa posição quanto ao evangelismo e ao discipulado de forma pessoal ainda está vacilante – “vergonhosamente vacilante”, conforme anotou Charles R. Swindoll.
Empecilhos ao evangelismo/discipulado pessoal
Quando analisamos as causas de nossa falta de habilidade e de nosso insucesso no evangelismo e no discipulado, chegamos a quatro razões básicas.
Um princípio importante
Há um princípio bíblico que pode nos ajudar bastante nesse particular; talvez mais que qualquer outro. Seguindo-o, ficaremos livres de cometer erros tolos. Agora, se o negligenciarmos, sofreremos consequências, no mínimo, embaraçosas. É o seguinte: “Coloque-se sempre no lugar da outra pessoa.” Faça com o outro o que você desejaria que fizessem com você.
Pensando assim, Charles R. Swindoll argumenta com sabedoria que as pessoas que desejamos evangelizar e discipular, essencialmente desejam quatro coisas de nós:
Afinal, é ou não é assim que desejamos ser tratados pelos outros? São ou não são essas as características que buscamos em alguém para conversar?
Por bem, tudo isso nos leva ao relato de Filipe e o eunuco etíope.
Como compartilhar sua fé
Atos 8 é um divisor de águas no texto de Lucas. O evangelho está saído de Jerusalém, onde já estava estabelecido, para alcançar Judeia, Samaria e os lugares mais distantes da terra – seguindo o plano de Jesus (At 1.8).
Nesse caminho para a expansão do evangelho (At 8.1-8), seguindo a trilha para o cumprimento da Grande Comissão de Jesus (Mt 28.19-20), Filipe e os apóstolos tiveram que lidar, conforme já vimos, com a fé que não salva (Simão, o feiticeiro – At 8.4-24). Agora, seguindo a direção do Espírito Santo, Filipe compartilhará sua fé de forma a produzir fé salvadora (At 8.25-40).
Nosso texto (At 8.25-40) conta uma história que começou no meio de um grande avivamento. A região por onde se espalhava a chama do evangelho era Samaria.
At 8.25 | Depois de terem testemunhado e proclamado a palavra do Senhor em Samaria, Pedro e João voltaram a Jerusalém. Ao longo do caminho, pararam em muitas vilas samaritanas para anunciar as boas-novas.
Sobre esse versículo, Charles Swindoll escreve assim:
Havia um renovado entusiasmo. Aqueles fervorosos cristãos estavam pregando a mensagem de Cristo de aldeia em aldeia. O Espírito de Deus estava operando. A atmosfera estava como que eletrizada. Quem já participou de uma situação dessas, não precisa de maiores explicações. Quem nunca esteve num movimento assim, não conseguirá imaginar a emoção e a maravilha que é. As pessoas ficam abrasadas por um entusiasmo tão autêntico e contagiante, que quase chega a assustar. De repente, Deus intervém ali, e faz uma coisa muito estranha. Sem um aviso prévio, assim sem mais nem menos, ele manda um anjo do céu para redirecionar a rota de um homem chamado Filipe.
At 8.26 | Um anjo do Senhor disse a Filipe: “Vá para o sul, para a estrada no deserto que liga Jerusalém a Gaza”.
Impressionante a forma de Deus agir!
Olhando para a história de Filipe e o eunuco etíope, desejo relembrar aqui seis orientações relacionadas ao evangelismo e ao discipulado pessoal. Cada uma delas poderá nos ajudar a superar as barreiras a este estilo de vida para o qual o Senhor Jesus nos chama, de uma forma que nos tornemos mais capacitados no testemunho de nossa fé.
1. Sensibilidade espiritual
A primeira das seis orientações sobre como compartilhar nossa fé está nos versos 25 e 26 que já lemos, mas que valem a pena ser relidos:
At 8.25-26 | 25 Depois de terem testemunhado e proclamado a palavra do Senhor em Samaria, Pedro e João voltaram a Jerusalém. Ao longo do caminho, pararam em muitas vilas samaritanas para anunciar as boas-novas. 26 Um anjo do Senhor disse a Filipe: “Vá para o sul, para a estrada no deserto que liga Jerusalém a Gaza”.
Como teria sido fácil para Filipe deixar-se envolver totalmente pela empolgação e agitação daquele avivamento samaritano – onde Deus estava operando visivelmente – a ponto de não perceber que estava recebendo uma nova orientação. Mas isso não aconteceu com ele. Estava alerta e pronto para partir. Cada dia para ele era um novo começo. Ele já caminhara na companhia de Deus tempo suficiente para saber que o Senhor tem o direito de, vez por outra, aparecer com uma curva súbita, na estrada – e muitas vezes aparece!
