17.09.2023
Gênesis 1.27-28 27Assim, Deus criou os seres humanos à sua própria imagem, à imagem de Deus os criou; homem e mulher os criou. 28Então Deus os abençoou e disse: “Sejam férteis e multipliquem-se. Encham e governem a terra. […]
Os cristãos sabem que a queda no pecado – descrita em Gênesis 3 – causou impacto avassalador em todas as áreas da vida, inclusive na da sexualidade. Portanto, o que fazer se alguém sentir que lhe foi dado (ou lhe foi dada) o sexo errado? Como responder ao crescente movimento que celebra a não conformidade de gênero? Lembrando que
SEXO é o conjunto das características que diferenciam os machos e as fêmeas: fatores fisiológicos como a genitália, os hormônios e os cromossomos que carregamos (mulheres carregam XX e homens carregam XY); essas características nos permitem a reprodução; e… gênero…
GÊNERO é a categoria taxonômica que agrupa espécies relacionadas, distinguíveis das outras por diferenças marcantes (órgãos sexuais, por exemplo; genitália); Aurélio coloca assim: gênero é o “grupo de seres que se assemelham por seus caracteres essenciais (mais uma vez, a genitália, por exemplo; além disso: a estrutura ou anatomia corporal e outros)”.
Então, o que fazer se alguém sentir que lhe foi dado(a) o sexo errado? Como responder ao crescente movimento que celebra a não conformidade de gênero? — Nesta mensagem, – parte da série “uma teologia de gênero” –, buscaremos a CLAREZA e a COMPAIXÃO que vêm da palavra de Deus sobre este tópico tão esquentado em nossa época.
Há dez anos, em artigo de 28 de outubro de 2013, a revista norte-americana Rolling Stone publicou uma matéria com o título [em tradução livre:] “Sobre uma garota: a luta de Coy Mathis para mudar de gênero”. Coy, obviamente, é um garoto [sexo masculino]; e sobre ele – “lutando para ser garota” – se escreveu na matéria: “Quando tinha quatro anos, Coy Mathis sabia que uma coisa era certa: ele não era um menino.” Essa foi a declaração de abertura da revista já citada, sobre uma criança no Colorado que estava (com apenas 6 anos à época) convencida de que seu corpo físico não correspondia à sua verdadeira identidade. Seus pais ficaram confusos no início, mas com o tempo aceitaram o gênero professado por Coy; e não demorou muito até que o armário dele ficasse cheio de vestidos rosas e seus pais se envolvesses em uma batalha judicial para que Coy tivesse acesso ao banheiro feminino da escola.
Cerca de oito meses após o caso do garoto Coy Mathis, a revista Time publicou nos Estados Unidos, em 9 de junho de 2014, o caso de Laverne Cox, nascido menino, mas que escolheu assumir identidade feminina. A matéria estava na capa da revista; e o que tornava o caso ainda mais picante era que Cox era a estrela no drama da Netflix Orange Is the New Black (com sete temporadas, de 2013 a 2019). Na série (que teve picos recordes de audiência em todo o mundo), Cox interpretou Sophia Burset, personagem que lhe rendeu uma indicação ao Emmy Awards na categoria de melhor atriz convidada numa série de comédia. Detalhe: Laverne se tornou a primeira mulher transexual a ser indicada a essa categoria.
A entrevista – online – concedida por Cox foi longa e esclarecedora.
Trata-se da triste história de uma infância muito dolorosa, um pai ausente, uma mãe emocionalmente desconectada, uma tentativa de suicídio e uma igreja sem qualquer atuação significativa. Até o terceiro ano do ensino fundamental (cerca de 8/9 anos), Cox diz: “Eu simplesmente pensava que era uma menina e que não havia diferença entre meninas e meninos. Acho que na minha imaginação eu pensei que chegaria à puberdade e começaria a me transformar em uma menina.” Ele tinha um irmão gêmeo. Não tinha irmãs. E o sonho dourado que Cox buscava era a fama:
Eu queria ser famoso. Eu queria atuar. Essas coisas eu realmente queria mais do que qualquer outra coisa. […] Minha mãe simplesmente não conseguia se conectar totalmente emocionalmente… Eu nunca conheci meu pai. Ele nunca foi casado com minha mãe. Ele nunca fez parte da minha vida.
