28.01.2024
1Pedro 1.13, NAA 1Por isso, preparando o seu entendimento, sejam sóbrios e esperem inteiramente na graça que lhes está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo.
Com tantas opções nos bombardeando de todos os lados, – sem trégua! –, muitas pessoas têm aderido ao minimalismo como filosofia de vida. “Menos é mais” se tornou lema, um estilo de vida mesmo para uma massa enorme de gente saturada de tantas coisas, tantas possibilidades, tantas alternativas, tantas opiniões, tantas opções e estímulos. “Menos é mais!”, dirão. Menos coisas, mais espaço… Menos roupas, mais foco… Menos distrações, mais tempo… Menos compromissos, mais disponibilidade… Menos projetos, mais produtividade… Menos consumo, mais criação… Menos tralhas, mais coisas realmente importantes. Incrível: menos parece que se tornou sinônimo de liberdade! É nesse ambiente que o “básico” tem feito o maior sucesso: aquela camiseta básica, a camisa básica, o jeans básico, o tênis ou sapato básico… — Percebeu? — Menos é mais.
Pois bem, vamos pensar agora como minimalistas. — Ok? — Do que você realmente precisa para viver? Qual é o mínimo essencial para a sua vida ser frondosa, florescer e frutificar, e você – lá no final – não se arrepender do modo como viveu a vida? Digamos que você tivesse que fazer a mochila da sua alma para a viagem da vida, a viagem da sua existência durante os anos que Deus lhe dará nesta vida terrena; você poderia colocar na bagagem apenas quatro ítens, quatro peças indispensáveis para vestir no resto de sua vida. Quais seriam? Quais seriam seus ítens básicos de sobrevivência?
Graças a Deus que nós não precisamos fazer essa escolha por nós mesmos; graças a Deus que nós temos a palavra de Deus, especificamente o capítulo 1 de 1Pedro. Neste capítulo nós encontramos as quatro peças que não poderão jamais faltar na mochila de quem está atravessando esta vida. Só que, antes de listá-los, deixe-me, primeiro, verificar se essa analogia funciona, se essa analogia não é uma forçação do texto.
PARA QUEM PEDRO ESCREVEU ESTA CARTA? — 1Pedro 1.1 (NAA): “Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que são forasteiros da Diáspora no Ponto, na Galácia, na Capadócia, na Ásia e na Bitínia”. — Pedro escreveu para os crentes gentios que estavam espalhados por diversas localidades, distantes de Jerusalém. Os primeiros deles haviam se convertido no dia de Pentecostes (At 2.9-11), e Pedro os chamou de “forasteiros”, “exilados”. Saiba que esta era a maneira de os autores do Novo Testamento dizerem que os crentes não são deste mundo, mas peregrinos à caminho do seu verdadeiro lar: o céu (cf. Filipenses 3.20). Tanto é verdade que Pedro, mais adiante, dirá o seguinte, em 1Pedro 1.17b (NAA): “vivam em temor durante o tempo da peregrinação de vocês”, depois, em 1Pedro 2.11-12 (NAA): “Amados, peço a vocês, como peregrinos e forasteiros que são, que se abstenham das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma, tendo conduta exemplar no meio dos gentios”.
O QUE NÃO PODERIA FALTAR NA MOCHILA? O que esses peregrinos e forasteiros, seguindo rumo ao céu, não poderiam deixar de fora da bagagem? — Lembrando que “menos é mais”, certo?! — Pedro, já no primeiro capítulo, lista quatro ítens básicos, quatro peças essenciais para a alma do peregrino: esperança, santidade, temor e amor. É disto que você mais precisa para a sua vida ser frondosa, florescer e frutificar, e você – lá no final – não se arrepender do modo como viveu a vida… é disto que você precisa: esperança, santidade, temor e amor. Quer ver como cada item importa, e importa muito?
