07.10.2018
CORTANDO O MAL PELA RAIZ
João 7.1-24
1Depois disso, Jesus viajou pela Galileia. Queria ficar longe da Judeia, onde os líderes judeus planejavam sua morte. 2Logo, porém, chegou o tempo da celebração judaica chamada Festa das Cabanas, 3e os irmãos de Jesus lhe disseram: “Saia daqui e vá à Judeia, onde seus seguidores poderão ver os milagres que realiza. 4Você não se tornará famoso escondendo-se dessa forma. Se você pode fazer coisas tão maravilhosas, mostre-se ao mundo!”. 5Pois nem mesmo seus irmãos criam nele. 6Jesus respondeu: “Agora não é o momento certo de eu ir, mas vocês podem ir a qualquer hora. 7O mundo não pode odiá-los, mas a mim ele odeia, pois eu o acuso de fazer o mal. 8Vão vocês. Eu ainda não irei a essa festa, pois meu tempo ainda não chegou”. 9Tendo dito isso, permaneceu na Galileia. 10Contudo, depois que seus irmãos partiram para a festa, ele também foi, mas em segredo, permanecendo distante dos olhos do público. 11Os líderes judeus tentavam encontrá-lo na festa e perguntavam se alguém o tinha visto. 12Havia muita discussão a seu respeito entre as multidões. Alguns afirmavam: “Ele é um homem bom”, enquanto outros diziam: “Ele não passa de um impostor, que engana o povo”. 13Mas ninguém tinha coragem de falar sobre ele em público, por medo dos líderes judeus. 14Então, na metade da festa, Jesus subiu ao templo e começou a ensinar. 15Os judeus que estavam ali ficaram admirados ao ouvi-lo. “Como ele sabe tanto sem ter estudado?”, perguntavam. 16Jesus lhes respondeu: “Minha mensagem não vem de mim mesmo; vem daquele que me enviou. 17Quem quiser fazer a vontade de Deus saberá se meu ensino vem dele ou se falo por mim mesmo. 18Aquele que fala por si mesmo busca sua própria glória, mas quem procura honrar aquele que o enviou diz a verdade, e não mentiras. 19Moisés lhes deu a lei, mas nenhum de vocês obedece a ela. Então por que procuram me matar?”. 20A multidão respondeu: “Você está possuído por demônio! Quem procura matá-lo?”. 21Jesus respondeu: “Eu fiz um milagre no sábado, e vocês ficaram admirados. 22No entanto, vocês também trabalham no sábado quando obedecem à lei da circuncisão que Moisés lhes deu, embora, na verdade, a circuncisão tenha começado com os patriarcas, muito antes da lei de Moisés. 23Pois, se o tempo certo de circuncidar seu filho cai no sábado, vocês realizam a cerimônia, a fim de não quebrar a lei de Moisés. Então por que ficam indignados comigo pelo fato de eu curar um homem no sábado? 24Não julguem de acordo com as aparências, mas julguem de maneira justa”.
A raíz de todo mal
A revista Forbes, em 2014, verificou através de pesquisas que 88% dos americanos considera que a medicina é a profissão mais prestigiada de todas (seguida pela militar, bombeiro, cientista e enfermagem); e das características mais valorizadas em um médico, a competência (quase sempre aliada à empatia) é a que se destaca. Em outras palavras, parece que valorizamos mais aqueles que cuidam da gente ou nos protegem (médico, militar, bombeiro, cientista e enfermeiro); e quando alguém vai ao médico em busca de cuidado, por exemplo, o que se deseja é a cura ou a prevenção de doenças — daí que a competência se destaca como característica mais procurada em um médico.
Médico bom é aquele competente para curar e prevenir doenças. Cura e prevenção, por sua vez, passam, invariavelmente, pelo diagnóstico e o prognóstico corretos. Afinal, como aplicar o tratamento certo se o diagnóstico da doença ou do problema está errado? Por exemplo: não haverá cura para o câncer de paciente em estado adiantado da doença, administrando apenas dipirona ou aspirina, por mais elevadas que sejam as doses. Assim é que descobrir a raiz do mal, fazer o diagnóstico correto, em tempo hábil para o tratamento, é indispensável para a cura. O mesmo vale para os males ou doenças da alma.
O texto que temos em tela hoje à noite é obra de um médico de almas! João está interessado em nos mostrar a raiz de todo mal no coração do ser humano. O diagnóstico que ele faz é preciso. O mal da raça humana é a incredulidade alimentada pelo orgulho no coração; e nesse texto ela se manifesta de três formas distintas: através da crueldade dos líderes judeus, da confusão das multidões e da corrupção dos irmãos de Jesus. Veja.
