30.10.2016
ÉFESO: A IGREJA QUE FRACASSOU
Apocalipse 2.1-7
1 “Ao anjo da igreja em Éfeso escreva: “Estas são as palavras daquele que tem as sete estrelas em sua mão direita e anda entre os sete candelabros de ouro. 2 Conheço as suas obras, o seu trabalho árduo e a sua perseverança. Sei que você não pode tolerar homens maus, que pôs à prova os que dizem ser apóstolos mas não são, e descobriu que eles eram impostores. 3 Você tem perseverado e suportado sofrimentos por causa do meu nome, e não tem desfalecido. 4 “Contra você, porém, tenho isto: você abandonou o seu primeiro amor. 5 Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio. Se não se arrepender, virei a você e tirarei o seu candelabro do lugar dele. 6 Mas há uma coisa a seu favor: você odeia as práticas dos nicolaítas, como eu também as odeio. 7 “Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor darei o direito de comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus.
Tudo certo, mas deu tudo errado
Você já passou pela experiência de fazer tudo certo, mas na hora “H” sair tudo errado? É o caso do vendedor que faz tudo certo, mas na hora de fechar o negócio ele não tem a melhor condição para o cliente – então, ele perde a venda; do jogador que faz tudo certo, mas na cara do gol ele chuta para fora – ele perde o gol; do apaixonado que faz tudo certo, mas na hora do beijo ele dá aquele fora – ele perde a garota.
Como é frustrante fazer tudo certo, mas na hora “H” dar tudo errado! Foi assim com a igreja de Éfeso. Ela fez tudo certo, mas nem tudo. Faltou o principal. Faltou amor. A história de Éfeso nos faz recordar de uma advertência contundente feita por Jesus.
Mt 7.21-23 – 21 “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. 22 Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres? ’ 23 Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!
Tudo certo, mas nem tudo. Faltou praticar a Palavra de Deus.
A advertência de Deus à igreja de Éfeso ensina que podemos fazer tudo certo, mas se nos esquecermos do essencial, no final dará tudo errado.
A igreja e a feira de vaidade
Para se apreciar plenamente as palavras de Cristo à igreja de Éfeso, é bom que se tenha uma visão panorâmica da geografia, da cultura e do cenário espiritual daquela que era a principal cidade da Ásia Menor.
Pérgamo era a capital da província asiática do império romano, mas Éfeso era de longe a “primeira e maior metrópole da Ásia”. Um escritor romano chegou a descrevê-la como “a luz da Ásia”. Além disso, a cidade era famosa pelo apelido que ostentava: “feira da vaidade”.
Comércio: Éfeso era uma cidade portuária. Seu porto comportava os maiores navios de seu tempo, tornando a metrópole no maior centro de importação e exportação daquele lado do mundo. Além do porto de Éfeso que possibilitava tão grande comércio, a cidade se beneficiava de três grandes estradas que convergiam em seu município. Imagine, portanto, quanto dinheiro não circulava naquele grande centro urbano. Para se ter uma ideia, alguns autores sugerem que a lista de produtos encontrados em Apocalipse 18.11-14 foi retirada dos mercados de Éfeso:
11 “Os negociantes da terra chorarão e se lamentarão por causa dela, porque ninguém mais compra a sua mercadoria: 12 artigos como ouro, prata, pedras preciosas e pérolas; linho fino, púrpura, seda e tecido vermelho; todo tipo de madeira de cedro e peças de marfim, madeira preciosa, bronze, ferro e mármore; 13 canela e outras especiarias, incenso, mirra e perfumes; vinho e azeite de oliva, farinha fina e trigo; bois e ovelhas, cavalos e carruagens, e corpos e almas de seres humanos. 14 “Eles dirão: ‘Foram-se as frutas que tanto lhe apeteciam! Todas as suas riquezas e todo o seu esplendor se desvaneceram; nunca mais serão recuperados’.
Política: Apesar de não ser a capital, Éfeso era a cidade de maior importância política da Ásia. Ela até desfrutava do privilégio de ser chamada de cidade livre, pois lhe havia sido concedido o direito de administrar seu próprios tributos sem a intervenção de Roma. Ou seja, não havia o inconveniente e humilhante entra e sai de tropas romanas em busca do dinheiro dos impostos.
Cultura e lazer: Anualmente, em maio, Éfeso sediava os principais jogos atléticos do continente. Além do estádio, onde eram realizados jogos, combates de gladiadores e lutas com animais selvagens, a cidade possuía um anfiteatro com capacidade para 24 mil pessoas.