Tome, primeiro, a ESPERANÇA. É a esperança que te move. Sem esperança a gente morre, literalmente. A gente entrega os pontos e cai no buraco negro do desespero. Faça o teste. Tente viver sem esperança. Impossível! Agora, SANTIDADE; sem santidade ninguém verá o SENHOR. Logo, não importará tudo de bom e de belo que você terá desfrutado nesta vida, se no final de tudo aqui você não vir o SENHOR Deus, não for admitido em amor à sua presença; será um tormento eterno; sem segunda chance; não terá valido a pena viver como se viveu. Já o TEMOR é o que te mantém alerta, vigilante. O temor ou o medo te prepara para a luta ou para a fuga. Ora, em se tratando de pecado, quem perde o temor ou para de lutar contra o pecado ou não foge mais dele, viverá para ver que nunca amou de fato o SENHOR. AMOR! O amor é o cumprimento das exigências da lei de Deus (Rm 13.10). O amor é a prova de que a nossa fé ou esperança não é apenas da boca para fora. O amor é o que recheia todas as nossas relações.
Portanto, não poderá faltar na mochila do peregrino estes ítens básicos essenciais: esperança, santidade, temor e amor. Agora, identifique comigo esses quatro ítens aqui em 1Pedro 1. Este capítulo contém apenas quatro imperativos (ordens ou mandamentos), e eles são para que se viva com esperança, em santidade, em temor e em amor. Veja:
1Pedro 1.13 (NAA) Por isso, preparando o seu entendimento, sejam [sendo] sóbrios e esperem inteiramente na graça que lhes está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo.
1Pedro 1.15 (NAA) Pelo contrário, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem,
1Pedro 1.17 (NAA) E, se vocês invocam como Pai aquele que, sem parcialidade, julga segundo as obras de cada um, vivam em temor durante o tempo da peregrinação de vocês,
1Pedro 1.22 (NAA) Tendo purificado a alma pela obediência à verdade, e com vistas ao amor fraternal não fingido, amem intensamente uns aos outros de coração puro.
Pois bem, o capítulo inteiro está costurado nestes quatro imperativos: esperança, santidade, temor e amor. Feitas essas observações, o que faremos agora será examinar os quatro ítens da mochila do peregrino e aplicar à vida cristã e da igreja. Agora, a ESPERANÇA INABALÁVEL (1Pe 1.13). Na próxima mensagem, Deus permitindo, a SANTIDADE INEGOCIÁVEL (1Pe 1.14-16). Depois teremos mais duas mensagem: TEMOR INDISPENSÁVEL (1Pe 1.17-21) e AMOR INVENCÍVEL (1Pe 1.22-25).
Note, primeiramente, o versículo 13: “Por isso, preparando o seu entendimento, sejam sóbrios e esperem inteiramente na graça que lhes está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo.” Há duas imagens importantíssimas aqui neste verso; imagens que nos preparam para o imperativo ou item indispensável da mochila (que é a esperança).
A PRIMEIRA IMAGEM é a que envolve a expressão “Por isso, preparando o seu entendimento”. A tradução literal desta frase é, no mínimo, curiosa. Pedro está, de fato, dizendo o seguinte: “Portanto, tendo cingido os lombos do seu entendimento” (ARC). É a imagem de uma pessoa vestindo uma túnica comprida, até os pés; uma peça de roupa esvoaçante e que cola nas pernas. Ela atrapalha correr. Logo, para o exercício, terá que se dobrar a barra até a altura do quadril, trançando-a por entre as pernas e amarrando as pontas ao cinto. Desse modo, a pessoa conseguirá correr e mover-se livre e rapidamente, sem tropeçar nos panos ou ser amarrado, impedido pela túnica. Pedro está dizendo: a parte do seu ser que precisa ser liberada para correr é a sua mente ou entendimento; isto é, “os lombos da sua mente” ou “os lombos do seu entendimento”; você precisa preparar sua mente, prender os panos que atrapalham sua mente de correr.
A SEGUNDA IMAGEM é a frase seguinte do versículo: “sejam sóbrios” ou melhor: “estando sóbrios” (o verbo está no particípio, não no imperativo). É a imagem de alguém que não se embebedou, está sóbrio para as coisas do Espírito. Implica estar alerta e avaliar as coisas corretamente; implica ver tudo claramente, manter todos os reflexos, uma vez que a mente não está entorpecida por influências intoxicantes.