Desde então, Cox passou a viajar pelos Estados Unidos fazendo uma palestra intitulada “Não sou uma mulher?” — Ora, quando Cox posta essa questão, esse refrão não é uma pergunta; sim, é uma pergunta, mas é uma pergunta retórica. A resposta, portanto, é óbvia, ele quer dizer: “Sim, eu sou uma mulher!” Cox testemunha nestes termos:
Estou feliz por ser eu mesma e não poderia imaginar minha vida se ainda estivesse em negação ou mentindo, fingindo ser um menino. Isso me parece ridículo. Isso parece loucura neste momento… É bom ter acabado a transição.
O subtítulo da entrevista diz que é “Sobre política, felicidade e por que a genitália não é destino”. Então, esta é a questão com a qual nós devemos lidar: o gênero é definido por uma preferência do indivíduo ou por uma providência de Deus, o Criador? Posto de outra forma: o meu sexo é determinado pela minha decisão, na minha mente ou no meu coração, ou é definido pelo desígnio de Deus no meu corpo ou na minha natureza?
Para encontrar a instrução de Deus sobre esse assunto, recorreremos a Romanos 1.19-28. Nessa passagem bíblica, de uma forma impressionante, o apóstolo Paulo traça um paralelo entre a forma como a natureza criada ensina sobre Deus e a forma como a natureza dos corpos humanos ensina sobre a sexualidade, sim, binária: masculina e feminina. A questão posta em Romanos é esta: a natureza é um dos métodos de Deus para revelar o que deveríamos escolher, mesmo que não façamos a preferência.
Em outras palavras, Paulo demonstra em Romanos que a preferência pessoal ou a escolha pessoal deve ser guiada pelo desígnio de Deus na natureza – tanto no universo como no corpo humano. Não é algo independente, como se você pudesse simplesmente escolher a sua essência. Entretanto, Laverne Cox afirmou exatamente o oposto:
As pessoas querem acreditar que os órgãos genitais e a biologia são como destino! Todas essas designações são baseadas em um pénis… e aí uma vagina. E isso deveria dizer todas essas coisas diferentes sobre quem as pessoas são. Quando você pensa sobre isso, é meio ridículo. As pessoas precisam estar dispostas a abrir mão do que pensam que sabem sobre o que significa ser homem e o que significa ser mulher. Porque isso não significa necessariamente nada inerentemente.
Ora, gente, realmente, sem Deus, esse raciocínio é convincente. Se não houver Deus, se não houver o Criador me dizendo o que é certo, sábio e bom, então minha própria preferência assumirá esse papel. Parecerá, de fato, “ridículo” dizer “biologia é destino”. É tanto que o homem moderno pensa o contrário, como escreveu o famoso escritor britânico William Ernest Henley (1849–1903), no famoso poema estoico, denominado Invictus: “Eu sou o mestre do meu destino, Eu sou o capitão da minha alma.”
Entretanto, na mente de Paulo, a questão não é o que a natureza diz “inerentemente”, mas o que ela diz como a revelação de Deus a respeito de seu desígnio para o homem e a mulher que ele mesmo criou, com um propósito. Com efeito, Deus – o Criador e projetista sábio, amoroso e regente da vida humana – é aquele que conecta a natureza biológica e a identidade sexual; Deus mesmo é quem conecta sexo e gênero, por assim dizer.
Veja como Deus faz isso.
Romanos 1.19-20 diz que as pessoas “Sabem a verdade a respeito de Deus, pois ele a tornou evidente. Por meio de tudo que ele fez desde a criação do mundo, podem perceber claramente seus atributos invisíveis: seu poder eterno e sua natureza divina.”
Em outras palavras, a natureza divina de Deus – sua glória – está revelada no universo físico e material. Tanto é verdade que Romanos 1.20 conclui, dizendo: “Portanto, não têm desculpa alguma” os seres humanos, quando eles trocam “a grandeza do Deus imortal por imagens de seres humanos mortais, bem como de aves, animais e répteis” (Romanos 1.23), ou quando trocam “a verdade sobre Deus pela mentira” e passam a adorar e a servir “coisas que Deus criou, em lugar do Criador, que é digno de louvor eterno!” (Romanos 1.25)
O que Paulo está fazendo?
O apóstolo está dizendo que o universo material e físico revela a verdadeira natureza de Deus: o glorioso Criador, e seu desígnio: que os humanos o adorem.
Paulo vai além.