Deus, então, afastou Filipe de Samaria, sem explicar por que, sem revelar o objetivo final, e o deixou em uma estrada deserta. Aquele discípulo de Jesus era tão sensível à orientação de Deus, que não relutou. As pessoas que têm habilidade para falar de sua fé possuem esta sensibilidade com relação a Deus. Elas são sensíveis à voz do Espírito.
2. Disponibilidade amorosa
Além da sensibilidade espiritual, existe a disponibilidade amorosa.
De nada adiantará ter um espírito sensível à voz de Deus se não houver disponibilidade para se obedecer com amor, indo aonde ele mandar ou fazendo o que ele requer. Veja o que aconteceu com Filipe.
At 8.27-29 | 27 Filipe partiu e encontrou no caminho um alto oficial etíope, o eunuco responsável pelos tesouros de Candace, rainha da Etiópia. Ele tinha ido a Jerusalém para participar da adoração 28 e estava no caminho de volta. Sentado em sua carruagem, lia em voz alta o livro do profeta Isaías. 29 Então o Espírito disse a Filipe: “Aproxime-se e acompanhe a carruagem”.
Felipe se deparou com uma oportunidade de ouro. Quem ele achou viajando por aquela estrada deserta? Um líder político do terceiro mundo. Nada mais nada menos que o Ministro da Fazenda da dinastia de Candace. E de onde vinha aquele figurão? Da “igreja”.
O problema é que o oficial etíope não encontrou Deus em Jerusalém – na religiosidade farisaica, mas a sua curiosidade foi despertada.
Observe que lá está o sujeito, numa carruagem no meio do deserto, lendo a Bíblia. Que coisa maravilhosa Deus fez acontecer! Pois dentre tantos textos que aquele homem poderia estar lendo, o eunuco lia justamente o capítulo 53 de Isaías, a passagem que é o coração do evangelho no Antigo Testamento. E Deus diz a seu servo Filipe: “Aproxime-se e acompanhe a carruagem”.
As pessoas que estão disponíveis para o evangelho já estão preparadas por Deus, elas vivem momentos maravilhosos como este. É emocionante participar do irresistível movimento da operação do Espírito e ser levado pela correnteza desse rio. A obediência de Filipe compensou tudo. Seu coração deve ter começado a pulsar mais rapidamente.
Quem é sensível à voz do Espírito e se dispõe com amor, encontra as portas abertas por Deus para os relacionamentos discipuladores que Deus agenda para cada um dos crentes.
3. Iniciativa imediata
Vejamos o que Filipe fez em seguida.
At 8.30 | Filipe correu até a carruagem e, ouvindo que o homem lia o profeta Isaías, perguntou-lhe: “O senhor compreende o que lê?”.
Ele imediatamente tomou a iniciativa. Mas, em sua atitude, não se nota o menor intuito de ofender nem de humilhar o outro. Ele simplesmente indagou: “O Senhor compreende o que lê?” Queria realmente saber se aquele desconhecido que viajava na carruagem estava entendendo as palavras da Escritura que estavam sendo lidas.
A iniciativa é muito importante. É a primeira prancha de madeira no processo de construção da ponte de “ligação”. Mas precisa ser assentada com muito cuidado.
O recurso de se fazer perguntas é um excelente modo de começar a evangelização ou o discipulado de alguém. Por exemplo:
Enfim, tome a iniciativa e aja com cautela. Faça tudo com calma. Paciência, inteligência e habilidade não são recursos opcionais nesta questão; são essenciais. É como numa pescaria. Ninguém apanha um peixe batendo na água com um remo, ou pescando apressadamente. Ao tomarmos a iniciativa, temos que usar de muita sabedoria.
4. Tato delicado
Existe uma característica muito clara no método que Filipe empregou, que merece delicada consideração. Ele não foi agressivo. É importante lembrar que a mensagem da cruz é que é motivo de ofensa e não a pessoa que a transmite nem a forma como se transmite. Filipe usou de muito tato em sua conversa com aquele oficial etíope. Veja:
At 8.30-34 | 30 Filipe correu até a carruagem e, ouvindo que o homem lia o profeta Isaías, perguntou-lhe: “O senhor compreende o que lê?”. 31 O homem respondeu: “Como posso entender sem que alguém me explique?”. E convidou Filipe a subir na carruagem e sentar-se ao seu lado. 32 Era esta a passagem das Escrituras que ele estava lendo: “Ele foi levado como ovelha para o matadouro; como cordeiro mudo diante dos tosquiadores, não abriu a boca. 33 Foi humilhado e a justiça lhe foi negada. Quem pode falar de seus descendentes? Pois sua vida foi tirada da terra”. 34 O eunuco perguntou a Filipe: “Diga-me, o profeta estava falando de si mesmo ou de outro?”.