ENTÃO VEM O IMPERATIVO. Será a primeira vez neste capítulo que aparecerá um verbo no imperativo. É uma voz de comando, uma ordem: “esperem inteiramente” ou “fixem sua esperança completamente”. Portanto, o primeiro mandamento desta carta é uma ação que você realiza com a mente e com o coração. É um comando para se ter esperança. Agora, a esperança não é uma ação do corpo. É uma experiência da alma. Pedro está nos ordenando a experimentar esperança. Este, pois, é o verbo principal, a oração principal de 1Pedro 1.13: “esperem inteiramente”. Os dois primeiros verbos eram particípios subordinados: “tendo cingido os lombos da mente”ou “tendo preparado o seu entendimento” – esse foi o primeiro particípio subordinado; e “estando sóbrios” – esse foi o segundo participo subordinado. Então veio a ideia principal do versículo: “esperem inteiramente”! EM OUTRAS PALAVRAS: preparar o entendimento e estar sóbrio são meios para atingir o objetivo principal, a saber, ter esperança plena — esperar inteiramente.
POR FIM, O OBJETO DA ESPERANÇA – aquilo em que esperamos inteiramente, a saber, a graça de Deus. “Esperem inteiramente na graça que lhes está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo”. Essa revelação culminará na segunda vinda de Cristo; ou seja, quando Jesus voltar, ele trará plenitude de graça para despejar sobre o povo de Deus. Graça está a caminho, Pedro está dizendo. Tenha esperança na graça de Deus a nós revelada em Jesus Cristo. Espere inteiramente na graça de Deus.
Pedro está nos ensinando A LIÇÃO NÚMERO UM DO CRISTIANISMO BÁSICO. Em outras palavras, o mandamento de Deus e o deleite de Deus não são, em primeiro lugar, o que você pode realizar para ele com a sua própria força (o cristianismo não é para ser vivido na força de vontade!); o mandamento de Deus e o deleite de Deus são, em primeiro lugar, para que você espere no que ele pode realizar por você com a força dele. Assim, a primeira contrapartida humana da graça divina é a esperança. Preste atenção no que escreveu o salmista: Salmo 147.10-11 (NVT) “Seu prazer [o prazer do SENHOR Deus] não está na força do cavalo, nem no poder humano. O SENHOR se agrada dos que o temem, dos que põem a esperança em seu amor.”
Paulo corrobora com essa verdade, em Romanos 11.6 (NAA): “E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça.” Ou seja: a resposta adequada à graça é, primeiramente, a esperança, a fé. IMPORTANTE: é falso dizer que a graça não emite voz de comando – que ela não impõe condições. A graça dá sim voz de comando. SÓ QUE, o que torna graça a graça é que o primeiro mandamento da graça de Deus é este: “espere em Deus”; “espere inteiramente na graça de Deus revelada a nós em Jesus Cristo”. Deixe toda a sua alma se engajar na esperança. Não fique parcialmente esperando e parcialmente duvidando. Espere inteiramente. Dê lugar completo à experiência da esperança. Deixe-se ser levado totalmente pela esperança – esperança em Deus.
Deixe a graça de Deus receber toda a glória! Como? Permitindo que a graça de Deus seja a fonte da esperança inteira do seu coração, e a força do seu agir. Se você separar a esperança em Deus da graça de Deus, você separará a glória de Deus da graça de Deus. E TUDO O QUE NÃO É PARA A GLÓRIA DE DEUS É PECADO. Portanto, sacie-se de esperança – esperança em Deus. Mostre ao mundo que a graça de Deus é totalmente satisfatória; revele ao mundo que a graça de Deus é a fonte da esperança inteira do seu coração e a força total do seu agir. É graça do início ao fim. Maravilhosa graça.
No cristianismo bíblico a ordem correta dos fatos é esta: PRIMEIRO, a iniciativa da graça de Deus, a graça de Deus vindo decisivamente a nós; SEGUNDO, a esperança na graça de Deus, a nossa reação de fé. Ora, que esta é a ordem, vê-se em 1Pedro 1.13.
