12.04.2020
Quando várias discípulas de Jesus, incluindo Maria Madalena, se aproximaram de seu túmulo, elas o encontraram vazio. As mulheres correram e contaram aos discípulos. Pedro e João correram para checar. Madalena retornou ao túmulo e se encontrou com o Senhor ressurreto. Jesus apareceu aos dois discípulos no caminho para Emaús. À noite, naquele mesmo dia, ele apareceu aos Dez, posto que Judas Iscariotes já era, e Tomé não estava com eles reunido. Aquele foi o domingo do Senhor, o Domingo da Ressurreição!
É provável que Maria Madalena tenha ido ao túmulo sozinha antes das outros mulheres, viu a pedra removida, pensou que o corpo tinha sido roubado e correu para contar a Pedro e a João. Alternativamente, teria inicialmente ido junto com as outras mulheres, e correu para contar a Pedro e a João que a pedra estava removida do túmulo, enquanto as outras mulheres permaneceram e foram surpreendidas pelos anjos no túmulo. De qualquer maneira, o primeiro relato a alguns dos discípulos no domingo de manhã partiram de uma Maria Madalena assustada e triste, que pensava que o corpo tinha sido roubado (João 20.2).
Marcos 16.8 registrou a resposta inicial das outras mulheres ao anúncio e às instruções do anjo: “Trêmulas e desnorteadas, as mulheres fugiram do túmulo e não disseram coisa alguma a ninguém, pois estavam assustadas demais.” Porém, lendo os outros Evangelhos, nós ficamos sabendo que o silêncio das mulheres não durou muito tempo. Inicialmente, elas ficaram com um misto de medo e de alegria (uma ocorrência sobrenatural é certamente capaz de produzir as duas emoções ao mesmo tempo), mas logo encontraram um jeito de correr aos discípulos para relatar o que o anjo havia dito. Mateus registrou como Jesus apareceu para as mulheres, enquanto elas corriam para contar aos discípulos – elas o adoram, e ele as instruiu a não temerem, mas a dizerem aos discípulos que o encontrassem na Galileia. Embora Mateus não forneça os detalhes, é possível que aquele encontro tenha ocorrido depois que as mulheres deram o relatório a Pedro e a João, ou seja: enquanto elas corriam para contar aos discípulos em Betânia, aonde muitos deles (menos Pedro e João) provavelmente fugiram na manhã de sexta-feira.
É provável que Maria Madalena tenha dado seu relatório e voltado para o túmulo para lamentar, como se lê que ela chorava à entrada do túmulo (João 20.11). Pedro e João parecem ter demorado um pouquinho e não foram correndo para o túmulo até receberem o relatório das mulheres que haviam visto os anjos (Lucas 24.12). Os discípulos não acreditaram no relatório inicial das mulheres e viram tudo aquilo como uma “história absurda” (Lucas 24.11), mas Pedro e João decidiram investigar o assunto mais a fundo e correram para o túmulo, possivelmente passando Maria no caminho.
Ao receberem o relatório das mulheres – tanto o temível relato inicial de Madalena de que o corpo havia sido roubado quanto o relatório posterior das outras mulheres que encontraram os anjos – Pedro e João correram para o túmulo para investigar o assunto por si mesmos. Lucas mencionou apenas a visita de Pedro ao túmulo, mas João incluiu suas próprias informações, como testemunha ocular que foi (lembre-se: ele acompanhou Pedro ao túmulo). A presença de duas testemunhas do sexo masculino no túmulo vazio teria exercido muito mais peso no primeiro século, mas os autores dos Evangelhos não alteraram os relatos para dizerem que os homens foram ao túmulo primeiro, encontraram os anjos ou viram Jesus. As mulheres foram as primeiras testemunhas oculares de todas aquelas coisas – ninguém no mundo antigo teria utilizado tais testemunhas oculares se quisessem que sua história parecesse crível. Esse fato reforça fortemente a historicidade dos eventos registrados nos Evangelhos.