O apóstolo traça o paralelo também com a sexualidade humana; ou seja, assim como a natureza criada revela a verdade sobre Deus, a natureza física dos corpos humanos revela a verdade sobre a identidade sexual. Desse modo, quem devemos adorar não fica ao critério de nossas preferências, e quem somos sexualmente também não fica ao critério de nossas preferências. Ambos são ditados pela revelação de Deus na natureza. Assim foi que – PRESTE ATENÇÃO – , em Romanos 1.26-27, Paulo dizendo que Deus entregou os pecadores aos seus próprios prazeres vergonhosos, escreveu que “até as mulheres trocaram sua forma natural de ter relações sexuais por práticas não naturais. E os homens, em vez de ter relações sexuais normais com mulheres, arderam de desejo uns pelos outros. Homens praticaram atos indecentes [impróprios] com outros homens e, em decorrência desse pecado, sofreram em si mesmos o castigo que mereciam.”
Está muito claro!
O paralelo que Paulo está fazendo é este: POR UM LADO, a cosmologia (isto é, a ciência que estuda as propriedades do universo como um todo) – a cosmologia – foi projetada por Deus para revelar a verdade sobre a identidade de Deus (Criador todo-poderoso e todo-glorioso); POR OUTRO LADO, a biologia (a anatomia – a ciência que estuda a estrutura e a forma do corpo humano e suas partes) foi concebida por Deus para revelar a verdade sobre a nossa identidade (como masculino e feminino, macho e fêmea, homem e mulher). Esta verdade é tão clara, diz Paulo, que somos “indesculpáveis” se não a vermos e com ela nós não concordamos ou a ela não nos conformarmos.
PORTANTO, se um homem ou uma mulher olha para o mundo e escolhe adorar uma criatura ou alguma coisa em vez de adorar o Criador, ele ou ela não tem desculpa. DE IGUAL MODO, se um homem olha para o seu próprio corpo e escolhe fazer o papel de uma mulher, ou se uma mulher olha para o seu próprio corpo e escolhe fazer o papel de um homem, ele ou ela também não tem desculpa. Em ambos os casos (tanto no culto divino quanto na sexualidade humana) Deus deu a natureza (cosmológica e biológica) como uma revelação de sua vontade, isto é: os seres humanos deveriam adorar a Deus; e os do sexo masculino deveriam agir como sexo masculino, enquanto os do sexo feminino deveriam agir como sexo feminino.
Deus não nos deixou sem orientação nestes assuntos. Sua declaração em Romanos 1 e seu desígnio na natureza se cruzam para deixar claro: um homem biológico que se entrega à sua paixão de agir como uma mulher está agindo contra a vontade revelada de Deus, e o mesmo vale para as mulheres (cf. Rm 1.26-27). A paixão ou o “amor” não torna essa prática em algo natural. A biologia torna essa paixão ou esse “amor” em prática antinatural, pecaminosa. E Paulo vai além:
Romanos 1.28-32 28Uma vez que consideraram que conhecer a Deus era algo inútil, o próprio Deus os entregou a um inútil modo de pensar, deixando que fizessem coisas que jamais deveriam ser feitas. 29A vida deles se encheu de toda espécie de perversidade, pecado, ganância, ódio, inveja, homicídio, discórdia, engano, malícia e fofocas. 30Espalham calúnias, odeiam a Deus, são insolentes, orgulhosos e arrogantes. Inventam novas maneiras de pecar e desobedecem a seus pais. 31Não têm entendimento, quebram suas promessas, não mostram afeição nem misericórdia. 32Sabem que, de acordo com a justiça de Deus, quem pratica essas coisas merece morrer, mas ainda assim continuam a praticá-las. E, o que é pior, incentivam outros a também fazê-lo.
Agora nós podemos ver porque o subtítulo da entrevista de Cox – “Genitália não é destino” – é diabolicamente enganoso. A verdade é que Laverne Cox criou um destino contrário à sua genitália. Só que essa não é a verdade. Aqui está a verdade verdadeira, de acordo com Romanos 1: “A genitália é uma revelação do desígnio de Deus”.
Deus sabe o que é melhor para a humanidade. Ele também conhece a desordem tão dolorosa de nossos desejos sexuais, que resultou da queda no pecado. Com efeito, todos nós estamos desordenados em certa medida e de maneiras diferentes. Deus, contudo, promete nos ajudar com as nossas paixões desordenadas para que possamos desfrutar de medidas de contentamento bem no meio de nossa autonegação tão necessária. Eis uma das promessas maravilhosas da palavra de Deus:
Hebreus 13.4-6 4Honrem o casamento e mantenham pura a união conjugal, pois Deus certamente julgará os impuros e os adúlteros. 5Não amem o dinheiro; estejam satisfeitos com o que têm. Porque Deus disse: “Não o deixarei; jamais o abandonarei”. 6Por isso, podemos dizer com toda a confiança: “O Senhor é meu ajudador, portanto não temerei; o que me podem fazer os simples mortais?”.