Preste atenção à locução coordenativa conclusiva bem no início do versículo 13: “Por isso”. Essa locução exprime uma conclusão ou uma consequência; ou seja, o primeiro imperativo da carta de Pedro (que só aparece aqui no versículo 13) depende dos indicativos anteriores, de tudo o que foi dito nos 12 primeiros versículos – indicando o que recebemos, somos e temos em Cristo. Se a ordem é: “esperem inteiramente na graça”, a ordem foi dada tendo como fundamento tudo o que foi indicado sobre a graça de Deus desde o primeiro versículo. “POR ISSO… esperem inteiramente na graça” (v. 13).
De fato, desde o versículo 1 até o versículo 13, tudo o que Pedro fez foi exultar na graça de Deus – para só então (“Por isso”) ordenar: “esperem inteiramente na graça” (v. 13). Eis o resumo da exultação de Pedro:
1Pedro 1.1-2 (NAA) 1Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que são forasteiros da Diáspora no Ponto, na Galácia, na Capadócia, na Ásia e na Bitínia, 2eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo. Que a graça e a paz lhes sejam multiplicadas.
1Pedro 1.3 (NAA) Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
1Pedro 1.4 (NAA) para uma herança que não pode ser destruída, que não fica manchada, que não murcha e que está reservada nos céus para vocês,
1Pedro 1.5 (NAA) que são guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para ser revelada no último tempo.
1Pedro 1.6-7 (NAA) 6Nisso vocês exultam, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejam contristados por várias provações, 7para que, uma vez confirmado o valor da fé que vocês têm, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado pelo fogo, resulte em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo.
1Pedro 1.8-9 (NAA) 8Mesmo sem tê-lo visto vocês o amam. Mesmo não o vendo agora, mas crendo nele, exultam com uma alegria indescritível e cheia de glória, 9obtendo o alvo dessa fé: a salvação da alma.
1Pedro 1.10-12 (NAA) 10Foi a respeito desta salvação que os profetas indagaram e investigaram. Eles profetizaram a respeito da graça destinada a vocês, 11investigando qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas que eram indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao predizer os sofrimentos que Cristo teria de suportar e as glórias que viriam depois desses sofrimentos. 12A eles foi revelado que, não para si mesmos, mas para vocês, ministravam as coisas que, agora, foram anunciadas a vocês por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, lhes pregaram o evangelho, coisas essas que anjos desejam contemplar.
O cristianismo, portanto, não é, primeiramente, uma ética ou um código de moral. Não é, primeiro, uma fé, um sentimento ou uma teologia. O CRISTIANISMO É, PRIMEIRAMENTE, A AÇÃO SOBERANA, GRACIOSA E DE INICIATIVA DECISIVA DE DEUS. Tanto é verdade que somente após 12 versículos de exultação sobre a graça soberana e de iniciativa decisiva de Deus foi que Pedro emitiu uma voz de comando. Foi somente agora, no versículo 13, que nós ouvimos: “façam isto: esperem inteiramente na graça de Deus”. PRIMEIRO, Pedro celebrou (ao longo de 12 versículos) a ação soberana de Deus na eleição, ressurreição poderosa de Jesus, regeneração dos salvos, manutenção da nossa herança, preservação da fé dos crentes, obra providencial de nos refinar por meio do sofrimento e o ministério dos profetas. SOMENTE ENTÃO foi que se ouviu uma ordem. AINDA ASSIM, a primeira ordem foi esta: ESPEREM NA GRAÇA — “esperem inteiramente na graça que lhes está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo.”
O CRISTIANISMO É, em primeiro lugar, Deus tomando a iniciativa de agir, Deus agindo graciosamente, livremente e decisivamente para salvar o seu povo; e, segundo, o homem esperando inteiramente nessa graça, agindo com fé, esperança e amor. Essa é a essência do Cristianismo.