Religião: Éfeso era o lar da “Grande Diana” (ou Artemis). O templo dedicado à deusa era uma das sete maravilhas do mundo antigo. Ele tinha sido construído sobre uma enorme plataforma de concreto de 71 por 127 metros. Seu teto se destacava sobre 127 colunas de 1,8 metro de diâmetro e 18m de altura.
Além da veneração à perversa deusa Diana, Éfeso cultivava grande superstição. Eles produziam amuletos que eram famosos mundialmente. Pessoas vinham de todas as partes do mundo para comprar amuletos, pois se cria que eles curavam todo tipo de males, doenças, esterilidade, maldições, dava sorte na guerra, etc.
População: 250 mil habitantes no período apostólico. O caráter dos habitantes da cidade de Éfeso era reconhecidamente mau. A reputação deles era de um povo inconstante, supersticioso e imoral. Um dos filhos mais ilustres de Éfeso foi Heráclito, o filósofo. Sua fama era de um homem chorão e que nunca tinha esboçado um sorriso. Uma vez, indagado sobre tal, ele disse que nunca conseguira sorrir ou gargalhar porque vivia entre um povo terrivelmente imundo, injusto e imoral.
A igreja e suas lições
Tal era a cidade de Éfeso. Talvez isso explique porque a cidade tenha sido a que Paulo investiu mais de seu tempo, tendo permanecido por lá quase três anos ininterruptos. Mais tarde, depois de Paulo deixar a cidade, ele colocou Timóteo como pastor da igreja de Éfeso.
Segundo uma tradição antiga, o apóstolo João substituiu Timóteo, perto do final do primeiro século, como titular da igreja de Éfeso, e provavelmente dirigiu a ela sua primeira carta, desafiando suas ovelhas a cultivarem o amor pelo próximo. Estaria o apóstolo João identificando que a cada dia o amor dos Efésios se esfriava? Parece que sim.
Depois desse panorama, permitam-me fazer três observações à partir desta carta à igreja de Éfeso. Veremos: [1] a obra fiel da igreja, apesar do contexto tão difícil; [2] a objeção fatal de Jesus, apesar de tanta dedicação; e [3] o objetivo final do cristão, apresentado pelo Senhor.
1. A obra fiel da igreja
Apesar de todas as dificuldades sociais, espirituais, políticas e culturais, Éfeso conseguiu servir com fidelidade. Por isso, assim como Jesus o fez, essa igreja precisa ser reconhecida. O Senhor diz assim:
Ap 2.2 | Conheço as suas obras,
O verbo “conhecer” (gr.: oida) carrega a ideia de se ter notado ou de se ter percebido. O Senhor Jesus notou, percebeu, reconheceu as obras fieis da igreja de Éfeso. Então, que obras eram essas que Jesus diz ter notado, e o que elas nos ensinam como igreja?
1.1 – Engajados na tarefa
Ap 2.2 – Conheço as suas obras, o seu trabalho árduo e a sua perseverança.
A tarefa na qual eles se engajavam é descrita em três expressões:
Diante de todas as tentações, perversões e seduções, os crentes de Éfeso preferiram se manter engajados na tarefa. Optaram por praticar as boas obras do reino, manter a conduta de cristão, através de trabalho árduo e com perseverança. Eles optaram pela bem-aventurança de Jesus:
Ap 14.13 | Então ouvi uma voz dos céus dizendo: “Escreva: Felizes os mortos que morrem no Senhor de agora em diante”. Diz o Espírito: “Sim, eles descansarão das suas fadigas [kopos – trabalho árduo], pois as suas obras [erga – conduta] os seguirão”.
Como é fácil, estar em Éfeso, Goiânia ou noutra cidade tentadora e deixar as obras de Deus de lado; como é fácil abandonar a conduta cristã, deixar de lutar por ela e de perseverar nas boas obras. Os crentes de Éfeso nos ensinam que apesar de onde vivemos é possível ser fiel e perseverante.
1.2 – Empenhados no testemunho
Além de engajamento na tarefa (na conduta cristã), os Efésios estavam empenhados no testemunho; eles prezavam pelo testemunho da verdade.
Ap 2.2 | Sei que você não pode tolerar homens maus, que pôs à prova os que dizem ser apóstolos mas não são, e descobriu que eles eram impostores.
Eles não toleravam os falsos profetas (homens maus) e provavam todos os ensinos daqueles que se diziam apóstolos. Eles não sossegavam até descobrir se a verdade era o que de fato estava sendo ensinada.