Deus também enviou seu Filho para morrer pelos nossos pecados, para que, mesmo que você tenha passado os últimos vinte ou tantos anos de sua vida tentando ser homem quando Deus te deu o corpo de uma mulher, ou tentando ser mulher quando Deus te deu o corpo de um homem, Deus te perdoará se você se voltar para Cristo em busca de misericórdia e o abraçar em arrependimento como seu tesouro supremo. Não será fácil – certamente não para Coy Mathis e Laverne Cox – mas é possível. Pois todas as coisas são possíveis para Deus (Mateus 19.26).
Histórias como a de Coy Mathis e Laverne Cox, de dez anos para cá, estão se tornando muito mais frequentes – alguns de vocês aqui esta noite podem, inclusive, estar testemunhando, em primeira mão, algo assim no trabalho, na redondeza ou mesmo na família. Na verdade, estima-se que cerca de 1,9% da população adulta brasileira, ou aproximadamente quatro milhões de pessoas, declaram-se transgênero ou não binárias, segundo levantamento feito pela Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Já nos Estados Unidos, cerca de 1,03% da população adulta do país se identifica como transgênero, de acordo com a Household Pulse Survey. Isso equivale a aproximadamente 2,6 milhões de americanos. Imagino que na União Europeia esses números sejam ainda maiores.
Nos últimos anos, o transgenerismo ou a transexualidade – o que preferimos chamar de conflito com a sexualidade – permeou as notícias com debates sobre a identificação não binária de banheiros, políticas de local de trabalho, vestiários escolares neutros e tantas outras coisas desse tipo. Mas, apesar de toda a agitação dos meios de comunicação social, não podemos esquecer que, em última análise, tratam-se de pessoas reais, criadas à imagem de Deus – e que estão em um real e profundo conflito, um conflito doloroso com a sexualidade.
Então, o que a Bíblia tem a dizer àqueles que se sentem exilados em seus próprios corpos? E o que nós, como crentes, como igreja, dizemos às pessoas que amamos, se elas cogitarem fazer ou se fizerem a “transição” para uma identidade de gênero diferente da natural?
É sobre isso que precisamos pensar.
Primeiro, temos de pensar um pouco sobre o ensino da Bíblia sobre gênero e o corpo humano. Depois, temos de considerar algumas implicações a respeito de como amar aqueles que conhecemos e que estão enfrentando a confusão de gênero.
Primeiro, Deus criou homem e mulher – sexualidade binária; cisgênero, não transgênero, por assim dizer – Deus criou homem e mulher à sua imagem.
Gênesis 1.27-28 27Assim, Deus criou os seres humanos à sua própria imagem, à imagem de Deus os criou; homem e mulher os criou. 28Então Deus os abençoou e disse: “Sejam férteis e multipliquem-se. Encham e governem a terra. […]
Então, no versículo 31, nós lemos que “Deus olhou para tudo que havia feito e viu que era muito bom.” Não resta dúvida, portanto. Segundo a Bíblia, não.
Nas últimas tantas mensagens desta série, enfatizamos que homens e mulheres são 100% iguais em dignidade, valor e importância diante de Deus. No entanto, ao mesmo tempo, também aprendemos que são intencionalmente, divinamente diferentes biologicamente, diferentes em papeis, complementares – homens e mulheres –, como parte maravilhosa do desígnio de nosso Criador. Com corpos sexualmente diferenciados, Deus escolheu exibir sua imagem em homens e mulheres, complementares.
Na bondade do desígnio de Deus, Gênesis 2.25 descreve como Adão e Eva estavam plenamente em casa com Deus e um com o outro, ao mesmo tempo que estavam perfeitamente confortáveis cada um em seu corpo e gênero dados por Deus – VEJAM: “O homem e a mulher estavam nus, mas não sentiam vergonha.” Não havia disforia de gênero, nem conflito interno, nem descontentamento com a forma como Deus os criou; NÃO HAVIA CONFLITO COM A SEXUALIDADE.