A crueldade dos líderes judeus
1Depois disso, Jesus viajou pela Galileia. Queria ficar longe da Judeia, onde os líderes judeus planejavam sua morte. […] 11Os líderes judeus tentavam encontrá-lo na festa e perguntavam se alguém o tinha visto. […] 13Mas ninguém tinha coragem de falar sobre ele em público, por medo dos líderes judeus [que queriam matá-lo, v. 19].
Os líderes judeus estavam procurando Jesus, não para que pudessem aprender com ele e crer nele, mas para matá-lo (vv. 1, 19, 25, 30, 32, 44; 8.37, 40, 59). Por quê?
O Senhor não se encaixava na ideia de messias político que jogasse o jogo político deles (supremacia sobre os romanos), e que recompensasse todos eles com boas posições em seu reino de poder na terra.
Parece que tudo começou quando Jesus esparramou as mesas dos cambistas no templo e de lá os expulsou (Jo 2.14-16). Pronto! Cristo havia ameaçado a grande fonte de renda daqueles homens. Além disso, Jesus os acusava de fazer o mal (Jo 7.7) e ameaçava o poder que eles exerciam sobre as multidões através do medo (Jo 7.13). Eles, então, passaram a ouvir Jesus e a testemunhar os seus milagres com o fim de encontrar algo que pudesse incriminá-lo:
19Moisés lhes deu a lei, mas nenhum de vocês obedece a ela. Então por que procuram me matar?”. 20A multidão respondeu: “Você está possuído por demônio! Quem procura matá-lo?”. 21Jesus respondeu: “Eu fiz um milagre no sábado, e vocês ficaram admirados. 22No entanto, vocês também trabalham no sábado quando obedecem à lei da circuncisão que Moisés lhes deu, embora, na verdade, a circuncisão tenha começado com os patriarcas, muito antes da lei de Moisés. 23Pois, se o tempo certo de circuncidar seu filho cai no sábado, vocês realizam a cerimônia, a fim de não quebrar a lei de Moisés. Então por que ficam indignados comigo pelo fato de eu curar um homem no sábado? 24Não julguem de acordo com as aparências, mas julguem de maneira justa”.
Aqui em João 7, Jesus apontou que a crueldade que eles arquitetavam contra ele nascia do milagre que ele havia realizado lá no capítulo 5, quando curou o homem que tinha estado paralítico por 38 anos (Jo 5.5-9). Curou-o no sábado, e isso desencadeou uma onda de crueldade. Ameaçados pelo milagre realizado no sábado, os líderes judeus decidiram que deveriam parar o Senhor, mesmo que isso significasse ter que matá-lo.
A confusão das multidões
A incredulidade alimentada pelo orgulho também pode ser vista na confusão das multidões ao redor de Jesus (Jo 7.12-13):
12Havia muita discussão a seu respeito entre as multidões. Alguns afirmavam: “Ele é um homem bom”, enquanto outros diziam: “Ele não passa de um impostor, que engana o povo”. 13Mas ninguém tinha coragem de falar sobre ele em público, por medo dos líderes judeus.
Alguns achavam que Jesus era “um homem bom”, “enquanto outros diziam: ‘Ele não passa de um impostor, que engana o povo’”(v. 12). Agora veja, tanto aqueles que o julgavam bom como os que o acusavam de impostor e enganador se baseavam na mesma fonte de verdade: suas impressões pessoais, “de acordo com as aparências”(v. 24).
O primeiro grupo dizia: “Ele é bom sim. Veja seus milagres. Esse homem se importa com o bem-estar das pessoas.”O segundo grupo dizia: “Veja como ele está conquistando a admiração das multidões. Esse homem é perigoso!”. Tanto um como o outro pensavam apenas em si mesmos e por si mesmos. De um lado, alguns deduziam: “Ele é bom. Também poderei ser por ele beneficiado.”Do outro, alguns afirmavam:“Ele é um impostor. Seremos todos subvertidos por ele.”No fundo, todos buscavam ou temiam pelo seu bem-estar e “ninguém tinha coragem de falar sobre ele em público, por medo dos líderes judeus”(v. 13).