PEDRO, ENTRETANTO, não deixa a voz de comando da esperança pendurada no ar, sem qualquer ajuda ou contrapartida humana. Pedro nos apresenta duas maneiras de despertar e manter viva a nossa esperança na graça de Deus. PRIMEIRO, dizendo que devemos preparar o nosso entendimento. SEGUNDO, dizendo que devemos nos manter sóbrios. Lembre-se que esses são particípios subordinados, que nos dizem como obter e cultivar a esperança. Eles não são os comandos principais. Eles são comandos secundários. Eles são meios para se chegar ao alvo principal: esperança plena na graça de Deus.
Então, o que se pode aprender desses comandos secundários?
A primeira lição é esta (1Pe 1.13): “prepare o seu entendimento” ou “cinja os lombos do seu entendimento”. Traduzindo: transforme a túnica que cobre a sua mente em shorts de corrida. Puxe-as entre as pernas e amarre-as no cinto.
O que isso significa na vida real?
Bem, sabemos que cingir a mente é um meio para se chegar à esperança plena na graça de Deus – um meio de permitir que a graça de Deus seja a fonte de esperança do nosso coração e a nossa força para agir. “Tendo cingido os lombos da sua mente, espere plenamente na graça”. É para este prêmio que a nossa mente deve correr, é para este alvo que ela deve maratonar: a esperança plena na graça – esperar inteiramente na graça.
Então, o que a mente deve fazer tão ativamente para produzir esperança? Como se deve preparar o entendimento para que haja esperança na graça de Deus?
A resposta é A VERDADE. A esperança nasce e se fortalece quando nossas mentes estão cingidas com a verdade e ativas na verdade. Digo isto por duas razões. A PRIMEIRA RAZÃO vem do próximo versículo (v. 14, que estudaremos na próxima mensagem), no qual se lê (NAA): “não vivam conforme as paixões que vocês tinham anteriormente, quando ainda estavam na ignorância”. A razão pela qual, anteriormente, antes da conversão a Cristo, nós éramos guiados por todos os tipos de paixões, em vez de guiados pela esperança na graça, era porque nossas mentes não estavam na verdade, “ainda estavam na ignorância”. Portanto, se quiser que a esperança floresça e se fortaleça em seu coração, você deverá cingir os lombos da sua mente – deverá preparar o seu entendimento – com a verdade da palavra de Deus, em vez da ignorância. Terá de encher a mente com a verdade da palavra de Deus.
A SEGUNDA RAZÃO que me faz pensar que Pedro está dizendo que a mente – para se encher de esperança na graça – deverá estar ativa e funcionando na verdade é que isso é exatamente o que Paulo diz quando usa a mesma metáfora, em Efésios 6.14 (NAA): “Portanto, fiquem firmes, cingindo-se com a verdade”. Ora, penso que estaríamos sendo absolutamente fieis ao que Paulo quis dizer se acrescentássemos “esperança”, e disséssemos: “Portanto, fiquem firmes na esperança, cingindo os vossos lombos com a verdade”. Cingir a mente com a verdade e deixá-la correr na verdade – ou preparar o entendimento com a verdade – é o meio de se manter a plena esperança na graça de Deus.
Portanto, A PRIMEIRA ORDEM SECUNDÁRIA DE PEDRO, “Cingi os lombos do vosso entendimento” ou “prepare o seu entendimento”, significa envolver a mente com a verdade a serviço da esperança em Deus – especialmente a verdade bíblica sobre a graça. Logo, corra com a verdade das Escrituras, trabalhe com a verdade das Escrituras, viva com a verdade das Escrituras. Romanos 14.4 (NVT) “Essas coisas [o Antigo Testamento] foram registradas há muito tempo para nos ensinar, e as Escrituras nos dão paciência e ânimo [consolo] para mantermos a ESPERANÇA.”
De onde nasce e como se mantem viva a esperança? Na Bíblia! Portanto, prepare o seu entendimento com a Bíblia, cinja a sua mente com a Bíblia para que você mantenha a esperança em Deus.