É importante reconhecer – como já destacamos anteriormente – que a sexualidade humana, seja homem ou mulher, é uma característica binária-biológica-objetiva-determinada para cada pessoa pelo próprio Deus. O que Davi diz no Salmo 139.13-14 é verdade para todos: “Tu formaste o meu interior e me teceste no ventre de minha mãe. Eu te agradeço por me teres feito de modo tão extraordinário; tuas obras são maravilhosas, e disso eu sei muito bem.”
Então, como poderíamos resumir a visão cristã de “gênero”?
Nosso “gênero” não é apenas psicológico; envolve também os seguintes:
Mas tem mais…
Além do corpo físico e das disposições/inclinações dadas por Deus, há, por fim…
Roupas, penteados, cores – a Bíblia não explica detalhadamente o que as mulheres ou os homens devem usar – porém, é significativo notar que em 1Coríntios 11 Paulo espera que os homens e as mulheres se apresentem como tais na sua aparência, de modo que faça sentido em sua expressão cultura particular.
Então, sim, existem algumas expressões culturais de gênero que variam ao longo do tempo e não são essenciais para ser homem ou mulher: roupas, penteados, cores etc. Mas isso não significa que o gênero seja apenas cultural. A Bíblia diz que gênero, fundamentalmente, é algo que você é, não apenas uma maneira de se vestir ou de se comportar, tampouco algo que você escolhe.
Agora, vamos pensar por um momento e contrastar tudo isso com a visão secular que se tornou proeminente na atualidade.
POR UM LADO, muitos dizem que o “sexo” é apenas biológico: você tem cromossomos, anatomia e hormônios masculinos ou femininos. POR OUTRO LADO, há quem diga que o “gênero” é apenas psicológico – diz respeito ao seu senso interior de identidade. É socialmente definido e, portanto, inclui coisas como comportamento, aparência, roupas, papéis etc. Muitos teóricos chegam a argumentar que não há correlação necessária entre o sexo físico e o gênero. Nisso, eles divergiram da visão bíblica.
Para se ter uma ideia, um artigo publicado em 2014, por Allan Metcalf, colocou desta forma: “O gênero é uma espécie de performance… algo que criamos ativamente a partir dos materiais culturais limitados que encontramos”, e foi além para afirmar que os bebês e as crianças pequenas são “sem gênero”. Ora, essa visão torna o gênero radicalmente subjetivo, conhecido apenas pela própria pessoa. Essa visão também abre a possibilidade de se ter o corpo “errado” para o “verdadeiro” gênero.
OUTROS relatam uma identidade de gênero que não corresponde de forma alguma ao masculino ou ao feminino, mas está em algum lugar “entre” os dois. Tudo isso pode ser resumido com alguns slogans populares (nos EUA): “anatomia não é destino”; “a orientação sexual determina com quem – homem ou mulher? – você quer ir para a cama, e a identidade de gênero determina como quem – homem ou mulher? – você quer ir para a cama”. Portanto, esta forma de pensar afirma que o seu sexo, a sua orientação sexual (por quem você se sente atraído) e a sua identidade de gênero (quem você entende ser) são todos separados e não necessariamente correlacionados.
Mesmo que possa ser escandaloso dizer isso em nossa época, devemos ser claros: a Bíblia REJEITA esse entendimento. Nosso “gênero”, sendo criado homem ou mulher e sendo homem ou mulher, é uma dádiva de Deus. E é uma dádiva holística, que inclui o nosso corpo, o nosso sentido de identidade e as disposições e funções para as quais Deus nos criou e nos chama.
Porém, tudo isso leva a uma questão gritante neste ponto: por que algumas pessoas parecem sentir angústia ou conflito interno em relação ao seu gênero? Por que algumas pessoas sofrem tanto em conflito com a sexualidade? Trataremos sobre isto na próxima mensagem, e buscaremos soluções bíblicas.
Termino com três textos maravilhosos, na esperança de que eles firmem suas convicções sobre a sexualidade humana ou, se for o caso, mude o rumo de suas orientações não naturais. O primeiro texto está em Gênesis, o segundo, em Salmos; e o terceiro texto está no Novo Testamento. Os três juntos são maravilhosos; e a compreensão, a assimilação e a submissão a eles colocarão qualquer pessoa no caminho para a resolução do conflito com a sexualidade – incitando o louvor:
O design (desígnio) de Deus
Gênesis 1.27-28 27Assim, Deus criou os seres humanos à sua própria imagem, à imagem de Deus os criou; homem e mulher os criou. 28Então Deus os abençoou e disse: “Sejam férteis e multipliquem-se. Encham e governem a terra. […]
O louvor devido ao design (desígnio) de Deus
Salmo 139.13-18 13Tu formaste o meu interior e me teceste no ventre de minha mãe. 14Eu te agradeço por me teres feito de modo tão extraordinário; tuas obras são maravilhosas, e disso eu sei muito bem. 15Tu me observavas quando eu estava sendo formado em segredo, enquanto eu era tecido na escuridão. 16Tu me viste quando eu ainda estava no ventre; cada dia de minha vida estava registrado em teu livro, cada momento foi estabelecido quando ainda nenhum deles existia. 17Como são preciosos os teus pensamentos a meu respeito, ó Deus; é impossível enumerá-los! 18Não sou capaz de contá-los; são mais numerosos que os grãos de areia. E, quando acordo, tu ainda estás comigo.