Muitos dos detalhes registrados por João têm pouco peso teológico, mas refletem as lembranças das testemunhas oculares: João passou na frente de Pedro, parou à entrada do túmulo, inclina-se para espiar e entrou somente depois que Pedro entrou no túmulo primeiro. Outros detalhes são muito mais significativos. A presença dos panos de linho e de rosto dobrados apontavam fortemente para a realidade de uma ressurreição sobrenatural. Se ladrões de túmulos, discípulos ou inimigos de Jesus tivessem roubado o corpo, eles não teriam tido o cuidado de ou gastado tempo para remover os panos, dobrá-los cuidadosamente e sair por ali com um cadáver nu. Além disso, ladrões de túmulos não teriam deixado os materiais mais valiosos: os panos e as especiarias. João relatou de uma forma a nos deixar claro como a visão que ele teve dos panos de linho e de rosto o fizeram crer, embora nenhum dos discípulos ainda entendessem como as Escrituras do Antigo Testamento de fato apontavam para a ressurreição de Jesus.
Somente João registrou o retorno de Maria à tumba, após a visita de Pedro e de João, para chorar e lamentar por Jesus. Enquanto chorava, ela espiava o túmulo e ficou surpresa ao ver dois anjos sentados onde o corpo de Jesus esteve. Os anjos perguntaram a ela por que ela estava chorando, e sua resposta indica que ela ainda não tinha ouviu o relato das outras mulheres: “Eles levaram meu Senhor, e eu não sei onde eles o colocaram.” Ela então se virou, talvez depois de ouvir alguém se aproximando, e viu Jesus, mas não o reconheceu, assim como os discípulos no caminho de Emaús não o reconhecem inicialmente.
Jesus perguntou por que ela estava chorando e por quem ela estava procurando. Ela pensou que ele fosse o jardineiro responsável pela supervisão dos túmulos e, achando que ele pudesse ter removido o corpo, talvez porque Jesus tivesse sido enterrado no túmulo de uma família rica, perguntou a ele aonde o corpo tinha sido levado. Naquele ponto, Jesus pronunciou o nome de Maria e ela o reconheceu imediatamente, talvez pelo tom de sua voz. Ele pediu para ela não o segurar, mas ir até seus “irmãos” – os discípulos – e informá-los que ele estava prestes a ascender ao Pai, ao seu Senhor e Deus. – Aquela maneira de falar com ela e com os demais discípulos nos revela um profundo grau de intimidade familiar entre Cristo e seus seguidores. – Maria respondeu obedientemente e foi informar aos discípulos que ela tinha visto Jesus, e recontou para eles o que o Senhor lhe havia falado. Aquele segundo relatório de Maria Madalena se contrastava fortemente com o primeiro relatório de desespero, mais cedo naquela mesma manhã.
O relato de Lucas da aparição de Jesus a dois discípulos no caminho de Emaús – uma cidade a cerca de 11 quilômetros de Jerusalém – na tarde de domingo está cheio de ironia, comédia e muitas características fascinantes. Assim como Maria, os discípulos não reconheceram Jesus inicialmente, quando ele começou a andar ao lado deles e os envolveu na conversa. Quando Jesus perguntou sobre a conversa que estavam tendo, eles literalmente param de andar e Cleopas lhe indagou: “Você deve ser a única pessoa em Jerusalém que não sabe das coisas que aconteceram lá nos últimos dias”. “Que coisas?”, perguntou Jesus.” Jesus queria ouvir a perspectiva deles, por isso perguntou: “Quais coisas?” (Lucas 24.18-19)
Eles responderam a Jesus em duas partes. Primeiro, eles forneceram um breve histórico de toda a situação, como provavelmente tudo teria sido percebido pelo judeu comum – Lucas 24.19-24 é revelador, diz assim: “Ele [Jesus] era um profeta de palavras e ações poderosas aos olhos de Deus e de todo o povo. Mas os principais sacerdotes e outros líderes religiosos o entregaram para que fosse condenado à morte e o crucificaram. Tínhamos esperança de que ele fosse aquele que resgataria Israel. Isso tudo aconteceu há três dias. “Algumas mulheres de nosso grupo foram até seu túmulo hoje bem cedo e voltaram contando uma história surpreendente. Disseram que o corpo havia sumido e que viram anjos que lhes disseram que Jesus está vivo. Alguns homens de nosso grupo correram até lá para ver e, de fato, tudo estava como as mulheres disseram, mas não o viram.”
Naquele ponto, Jesus repreendeu os dois discípulos por sua lentidão em crer na luz das profecias a respeito do sofrimento e glorificação do Messias, e “Então Jesus os conduziu por todos os escritos de Moisés e dos profetas, explicando o que as Escrituras diziam a respeito dele.” (Lucas 24.27). Jesus estava corrigindo o problema identificado por João quando observou: “Pois até então não haviam compreendido as Escrituras segundo as quais era necessário que Jesus ressuscitasse dos mortos.” (João 20.9). De fato, nenhum dos discípulos esperavam pelos eventos da manhã de Páscoa. – Outra forte evidência de que os relatos da ressurreição são historicamente precisos.