A corrupção dos irmãos de Jesus
Vimos a incredulidade alimentada pelo orgulho na crueldade dos líderes judeus(ameaçados) e na confusão das multidõesao redor de Jesus (confusos). Vejamos agora essa mesma incredulidade alimentada pelo orgulho na corrupção dos irmãos de Jesus(vv. 2-5):
2Logo, porém, chegou o tempo da celebração judaica chamada Festa das Cabanas, 3e os irmãos de Jesus lhe disseram: “Saia daqui e vá à Judeia, onde seus seguidores poderão ver os milagres que realiza. 4Você não se tornará famoso escondendo-se dessa forma. Se você pode fazer coisas tão maravilhosas, mostre-se ao mundo!”. 5Pois nem mesmo seus irmãos criam nele.
João nos causa dois choques com essa sua afirmação.
Primeiro choque:“nem mesmo seus irmãos criam nele”(v. 5). Ou seja, nem mesmo Tiago, José, Simão e Judas (seus irmãos, Mt 13.55) criam nele. Seu irmão Tiago seria um dos principais líderes da igreja em Jerusalém (Atos 15) e escreveria uma das cartas do Novo Testamento. Judas também. O apóstolo João sabe disso tudo, enquanto está escrevendo. Ele sabe que, apesar de Tiago e Judas, por exemplo, um dia terem se destacado como homens de fé entre os grandes líderes da igreja, houve um tempo que eles, os irmãos de Jesus!, não criam nele. João sabe que isso é chocante, por isso registra os fatos.
João nos choca com esperança. Sim, com esperança, pois, não há coração incrédulo o bastante que não possa se render ao chamado eficaz da graça de Deus em Jesus Cristo, salvando e santificando o pecador. Algum parente ou familiar seu continua incrédulo? Lembre-se: houve um tempo que os irmãos de Jesus também eram incrédulos. Portanto, continue clamando a Deus e vivendo pela graça de Deus. Testemunhe. Ore. Fale e não te cales. Confie, pois, como disse Jesus (Jo 10.27), “Minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem”. É só questão de tempo.
Segundo choque: os irmãos de Jesus criam que ele poderia fazer milagres, mas não criam que ele era o Messias prometido de Israel (vv. 2-5):
2Logo, porém, chegou o tempo da celebração judaica chamada Festa das Cabanas, 3e os irmãos de Jesus lhe disseram: “Saia daqui e vá à Judeia, onde seus seguidores poderão ver os milagres que realiza. 4Você não se tornará famoso escondendo-se dessa forma. Se você pode fazer coisas tão maravilhosas, mostre-se ao mundo!”. 5Pois nem mesmo seus irmãos criam nele.
Eles criam nos milagres de Jesus. Eles criam que ele podia fazer aquelas coisas. Eles estavam maravilhados. Eles adoravam aquilo e desejavam que o Senhor fizesse uma aparição espetacular em Jerusalém para conquistar ainda mais seguidores maravilhados. Jesus, porém, diz que isso vinha da incredulidade, do desejo de tirar vantagem de sinais e maravilhas. E ele não veio para fazer show da fé.
A importância da fé genuína
A raiz de todo mal no coração daquela gente era a incredulidade alimentada pelo orgulho. Nenhum deles cria, de fato, que Jesus Cristo é o Cordeirode Deus que tira o pecado do mundo. Nenhum deles queria Jesus Cristo como pãoque satisfaz a alma faminta. Todos criam que ele tinha algum tipo de poder, fosse esse poder demoníaco (parte da multidão, v. 20), manipulador (outra parte da multidão, v. 12) ou divino (irmãos de Jesus, v. 4). Todos julgavam pela aparência, revelando as intenções orgulhosas do coração (v. 24).
Todos criam e defendiam o que criam, mas no fundo era temor de perder alguma coisa. Os líderes judeustemiam perder seu prestígio como guardiões e guardadores da lei, os irmãos de Jesus queriam conquistar prestígio entre os poderosos da lei e as multidõesbuscavam obter e manter bem-estar físico e religioso. Veja, portanto, que crer nunca é o bastante. Preciso é que se creia na coisa certa e com a motivação correta.
Quem não crê em Jesus como o substituto pelo pecado (expiação, propiciação) e com a intenção de receber de Deus perdão e salvação, terá buscado em Jesus apenas um meio para se obter ou manter algum ídolo (continuará perdido no pecado); isto quando não vir em Jesus uma ameaça à vida conveniente e confortável (rejeitará com crueldade).
Crer em Jesus Cristo é a únicaforma de se obter vida eterna, e foi com essa finalidade que João escreveu esse seu evangelho — produzir fé salvadora (Jo 20.31):
Estes [sinais], porém, estão registrados para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo nele, tenham vida pelo poder do seu nome.