O outro mandamento secundário em 1Pedro 1.13 é: “sejam sóbrio” ou “mantenham-se sóbrios de espírito”. Literalmente, Pedro disse o seguinte: “estejam sóbrios, tenham esperança plena”. A sobriedade – sobriedade mental e espiritual – é um meio de esperar na graça. — MAS O QUE ISSO SIGNIFICA NA VIDA REAL? — Significa que, se realmente deseja obedecer ao mandamento de esperar plenamente na graça de Deus, você não deixará sua mente absorver coisas que entorpecem a mente (e o coração) para o valor infinitamente superior da graça de Deus. O grande problema da embriaguez é que ela distorce a realidade, tornando a mente insensível ao que é verdadeiro, real e valioso.
DE QUE MODO A MENTE SE EMBRIAGA? Como a mente se intoxica e se entorpece, tornando-se insensível ao que é verdadeiro, real e valioso em Cristo? Álcool. Droga. Comida. Pecados sexuais. Pornografia. Dinheiro. Carreira. Netflix. Premier. Shop2gether. Consumismo. Novelas. Vãs filosofias. Ideologias políticas. Hobbies. Esportes. Passatempos. Instagram. Podcasts. Temor do homem. Enfim… Qualquer coisa que ocupe sua mente e encante o seu coração, afastando você da leitura bíblica, do tempo com Deus em oração, do culto e da comunhão na igreja… tudo o que ocupe sua mente e encante seu coração, ofuscando o que é verdadeiro, real e valioso em Jesus Cristo. É isso o que te embriaga. A QUESTÃO, PORTANTO, É ESTA: identifique o que entorpece a sua mente, roubando você de Deus, e evite isso. Permaneça sóbrio por causa da esperança plena e apaixonada na graça de Deus. Eis o problema das coisas que embriagam a nossa mente, ouça o conselho do sábio ao rei:
Provérbios 31.4-7 (NVT) 4Não convém aos reis, ó Lemuel, tomar muito vinho; os governantes não devem desejar bebida alcoólica. 5Se beberem, pode ser que se esqueçam da lei e deixem de fazer justiça aos oprimidos. 6O álcool é para os que estão morrendo, e o vinho, para os que estão amargurados. 7Que bebam para se esquecer de sua pobreza e não se lembrar de suas dificuldades.
Agora, o conselho de Paulo aos crentes:
Efésios 5.18-20 (NVT) 18Não se embriaguem com vinho, pois ele os levará ao descontrole. Em vez disso, sejam cheios do Espírito, 19cantando salmos, hinos e cânticos espirituais entre si e louvando o Senhor de coração com música. 20Por tudo deem graças a Deus, o Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.
A grande preocupação de Deus em 1Pedro 1.13 é que não sejamos do tipo que espera em Deus com moderação. Não podemos ficar satisfeitos com nossos corações apenas meio esperançosos. Temos que envolver nossas mentes com a verdade das Escrituras, pois somente ela produz esperança; e temos que protejer as nossas mentes de todas as coisas neste mundo, as que diminuem a nossa esperança na graça.
Hebreus 12.1-3 (NVT) 1Portanto, uma vez que estamos rodeados de tão grande multidão de testemunhas, livremo-nos de todo peso que nos torna vagarosos e do pecado que nos atrapalha, e corramos com perseverança a corrida que foi posta diante de nós. 2Mantenhamos o olhar firme em Jesus, o líder e aperfeiçoador de nossa fé. Por causa da alegria que o esperava, ele suportou a cruz sem se importar com a vergonha. Agora ele está sentado no lugar de honra à direita do trono de Deus. 3Pensem em toda a hostilidade que ele suportou dos pecadores; desse modo, vocês não ficarão cansados nem desanimados.
Este é o chamado de Deus para a sua vida. É o chamado de Deus para esta igreja. É o chamado de Deus para nós fazermos isso juntos, como igreja. Cinjam suas mentes, preparem o seu entendimento, sejam sóbrios, não se entorpeçam com coisa alguma, esperem plenamente na graça de Deus que está sendo trazida a vocês na revelação de Jesus Cristo, e que na segunda vinda de Cristo será derramada sem medida sobre nós, o povo de Deus.