Ao se aproximarem da vila, Jesus agiu como se seguir viagem, mas os dois discípulos o instam a ficar com eles durante a noite. Jesus aceitou o convite, e na ceia pegou o pão e o abençoou. Naquele ponto (talvez por terem testemunhado Jesus orando e abençoando a comida antes da refeição em alguma ocasião anterior), os olhos de Cleopas e do outro discípulo foram divinamente abertos, eles reconheceram Jesus e ele desapareceu da vista deles.
Eles retornaram imediatamente a Jerusalém e encontram os discípulos no meio de uma calorosa conversa. Depois de ouvirem a respeito da incrível aparição de Jesus a Pedro, os dois discípulos passaram a descrever como Jesus lhes havia falado na estrada e como eles o reconheceram quando ele partiu o pão na casa deles em Emaús.
No domingo à noite, os discípulos estavam reunidos a portas trancadas, escondendo-se com medo dos judeus. Os dois discípulos que haviam encontrado Jesus no caminho de Emaús já haviam chegado e todos já tinham conversado sobre as surpreendentes ocorrências do dia, Jesus instantaneamente apareceu no meio deles e procurou acalmar seus medos, dizendo: “Paz seja com vocês!” Apesar das palavras de Jesus, os discípulos que estavam todos já bastante assustados, pensaram que Jesus fosse um espírito. Jesus apaziguou ainda mais seus medos, convidando-os a examinar e tocar suas mãos e pés, demonstrando que ele era carne e sangue e não um espírito. Ele então foi mais incisivo, demonstrando a sólida realidade de seu corpo ressurreto, pedindo algo para comer e consumindo um pedaço de peixe grelhado. Aquela última prova, finalmente, convenceu a todos, uma vez que espíritos ou fantasmas eram vistos como incapazes de comer alimentos sólidos.
Uma vez que os discípulos se acalmaram o suficiente para ouvir, Jesus novamente os exortou à paz e deu à Grande Comissão Joanina: “Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio.” Enquanto ele os comissionava, o Senhor ressurreto soprou sobre eles, comunicando-lhes que os daria o Espírito Santo, para que eles pudessem cumprir sua missão. E aqueles homens e mulheres medrosos nunca mais foram os mesmos. Com fé e coragem eles saíram das quatro paredes para conquistar o mundo com o poder do evangelho de Jesus Cristo.
Como Você Vive Face À Realidade Da Ressurreição?
O que podemos aprender? Qual aplicação nós podemos extrair destes incidentes do domingo da última semana de Jesus?
UMA SUGESTÃO: Celebre! Celebre a vitória de Jesus sobre o pecado e sobre a morte. Jesus ressuscitou! A provas são incontestes: mulheres deram o primeiro aviso, algo impensável naquela cultura – testemunho de mulheres não eram críveis (e os discípulos não mudaram a história!); os discípulos não poderiam ter roubado o corpo do túmulo, uma vez que nem eles ainda criam na possibilidade da ressurreição, então, por que roubar para provar uma ressurreição que nem eles mesmos criam? Não faria sentido (e os judeus é que não sumiriam com o corpo do túmulo para forjarem uma ressurreição! Não é mesmo?); outra coisa: espíritos, fantasmas ou miragens não comem peixe grelhado, mas Jesus comeu com os discípulos um delicioso peixe na noite do Domingo de Páscoa, após a ressurreição; e ainda: homens e mulheres medrosos – que após a crucificação e o sepultamento passaram a viver trancados – depois do encontro com o Cristo ressurreto saíram do esconderijo do medo para daram a vida com coragem e amor, anunciando que Jesus Cristo se fez carne, habitou entre nós, viveu sem pecado, cumpriu no próprio corpo a lei de Deus, foi crucificado no lugar do pecador e sepultado, mas ressuscitou ao terceiro dia para que todo aquele ou aquela que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. – Como você vive face à realidade da ressurreição? Renda-se ao evangelho de Cristo. Regozije-se com o Cristo revelado nos Evangelhos. Reverbere aos quatro cantos a mensagem do evangelho de Cristo. Feliz Páscoa! Jesus ressuscitou! Glória a Deus!
Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam com você e com toda a sua família (2Coríntios 13.14). Paz.
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Pr. Leandro B. Peixoto