Em outras palavras: crer em Jesus é como se obtém a “vida eterna”; e sabemos que João quer dizer “vida eterna” porque em João 3.16 ele afirmou assim:
Porque Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.
Sabemos que o significado de vida eternaé que, crendo em Jesus, escapamos da ira de Deusque está sobre todos que ainda não creem em Jesus Cristo (Jo 3.36):
E quem crê no Filho de Deus tem a vida eterna. Quem não obedece ao Filho não tem a vida eterna, mas a ira de Deus permanece sobre ele.
Sem Jesus Cristo, estamos todos sob a ira de Deus, porque todos nós tratamos Deus com desprezo, virando-lhe as costas, dando-lhe tão pouca atenção, afeição e obediência. Somos, por natureza, merecedores da ira de Deus, como todo mundo (Ef 2.3).
Jesus Cristo é o único que pode nos salvar da ira de Deus e nos dar a vida eterna, porque ele mesmo é Deus em carne — “O Verbo era Deus… e o Verbo se fez carne”(Jo 1.1 e 14). Ele é o Messias: “Sou eu, o que fala com você”(Jo 4.26). E ele é o Cordeiro de Deus: “É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”(Jo 1.29).
Cristo, então, é o único que pode morrer no lugar de milhões e milhões de pecadores — “Eu sacrifico minha vida pelas ovelhas” (Jo 10.15), e ressuscitar dos mortos — “sacrifico minha vida para tomá-la de volta”(Jo 10.17), para que qualquer um que o receba e creia em seu nome se torne filho de Deus (Jo 1.12) e tenha a vida eterna (Jo 3.16).
Crer, portanto, importa. A fé genuína em Jesus Cristo importa. Saber o que é incredulidade e saber o que é fé salvadora em Jesus Cristo é uma questão de vida e morte eternas. Então, espero que você ouça. E no caso de você estar dizendo para si mesmo: “Bem, acho que esse é um sermão para não crentes.”, tenha cuidado! Isso não é verdade. A única fé que salva é a fé perseverante — a fé que dura ou persevera até o final. Lembrem-se das palavras de Paulo (1Co 15.1-2):
1Agora, irmãos, quero lembrá-los das boas-novas que lhes anunciei anteriormente. Vocês as receberam e nelas permanecem firmes. 2São essas boas-novas que os salvam, se continuarem a crer na mensagem como lhes anunciei; do contrário, sua fé é inútil.
A genuína fé salvadora dura e persevera. E a maneira como ela dura e persevera é alimentando-se da palavra de Deus — com fome do pão da vida e com alegria por nele se satisfazer. Chegamos à fé através da palavra de Cristo, ouvindo a palavra de Cristo (Rm 10.17), e permanecemos na fé através da mesma palavra de Cristo. Portanto, todo sermão deveria ser um sermão de salvação. Porque todo incrédulo e todo crente precisa da palavra de Cristo para criar e sustentar a fé.
Diagnóstico do coração
Se crer de todo coração em Cristo é indispensável para a salvação, e se a incredulidade consegue se maquiar tão bem, disfarçando-se de fé, zêlo e entusiasmo religioso sem entendimento (Rm 10.2), como nós podemos identificar a raiz da incredulidade alimentada pelo orgulho no coração? Observe os personagens de João 7.
No caso das multidões, está claro que elas temiam mais os homens do que a Deus:
13Mas ninguém tinha coragem de falar sobre ele em público, por medo dos líderes judeus.
O temor de homens é um grande sinal de incredulidade, talvez um dos principais deles. Noutro lugar, nesse mesmo Evangelho, Jesus disse assim (Jo 5.43-44):
43Eu vim em nome de meu Pai, e vocês me rejeitaram. Se outro vier em seu próprio nome, vocês o receberão. 44Não é de admirar que não possam crer, pois vocês honram uns aos outros, mas não se importam com a honra que vem do único Deus!
Enquanto alguém insistir em viver pela aprovação, afirmação, elogio ou reconhecimento dos outros, recebendo-os no lugar de Deus, essa pessoa nunca, jamais, conseguirá crer para a salvação. Até porque, crer e viver para a glória de Cristo significa abandonar-se à Deus, viver para a glória de Deus e não para a sua própria glória (Jo 7.18):
18Aquele que fala por si mesmo busca sua própria glória, mas quem procura honrar aquele que o enviou diz a verdade, e não mentiras.
Quem vive para si mesmo, para a sua própria glória, jamais conseguirá crer para a salvação. Quando muito, irá se esconder atrás de zelo ou entusiasmo religioso sem entendimento, usando-se de Deus para receber glória e honra das outras pessoas.