Filipe ouviu o homem confessar sua ignorância e não disse nada. Depois, educadamente, esperou que o homem o convidasse para subir à carruagem, e só então subiu. Em seguida, em vez de despejar nele um sermão já preparado (as quatro leis espirituais decoradas), partiu do ponto onde o sujeito estava. Em momento algum o diácono procurou diminuir o Ministro da Fazenda ou mostrar-se superior, mais importante. Nem tentou impressioná-lo. Concedeu a ele tempo para respirar e pensar.
Em vez de discutir com o outro, é bom encontrar um ponto no qual possamos concordar. Em vez de agredir, devemos mostrar um interesse genuíno. Temos que manter a dignidade do indivíduo. Pode ser que ele não seja crente, mas isso não é motivo para pensarmos que não precisamos demonstrar respeito por ele. Quando a pessoa nos faz perguntas (como fez o etíope, no verso 34), devemos responder com amor. Aquele homem era gentil. Não tinha a menor ideia sobre quem Isaías, o profeta judeu, estava falando. Filipe se mostrou calmo, e respondeu com tato delicado. Mas, no momento certo, ele chegou ao ponto central da mensagem.
4. Objetividade bíblica
Respondendo à pergunta do homem de Candace, Filipe falou sobre Jesus Cristo de maneira clara e objetiva:
At 8.34-35 | 34 O eunuco perguntou a Filipe: “Diga-me, o profeta estava falando de si mesmo ou de outro?”. 35 Então Filipe, começando com essa mesma passagem das Escrituras, anunciou-lhe as boas-novas a respeito de Jesus.
Filipe começou do primeiro ponto. Não apelou para explicações confusas, nem jargões, nem palavras de duplo sentido, nem explanações filosóficas, nem ameaças agressivas do tipo “Aceite agora, senão você vai para o inferno”. Mas falou de Jesus – da Pessoa e da obra de Jesus; de seu amor pelos pecadores; de sua vida exemplar e de sua morte sacrificial; de sua ressurreição e de sua oferta de perdão, segurança, esperança e propósito de vida. Filipe “anunciou-lhe as boas-novas a respeito de Jesus.”
Quando estivermos testemunhando de nossa fé, limitemo-nos a falar de Cristo. Não falemos de igreja, denominações, religião, diferenças teológicas, questões doutrinárias. Falemos objetivamente de Jesus, o Salvador. Recusemos seguir por labirintos de discussões estéreis ou esquisitas. Muitas vezes somos tentados por fascinantes assuntos colaterais, mas resistamos a essas tentações. Se exercitarmos o autocontrole, a outra pessoa perceberá que o evangelho gira apenas em torno de Cristo e nada mais.
6. Firme discernimento
Veja o que aconteceu em seguida:
At 8.36-39 | 36 Prosseguindo, chegaram a um lugar onde havia água. Então o eunuco disse: “Veja, aqui tem água! O que me impede de ser batizado?”. 37 Filipe disse: “Nada o impede, se você crê de todo o coração”. O eunuco respondeu: “Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus”. 38 Então mandou parar a carruagem, os dois desceram até a água e Filipe o batizou. 39 Quando saíram da água, o Espírito do Senhor tomou Filipe e o levou. O eunuco não tornou a vê-lo, mas seguiu viagem cheio de alegria.”
O nobre africano apresentou então a ideia de ser batizado. Partiu dele! Então, com muita sabedoria, Filipe colocou as coisas em seus devidos lugares.
Com um firme discernimento, ele explicou que, para uma pessoa ser batizada, ela precisa crer em Cristo, primeiro. Essa foi a palavra decisiva. O homem creu e depois foi batizado.
Nada de “se” nem “e” nem “mas”. Primeiro houve uma aceitação da mensagem, depois disso houve um reconhecimento público da fé e, então, ele se submeteu ao batismo.
Como compartilhar sua fé
Se somos crentes, nós temos que compartilhar a nossa fé em Jesus Cristo. Discípulo que não faz discípulos é uma anomalia. A ordem deixada por Jesus é que discípulos devem fazer discípulos, eles devem frutificar.
Sendo assim, compartilhe a sua fé, evangelize, faça discípulos. Siga as instruções de Filipe:
Comecei esta mensagem com a citação de algumas palavras de Billy Graham. Encerro-a com a mesma citação, para enfatizá-la.
A colheita evangelística é sempre um imperativo. O destino dos homens e das nações está sempre em jogo. Cada nova geração que surge é estratégica. Não somos responsáveis pela geração passada, e não podemos assumir toda a responsabilidade pela seguinte; mas temos a nossa geração. Deus nos responsabiliza pela maneira como cumprimos nosso dever para com esta era, e como aproveitamos as oportunidades que temos.
Como a colheita hoje é um imperativo, e como somos responsáveis perante Deus para levar à nossa geração o conhecimento de Cristo, não permita que nossa sociedade irresponsável e desinteressada venha a enfraquecer seu entusiasmo; nem que o pecado ou a indiferença apague seu fervor.
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