Que lição para a igreja destes dias, quando basta alguém dizer o nome de Jesus, ou abrir a Bíblia, para todo mundo achar que vem de Deus – sem considerar que os lobos surgirão do nosso meio. A igreja de Éfeso nos ensina que devemos “provar” (examinar como se examina uma cédula ou moeda) para ver se é verdade bíblica ou ensino de demônios. João já tinha dito isto antes, em sua primeira carta:
1Jo 4.1 | Amados, não creiam em qualquer espírito, mas examinem os espíritos para ver se eles procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo.
Esses falsos profetas (homens maus) de Éfeso são definidos como nicolaítas.
Ap 2.6 | Mas há uma coisa a seu favor: você odeia as práticas dos nicolaítas, como eu também as odeio.
Irineu, um dos Pais da Igreja, dizia que os nicolaítas eram seguidores de Nicolau de Antioquia, um dos sete diáconos eleitos em Atos 6.5, e que logo depois se apostatou da fé. Mesmo depois de ter se apostatado, ele ainda exercia grande influência por onde passava. Aliás, Nicolau significa “aquele que conquista o povo” (Nike, raiz do nome Nicolau, vem do grego “conquistar”).
Diz-se que Nicolau afirmava que sua missão era dar uma versão moderna ao cristianismo. Com lábia e carisma, ele dizia que o crente poderia viver como o pagão vivia, não precisava haver diferença de vida. Bastava crer e pronto. Ele se apoiava em três princípios: (1) a Lei não tem mais vigor; (2) a graça de Deus pode perdoar qualquer um a qualquer hora; (3) o corpo é ruim, bom é somente o espírito, então faça o que quiser com o corpo.
A igreja de Éfeso, porém, assim como Jesus, odeia essa doutrina, pois aquilo que cremos e professamos deve influenciar a nossa conduta e posturas. Os Efésios estavam empenhados no testemunho.
1.3 – Esforçados no teste
Além do 1 engajamento com a tarefa de se ter boa conduta cristã e do 2 empenho com o testemunho da verdade, 3 os Efésios eram esforçados no teste.
Ap 2.3 | Você tem perseverado e suportado sofrimentos por causa do meu nome, e não tem desfalecido.
Eles perseveravam suportando a dura prova de lealdade ao evangelho. Eles não cediam às pressões constantes dos falsos mestres, falsos profetas e falsos apóstolos. Eles não se entregavam à perseguição dos pagãos. Não eram seduzidos pela cidade. Eles viviam pela fé na graça futura de Deus, pois a graça de Deus lhes bastava (2Co 12.8-10).
Tudo certo, mas deu tudo errado
“Por fora, bela viola, mas, por dentro, pão bolorento.” Assim era a vida dos crentes de Éfeso – uma igreja “fiel à obra”; era engajada na tarefa; era empenhada no testemunho; era esforçada no teste. Porém, servindo aos motivos errados.
2. A objeção fatal de Jesus
Tendo observado a obra fiel da igreja, vejamos a objeção fatal de Jesus. Antes, porém, vejam que não tem porque dissociar fidelidade na obra do Reino daquilo que faltava em Éfeso. Isso fica claro na advertência que o Senhor faz à igreja:
Ap 2.5-6 | 5 Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio. Se não se arrepender, virei a você e tirarei o seu candelabro do lugar dele. 6 Mas há uma coisa a seu favor: você odeia as práticas dos nicolaítas, como eu também as odeio.
Ou seja, continuem sendo fieis em suas obras, isto vocês têm a seu favor, mas busquem aquilo que vocês perderam, pois o que vocês perderam é essencial. Continuem praticando essas obras sem se esquecer do essencial.
O que eles haviam perdido?
Ap 2.4 | Contra você, porém, tenho isto: você abandonou o seu primeiro amor.
A igreja de Éfeso tinha perdido o amor por Deus e pelo próximo. Eles haviam abandonado o mandamento do Senhor:
Mt 22.37-40 | 37 Respondeu Jesus: “ ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. 38 Este é o primeiro e maior mandamento. 39 E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. 40 Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”.
A igreja de Éfeso se empenhava com vigor, mas sem amor; eles resistiam com coragem, mas sem amar; examinavam com discernimento a Bíblia, mas sem praticar.
Por que a falta de amor é tão ruim assim?
Sem amor, a obra da igreja é morta; tudo o que fazemos perde o valor; nós nos embrutecemos; servimos a nós mesmos; seguimos nossos instintos e ideologias e, em vez de abençoar e edificar, nós incomodamos e destruímos.
1Co 13.1-3 | 1 Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine. 2 Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, se não tiver amor, nada serei. 3 Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me valerá.