No caso dos líderes judeus, além desse mesmo problema das multidões (temor de homens, glória dos homens), havia a distorção da palavra de Deus em benefício pessoal, motivada pela indisposição do coração para o real significado da palavra de Deus:
15Os judeus que estavam ali ficaram admirados ao ouvi-lo. “Como ele sabe tanto sem ter estudado?”, perguntavam. 16Jesus lhes respondeu: “Minha mensagem não vem de mim mesmo; vem daquele que me enviou. 17Quem quiser fazer a vontade de Deus saberá se meu ensino vem dele ou se falo por mim mesmo. 18Aquele que fala por si mesmo busca sua própria glória, mas quem procura honrar aquele que o enviou diz a verdade, e não mentiras. 19Moisés lhes deu a lei, mas nenhum de vocês obedece a ela. Então por que procuram me matar?”. 20A multidão respondeu: “Você está possuído por demônio! Quem procura matá-lo?”. 21Jesus respondeu: “Eu fiz um milagre no sábado, e vocês ficaram admirados. 22No entanto, vocês também trabalham no sábado quando obedecem à lei da circuncisão que Moisés lhes deu, embora, na verdade, a circuncisão tenha começado com os patriarcas, muito antes da lei de Moisés. 23Pois, se o tempo certo de circuncidar seu filho cai no sábado, vocês realizam a cerimônia, a fim de não quebrar a lei de Moisés. Então por que ficam indignados comigo pelo fato de eu curar um homem no sábado? 24Não julguem de acordo com as aparências, mas julguem de maneira justa”.
Falta de desejo, apetite, vontade (v. 17) e indisposição pelo real significado da palavra de Deus, acumulado de todo tipo de distorção e casuísmos com a palavra de Deus (v. 21-23) é um grande revelador de incredulidade alimentada pelo orgulho no coração.
No caso dos irmãos de Jesus, a incredulidade alimentada pelo orgulho se revela na atitude e nas palavras de Jesus, contrapondo-se às intenções iniciais dos irmãos. Leia comigo e perceba como Jesus é pelos motivos do coração e a mensagem, não pelo milagre.
6Jesus respondeu: “Agora não é o momento certo de eu ir, mas vocês podem ir a qualquer hora. 7O mundo não pode odiá-los, mas a mim ele odeia, pois eu o acuso de fazer o mal. 8Vão vocês. Eu ainda não irei a essa festa, pois meu tempo ainda não chegou”. 9Tendo dito isso, permaneceu na Galileia. 10Contudo, depois que seus irmãos partiram para a festa, ele também foi, mas em segredo, permanecendo distante dos olhos do público. […] 14Então, na metade da festa, Jesus subiu ao templo e começou a ensinar.
Os irmãos queriam a ovação do povo, mas Jesus vai no anonimato (v. 10); eles queriam a aprovação do mundo, mas Jesus diz que sua mensagem geraria ódio da parte do pecador que fosse confrontado em seu pecado (v. 7); eles queriam milagres, mas Jesus vai com mensagem (v. 14); eles queriam espetáculo, mas Jesus diz que a hora da cruz ainda não havia chegado (v. 6 e 8). O coração incrédulo e orgulhoso sempre buscará glamour, holofotes, reconhecimento humano, aprovação, obras e outros do tipo. O Senhor, no entanto, destaca que o essencial é a obra da cruz e o ensino da palavra de Deus.
Resumindo, podemos dizer que o problema de todos esses grupos era o mesmo (e também o nosso): incredulidade alimentada no orgulho do coração. Assim é que viviam pela e buscavam a glória dos homens, o domínio sobre as pessoas e o bem-bem físico e emocional, sem terem que abrir mão de seus desejos mais perversos pela glória dos homens.
Quando Jesus era conveniente, aproximavam-se dele; quando Jesus os ameaçava, tramavam contra a vida ele; quando não sabiam o que pensar, ficavam em cima do muro. Todos, porém, essencialmente incrédulos e orgulhosos. Na vida de alguns, o fruto desse pecado era a crueldade; de outros, o fruto era a corrupção de valores; e de outros, a simples confusão. Mas a raiz do mal era a mesma: um coração incrédulo e orgulhoso.
Cortando o mal pela raiz
Pois bem, se o problema está na raiz, se o problema é a incredulidade do coração orgulhoso, como nós podemos arrancar o mal pela raiz? Permitam-me quatro prescrições:
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