A redenção final do design (desígnio) de Deus
A ressurreição de Jesus afirma a bondade do design (desígnio) de Deus para corpos sexuados, masculino e feminino. De fato, o evangelho declara categoricamente que Jesus ressuscitou corporalmente dentre os mortos. No seu corpo ressuscitado, ele ainda é um homem, e todos os homens e mulheres que estão unidos a ele pela fé também ressuscitarão corporalmente – como homem e mulher, respectivamente. Em 1Coríntios 15.42-44, Paulo usa a imagem de uma semente sendo enterrada na terra e depois crescendo como uma planta gloriosa. O texto é lindo, ouça:
1Coríntios 15.42-44 42O mesmo acontece com a ressurreição dos mortos. Quando morremos, o corpo terreno é plantado no solo, mas ressuscitará para viver para sempre. 43Nosso corpo é enterrado em desonra, mas ressuscitará em glória. É enterrado em fraqueza, mas ressuscitará em força. 44É enterrado como corpo humano natural, mas ressuscitará como corpo espiritual. Pois, assim como há corpos naturais, também há corpos espirituais.
Em outras palavras, embora o nosso corpo ressurreto seja inimaginavelmente melhor e mais glorioso do que o nosso corpo atual, também haverá continuidade entre o sexo e a nossa identidade de gênero aqui e na nova criação que virá do céu, da parte de Deus. Deus nos criou homem e mulher, à sua imagem. E nós vamos refleti-la, perfeitamente, no céu, tendo o mesmo gênero dado por Deus aqui, desde a concepção. A ressurreição, portanto, afirmará a bondade do gênero criado.
Por que isso importa?
Em contraste com o ensinamento bíblico, um pilar fundamental do pensamento “transsexual” é que o sentimento subjetivo da identidade de gênero de uma pessoa supera a sua anatomia física. Trata-se de um caso clássico da mente sobre a matéria, como ensinava o antigo gnosticismo grego. Nessa maneira de pensar, a pessoa é reduzida a dois componentes: identidade psicológica e sexo físico, sendo dada maior ênfase ao componente psicológico. Veja bem, as pessoas que fazem isso estão, de certa forma, tentando brincar de Deus, exercendo soberania sobre sua própria existência!
O cristianismo, entretanto, diz que não precisamos colocar desta forma a alma contra o corpo! Deus nos criou como seres não-partidos, corpo e alma/espírito. A ressurreição de Jesus é a assinatura de Deus que endossa o fato de que ele vê o corpo como uma parte central da nossa natureza humana – tanto agora como no mundo vindouro. O corpo NÃO é um acessório. Não é apenas uma “câmara de habitação”, um avatar, para a alma escolher o que deseja ser. Seu corpo, como Deus o criou e lhe deu, faz parte de QUEM VOCÊ É – agora e também na eternidade. E podemos ter esperança: no último dia, nenhum filho de Deus experimentará qualquer desconexão ou confusão, tampouco conflito entre seu corpo e seu sentido de identidade. Não haverá mais isso, e a ressurreição de Jesus nos ajuda a direcionar nossa esperança para esse dia tão glorioso.
Somos pessoas da ressurreição, ansiando pela era que está por vir, sem confusão com a sexualidade, mas aperfeiçoados em Cristo Jesus.
A seguir: [1.] casamento, sexo e atração sexual; e [2.] como ajudar e agir.
S.D.G. L.B.Peixoto
Mais episódios da série
Uma Teologia de Gênero
Mais episódios da série Uma Teologia de Gênero
Mais Sermões
13 de agosto, 2023
24 de setembro, 2017
29 de julho, 2019
25 de fevereiro, 2024
Mais Séries
Conflito com a sexualidade
Pr. Leandro B. Peixoto