1Pedro 1.13 (NAA): “Por isso, preparando o seu entendimento, sejam sóbrios e esperem inteiramente na graça que lhes está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo.”
Lembra que eu apontei os quatro ítens que Pedro colocou como indispensáveis para a mochila do peregrino – esperança, santidade, temor e amor? Pois bem, sem a esperança, qualquer um dos outros não se sustentarão. Sem ESPERANÇA NA GRAÇA DE DEUS não haverá santidade, temor nem amor. Daí a importância de 1Pedro 1.13 (NAA): “Por isso, preparando o seu entendimento, sejam sóbrios e esperem inteiramente na graça que lhes está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo.” Daí a importância de se nutrir uma esperança inabalável na graça de Deus. Veja.
O IMPERATIVO DA SANTIDADE, em 1Pedro 1.15 (NAA): “Pelo contrário, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também, em tudo o que fizerem”. O primeiro mandamento é este: “Tenham esperança em Deus”. E o segundo mandamento é este: “Sejam santos como Deus”. Se você realmente espera em Deus, se a sua esperança em Deus é inabalável, você não será indiferente ao fato de ter de amar o que Deus ama – isto é, tornar-se santo como ele é santo.
O IMPERATIVO DO TEMOR, em 1Pedro 1.17 (NAA): “vivam em temor durante o tempo da peregrinação de vocês”. Temor? Como o temor se relaciona com a esperança? O fundamento desse “temor” está no versículo 18: vivam em temor, “sabendo que não foi mediante coisas perecíveis, como prata ou ouro, que vocês foram resgatados da vida inútil”… “mas”, como diz o versículo 19, “pelo precioso sangue de Cristo”. Lógica estranha: Temor porque o resgate pago para libertá-lo não é perecível! É o sangue permanente e precioso de Cristo! — Como assim, Pedro? — O que está em jogo é isto: tratar com desprezo o resgate que foi pago pela sua alma. Será terrível se você tratar com desprezo o resgate que foi pago por Deus com o sangue de seu próprio Filho. Você tem que ter medo de agir como se o futuro que Deus está preparando para você – com base no sangue de seu Filho – não é seguro e satisfatório. É uma coisa terrível não ter esperança em Deus. Por mais estranho que pareça, o objetivo do terceiro imperativo é: tema não ter esperança em Deus, tema ter desprezo pelo que tornou possível a graça de Deus ser derramada sobre nós, tema ter desprezo pelo sangue de Jesus, que nos salva, santifica e nos conduz a Deus (1Pe 3.18).
O IMPERATIVO DO AMOR, em 1Pedro 1.22 (NAA): “amem intensamente uns aos outros de coração puro”. Agora, não se esqueça, o poder para amar vem da esperança em Deus. Veja como Paulo concluiu a carta aos efésios, Efésios 6.23-24 (NAA): “Paz seja com os irmãos e amor com fé, da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo. A graça esteja com todos os que amam sinceramente o nosso Senhor Jesus Cristo.” Amor é fruto da fé, é fruto da esperança; amor é fruto do Espírito (Gl 5.22), o qual age em nós somente pela fé ou pela esperança que nós nutrimos nas promessas do evangelho de Deus (Gl 3.2, 5)
CRENTE, O QUE TE SUSTENTARÁ NESTA VIDA será a esperança na graça de Deus, graça que nos está sendo revelada em Jesus Cristo. Essa esperança nos faz viver em santidade (pois nós queremos ver Deus); essa esperança nos faz viver com temor (pois nós não queremos tratar com desprezo o sangue de Cristo, pelo qual nós recebemos toda sorte de benção e graça sobre graça); essa esperança nos faz viver com amor (pois a fé sem obras, sem caridade, sem amor é morta).
1Pedro 1.13, NAA 1Por isso, preparando o seu entendimento, sejam sóbrios e esperem inteiramente na graça que lhes está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo.
Na próxima mensagem, SANTIDADE INEGOCIÁVEL (1Pedro 1.14-16).
S.D.G. L.B.Peixoto
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