Sem amor, tornamo-nos orgulhosos e cegos:
1Co 8.1-3 | 1 Com respeito aos alimentos sacrificados aos ídolos, sabemos que todos temos conhecimento. O conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica. 2 Quem pensa conhecer alguma coisa, ainda não conhece como deveria. 3 Mas quem ama a Deus, este é conhecido por Deus.
É significativo, portanto, que Paulo tenha terminado a sua carta aos Efésios da forma como ele terminou:
Ef 6.23-24 | 23 Paz seja com os irmãos, e amor com fé da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo. 24 A graça seja com todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo com amor incorruptível.
Para se amar biblicamente é preciso de fé (crer que o Senhor recompensa aqueles que o buscam, Hb 11.6); é preciso ter fé para se ter coragem para continuar amando; o amor lança fora o medo porque ele é fruto da fé.
É preciso sim de obras fieis, mas sem amor de nada adianta.
Então, lhe pergunto: como é na sua casa? Como é na sua vida? Você faz tudo, mas não ama? De nada valerá! Você sabe tudo e fala tudo, mas não ama? Só incomodará! Você se sacrifica ao máximo, mas não ama? Só impressionará! É preciso que se ame com fé! Quem ama é agraciado por Deus.
3. O objetivo final do cristão
O objetivo final de todo ser humano é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (Mt 22.37-40). Se não for assim, se não tiver amor, de nada valerá nossos esforços, por maiores e mais nobres que todos eles sejam (1Co 13.1-3). Sem amor, além de ferir os outros, nós fracassamos!
Ap 2.5 | Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio. Se não se arrepender, virei a você e tirarei o seu candelabro do lugar dele.
Se não há amor (a Deus e ao próximo), Deus destrói as nossas obras e a nossa história.
Por 40 anos Deus sustentou a igreja de Éfeso, mas quando ele viu que não tinha mais jeito, quando ele viu que aquele povo não amava mais, ele destruiu a igreja.
A igreja de Éfeso foi completamente destruída juntamente com a cidade. Deus não pune somente pagão! Hoje, a única lembrança do lugar é uma igreja que foi construída no século 5 d.C. em memória à João, o apóstolo. Chama-se: Agasalute, do latim: Teólogo Santo. Restou apenas a memória de um homem que amou a Deus e ao próximo. Que lição!
Mas, como voltar a amar? Como amar segundo Deus requer?
Ap 2.5 | Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio.
3.1 – Lembre-se de onde caiu
Presente, ativo, imperativo: é uma ordem para se manter a mente trabalhando ativamente para descobrir.
3.2. Arrependa-se
Primeiro aoristo, ativo, imperativo: é um apelo urgente para mudança instantânea.
3.3. Pratique as obras que praticava no princípio.
Primeiro aoristo, ativo, imperativo: é uma ordem para que se faça logo, faça de uma vez o que você tem para fazer.
Para quem acha impossível, pois, humanamente falando, realmente é, observe as lições que existem no texto para cada um dos desejosos.
1. Peça: é Deus quem opera este amor em nós; é um milagre divino; é obra da graça de Deus em nós
Ap 2.1-2 | 1 “Ao anjo da igreja em Éfeso escreva: “Estas são as palavras daquele que tem as sete estrelas em sua mão direita e anda entre os sete candelabros de ouro.
Está acessível a todos, basta pedir. Sua mão de poder é que nos segura e sustenta. Ele passeia entre nós para nos ajudar.
2. Ouça: é Deus quem nos recompensa no final; é mais uma obra da graça de Deus em nós e a nosso favor
Ap 2.7 | Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor darei o direito de comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus.
Amar não é fácil. Amar é difícil. Amar requer fé, fé na recompensa futura de Deus. Falando sobre a dificuldade e a necessidade de amar, C. S. Lewis, em Os quatro amores, escreveu assim:
Amar é sempre ser vulnerável. Ame qualquer coisa e certamente seu coração vai doer e talvez se partir. Se quiser ter a certeza de mantê-lo intacto, você não deve entregá-lo a ninguém, nem mesmo a um animal. Envolva-o cuidadosamente em seus hobbies e pequenos luxos, evite qualquer envolvimento, guarde-o na segurança do caixão de seu egoísmo. Mas nesse caixão – seguro, sem movimento, sem ar – ele vai mudar. Ele não vai se partir – vai tornar-se indestrutível, impenetrável, irredimível. A alternativa a uma tragédia ou pelo menos ao risco de uma tragédia é a condenação. O único lugar além do céu onde se pode estar perfeitamente a salvo de todos os riscos e perturbações do amor é o inferno.
Portanto, alimente-se das promessas de Deus; viva pela fé na graça futura e coloque-se para amar. Não fracasse como Éfeso fracassou. Ame. Volte ao primeiro amor.
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